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sexta-feira, 24 de março de 2017

ELIAS UM PROFETA INTIMO DE DEUS...


                                       ELIAS UM PROFETA INTIMO DE DEUS...
O Profeta Elias foi um dos homens mais conhecidos da Bíblia, citado tanto no Antigo Testamento quanto no Novo. A história de Elias possui um papel muito ativo na narrativa bíblica. Neste estudo, conheceremos tudo o que a Bíblia nos diz acerca de quem foi Elias.
Antes, precisamos saber que o Antigo Testamento menciona três outros homens com o mesmo nome de Elias. O primeiro foi um benjamita (1Cr 8:27,28), e os outros dois foram um sacerdote e um filho de um sacerdote que casaram com mulheres gentílicas (Ed 10:21,26).
A História de Elias
O Profeta Elias viveu no século 9 antes de Cristo, durante os reinados de Acabe e Acazias no reino do norte. Lembrando que em sua época o povo de Israel havia se divido em dois reinos. Judá era o reino do sul com capital em Jerusalém, e Israel era o reino do norte com capital em Samaria. Saiba mais sobre os reis de Israel e os reis de Judá.
A Bíblia não revela nada sobre a vida pessoal e familiar do Profeta Elias. Sabemos apenas que ele era um tisbita que morava na terra de Gileade, a leste do Rio Jordão. O nome Elias significa “Jeová é Deus”.
O ministério do Profeta Elias
O ministério do Profeta Elias começa a ser registrado no livro de 1 Reis capítulo 17 e termina em 2 Reis capítulo 2 com a descrição de sua ascensão ao céu.
Elias profetizou numa época muito difícil da História do povo de Israel do ponto de vista religioso. No tempo de Elias, o reino do norte havia alcançado sua melhor posição econômica desde que havia ocorrido a separação do reino após a morte de Salomão.
O rei Onri (885-874 a.C.) procurou estabelecer boas relações com as nações vizinhas. A exemplo disso, ele casou seu filho Acabe com Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônicos. Esse casal introduziu em Israel a adoração ao deus Baal de Tiro e Sidom. Acabe se encarregou até de construir um templo para Baal em Samaria (1Rs 16:32).
Nesse contexto turbulento de idolatria e paganismo, Elias foi chamado para servir como porta voz de Deus, com a responsabilidade de lembrar aos israelitas que eram o povo do Senhor.
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O ministério de Elias pode ser organizado em seis importantes episódios:
O aviso acerca da seca eminente e seu isolamento;
A luta no Monte Carmelo onde enfrentou os profetas de Baal;
A fuga para Horebe;
O episódio envolvendo Nabote;
A profecia acerca de Acazias;
Sua translação ao céu.
A seguir, conheceremos os detalhes mais importantes de cada um destes seis episódios que marcaram o ministério do Profeta Elias.
A profecia acerca da seca e o isolamento do Profeta Elias
Em 1 Reis 17, temos o registro, sem qualquer introdução, das atividades do ministério do Profeta Elias. Na ocasião, o Profeta Elias anunciou que haveria uma grande seca. Devemos lembrar que Baal era o deus da vida e da fertilidade. Logo, tal seca representava um ataque direto à suposta capacidade desse ídolo de controlar as condições do tempo.
Após essa profecia, Elias recebeu recomendações divinas para que se retirasse para o oriente, escondendo-se junto ao ribeiro de Querite. Nesse lugar, Elias foi sustentado milagrosamente. A água vinha do próprio ribeiro, e o pão e carne eram trazidos por corvos (1Rs 17:2-6).
Após o ribeiro secar por conta da severa seca, Elias foi instruído a ir até Sarepta, que é de Sidom, onde seria sustentado por uma viúva (1Rs 17:9). Num primeiro instante imagina-se que a viúva que sustentaria o profeta seria uma mulher de pose. Entretanto, a sequência do texto bíblico nos revela a situação precária em que aquela mulher vivia (1Rs 17:10-12).
De forma milagrosa e providencial, Deus multiplicou a reserva de farinha e azeite da viúva até que a chuva voltasse a cair sobre a terra (1Rs 17:14). Ainda no mesmo capítulo, temos o registro da enfermidade que acometeu o filho da viúva, enfermidade esta que o levou à morte.
A expressão “Que tenho eu contigo, homem de Deus?“, demonstra que aquela mulher associou a visita do Profeta Elias com a enfermidade do seu filho, num sentido de entender que a presença do profeta como um homem de Deus, havia atraído a atenção divina para o pecado dela (1Rs 17:18).
A seguir, o texto relata uma grande prova da identidade de Elias como profeta do Senhor, quando o filho da viúva foi restaurado à vida novamente (1Rs 17:19-22).
O Profeta Elias enfrenta os profetas de Baal no Monte Carmelo
Após três anos que a seca havia começado, Elias recebeu ordens do Senhor para que se apresenta-se a Acabe anunciando que a chuva retornaria sobre a terra. Durante o período de seca, a fome castigou duramente Samaria (1Rs 18:1).
Também nesse período, Jezabel havia mandado matar muitos profetas do Senhor, mas um dos oficiais de Acabe, Obadias, escondeu e sustentou secretamente alguns poucos profetas que conseguiram sobreviver (1Rs 18:4).
O mesmo Obadias foi quem se encontrou com Elias, e intermediou um encontro entre o profeta e Acabe. Nesse encontro, podemos perceber que Acabe responsabilizava Elias pela situação caótica que o reino estava atravessando (1Rs 18:17).
Elias, por sua vez, confrontou o rei deixando claro que, tanto ele quanto a sua casa, eram os culpados por aquela situação, pois haviam transgredido os mandamentos do Senhor em favor da idolatria a Baal (1Rs 18:18).
O Profeta Elias organizou uma reunião pública com todo o Israel no Monte Carmelo, convocando os 450 profetas de Baal e os 400 profetas de Aserá, todos sustentados por Jezabel.
No Monte Carmelo, Elias propôs que dois sacrifícios fossem preparados, um pelos profetas pagãos, e outro pelo profeta do Senhor. Após a preparação, ninguém poderia colocar fogo no sacrifício, pois o fogo deveria surgir de forma sobrenatural (1Rs 18:23,24), ou seja, o sacrifício que fosse queimado representaria ter sido respondido pelo verdadeiro Deus.
Os profetas de Baal invocaram durante muito tempo a resposta de seu deus, saltando sobre o altar que tinham feito e se retalhando com facas, conforme o costume deles (1Rs 18:26-29), porém nada aconteceu.
Então o Profeta Elias restaurou o altar do Senhor que estava quebrado, pediu que fosse derramado água sobre o holocausto e sobre a lenha, e clamou a Deus. “Então o fogo do Senhor caiu e queimou completamente o holocausto, a lenha, as pedras e o chão, e também secou totalmente a água na valeta” (1Rs 18:38).
O povo de Israel respondeu a esse ato confessando que “Jeová é Deus“. Então Elias ordenou a execução dos falsos profetas, e avisou Acabe que uma chuva pesada iria cair, embora o céu estivesse complemente limpo (1Rs 18:40,41).
O Profeta Elias orou e uma chuva muito forte começou a cair. Em mais uma demonstração sobrenatural do poder de Deus na vida do profeta, Elias foi capaz de correr à frente da carruagem de Acabe por todo o caminho até Jezreel, o que representava uma distância de 30 a 35 quilômetros do local onde estavam.
O Profeta Elias foge para Horebe
Após ser ameaçado por Jezabel, Elias fugiu em direção ao sul. Esse foi um momento de profundo desamino na vida do profeta, onde ele chegou a desejar a morte (1Rs 19:1-4). Entretanto, ele foi divinamente alimentado com pão e água e instruído a seguir em direção a Horebe, o monte de Deus. A caminhada durou quarenta dias e quarenta noites, e o profeta foi sustentado apenas pela refeição que havia comido.
O Monte Horebe foi o local onde o Deus da aliança de Moisés se fizera conhecido, portanto a volta de um profeta leal a Deus àquele lugar era muito significativa. No Monte Horebe Deus deu nova visão e novas instruções ao Profeta Elias. Ele recebeu três incumbências:
Ungir Hazael como rei da Síria;
Ungir Jeú como rei de Israel;
Ungir Eliseu como seu sucessor.
Vale mencionar que a comissão acerca de Hazael e Jeú foi complementada por Eliseu, já que a ascensão de ambos aos tronos da Síria e de Israel, respectivamente, é registrada no ministério de Eliseu.
O Profeta Elias e a vinha de Nabote
Em 1 Reis 21, encontramos mais um grande confronto entre o Profeta Elias e a família real. Jezabel havia planejado a execução de Nabote que não queria abrir mão de sua vinha em favor de Acabe. Além disso, eles haviam ignorado o direito à herança da terra que era garantido na nação de Israel.
O Profeta Elias anunciou o juízo divino sobre Acabe e Jezabel, dando detalhes sobre suas mortes e avisando que sua casa seria destruída. Como Acabe se arrependeu, o Senhor adiou por uma geração a destruição da sua dinastia (1Rs 21:29), mas Acabe e Jezabel tiveram mortes desonrosas conforme a profecia (1Rs 22:37,38; 2Rs 9:10,34-37).
A profecia de Elias acerca de Acazias
Acazias subiu ao trono de Israel, sucedendo a Acabe, seu pai (1Rs 22:52). Em uma determinada ocasião, Acazias sofreu um acidente que o deixou aleijado. Prontamente ele tentou buscar auxílio no deus pagão, ironicamente chamado de Baal-Zebude, que significa “Senhor das Moscas”, um trocadilho que ridicularizava o nome Baal-Zebul, que significa “Baal (ou senhor), o Príncipe”.
Acazias desejava saber se poderia se recuperar de seu problema, mas Elias interceptou os mensageiros de Acazias, e ordenou que voltassem ao rei levando a mensagem de que ele havia ignorado o Deus de Israel e que certamente morreria.
Revoltado, Acazias deu ordens para que o Profeta Elias fosse preso. Primeiro foi enviado um capitão com cinquenta soldados ao encontro de Elias que estava em cima do monte, e estes foram consumidos pelo fogo que desceu do céu.
Acazias enviou outro capitão com cinquenta soldados, e também foram consumidos com fogo. Então, Acazias enviou mais um capitão com seus soldados, porém este último capitão subiu ao encontro de Elias e suplicou por sua vida e pela vida seus soldados.
O Profeta Elias então o acompanhou e foi à presença do rei para transmitir pessoalmente a sua mensagem. Assim como Elias havia predito, Acazias não se recuperou e morreu. Esse episódio está registrado no primeiro capítulo do segundo livro dos Reis.
Elias e Eliseu: o Profeta Elias é transladado ao céu
O final do ministério de Elias está registrado em 2 Reis 2. Eliseu, e alguns outros profetas, perceberam que o ministério do Profeta Elias estava chegando ao fim, e que ele os deixaria. Por algumas vezes Elias tentou se distanciar, mas Eliseu insistiu em acompanhá-lo.
É importante lembrar que Eliseu já havia sido vocacionado para suceder o Profeta Elias (1Rs 19:16,19-21). Elias e Eliseu foram a vários lugares, e, depois de um milagre realizado no Jordão o qual teve suas águas divididas, Eliseu pediu uma porção dobrada do espírito do seu mestre.
Essa era uma referência ao direito que o filho primogênito possuía em receber a porção dobrada da herança de uma família em Israel, e com ela o direito de sucessão (Gn 25:31; Dt 21:17). Em outras palavras, Eliseu estava desejando se tornar o principal herdeiro espiritual de Elias, e não em ser exatamente duas vezes mais “poderoso” do que o profeta como muitas pessoas imaginam.
Eliseu fez um pedido muito ousado, e o Profeta Elias lhe respondeu que dura coisa ele havia pedido, pois não cabia a Elias, e sim a Deus, decidir se o pedido de Eliseu seria atendido. A sequência do texto bíblico nos informa que a concessão desse pedido de Eliseu foi garantida, quando este viu Elias ascender ao céu em um rodamoinho escoltado num “carro de fogo com cavalos de fogo” (2Rs 2:11).
Elias no Antigo Testamento
Além dos livros de 1 e 2 Reis onde sua história está registrada, o Profeta Elias aparece em outras duas referências no Antigo Testamento. Em 2 Crônicas 21:12-15 temos notícias de que Elias enviou uma carta ao rei Jeorão de Judá, o reino do sul. Vale lembrar que o ministério de Elias se concentrou principalmente no reino do norte.
Jeorão havia sucedido seu pai, o rei Josafá, e foi repreendido por ter decidido seguir o padrão idólatra dos reis do reino do norte (Israel), ignorando o caminho do temor e da obediência a Deus e se distanciando do que fora feito por Asa e por Josafá.
Há também uma referência a Elias no livro Malaquias 4:5, onde o profeta é mencionado como precursor do “grande e terrível Dia do Senhor“. Essa passagem é muita discutida entre os estudiosos, sendo que alguns entendem que há nesse versículo uma possível identificação com as duas testemunhas do Apocalipse (Ap 11:3-12), e outros consideram esse versículo como uma referência ao ministério de João Batista, conforme o próprio Jesus indicou (cf. Mt 17:10-13; Mc 9:11-13; Lc 1:13,17). Particularmente creio que a última interpretação é a mais coerente com o texto bíblico.
Elias no Novo Testamento
Elias é mencionado várias vezes nos livros do Novo Testamento, principalmente em relação à identificação de seu ministério com o de João Batista. Entretanto, a menção mais extraordinária de Elias no Novo Testamento é no episódio da transfiguração, onde ele apareceu ao lado de Moisés (Mt 17:1-3; Mc 9:4).
Nos Evangelhos, Elias é citado em: Mateus 11:14; 16:14; 17:1-3; 27:47,49; Marcos 6:15; 8:28; 9:2-13; 15:35,36 e Lucas 1:17; 4:25,26; 9:8,19,28-36,54.
Ainda no Novo Testamento, o Apóstolo Paulo citou o Profeta Elias em sua Carta aos Romanos (11:2-4), e, por fim, Tiago em sua epístola também mencionou o profeta ao fazer uma exposição sobre a importância da oração (Tg 5:17,18).
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciência da Religião Dr. Edson Cavalcante


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