SEDES SANTOS, COMO EU SOU SANTO, DIZ O
SENHOR...
Através de toda a Bíblia, a santificação tem sido um elemento
essencial na relação entre Deus e seu povo. Esta qualidade de ser separado do
pecado é uma característica fundamental da santidade de Deus, que tem que ser
desenvolvida como parte do caráter de seus filhos. Depois de observar
brevemente a importância da santificação através de toda a Bíblia,
consideraremos as implicações de um texto desafiador na segunda carta de Paulo
aos cristãos em Corinto.
Deus Quer um Povo Santo
Desde a criação, Deus quis um povo santo. Ele desejou uma
comunhão especial com os homens que fossem capazes de andar com ele e falar com
ele numa união especial. Mas a própria natureza de Deus estabelece limites para
tal associação. Seu caráter santo não pode permitir ser contaminado pelo pecado
e pela corrupção. Os homens só podem estar na sua presença se forem puros.
Adão e Eva andavam no mesmo jardim que Deus, e falavam com ele.
Mas logo pecaram e perderam esta convivência especial. Foram expulsos do jardim
do Éden separados de Deus o que foi a morte espiritual que Deus havia
prometido como consequência do pecado (Gênesis 2:17; 3:23-24). Povo sem
santidade não podia permanecer na presença do santo Deus.
Depois que gerações de pecadores morreram num mundo corrompido,
Deus escolheu os descendentes de Abraão para serem um povo santo. Ele os
separou da má influência dos senhores egípcios e preparou uma terra onde
poderiam habitar livres da corrupção dos povos idólatras. Ele até mesmo lhes
deu uma lei especial, que ressaltava a distinção entre o puro e o impuro. Deus
explicou a necessidade da pureza deles quando lhes deu essa lei:
"Eu sou o Senhor, vosso Deus; portanto, vós vos
consagrareis e sereis santos, porque eu sou santo. . . Eu sou o Senhor, que vos
faço subir da terra do Egito, para que eu seja vosso Deus; portanto, vós sereis
santos, porque eu sou santo" (Levítico 11:44-45).
Contudo, o povo que Deus havia selecionado excepcionalmente e
resgatado não permaneceu santo. Os israelitas repetidamente exibiram seu pecado
aos olhos de Deus. Ele às vezes avisou que poderia entrar no meio da
congregação pecaminosa e destruir o povo (Êxodo 33:5; Números 16:44-45). Por
quê? Simplesmente porque não pode haver comunhão entre a santidade de Deus e a
impureza do homem. O homem tem que ser purificado, ou morrerá (veja Isaías
6:1-7).
Deus ainda quer um povo santo, e providenciou, através de
Cristo, o meio de purificar os pecadores para servirem-no. Os cristãos são o
povo santo de Deus (1 Pedro 2:5,9). Aqueles que se dizem ser seguidores de
Jesus deverão conduzir-se como um povo santificado e purificado da impureza do
mundo.
A Santificação é Essencial para ter Comunhão com Deus
(2 Coríntios 6:14 - 7:1)
A igreja em Corinto estava rodeada de imoralidade e falsa
religião. Os cristãos eram frequentemente tentados a voltar às más práticas do
mundo. Paulo entendeu esta tentação quando lhes escreveu cartas de
encorajamento. Consideremos seu ensinamento em 2 Coríntios 6:14 - 7:1.
Paulo ensinou que o pecado não tem lugar na vida do cristão. Nos
versículos 14 e 15 ele disse:
"Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos;
porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniquidade? Ou que
comunhão, da luz com as trevas? Que harmonia, entre Cristo e o Maligno? Ou que
união, do crente com o incrédulo?"
Encontramos nestes versículos uma lista de coisas que são
totalmente opostas. Paulo não encoraja a nenhum tipo de compromisso. Ele não
nos diz que um pouco de mal pode coexistir com a justiça. Em vez disso, mostra
que não pode haver nenhuma tolerância do pecado na vida de um cristão. Os
cristãos pecam (1 João 1:8,10), mas temos que admitir esses erros e procurar o
perdão de Deus para manter a comunhão com ele (1 João 1:9; 2:1).
Certas religiões e filosofias orientais ensinam que o bem tem
que ser contrabalançado pelo mal e que cada bem é manchado por alguma
quantidade de mal. Tais ideias contradizem frontalmente o ensinamento da
Bíblia. Bem e mal são distintos e não podem existir em harmonia. Os discípulos
de Cristo não podem comprometer-se com o erro.
Esta santificação é baseada em nossa relação com Deus. Paulo
continuou nos versículos 16 a 18 a dizer que a base para esta santificação é
nossa relação com Deus. Nestes versículos, ele usa a linguagem das passagens do
Velho Testamento para mostrar que Deus ainda deseja um povo santo:
"Que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos?
Porque nós somos santuário do Deus vivente, como ele próprio disse: Habitarei e
andarei entre eles; serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. Por isso,
retirai-vos do meio deles, separai-vos, diz o Senhor; não toqueis em cousas
impuras; e eu vos receberei, serei vosso Pai, e vós sereis para mim filhos e
filhas, diz o Senhor Todo-poderoso."
O desejo básico de Deus permanece inalterado. Ele quer ter
íntima comunhão com seu povo santo. Mas um Deus puro não pode ter amizade com
pecado; portanto, temos que separar-nos do mal e da impureza. Mas, para que não
vejamos isto como uma tarefa desagradável de renúncia, terá que nos lembrar do
grande privilégio que é descrito aqui, especialmente no versículo 18. O Deus
Todo-poderoso do universo, nosso grande Criador e Redentor, quer ser nosso Pai.
Os cristãos têm imenso privilégio de serem chamados filhos e filhas do próprio
Deus!
Que faremos para aproveitar desta abençoada amizade com Deus? O
primeiro versículo do capítulo 7 oferece a conclusão prática desta passagem:
"Tendo, pois, ó amados, tais promessas, purifiquemo-nos de
toda impureza, tanto da carne como do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade
no temor de Deus."
Por causa do grande privilégio de sermos chamados filhos e
filhas de Deus, temos que nos purificar de toda impureza. Não apenas 50%, 90%
ou 99% do pecado, mas de toda imundície.
Por quê? Por causa de nosso respeito a Deus. Ele merece nosso
serviço de santificação.
Temos que ser limpos de que tipos de impureza? Paulo menciona
duas amplas categorias de pecado que têm que ser expurgadas de nossas vidas:
Impureza da carne. Isto incluiria todas as formas de imoralidade
e mundanismo. Pecados sexuais, embriaguez, desonestidade e todas as outras
características da carne têm que ser abandonadas. Pessoas que praticam tais
coisas não terão permissão para entrar na eterna comunhão com Deus (veja
Gálatas 5:19-21; 1 Coríntios 6:9-11; Apocalipse 21:8).
Impureza do espírito. Impureza espiritual e religiosa também têm
que ser removidas de nossas vidas. Os cristãos em Corinto estavam rodeados pela
idolatria, por isso Paulo usou este exemplo específico. Estamos rodeados de uma
variedade de doutrinas humanas e filosofias, práticas de espiritismo, adoração
de santos e de imagens, etc. O verdadeiro cristão não pode continuar a
participar de tais práticas impuras. Temos que limpar-nos de qualquer mal deste
tipo (1 Coríntios 10:14), adorando somente a Deus (Mateus 4:10). Nossa adoração
a Deus tem que ser de acordo com sua verdade (João 4:24). Sem nos santificar,
não teremos comunhão com o Senhor que morreu por nós.
Aplicações em nossa Sociedade
Vivemos num mundo que tem sido manchado, por milhares de anos,
pelo pecado. Estamos rodeados por violência, pornografia, desonestidade e falsa
religião. Deus não pretende que nos isolemos deste mundo (João 17:14-21), mas
que fujamos dos seus pecados (1 Timóteo 6:11) e brilhemos como luzes num mundo
de trevas (Mateus 5:14-16). Nunca foi fácil viver como povo santificado num
mundo de corrupção e injustiça, mas é possível. Jesus provou isso durante uma
vida de pureza sem pecado. É nossa responsabilidade seguir seus passos:
"Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também
Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus
passos, o qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca" (1
Pedro 2:21-22).
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião
Dr. Edson Cavalcante
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