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quinta-feira, 22 de junho de 2017

RELIGIOSIDADE NA ÉPOCA DE JESUS CRISTO...


                              RELIGIOSIDADE NA ÉPOCA DE JESUS CRISTO...
Mateus 5.2
“Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus”
O ministério terreno de Jesus foi cercado por movimentos de grupos filosóficos, políticos e religiosos que exerciam forte influência na vida do povo. Quando examinamos as páginas das Escrituras, mais especificamente os evangelhos, deparamo-nos com vários grupos religiosos. Alguns são bem conhecidos, como escribas, fariseus, sacerdotes e saduceus. Além desses, houve outros que, apesar de não terem o mesmo destaque, participaram de alguma forma da vida e ministério de Jesus, como herodianos, samaritanos, publicanos e zelotes.
Vamos estudá-los separadamente, observando seus ensinamentos, sua influência e os perigos que representaram para o verdadeiro evangelho de Jesus (Gl 1.6-9).
I. Escribas
Os escribas ficaram conhecidos nas páginas do Novo Testamento como doutores da Lei (Mt 13.52) por serem profundos conhecedores das Escrituras (Ed 7.12). Eles não podem ser estritamente definidos como uma seita, mas sim, membros de uma espécie de “academia” dos tempos bíblicos; por isso, se sentiam no direito de interpretar a Lei para o povo judeu (Mt 23.1-7).
Por que a influência dos escribas pode ser considerada prejudicial ao evangelho?
1. Monopolizavam a interpretação da palavra de Deus (Mc 12.28-34)
Eram tão audaciosos que chegavam a afirmar que os seus mandamentos excediam em dignidade os mandamentos de Deus. Diziam eles: “As palavras dos escribas são mais amáveis que as da Lei; entre as palavras da Lei, existem as importantes e as banais; as dos escribas, todas são importantes.
2. Determinavam as regras para liturgia do culto (Mt 23.13
Por ocuparem uma posição de destaque, os escribas decidiam quem deveria participar das reuniões.
3. Negligenciavam o mandamento de Deus e guardavam suas próprias tradições (Mt 23.2-3)
“Não tinham escrúpulos em equiparar seus ensinamentos e preceitos humanos (Mc 7.7) aos mandamentos do próprio Deus”
Aplicação
Os escribas difamavam Jesus publicamente e jogavam o povo contra Ele, acusando-O de expulsar demônios pelo maioral dos demônios (Mc 3.20-22).
II. Fariseus
“Fariseu” deriva de um vocábulo hebraico que significa “separado”. Denomina um grupo de judeus extremamente apegados à Torá, o livro sagrado dos judeus ( Jo 3.1; Mt 22.34-40). Formavam, entre o povo judeu, uma espécie de comunidade à parte (Mt 22.15). Eram a elite do povo. Não se misturavam. Escribas e fariseus eram simpatizantes entre si. Há fortes indícios de que alguns escribas eram também fariseus.
Lucas nos dá uma ideia exata de como era o procedimento dos fariseus (Lc 16.14-15; 18.9-14) e registrou que Jesus os considerava condutores cegos e falsos guias (Lc 11.37-44). Jesus os reprovou por várias razões.
Insultavam Jesus repetidas vezes, pois não toleravam vê-Lo realizando milagres no sábado (Lc 6.7; Mt 12.1-8; Jo 9.13-16).
Levantaram-se contra Jesus de comum acordo com os saduceus (Mt 16.1 e 6). Por outro lado, eram bastante otimistas quanto a uma intervenção divina na redenção final da nação judaica.
Afastavam pessoas que a princípio haviam crido em Jesus. Com evidente ódio e calúnia, instigavam o povo contra Jesus.
Agiam com hipocrisia e ostentação. A piedade de muitos deles não passava de orgulho e fingimento (Mt 23.1-12).
Aplicação
Os escribas e fariseus vivem ainda hoje e estão presentes em algumas de nossas reuniões. São os que aceitam a lei como uma carga e os que agem por interesse e por ostentação. Somos advertidos por Jesus a acautelar-nos do fermento dos fariseus (Mt 16.6).
 III. Sacerdotes

A palavra “sacerdote”, em português, vem do latim sacer e significa “sagrado”, “separado”. Os sacerdotes eram ministros religiosos, habilitados para participar e conduzir as cerimônias religiosas de culto. Estavam divididos em três categorias: os sumos sacerdotes, os sacerdotes e os levitas.
Vejamos a distribuição e função dessa classe religiosa. “Os sacerdotes haviam sido distribuídos por Davi em vinte e quatro classes (1Cr 24.1-19). Em Lucas 1.5, lemos que esta organização subsistia ainda na época de Jesus” (Luis Claude Fillion, Enciclopédia da Vida de Jesus, p.95).
Os evangelhos só mencionam dois sumos sacerdotes: Anás e Caifás (Mt 26.57 e Jo 18.13-14). Em geral, o sumo sacerdote era uma figura importante, religiosa, social e política (Mt 21.23-27). “Esperava-se do sacerdote que servisse de mediador entre algum poder divino e os homens, e também que fosse capaz de pronunciar-se sobre questões éticas e legais, além de prever o futuro”
Aplicação
Os sacerdotes, por serem membros do Sinédrio (Mc 14.53-56) e por serem influentes, não perdiam uma oportunidade para questionar a autoridade de Jesus.
IV. Saduceus
“Os saduceus compunham uma das mais importantes e influentes seitas judaicas, muitas vezes em oposição tanto política quanto teológica aos fariseus. Esta seita era amplamente constituída pelos elementos mais ricos da população. (…) Entre seus componentes se encontravam os sacerdotes mais poderosos, mercadores prósperos e a classe aristocrática da sociedade” – Mt 22.23 (R.N. Champlin, Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, vol. 6, p.30).
Os saduceus rejeitavam as interpretações dos escribas e fariseus sobre a lei mosaica e apegavam-se à sua interpretação literal (Mt 22.23-33).
João Batista, percebendo os perigos que os saduceus representavam para a religião judaica, os tratava com certa rigidez (Mt 3.7-10).
Os saduceus, no início, temeram Jesus, mas depois passaram o dia a odiá-Lo. Chegaram a fazer aliança com os inimigos antigos para eliminá-Lo.
Aplicação
Os saduceus perseguiram com violência a igreja nos seus primeiros anos de vida, conforme Lucas registra (At 4.1-4 e 5.27).
V. Herodianos
Os herodianos formavam mais um partido político do que um grupo religioso. Eram assim chamados por serem partidários assalariados da dinastia de Herodes. Herodes, o Grande, tentou romanizar a Palestina em sua época.
O grupo formado pelos herodianos acreditava que era possível uma aliança política com os romanos.
Os herodianos acreditavam que os melhores interesses do judaísmo estavam na cooperação com os romanos.
Devido às tendências greco-romanas e adesão a Herodes, os herodianos logo se somaram aos adversários do Salvador (Mt 22.16; Mc 3.6).
Mesmo sendo caracterizados como uma associação ou grupo político e tendo a antipatia do povo, os herodianos mantinham contato direto com os saduceus numa manobra política para eliminar Jesus (Mc 12.13-17).
Aplicação
Deus quer que todos os líderes sejam servos, agindo com humildade e justiça para com os outros e reconhecendo o Senhor como Aquele que governa sobre todos (At 2.36).
VI. Samaritanos
Os judeus excomungavam os samaritanos, considerando-os escória da raça humana. As fortes objeções dos judeus eram: a insistência dos samaritanos em considerar o monte Gerizim o principal local de culto e a rejeição destes a Jerusalém como cidade sagrada ( Jo 4.20).
Havia, entretanto, pontos em comum na doutrina seguida por ambos, judeus e samaritanos: o Pentateuco, como a principal linha de doutrinas e práticas; a exigência absoluta da circuncisão; a manutenção do sábado sagrado; a esperança messiânica e o julgamento futuro dos homens bons e maus.
O samaritanismo, exaltava Moisés a tal ponto que eram comparados aos cristãos em seu louvor a Jesus, o Cristo. Ainda hoje há um pequeno grupo de samaritanos vivendo em Nablo e Jafa, subúrbios de Tel Aviv. Embora poucos, eles ainda representam uma significativa seita religiosa.
Aplicação
Apesar da forte rivalidade entre samaritanos e judeus (Jo 4.9), Jesus não enfrentou acentuada resistência dos samaritanos; pelo contrário, teve boa aceitação de Sua mensagem redentora pelos samaritanos (Jo 4.39-42; At 8.14-25).
VII. Zelotes
Zelote é uma palavra grega que significa “zeloso”. Os zelotes tinham um intenso zelo por Deus (At 21.20). Era um grupo religioso com marcado caráter militarista e revolucionário que se organizou opondo-se à ocupação romana de Israel. Também eram designados sicários (sanguinários), devido ao punhal que levavam escondido e com o qual atacavam os inimigos. Não hesitavam em usar a força, a violência e as intrigas para alcançar seu objetivo, que era libertar a nação de Israel do jugo estrangeiro.
Temos o registro bíblico de que antes de ter-se convertido e ter sido chamado ao discipulado cristão, um dos doze apóstolos de Jesus, Simão, o Zelote, havia pertencido a esse partido revolucionário, que se caracterizava pelo fanatismo religioso (Lc 6.15 e At 1.13).
O fato de Jesus ter convidado um membro desse grupo não significa que tinha intenção de promover uma revolta contra o império, mas sim de mostrar ao povo da época, bem como das gerações posteriores, que Sua mensagem era dirigida a todas as classes, fossem elas políticas, econômicas ou étnicas (Lc 5.29-32; 6.17-19).
Aplicação
Deus deseja que todos os homens, em todas as épocas, sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade (1Tm 2.4)
 VIII. Publicanos
Costumava-se dizer: “Só os publicanos são ladrões”. Podemos afirmar sem medo de errar que na época de Jesus a profissão de publicano era a pior. Eles eram comparados aos pecadores da pior espécie. Quando um judeu exercia esse triste ofício, e, sobretudo, quando cobrava de seus irmãos o imposto destinado a Roma, era tratado com enorme desprezo.
Há várias passagens dos evangelhos nas quais os publicanos são equiparados aos pecadores.
Jesus comia com os publicanos e pecadores, por isso os discípulos foram questionados pelos fariseus (Mt 9.13).
Jesus foi acusado de ser um glutão e bebedor de vinho, além de amigo de publicanos e pecadores (Mt 11.19).
Jesus deixava os escribas e fariseus irritados ao vê-Lo na companhia dos pecadores e publicanos (Mc 2.16).
Os escribas e fariseus inconformados, murmuravam contra os discípulos de Jesus, perguntando por que eles comiam e bebiam na companhia dos publicanos e pecadores (Lc 5.30; 15.1-2).
Entre os doze discípulos, havia um ex-publicano (Mt 9.9).
Aplicação
A resposta para tais questionamentos pode estar na parábola do fariseu e do publicano (Lc 18.9-14). E ainda nos próprias palavras de Jesus: “Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes. Não vim chamar justos, e sim pecadores ao arrependimento” (Lc 5.31-32).
Conclusão
Aprendemos nesta lição que vários movimentos, seitas e partidos políticos estavam presentes na época e no ministério terreno de Jesus, e que muito influenciaram para revelar a postura e a atitude do Mestre. Concluímos com algumas lições práticas, a partir da vida e experiência de Jesus.
Em nenhum momento, Jesus mudou o foco do cumprimento de Sua missão. Ele cumpriu o propósito do Pai até o fim.
Jesus não Se deixou intimidar apesar da pressão externa que sofreu durante todo Seu ministério terreno.
Somos advertidos a não nos deixarmos envolver por movimentos e grupos que se levantam contra a igreja, na tentativa de apresentar outro evangelho (Gl 1.6-9).
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante


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