AFASTE-SE DE JANES
E JAMBRES...
"Então Moisés e Arão foram a Faraó, e fizeram assim como o
Senhor ordenara; e lançou Arão a sua vara diante de Faraó, e diante dos seus
servos, e tornou-se em serpente. E Faraó também chamou os sábios e
encantadores; e os magos do Egito fizeram também o mesmo com os seus
encantamentos."
- Êxodo 7.10,11.
INTRODUÇÃO:
Nos últimos dias haverá tempos difíceis. Estamos extasiados (no
bom sentido) de tanto ouvir essa afirmação, mas não podemos negar que as
perplexidades bíblicas concernentes ao fim da humanidade estão se cumprindo.
As palavras do apóstolo Paulo à Timóteo pela segunda vez fala,
principalmente, das responsabilidades do cristão quando este aproxima-se do
fim. Neste caso Paulo aconselha seu fiel e escudeiro amigo acerca da manutenção
da força e da fé que um fiel soldado de Cristo deve ter. Afinal, todo
evangelista um dia morrerá, salvo, claro, se Cristo vier.
A Bíblia mostra que os líderes ministeriais devem ser fiéis e
diligentes quanto ao vosso ministério, e que o exemplo que eles (nós) adquirem
com estes cuidados são de suma importância para o próximo (I Timóteo 4.6-16).
Portanto, devemos levar nossos liderados ao caminho proveitoso... Porém, não é
isso o que acontece em muitos lugares que deveriam ser santos.
1. Janes e Jambres (II Timóteo 3.1-9 NVI):
Aqui temos um triste quadro do desenvolvimento do pecado nos
últimos tempos.
Parece muito pesado chamar muitos cristãos de xingadores,
desobedientes aos pais, caluniadores, incapazes de se controlarem, violentos,
traidores, atrevidos e orgulhosos, mas, precisamos entender que essas más
qualidades descritas no texto não podem ser atribuídas em sua totalidade a uma
única pessoa, ou seja, uma possui três qualidades, outra obtém duas e assim
sucessivamente.
Se há uma pessoa responsável por essas palavras, ela se chama
Paulo. Acima disso, toda a responsabilidade é divina.
Felizmente, conhecemos pessoas que nem professam a mesma fé que
nós, mas encontramos nelas qualidades bem mais suaves, como pacíficos,
honrados, leais, altruístas e até amáveis (cf. I Timóteo 5.8 NVI). Em
contrapartida, existem cristãos que não se humilham para dizer "pela graça
de Deus sou o que sou" (I Coríntios 15.9,10 NVI).
• Quem são Janes e Jambres?
Não encontramos esses nomes no Antigo Testamento, mas achamos os
tais nas palavras de Paulo; "Como Janes e Jambres se opuseram a Moisés,
esses também resistem à verdade..." (v. 8).
Assim, pesquisando sobre a Bíblia, encontramos um perseguidor do
cristianismo que se tornou um grande ensinador da Palavra de Deus afirmando que
os dois reprovados na fé são os ocultistas que imitaram (de forma bem fajuta)
os sinais de Deus e não creram nas palavras de Moisés (cf. Êxodo 7.11).
O nome dos mágicos não são citados em nenhum outro lugar da
Bíblia a não ser por Paulo quando escreve a Timóteo. Esses nomes aparecem
diversas vezes no Talmude (livro sagrado dos judeus), no Targum (reunião de
comentários aramaicos da Bíblia hebraica), noutros escritos rabínicos e em
alguns de Qumran (estes conhecidos como "Manuscritos do Mar Morto").
Isso mostra-nos que no século I muitos manuscritos apócrifos
circulavam com informações históricas dos tempos do AT e muitos cristãos
estudiosos das Escrituras, como Paulo, usava-os brevemente como fontes seguras
de dados memoráveis concernentes aos seus antepassados.
Mostra-nos também que nós, estudiosos da Palavra, podemos nos
aproveitar bem de alguns conhecimentos extra bíblicos para a melhor compreensão
cultural, regional e contemporâneo de certas passagens bíblicas. Paulo tinha
uma mente aberta.
Na verdade, nem importaria muito saber quem eram esses dois,
pois o próprio teólogo afirma que ambos são opositores e resistentes à verdade.
Essa resistência de Janes e Jambres fez com que Faraó endurecesse ainda mais o
seu coração contra Moisés.
O uso dos dois ilusionistas no Êxodo, citado por Paulo, é trazer
à existência pessoas ligadas às artimanhas de Satanás e contrárias à verdade
divina.
O trecho dos amantes", porque menciona cinco vezes no grego
a palavra "amantes":
(1) "amantes de si mesmos" (v. 2);
(2) "amantes do dinheiro" (v. 2);
(3) "não amantes dos bons" (v. 3);
(4) "não amantes de Deus" (v. 4);
(5) "amantes dos prazeres" (v. 4).
Pesquisadores afirmam ainda que Janes e Jambres eram escribas do
antigo Egito pertencentes a uma classe inferior de sacerdotes. Eram, também,
habilidosos encantadores e que se pareciam muito com seguidores da verdade. É
possível, baseado nessas informações, afirmar que estes homens sábios ajudavam,
de certa forma, Faraó nas suas investidas contra Moisés. No Novo Testamento,
portanto, Paulo cita-os de forma profética, referindo-se à pessoas que
surgiriam no decurso dos tempos, semelhantes a estes, reprovadas na fé e com as
mentes depravadas; resistentes e contrários ao plano de libertação da igreja
que ainda está no mundo.
2. Fique longe deles! (II Timóteo 3.5 NVI [NTLH]):
Nos dias atuais estamos vendo uma propagação do suposto
Evangelho; famosos estão se infiltrando em organizações ímpias poderosas e influenciadoras
até do governo nacional, com uma desculpa de estarem aproveitando a
oportunidade de pregar a Palavra.
Esta "inovação" em levar a mensagem divina tem dado
resultado, segundo eles, porque usam da propaganda de seus ministérios em rede
nacional e ótima cobertura internacional. Entretanto, fazem competições entre
eles para se presentearem, se engajam na divulgação dos eventos, publicam
lançamentos de seus trabalhos em gravadoras parceiras e elogiam a iniciativa da
grande empresa.
Em equivalência, (correndo por fora, como dizem), criticam
bruscamente outros trabalhos da mesma empresa.
Semelhantemente, ministros do suposto Evangelho surgem em redes
sociais, sites e blogs, ensinando a Verdade (até aí tudo bem), contudo, logo
aparecem comercializando exageradamente seus produtos de autoajuda, confundindo
informações verídicas com vendas, criticando colegas de ofício, respondendo
palavras de mal gosto de outrem, etc.
Devido a essas esquisitices eu venho me entristecendo e me
opondo aos opositores do Verbo ultimamente. Nessas horas eu sempre me lembro
quando Jesus expulsou os comerciantes e suas mercadorias da Casa de Deus,
munido de um chicote de cordas, virando as mesas; "Parem de fazer da Casa
do meu Pai um mercado!" (João 2.16 NVI [NTLH]).
Também me lembro das palavras de Paulo, quando este diz que
muitos "aparentam ser piedosos, mas negam a sua eficácia".
Isto tem que ser visto por nós como uma granada. O que você
faria se jogassem uma granada perto de você? "Afastem-se desses
também!"
Os últimos dias serão, de fato, assim; um colapso no fervor dos
crentes (II Pedro 3.3; Judas 1.17,18).
3. O que não é de Deus nunca será dele (Mateus 22.15-22; Marcos
12.13-17; Lucas 20.19-26):
Existem muitas perguntas que não podem ser respondidas com
apenas "sim" ou "não".
Os céticos não desistem facilmente, e continuavam a testar
Jesus: “É lícito pagar o tributo a César, ou não”?
Notemos que os inimigos de Jesus testemunharam quatro coisas
verdadeiras a seu respeito: Ele é verdadeiro, não tem medo dos homens, não olha
aparências e ensina a verdade (Marcos 12.14).
A resposta de Jesus é notável por sua compreensão, sabedoria e
por não ser o que ninguém esperava: "Dai, pois, a César o que é de César,
e a Deus o que é de Deus." (Lucas 20.25).
Temos deveres cívicos e religiosos e não devemos nos esquivar
deles, nem de Deus, sob pretexto social, a não ser que sejam totalmente
incompatíveis entre si (Romanos 13.1-3; I Pedro 2.13-15).
Em palavras fáceis de compreensão, Jesus quis dizer que à lei
humana (o governo da nossa cidade, estado e país) devemos dar o que lhe
pertence (não praticar crimes, não usar drogas, pagar corretamente os impostos,
não dever favores ou dinheiro, não comprar produtos ou ideias falsificadas, etc
- cf. Jeremias 22.13), e à Deus devemos dar o que lhe é devido; adoração. E
isto somente a Ele (Mateus 4.10). Deus nunca vai querer impostos, nunca pedirá
ao homem o que é dos outros, mas sempre exigirá só para ele adoração e
reconhecimento.
Baseando-me nessas e outras propostas da Bíblia, me oponho
totalmente a algumas atitudes recentes de quaisquer ministros da Palavra.
Lembro-me bem o fato atual a respeito das taxações de músicas
entoadas nas igrejas (com informações de Renato Vargens), onde todos os
músicos, através de sociedades arrecadadoras, cobram impostos por cada hino de
sua autoria entoado nas igrejas. Isso é um absurdo!
O que é isso? A igreja perseguindo a própria igreja (Marcos
3.24,25)? O que é isso senão incapacidade de autocontrole, orgulho,
atrevimento, desobediência aos pais da fé, egoísmo, arrogância, presunção,
ingratidão, precipitação e aparência? Onde foi parar o velho ensinamento de que
fomos feitos para a glória de Deus? Nada disso é do Senhor e nunca virá a ser
dele (cf. Efésios 1.3-14).
Um verdadeiro ministério de louvor que canta músicas de outro
não o faz para seu próprio valimento, mas para Deus. A atitude dos criadores da
taxação de hinos não podem ter a razão porque o intuito da cobrança (que eles
preferem chamar "reconhecimentos autorais") é referente ao ato de
cantar e não de gravar, e quanto a este último, a cobrança deve ser mantida.
O engraçado é que em shows ou grandes eventos onde estes estão à
frente, não se satisfazem enquanto a multidão não "cantar" a sua
música em resposta à suas ministrações, enquanto que, nas igrejas, longe da
presença deles, isso não é permitido. Que Evangelho é esse?
4. O verdadeiro Evangelho (Lucas 14.26,27,33 NVI [NTLH]):
Certa vez uma grande multidão acompanhava Jesus. Nosso Senhor
percebeu que muitos o seguiam superficialmente, sem compreender, de fato, o que
significava realmente segui-lo. Então ele disse: "Quem quiser me
acompanhar não pode ser meu seguidor se não me amar mais do que ama o seu pai,
a sua mãe, a sua esposa, os seus filhos, os seus irmãos, as suas irmãs e até a
si mesmos. Não pode ser meu seguidor quem não estiver pronto para morrer como
eu vou morrer e me acompanhar." (vv. 26,27).
Pensando nisso eu me pergunto: "Será que os famosos
artistas da onda gospel que estão frequentemente confusos quanto às empresas
que dão oportunidades (quando na verdade querem audiência e dinheiro) abririam
mão desse sucesso para seguirem Jesus? Será que eles abririam mão do próprio
ministério que lhes dão o reconhecimento e o dinheiro para viverem para
seguirem Jesus, se fosse este o caso? Será que abririam mão de serem as
influências de muitos (jovens, principalmente) no mundo afora?
E nós, abriríamos mão da nossa vida para seguir o Mestre? Ou
estamos cantando aquela famosa música apenas por ser uma melodia bonita e de um
ministério famoso? Estamos falando a verdade quando gritamos e ministramos
'abro mão', ou apenas nos preocupando com as pessoas que estão vendo e
comentando entre si 'eles são uma bênção'?"
Servir e seguir a Jesus não é apenas declarar que o país do
futebol é o país de Deus e pronto, mas ter a certeza de que a jornada tende a
piorar entre os homens (Atos 14.21,22; II Timóteo 3.1-9): "Assim nenhum de
vocês pode ser meu discípulo se não deixar tudo o que tem." (v. 33).
Para que possamos morar no lindo céu que a Bíblia tanto fala,
precisamos não nos conformar com que o mundo vem impondo na sociedade. Isso
implica em ter que, muitas vezes, discordar de quem amamos ou de pessoas
famosas que levam multidões com as suas opiniões, pois mesmo o nosso Senhor
Jesus foi divergido pelo Pai (Lucas 22.41-43).
CONCLUINDO:
Cuidado com as granadas que estão sendo lançadas pelas janelas
das igrejas vindas da mão de Satanás e também de alguns "cristãos",
que meio sem querer (ou não) contribuem para a mutilação de muitos.
Eu nunca vi na igreja primitiva eventos entre a sociedade ao
qual os apóstolos de Cristo competiam entre si para verem quem era o
"apóstolo revelação" ou o que merecia o prêmio de "melhor
pregação" ou ainda o melhor apóstolo "pra curtir". Francamente,
isto não seria um relato poderoso da vitória triunfante do Evangelho, e sim um
evento aplaudidíssimo pelos fãs (cf. Efésios 4.17,19 - confronte com várias
versões).
"Tenham cuidado para que ninguém os torne escravos por meio
de argumentos sem valor, que vem da sabedoria humana. Essas coisas vem dos
ensinamentos de criaturas humanas e dos espíritos que dominam o Universo e não
de Cristo." - Colossenses 2.8 NVI [NTLH].
"Será que agora, por ter dito a verdade, eu me tornei
inimigo de vocês?" - Gálatas 4.16 NVI [NTLH].
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciência da Religião
Dr. Edson Cavalcante
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