MELQUISEDEQUE QUEM É
ESSE SER...
Um Mistério Solucionado: A Identidade de Melquisedeque
Para entendermos a identidade de Melquisedeque, devemos deixar a
Bíblia interpretar a Bíblia.
Já vimos que Jesus Cristo é o Mediador entre Deus e a
humanidade. O Seu sacrifício consentido pelas nossas faltas qualificou-O de
modo único para essa crucial função. Mas o Verbo também exerceu esse ofício
sagrado durante o tempo do patriarca Abraão.
E Ele o fez na pessoa de Melquisedeque, sacerdote do Altíssimo.
O livro de Gênesis menciona apenas brevemente esse misterioso personagem. Mas o
Rei Davi, e muito especialmente a Epístola aos Hebreus no Novo Testamento, não
deixam passar o Seu profundo significado.
Para entendermos a identidade de Melquisedeque, devemos deixar a
Bíblia interpretar a Bíblia. A nossa capacidade de entendimento é enormemente
aumentada quando juntamos esses três registos e os consideramos como um todo.
Primeiro vamos dar uma olhada no registo em Gênesis. Abraão
encontrou-se com Melquisedeque depois de resgatar o seu sobrinho Ló do
cativeiro onde estava. “E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e
este era sacerdote do Deus Altíssimo. E abençoou-o e disse: Bendito seja Abrão
do Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra; e bendito seja o Deus
Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E deu-lhe o dízimo de
tudo” (Gênesis 14:18-20).
É interessante notar que Melquisedeque recebeu Abraão com pão e
vinho, coisas que mais tarde seriam símbolos do sacrifício da Páscoa de Cristo
em representação do Seu corpo e do Seu sangue. Melquisedeque também se dirige a
Deus e O trata como “o Possuidor dos céus e da terra”. Depois, passados uns
dois mil anos, Jesus Cristo também se dirigiria ao Pai chamando-Lhe “Senhor dos
céus e da terra”.
O Salmo 110, um dos Salmos de Davi, tem grande significado
teológico. Como já referido anteriormente, ele apresenta o Pai e o Verbo no
versículo de abertura: “Disse o Senhor ao meu Senhor [de Davi]: Assenta-te à
minha mão direita . . . ” É Cristo quem agora está à mão direita do Pai
(Hebreus 8:1; 10:12; 12:2).
Conservando em mente o contexto do Salmo 110:1, observemos o
versículo 4: “Jurou o Senhor e não se arrependerá: ‘Tu és um sacerdote eterno,
segundo a ordem de Melquisedeque’” (Salmos 110:4). Este é o mesmo Senhor que
falou com o Senhor de Davi (o Verbo preexistente), no versículo 1, ainda
falando do mesmo Ser. Certamente que isto ajuda a identificar esse misterioso
personagem do Antigo Testamento. Contudo, é o livro de Hebreus que nos dá a
evidência mais forte.
Comentário no livro de Hebreus sobre Melquisedeque
Este assunto básico é tão importante que no Novo Testamento há
um capítulo inteiro dedicado a explicar o significado de somente três
versículos do livro de Gênesis. O tópico é apresentado no último versículo de
Hebreus 6. O autor diz que Jesus se tornara “eternamente sumo-sacerdote,
segundo a ordem de Melquisedeque”, como o Rei Davi profetizara há muito tempo
em Salmos 110.
Então, no capítulo 7 de Hebreus, o autor considera os atributos
e as qualidades fantásticas do sumo sacerdote de Deus dos tempos antigos.
“Porque este Melquisedeque, que era rei de Salém . . .
Primeiramente é, por interpretação, rei de justiça e depois
também rei de Salém, que é rei de paz . . . Permanece sacerdote para sempre”
(versículos 1-3).
Observe que Melquisedeque significa “Rei de Justiça”. Certamente
seria uma blasfêmia denominar com esse título qualquer ser humano “porque todos
pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Romanos 3:23). Apenas um ser
divino podia ostentar esse impressionante título apropriadamente.
: “Repare que as Escrituras apresentam-no [Melquisedeque] como
alguém que é rei bem como sacerdote. A combinação destas duas funções viria a
ser uma característica distinta do Messias.”
Outro impressionante título de Melquisedeque é o de “Rei de
Paz”. Obviamente, os seres humanos falíveis não conhecem o caminho da paz
(Romanos 3:10, 17), e usar semelhante título para qualquer homem seria, outra
vez, praticamente uma blasfêmia. O Próprio Jesus Cristo é o Príncipe da Paz
(Isaías 9:6).
‘Semelhante ao Filho de Deus’
A semelhança entre esses dois grandes personagens torna-se
visível conforme continuamos lendo Hebreus 7. O versículo 3 descreve
Melquisedeque como um ser “sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo
princípio de dias nem fim de vida, mas, sendo feito semelhante ao Filho de
Deus, [e que] permanece sacerdote para sempre”. O Seu sacerdócio nunca teve
fim! O único sacerdote que se ajustaria a essas qualificações somente poderia
ser o Verbo preexistente, o grande Ser que estava presente antes da própria
criação (João 1:1).
A descrição “sem pai, sem mãe” significa muito mais do que
apenas a suposição que os vínculos familiares de Melquisedeque foram
simplesmente omitidos do relato de Gênesis. Ele não tinha pais humanos! No
contexto, a frase “não tendo princípio de dias nem fim de vida” esclarece
totalmente esse ponto.
Finalmente, a expressão “semelhante ao Filho de Deus” é mais uma
forte evidência da identidade de Melquisedeque. Ele era “semelhante” ao Filho
de Deus porque Ele ainda não era, na realidade, o Filho de Deus, isto é, ainda
não tinha sido gerado como ser humano pelo Deus Pai através da intervenção do
Espírito Santo.
Melquisedeque não podia ter sido o Pai porque ele era o “sacerdote
do Altíssimo”. Ele só podia ter sido o Verbo eterno preexistente que mais tarde
tornou-se Jesus Cristo, o Filho de Deus.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciência da Religião
Dr. Edson Cavalcante
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