HANANIAS, MISAEL E AZARIAS AMIZADE
A PROVA E FOGO...
Uma das coisas que mais enternecem o meu coração, irmãos, é ver
os nossos filhinhos, os mais pequeninos, e os adolescentes, servindo ao Senhor
em nossa igreja, e dando testemunho de sua fé lá fora. Isto é um grande
conforto para o nosso coração. No texto que vamos meditar hoje nós também vemos
o testemunho de quatro adolescentes, que por causa do amor que tinham a Deus,
decidiram santificar-se.
1 No ano terceiro do reinado de Jeoaquim, rei de Judá, veio
Nabucodonosor, rei da Babilônia, a Jerusalém e a sitiou. 2 O Senhor lhe
entregou nas mãos a Jeoaquim, rei de Judá, e alguns dos utensílios da Casa de
Deus; a estes, levou-os para a terra de Sinar, para a casa do seu deus, e os
pôs na casa do tesouro do seu deus.
3 Disse o rei a Aspenaz,
chefe dos seus eunucos, que trouxesse alguns dos filhos de Israel, tanto da
linhagem real como dos nobres, 4 jovens sem nenhum defeito, de boa aparência,
instruídos em toda a sabedoria, doutos em ciência, versados no conhecimento e
que fossem competentes para assistirem no palácio do rei e lhes ensinasse a
cultura e a língua dos caldeus. 5 Determinou-lhes o rei a ração diária, das
finas iguarias da mesa real e do vinho que ele bebia, e que assim fossem
mantidos por três anos, ao cabo dos quais assistiriam diante do rei.
6 Entre eles, se achavam,
dos filhos de Judá, Daniel, Hananias, Misael e Azarias. 7 O chefe dos eunucos
lhes pôs outros nomes, a saber: a Daniel, o de Beltessazar; a Hananias, o de
Sadraque; a Misael, o de Mesaque; e a Azarias, o de Abede-Nego.
8 Resolveu Daniel,
firmemente, não contaminar-se com as finas iguarias do rei, nem com o vinho que
ele bebia; então, pediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não
contaminar-se. 9 Ora, Deus concedeu a Daniel misericórdia e compreensão da
parte do chefe dos eunucos. 10 Disse o chefe dos eunucos a Daniel: Tenho medo
do meu senhor, o rei, que determinou a vossa comida e a vossa bebida; por que,
pois, veria ele o vosso rosto mais abatido do que o dos outros jovens da vossa
idade? Assim, poríeis em perigo a minha cabeça para com o rei. 11 Então, disse
Daniel ao cozinheiro-chefe, a quem o chefe dos eunucos havia encarregado de
cuidar de Daniel, Hananias, Misael e Azarias: 12 Experimenta, peço-te, os teus
servos dez dias; e que se nos deem legumes a comer e água a beber. 13 Então, se
veja diante de ti a nossa aparência e a dos jovens que comem das finas iguarias
do rei; e, segundo vires, age com os teus servos.
14 Ele atendeu e os experimentou dez dias. 15 No fim dos dez
dias, a sua aparência era melhor; estavam eles mais robustos do que todos os
jovens que comiam das finas iguarias do rei. 16 Com isto, o cozinheiro-chefe
tirou deles as finas iguarias e o vinho que deviam beber e lhes dava legumes.
17 Ora, a estes quatro
jovens Deus deu o conhecimento e a inteligência em toda cultura e sabedoria;
mas a Daniel deu inteligência de todas as visões e sonhos. 18 Vencido o tempo
determinado pelo rei para que os trouxessem, o chefe dos eunucos os trouxe à
presença de Nabucodonosor. 19 Então, o rei falou com eles; e, entre todos, não
foram achados outros como Daniel, Hananias, Misael e Azarias; por isso,
passaram a assistir diante do rei. 20 Em toda matéria de sabedoria e de
inteligência sobre que o rei lhes fez perguntas, os achou dez vezes mais doutos
do que todos os magos e encantadores que havia em todo o seu reino.21 Daniel
continuou até ao primeiro ano do rei Ciro.
Quando aconteceram as coisas narradas neste capítulo, Daniel e
seus companheiros deveriam ter entre 14 e 16 anos de idade. A história aqui
registrada cobre os três primeiros anos deles no exílio babilônico.
Em cumprimento das palavras de advertência dos profetas,
especialmente Isaías, Jeremias e Habacuque, o reino de Judá foi conquistado
pelos exércitos babilônicos. Eram tempos de disciplina do Senhor sobre a nação
judaica, para que de uma vez por todas eles abandonassem o pecado da idolatria.
Então Jerusalém foi sitiada e invadida pelas tropas de Nabucodonosor.
Talvez, como símbolo de que, na visão do invasor, o seu deus
tivesse lhe dado esta vitória, foram retirados alguns utensílios da casa do
Senhor, em Jerusalém, e colocados na casa do tesouro do templo de um deus
babilônico.
Nabucodonosor era um grande estrategista, e uma de suas
estratégias para manter seu império unido era o de fragilizar qualquer tipo de
oposição. Assim que normalmente os reis em terras conquistadas continuavam a
governar, mas em submissão a ele.
Além disto, era do seu costume o tomar da elite das terras
conquistadas e associá-las ao seu governo. Deste modo, como parte de sua
estratégia, tal como fizera noutros lugares, ordenou que alguns jovens da
nobreza, inclusive da linhagem real judaica, fossem levados para a Babilônia.
Deveriam ser jovens cultos, bonitos, sem defeito físico, capazes. Eles
deveriam, por um período de três anos, ser treinados em toda a cultura e idioma
dos babilônios. Deveriam aprender as suas ciências, a sua história, a sua
filosofia e sua religião. E depois de três anos passariam a fazer parte do
enorme grupo de conselheiros do rei, que era constituído de pessoas das várias
nações conquistadas.
Não sabemos quantos jovens judeus foram levados, mas entre eles
estavam Daniel, Misael, Hananias e Azarias. E estes quatro jovens, entre a
maioria dos judeus que foram para o exílio, se destacaram pelo testemunho de
sua fé. Eles eram espiritualmente fortes, e por esta força fizeram proezas para
a honra de Deus. Eles ilustraram bem a vida daqueles a respeito de quem o
Espírito Santo testemunha no cap. 12 v. 32: “...o povo que conhece ao seu Deus
se tornará forte e ativo.” No capítulo que temos diante de nós, lemos sobre a
proeza da santificação.
Primeiramente consideremos...
1 – A decisão que Daniel tomou – ele resolveu não contaminar-se
v.8 – “Resolveu Daniel, firmemente, não contaminar-se com as
finas iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia...”.
Eu gostaria que você se colocasse, por um pouco, no lugar de
Daniel: Primeiramente, ele e seus amigos foram tirados violentamente de suas
famílias e de sua pátria. Foram levados para uma nação desconhecida, que falava
outro idioma, que tinha outros costumes, outra religião.
Quando eles nasceram, cada um deles havia recebido um nome que
fazia alusão ao fato de que pertenciam ao Senhor: Daniel significa “Deus é o
meu juiz”. Misael significa “quem é semelhante a Deus?”. Hananias, “Javé é
gracioso”. E Azarias, “Javé auxilia”.
Mas na Babilônia, Daniel passou a ser chamado de Beltessazar,
aquele que “guarda os segredos de Bel” (um deus babilônico). Misael, Mesaque
(uma referência a Vênus). Hananias passou a ser Sadraque, em referência ao deus
Marduque. E Azarias passou a ser “Abede-Nego” (servo do deus Nego)[1].
Grosso modo, vamos fazer uma comparação: É como se, acontecendo
que a Terezinha e eu morrêssemos, nossas filhas fossem adotadas por pessoas de
outras religiões. E Rute, “amizade”, passasse a ser chamada de Krishna, em
referência ao deus hindu. E Sara,
“princesa”, passasse a ser Iara, em referência à mãe d’água. E Ana Paula,
“pequena graciosa”, tivesse seu nome trocado para Aparecida. Seria como se a
identidade espiritual delas estivesse sendo tirada, e sendo imposta uma nova
identidade.
Além disto tudo, os utensílios da casa do Senhor, o Deus a quem
serviam, tinham sido retirados dali e levados para um templo pagão. E na
Babilônia não havia o templo de adoração ao Senhor. Eu vejo dois tipos de
pressão aqui, amados:
Primeiro, a pressão espiritual – poderia parecer que o Senhor
havia sido derrotado, ou que ele abandonara a sua igreja, o povo a quem ele
dizia amar. Se você tem a impressão de
que Deus não te ama, fica meio difícil permanecer na fé. Por isto a esposa de
Jó disse a ele: “Abandone logo essa fé e morra. Não vale a pena”.
Segundo, a pressão social – estão numa terra estranha, de língua
desconhecida, aprendendo uma cultura diferente. E veja a tentação: a intenção
do rei é colocá-los e alta posição, no palácio real, para participar das
decisões que afetarão a história do império. Por isto os quer instruídos, bem
preparados intelectualmente e fisicamente. Então lhes ordena também que sejam
alimentados do bom e do melhor: das finas iguarias e do vinho do rei.
Mas Daniel e seus companheiros sentem que, se eles participassem
daquelas coisas, estariam se contaminando. Os estudiosos não sabem exatamente o
por que: Alguns pensam que a comida babilônica era impura diante das leis
judaicas. Outros pensam que a comida do rei era oferecida aos deuses. Outros
pensam que comer das coisas do rei envolveria uma espécie de capitulação do
coração, como se, se um criminoso, digamos, um mafioso convidasse você para um
churrasco na casa dele, e você fosse, e comesse da carne e bebesse daquela
cerveja que, você sabe,é fruto de crime. Você ficaria moralmente comprometido.
Da mesma forma, parece que se eles comessem das coisas oferecidas da mesa de um
rei ímpio, eles estariam se comprometendo moralmente. Mas seja qual for a
razão, uma coisa é clara: Daniel resolveu, firmemente, que ele não iria se
contaminar.
Isto revela duas coisas:
Primeira – Que mesmo diante de todos os acontecimentos que
pareciam dizer o contrário, Daniel cria que Deus continuava digno de ser amado,
honrado, obedecido. Daniel não se sentia abandonado por Deus. Não pensava que
Deus estava distante, que tinha ficado na terra de Judá. E como veremos, também
não pensava que o seu Deus já não podia salvar.
Segunda – Toda a pressão social que ele estava sofrendo não
diminuiu a sua fé, nem o seu compromisso com Deus. Ele decidiu, firmemente, que
não iria se contaminar.
Amados, tal como Daniel e seus amigos, a igreja de hoje,
individual e coletivamente, é pressionada, a tentada a abandonar suas
convicções e sua postura diante do mundo.
Jovens crentes são convidados a beber, a usar drogas. Crentes
são convidados a participar de festas que não agradam a Deus, marcadas pela
sensualidade, pela bebida, pelas músicas que agradam ao diabo. É baladinha, é baile funk, é festinha de
aniversário, é mundanismo para todo o gosto. Homens de negócio são convidados à
maçonaria, à sociedade com os incrédulos. A igreja é pressionada a não falar
contra a promiscuidade sexual e outros pecados. A escola é lugar de pressão. O
ambiente de trabalho é lugar de pressão. As redes sociais. A internet de modo
geral, a televisão, os livros e revistas, com seu encorajamento à pornografia,
com seus ataques à religião. Aqueles grupos que a si mesmos chamam “igrejas”,
mas que encorajam a concupiscência, isto é, o amor às coisas deste mundo, como
se o reino de Deus fosse comida e bebida.
Nos dias de hoje as trevas são chamadas luz, e a luz é chamada
trevas. E para que não sejamos levados a pecar, há uma necessidade: a de
seguirmos o exemplo destes jovens, liderados por Daniel – Ele resolveu no seu
coração que não iria se contaminar; e resolveu com firmeza.
Em segundo lugar, consideremos...
2. Porque Daniel tomou esta decisão? Porque ele resolveu não se
contaminar?
Este texto nos dá uma resposta implícita quase que a cada
parágrafo, em várias afirmações. Daniel nos revela aqui o que ele estava
pensando sobre toda aquela situação. Veja a descrição, no v. 2, da queda de
Jerusalém
“O Senhor lhe entregou (isto é, a Nabucodonosor), o Senhor lhe
entregou nas mãos a Jeoaquim, rei de Judá, e alguns dos utensílios da casa de
Deus”.
v. 9 – “Ora, Deus concedeu a Daniel misericórdia e compreensão
da parte do chefe dos eunucos”.
v. 17 – “Ora, a estes quatro jovens Deus deu conhecimento e
inteligência em toda a cultura e sabedoria...”.
Você notou quantas vezes surge a expressão “Deus deu”, para se
referir aos acontecimentos externos ou internos. Foi o Senhor que entregou Judá
nas mãos de Nabucodonosor. Quanto ao chefe dos eunucos, o coração dele estava
nas mãos do Senhor, e o Senhor o inclinou conforme desejou fazer. Da mesma
forma Daniel e seus companheiros: a sua inteligência, a sua sabedoria, as suas
circunstâncias, tudo estava nas mãos de Deus.
E todo o capítulo nos mostra que é assim. Deus concedeu a Daniel
misericórdia e compreensão da parte do chefe dos eunucos.
Pois ele controla o coração de cada ser humano e Daniel sabia
que é assim.
Então, de posse deste conhecimento, ele foi falar com os seus
superiores imediatos: primeiramente o chefe dos eunucos, que também era o homem
encarregado pelo rei de cuidar dos jovens que estariam no conselho real. E
depois também falou com o cozinheiro chefe. Falou com sabedoria e respeito. Ou
como mais tarde escreveria Pedro, deu seu testemunho com mansidão[2].
E assim como está escrito que Deus forma o coração de todos os
homens[3], o Senhor inclinou o coração do chefe dos eunucos. Mas e se, em vez
deste homem ter se tornado favorável, o coração dele tivesse se endurecido?
Será que Daniel votaria atrás em sua decisão? Certamente que não:
Veja Daniel 3:13-18
13 Então, Nabucodonosor, irado e furioso, mandou chamar
Sadraque, Mesaque e Abede-Nego. E trouxeram a estes homens perante o rei. 14 Falou Nabucodonosor e lhes disse: É
verdade, ó Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, que vós não servis a meus deuses,
nem adorais a imagem de ouro que levantei? 15 Agora, pois, estai dispostos e,
quando ouvirdes o som da trombeta, do pífaro, da cítara, da harpa, do saltério,
da gaita de foles, prostrai-vos e adorai a imagem que fiz; porém, se não a
adorardes, sereis, no mesmo instante, lançados na fornalha de fogo ardente. E
quem é o deus que vos poderá livrar das minhas mãos? 16 Responderam Sadraque,
Mesaque e Abede-Nego ao rei: Ó Nabucodonosor, quanto a isto não necessitamos de
te responder. 17 Se o nosso Deus, a quem servimos, quer livrar-nos, ele nos
livrará da fornalha de fogo ardente e das tuas mãos, ó rei. 18 Se não, fica
sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses, nem adoraremos a imagem de
ouro que levantaste.
Além disso, o Senhor Deus também controla as circunstâncias
físicas, e não somente as psicológicas.
vs. 11-16
11 Então, disse Daniel ao cozinheiro-chefe, a quem o chefe dos
eunucos havia encarregado de cuidar de Daniel, Hananias, Misael e Azarias: 12
Experimenta, peço-te, os teus servos dez dias; e que se nos deem legumes a
comer e água a beber. 13 Então, se veja diante de ti a nossa aparência e a dos
jovens que comem das finas iguarias do rei; e, segundo vires, age com os teus
servos. 14 Ele atendeu e os experimentou dez dias. 15 No fim dos dez dias, a
sua aparência era melhor; estavam eles mais robustos do que todos os jovens que
comiam das finas iguarias do rei.16 Com isto, o cozinheiro-chefe tirou deles as
finas iguarias e o vinho que deviam beber e lhes dava legumes.
Alguns anos atrás eu ouvi de uma professora no ensino médio,
sobre uma experiência científica, realizada para verificar se o que aconteceu
com Daniel sucederia sempre que as pessoas fizessem o mesmo que ele e seus
companheiros. Conforme ela nos disse, os resultados foram o oposto. Aqui,
segundo entendemos, o Senhor agiu de modo sobrenatural. Mas como já dissemos,
mesmo se ele assim não o fizesse, Daniel continuaria firme.
Deus também se manifestou controlando o ser interior de seus
filhos, dando-lhes capacidades especiais. Vejam: eles já possuíam certas
capacidades, que podemos chamar “naturais”. Eram jovens de boa formação,
bonitos, saudáveis. E tudo isto, naturalmente, vem de Deus. Mas além destas
coisas, ao final dos três anos eles se distinguiram dos demais.
vs. 17-20
17 Ora, a estes quatro jovens Deus deu o conhecimento e a
inteligência em toda cultura e sabedoria; mas a Daniel deu inteligência de
todas as visões e sonhos. 18 Vencido o tempo determinado pelo rei para que os
trouxessem, o chefe dos eunucos os trouxe à presença de Nabucodonosor. 19
Então, o rei falou com eles; e, entre todos, não foram achados outros como
Daniel, Hananias, Misael e Azarias; por isso, passaram a assistir diante do rei.
20 Em toda matéria de sabedoria e de inteligência sobre que o rei lhes fez
perguntas, os achou dez vezes mais doutos do que todos os magos e encantadores
que havia em todo o seu reino.
Porque o Senhor lhe concedeu a capacidade de interpretar visões
e sonhos? Porque era o que o seu serviço requisitava, de acordo com a
cosmovisão babilônica. Resultado: v. 21 nos diz que Daniel permaneceu, isto é,
foi conselheiro dos reis, até o primeiro ano do rei Ciro, isto é, cerca de 68
anos.
Assim, irmãos, neste capítulo nós temos a afirmação de duas
doutrinas que dominarão todo o livro; que, aliás, dominam toda a história
bíblica e da humanidade. Duas doutrinas que governam a nossa vida e todo o
nosso relacionamento com Deus.
São duas doutrinas paradoxais, isto é, que, aparentemente, são
contraditórias, mas que, tanto do ponto de vista bíblico como do ponto de vista
da nossa experiência, se complementam harmoniosamente.
A primeira, é a doutrina da soberania de Deus:
O Senhor Deus governa todas as coisas. Foi ele que entregou Judá
nas mãos dos babilônios; foi ele quem entregou os utensílios do templo, pois
ele conduz os acontecimentos da história das nações. Ele inclinou o coração do
chefe dos eunucos, para que este tivesse misericórdia de Daniel em sua situação
difícil, pois segundo a sua vontade ele conduz o coração de todos os homens.
Como diz Provérbios, o coração do rei está nas mãos do Senhor, e segundo o seu
querer ele o inclina [4]. Ele deu a Daniel e seus companheiros, sabedoria,
inteligência, e a Daniel uma capacidade especial de interpretar sonhos. Em sua
santidade, sabedoria, poder, majestade, glória, amor e misericórdia, o Senhor
faz o que quer, quando quer, com quem quer.
A segunda, é a doutrina da responsabilidade humana:
Deus é soberano sobre todos os acontecimentos. Mas ao mesmo
tempo, embora nós não saibamos explicar todos os aspectos, tanto a Bíblia como
a nossa experiência demonstram que nós somos agentes responsáveis por nossas
decisões, por nossas atitudes. Somos agentes livres, que têm uma consciência de
seus deveres, que podem fazer escolhas de acordo com o que queremos. Por causa
do seu amor, de sua fé, de seu compromisso com Deus, Daniel decidiu não se
contaminar.
Se feito de outro material, diante das circunstâncias adversas,
Daniel poderia ter se rebelado contra Deus, ou perdido sua fé. Poderia ter
sucumbido diante das pressões do mundo. Mas ele decidiu que continuaria
confiando, amando e servindo ao seu Deus.
Porque, cada ser humano precisa tomar uma decisão: se ele
servirá a Deus ou se ele servirá ao mundo e a si mesmo.
Vejamos agora algumas aplicações:
1ª. Você deve ter percebido: Daniel e seus amigos conheciam ao
Senhor desde a juventude. Certamente eles tiveram pais ou responsáveis
piedosos, que ensinaram aos seus filhos a Palavra e os caminhos do Senhor. Que
lhes ensinaram a orar. Que lhes ensinaram a ser santos. A igreja de Deus, de
modo geral estava em grande decadência, mundana, fria. Mas as famílias destes
jovens lhes ensinaram a amar a Deus.
Da mesma forma, não podemos deixar de ensinar aos nossos filhos.
Temos que livrá-los do materialismo que nos dias de hoje assola a igreja. Temos
que livrá-los do falso humanismo que assola o mundo.
2ª. Você, que é jovem, que é um adolescente: Embora o que vou
dizer seja verdade sobre todos os crentes, quero enfatizar que Daniel fez isto
desde adolescente: ele era uma testemunha santa, não alguém que anda de acordo
com a última modinha.
Daniel era, como se dizia antigamente, “crente pra chuchu, e não
crente chuchu” (o chuchu adquire o sabor dos alimentos em que é cozido). Você,
adolescente, pode ser diferente, e esta diferença não diminuirá você, ao
contrário, fará de você uma pessoa melhor, que faz diferença no mundo.
Numa época em que tantos crentes falam palavrão, vão a
baladinhas, e curtem as coisas do mundo, não oram, não conhecem a Bíblia, você
pode ser diferente. Pode se santificar. Num mundo em que tanta gente se
embriaga, rouba, mente, se corrompe, você pode não se contaminar. Você não tem
como sair do mundo, mas você tem como não pertencer ao mundo. Todos nós podemos
ser diferentes, e fazer diferença.
3ª. Em todas as circunstâncias, em todos os acontecimentos, em
todos os momentos, por mais difíceis que sejam, podemos confiar no Senhor.
Saber que ele é soberano, que ele está no controle de tudo, e que ele nunca nos
abandona. Podemos amá-lo sempre. Podemos confiar em seus planos. E podemos
aceitar serenamente cada circunstância como vinda de suas mãos. Podemos
continuar servindo, seja qual for a situação.
4ª. Em quarto lugar, podemos ver a importância da quantidade
numérica de uma igreja, aos olhos do Senhor.
Eles eram apenas quatro jovens isolados dos demais judeus, num
mundo cultural e religiosamente hostil, mas mesmo em pequeno número, foram
fortes fizeram proezas. Não estou dizendo, amados, que devemos desejar ser uma
igreja pequena; ao contrário, devemos desejar, orar e trabalhar pelo
crescimento numérico da igreja. Mas o meu propósito é fazer com que os irmãos
entendam – o fato de não sermos em grande número não deve nos desanimar, pois
podemos servir a Deus assim mesmo. A coisa mais importante aos olhos do Senhor,
e assim deve ser também aos nossos olhos, é que o amemos que confiemos nele, e
que sigamos nossa vida com fidelidade.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciência da Religião
Dr. Edson Cavalcante
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