CRISE FAMÍLIA UM MAL QUE
ACOMPANHA À TODA FAMÍLIA...
A questão da autoridade em nossos dias está muito desgastada. O
tema sofre pelo uso excessivo e da má aplicação. O mau exemplo vem de cima e as
bases se rebelam, quando são obrigadas a se submeter a códigos de lei e de
conduta que as próprias autoridades se incumbem de menosprezar. Na vida
publica, a questão da autoridade é regulada pelos códigos de conduta e pelos
direitos do cidadão. A cidadania está mais valorizada hoje, porém, nem todos
conhecem os seus direitos e deveres. Dentre os direitos do cidadão, por
exemplo, está a intocabilidade do corpo. Quando qualquer autoridade usa de
formas de coação, tortura ou aplica tratamentos degradantes para com o cidadão,
ela incorre em algo que é preceituado por lei, chamado de abuso de autoridade,
passando a estar sujeita às penas previstas. Na família vivem-se os dois
extremos da questão: frouxidão ou excesso de autoridade. E com isso quem sempre
sai perdendo são os filhos que se criam sem orientações balizadoras para uma
boa conduta social. Sem parâmetros, sem limites.
O apóstolo Pedro escreveu alertando quanto à existência de
falsos mestres que, andando segundo a carne, desprezam as autoridades.
“Especialmente aqueles que, seguindo a carne, andam em imundas concupiscências
e desprezam toda autoridade” II Ped. 2:10. Dá para se perceber que o problema,
é então, de longa data. Mas, os mais idosos continuam a dizer que as coisas
estão muito mudadas, já não são como antigamente. Caiu-se num sistema
depreciativo da autoridade, e a família não fica para trás. As conquistas
sociais forjaram várias gerações de jovens que abraçaram de certa forma, um
ideal de liberdade. Muitos jovens embarcaram nessa canoa furada do “sigo minha
consciência, faço o que me dá prazer” e, assim perdeu-se o controle da
situação. Muitos pais reclamam da rebeldia de seus filhos: crianças que não
querem estudar; adolescentes que fogem da escola; jovens e adolescentes que se
envolvem com as drogas. Somem-se a isso, também, as facilidades para relacionamentos
sexuais ilícitos; a influência nociva dos meios de comunicação em massa; dentre
outras questões graves de nossos dias. Mas devemos também, olhar o outro lado
da moeda e lembrar-se do afrouxamento do comportamento dos filhos por parte dos
pais que não querem provê-los de uma educação responsável. O fato é que
filhos-problema podem revelar a existência de pais-problema. A psicologia
revela que quando um filho se envereda pelo caminho das drogas, a família já
ficou doente antes. Se cumpre aqui a profecia de Paulo “Sabe, porém, isto: nos
últimos dias sobrevirão tempos difíceis; pois os homens serão amantes de si
mesmos, gananciosos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e
mães, ingratos, profanos, sem afeição natural, irreconciliáveis, caluniadores,
sem domínio de si, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, atrevidos,
orgulhosos, mais amigos dos prazeres do que amigos de Deus, tendo aparência de
piedade, mas negando-lhe o poder” II Tim. 3:1-5.
Muitos jovens casam-se, hoje em dia, sem estarem devidamente
preparados para a vida a dois. Casam-se para ficarem livres dos pais, para
alcançarem uma pretensa independência, para legalizarem uma vida sexual ativa
vivida escondida, para fins menos nobres e, no decorrer dos dias é que vão se
deparando com as questões mais sérias de uma vida a dois. Vários destes jovens
já entraram para o casamento, trazendo um filho na barriga ou mesmo já nascido.
Como vão educar uma criança se não aprenderam a cuidar de si mesmos? Por conta
dessa má preparação para a paternidade e maternidade que vemos o mundo de
cabeça para baixo. Um mau filho não tem condições de educar filhos. Será uma
tragédia! E sempre são as crianças que sofrem nas mãos desses pais. Pais
embrutecidos pelos problemas da vida, que descarregam sobre a inocente criança
suas frustrações e seus recalques. E vale aqui a exortação de Paulo “E vós,
pais, não provoqueis à ira a vossos filhos, mas criai-os na disciplina e
admoestação do Senhor” Efésios 6:4. Há pais que são mestres em provocar à ira a
seus filhos. Como fazem isso? Vivendo de forma a não se dar ao respeito, a não
preservar a sua condição de pai e a autoridade inerente ao seu posto.
Autoridade é uma conquista e não uma imposição. É comum vermos isso nas Igrejas
locais. Muitos pais cobram da Igreja um resultado para a vida de seus filhos, quando
esse resultado deveria ter siso conquistado lá atrás, quando eles eram menores,
e viam nos pais seus heróis, os quais imitavam e tinham orgulho de chamar de
pai e de mãe. Mas depois que começaram a perceber que os pais não eram tão
heróis assim, nem tão honestos e nem tão educados e nem tão crentes como a
fachada que ostentavam, então cai-se a máscara e a mascara e a farsa passa a
não ser mais funcional. Provocar a ira aos filhos pode ser: responder mal; não
dar atenção requerida; não respeitar o cônjuge e assim despertar a revolta.
Provocar a ira pode ser uma atitude indireta: ser irresponsável e não
contribuir para a boa formação do caráter e do futuro do filho, ou mesmo
prejudicar seus sonhos por meio de comportamentos inadequados. Ser pai não é sinônimo
de autoritarismo. Pode-se ser um bom pai e ainda assim ser amigo, legal, leal,
brincalhão, recreativo. Pode-se e deve-se exercer a disciplina com autoridade e
nem por isso se perderá a simpatia e a amizade do filho. Toda criança sabe
quando erra e quando está a merecer um castigo. Saber aplicá-lo na dose certa e
na hora certa e com amor, será muito benéfico para a formação de seu caráter.
Como diz a Bíblia: “O que retém a vara odeia a seu filho, mas o que o ama a seu
tempo o disciplina” Prov. 13:24.
Rompe-se a teia de autoridade que deve ligar os relacionamentos
familiares, principalmente entre pais e filhos, quando o casal já não mais sabe
lidar com sabedoria e amor entre si. Está é a grande questão! Como um casal vai
exercer autoridade sobre os filhos e como vai cobrar deles certo tipo de
comportamento em função da obediência que lhe é devida, se os próprios pais
vivem em desarmonia, agindo de maneira inconveniente? Fica difícil exercer
autoridade, impossível. Para que a autoridade flua é preciso que, primeiramente,
o casal esteja desfrutando de um relacionamento sadio, ordeiro, dinâmico e
frutífero. Esta harmonia entre marido e mulher será de grande valor para os
filhos, pois estes aplicarão em suas vidas o exemplo prático dado pelos pais.
Aliás, ser o exemplo no lar é o que mais funciona. Sem o exemplo pessoal não
formamos sadiamente o caráter de nossos filhos. Não podemos errar nesse ponto
sob o risco depor a perder todo o futuro moral de nossos filhos. Quando isso
acontecer, não adianta chorar o leite derramado. Como diz o ditado: “É mais
fácil construir um menino do que remendar um homem” Que o Senhor nos dê a
sabedoria necessária para construir o caráter de nossos filhos. O casal deve
construir um relacionamento ordeiro, fundamentado no amor. Entendendo que o
casamento deve ser digno de honra, bem como manter-se sem qualquer mancha que
possa desmerecê-lo. (Heb.13:4). Na construção de uma vida em paz, amor e
harmonia, o casal estará criando condições para levar os filhos a investirem
também na busca de uma vida sincera, honesta, respeitável, com cumprimento de
seus deveres e em respeito aos pais e demais autoridades.
Precisamos entender que: A Bíblia reconhece a autoridade do pai
como líder da família – Não podemos fugir dessa constatação bíblica. A figura
do pai como peça-chave no exercício da autoridade está bem clara na Bíblia e,
se as famílias experimentam muitos problemas hoje, isto também tem a ver com
pais que não assumem seu papel e deixam com as mães esta tarefa. A autoridade
do pai é compartilhada com a esposa – o exercício da autoridade está mais para
o exemplo de conduta e proceder do que para a aplicação da vara. O casal deve
agir em conjunto, harmonicamente, no exercício da autoridade sobre os filhos. A
autoridade que funciona é aquela que se exerce na base do amor – o amor é a
base da vida. Sem o amor, nada funciona como deveria. Toda autoridade precisa
ser legitimada pelas escrituras – os pais precisam aprender a aplicar e a
exercer uma autoridade com base nos princípios bíblicos. Quando se vive e se
recorre a autoridade da Bíblia para aplicação da disciplina, os resultados
sempre são infalíveis. E o preço é a fidelidade. Quem for sábio que o pague e
verá os lucros futuros na vida de filhos prósperos, dedicados e fiéis servos do
Senhor. “A escritura é proveitosa para ensinar, repreender, corrigir, instruir
em justiça” II Tim. 3:16.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião
Dr. Edson Cavalcante.
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