RIQUEZAS
TERRENAS...
(Salmo 49)
A beleza intrínseca e a sabedoria dos Salmos são claramente
apresentadas neste solene salmo didático.
Seu tema principal é que os ricos ímpios frequentemente vencem na vida,
enquanto os pobres e devotos frequentemente sofrem. E emite uma nítida advertência àqueles que
confiam nas riquezas.
Os versículos introdutórios (49:1-4) contêm um chamado premente
a que todos os povos deem atenção.
Depois de conseguir sua atenção, o escritor abre seu discurso parabólico
com a pergunta: "Por que hei de eu temer" (49:5). Ele não está escrevendo por causa da inveja
daqueles que prosperam, ainda que alguns deles possam ser seus antagonistas
("quando me salteia a iniquidade dos que me perseguem"); nem tem ele
tão pouca confiança em Deus que viva em constante terror daqueles que lhe
perseguem. Ele não tem motivo para temer, ainda que seus inimigos os ricos e
os ambiciosos temam. Por quê? Porque não há felicidade duradoura ou
satisfatória para eles.
A futilidade de confiar na riqueza terrestre e nas posses
materiais é graficamente ressaltada nos versículos 5-12. Riquezas terrestres não darão satisfação no
dia mau. O salmista apresenta diversas
razões convincentes para isto.
1. As riquezas não
salvarão a vida de uma pessoa (49:7). As
posses materiais não nos asseguram de que não morreremos (veja Hebreus
9:27). Nenhum homem, não importa quão
rico seja, pode salvar nem mesmo o parente mais próximo ("o irmão")
da morte.
2. As riquezas não podem
ser usadas como um resgate diante de Deus, "nem pagar por ele a Deus o seu
resgate". Deus não pode ser subornado (pago de qualquer modo material)
para salvar a vida de uma pessoa.
3. As riquezas não
salvarão a alma de uma pessoa (49:8).
Ainda que as palavras "vida" e "alma" sejam usadas
de modo intercambiável na Escritura, creio que esta passagem é melhor entendida
quando "alma" significa "a vida interior", ou seja, "a
alma eterna". Esta só pode ser "redimida" ou "salva"
pela graça do Senhor Deus. Que outro "resgate" poderia até mesmo o
mais rico, mais sábio, mais cativante dos seres humanos dar por sua própria
"vida" ou pela de outro? (Veja
Mateus 16:24-27.)
4. As riquezas não
evitarão que qualquer pessoa morra e deixe suas posses para outros
(49:10). Riqueza, terras, casas e todas
as coisas materiais perecerão com o uso ou com as devastações do tempo, ou com
a destruição final da terra e de suas obras (2 Pedro 3:10-12).
Todos estes fatos mostram a extrema vaidade da confiança de uma
pessoa nas riquezas. Todas as pessoas
morrerão; quando uma pessoa morre, ela
deixa todas as posses aqui na terra; e as deixará para outros, frequentemente
estranhos, que por sua vez falecerão.
Entretanto, o salmista nos conta o que as pessoas que estão
dispostas a serem ricas pensam: (1) Elas pensam "que as suas casas serão
perpétuas", e (2) elas darão às suas terras "seu próprio nome".
Há algo errado com uma pessoa dar nome a uma fazenda, uma plantação, um negócio
ou qualquer outra posse física de acordo com seu próprio nome? O salmista não
está condenando a legítima propriedade de terras e posses, mas antes a
jactanciosa, auto-suficiente "propriedade". O salmista nos diz que
mesmo a memória de um rico é fugaz! Para
uma pessoa depositar sua confiança em tais coisas é pura loucura!
"Todavia, o homem não permanece em sua ostentação; é,
antes, como os animais, que perecem" (49:12). O rico pode ter parecido
possuir tantas vantagens e, através dos olhos humanos, pode ter sido invejado
ou admirado. Que pena que todas as
honras e benefícios que ele possuía acabariam em nada. Mas acabaram! E a morte
acabou com ele!
Nos versículos 13-15, um contraste notável é feito entre a
situação difícil do rico mundano e a daquele do homem que confia em Deus. Para
o primeiro: "Como ovelhas são postos na sepultura", e "a morte é
o seu pastor". Para o último,
contudo, o devoto salmista pode dizer:
"Mas Deus remirá a minha alma do poder da morte, pois ele me tomará
para si."
Em conclusão, o salmista lembra os fiéis de que são os assuntos
extremos da vida que importam, não os prazeres momentâneos e não as fugazes
posses terrestres que muitos de nós temos (em certo grau), ao longo do caminho
de nossa vida aqui.
O versículo 20 é uma repetição, como refrão, do versículo 12. Se
um homem está em posição de honra "mas sem entendimento", ele é
apenas "como os animais, que perecem". Para dizer isto com nossas
próprias palavras, se ele (1) deposita confiança injustificada e imprópria nas
posses terrestres; se (2) deixa de reconhecer que a abundância e as riquezas
terrestres tem que abandonar um homem no final; e se (3) deixa Deus fora do
quadro e não faz dele sua confiança, sua esperança, e seu sempre confiável Pai,
então ele (ou ela) está agindo "como os animais que perecem". Que nenhum de nós cometa tão grave engano.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião
Dr. Edson Cavalcante.
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