PODE
UM CASAMENTO SUPORTAR A DOR DE UM ADULTÉRIO...
Há alguns anos, o álbum de família era composto por pai, mãe,
filhos. Hoje, o quadro mudou: o que parece pai é o padrasto. O filho não está
na foto, pois foi morar com o pai. A menina? Viu como está vestida de preto e
coberta de piercings? O rapaz ao lado é o namorado dela. Está morando com a
“família”. É… Eles não se casaram. A mãe diz que eles estão “se conhecendo”.
Nessa foto, todos estão sorrindo. Mas no dia a dia, é um “pé de guerra”. Como
essa família ficou desse jeito? A tragédia começou por causa de um adultério.
Infelizmente, esse é o retrato de muitas famílias hoje. O que
deveria ser um jardim para o crescimento de nossos filhos, se transformou numa
selva hostil e densa. Por quê? O casal esqueceu-se de oferecer ao seu cônjuge o
presente principal do casamento: fidelidade. Além disso, as famílias têm aberto
brechas para Satanás entrar e fazer o que bem quiser.
Em latim, “adultério” quer dizer “alteração, adulteração,
colocar uma coisa em lugar de outra, crime de falsidade, uso de chaves falsas,
contrato falso”. É isso o que acontece quando violamos o dom da sexualidade e
do compromisso conjugal dado por Deus. A pureza sexual pode ser comparada a um
vaso de cristal valiosíssimo, que, ao ser quebrado, dificilmente poderá ser
recuperado. Você pode até colar as peças, colocar flores, mas nunca mais será o
mesmo.
O sétimo mandamento,
então, protege a nossa família e nos leva a usar a “chave certa”. É o antídoto
contra a frustração. Sobre o casamento, a Bíblia diz: “Digno de honra entre
todos seja o matrimônio”. Hebreus 13:4.
Digno de honra
Li uma história comovente de alguém que honrou os votos do
casamento.
Em abril de 1912, após o Titanic bater em um iceberg, cerca de
duas mil e trezentas pessoas encararam a morte face a face. Não havia botes
salva-vidas suficientes para todos. Apenas mil e cem pessoas poderiam
abrigar-se em meio às águas congelantes do Oceano Atlântico. Um oficial dizia
com insistência: “Apenas senhoras e crianças entrem no bote. Depressa! Não
temos um segundo sequer a perder”. Num impulso, o oficial agarrou o braço de
uma pequena anciã, Isadora Strauss, e empurrou-a em direção ao bote. Ela olhou
para o oficial e apontou para o marido. “Os homens tem de ficar atrás. Somente
mulheres e crianças!” disse o oficial antes de Isadora pronunciar qualquer
palavra. Sem nenhuma hesitação, a senhora deu um passo para o lado, saiu do
bote e foi para o lado do esposo. Ela não deixaria sozinho aquele com quem
esteve casada tanto tempo. Tomou-lhe a mão e vinte minutos depois, abraçados,
desapareceram nas águas geladas daquele oceano.
O casamento foi instituído por Deus no Éden, antes da entrada do
pecado. A Bíblia diz: “Então, o Senhor Deus fez cair pesado sono sobre o homem,
e este adormeceu; tomou uma das suas costelas e fechou o lugar com carne. E a
costela que o Senhor Deus tomara ao homem, transformou-a numa mulher e lhe
trouxe”. Gênesis 2:21 e 22. Imagine a alegria de Adão ao ver Eva, que era “osso
dos seus ossos e carne de sua carne”! Foi nesse encontro maravilhoso que Deus
instituiu o casamento como união sagrada e perpétua.
Se você não é casado ainda, pelo menos já foi a um casamento,
não é? Que dia inesquecível! Apesar da agitação dos parentes e ansiedade dos
noivos, é um dia memorável. O cheiro das flores, as luzes da igreja, a
orquestra que aplaude os convidados que abraçam… Tudo isso serve para levar
duas pessoas, um homem e uma mulher, a uma aliança. Isso mesmo, aliança! Você
não pode se esquecer delas, viu? São para vida toda!
A Bíblia diz que o esposo faz uma aliança interna (no hebraico =
berit, que significa “ligar um ao outro; amarrar”) com a sua esposa (Malaquias
2:14 e 15) e esta é ratificada pela união sexual, onde os dois tornam-se uma só
carne (Gênesis 2:24). Você sabia que todas as alianças mencionadas na Bíblia
são efetivadas pelo derramamento de sangue? Desde a morte do primeiro cordeiro
na porta do Éden até a nova aliança de Cristo na cruz, está presente o sangue.
E no casamento não é diferente. A aliança é feita na primeira relação sexual do
casal, onde ocorre o rompimento do hímen na mulher, e por consequência, há o
derramamento de sangue.
A Bíblia diz: “Ou não sabeis que o homem que se une à prostituta
forma um só corpo com ela? Porque, como se diz, será os dois uma só carne”. I
Coríntios 6:16. No sétimo mandamento, Deus nos evita de formarmos “uma só
carne” num relacionamento extraconjugal, o que nos levaria a “alianças
fantasmas”. Um autor disse que o sexo é a “cola da alma” e ao fazê-lo com
pessoas diferentes, você estará “tecendo uma teia que o enreda e que, de um
jeito ou de outro, voltará para assombrá-lo”. (Ao dizer “Não adulterarás”, Deus
está protegendo você do engano e da frustração alheia. Como disse Carlos
Drummond de Andrade: “No adultério há pelo menos três pessoas que se enganam”.
O Mito
Você já ouviu falar do “mito da grama mais verde”? É aquele
indivíduo que pensa que a grama do vizinho está sempre mais verde e bela que a
sua. Eu quero inventar outro mito: o do poço mais limpo. É a pessoa que acha
que o poço do vizinho possui água mais pura. Esses mitos podem ser comparados
ao que acontece nos casamentos, pois muitas pessoas pensam que o (a) outro (a)
é mais atraente fisicamente ou intelectualmente que seu próprio cônjuge. Mas a
Bíblia aconselha: “Bebe a água da tua própria cisterna e das correntes do teu
poço. Seja bendito o teu manancial, e alegra-te com a mulher da tua mocidade…
Pois cova profunda é a prostituta, poço estreito, a alheia”. Provérbios 5:15 e
18; 23:27.
O problema é que vivemos numa sociedade onde as pessoas não se
satisfazem mais com nada. Acham que a felicidade reside num relacionamento
fantasioso. Tais pessoas defendem a prática do sexo seguro. Porém, essa
“segurança” tem acarretado uma série de doenças e distúrbios psicológicos:
– A cada ano, três
milhões de adolescentes contraem uma doença sexualmente transmitida nos EUA;
– A AIDS lidera a
causa de morte entre pessoas de 14 a 44 anos de idade nos EUA;
– Segundo o
relatório da Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre a AIDS), feito
em 2015, crianças e adolescentes com menos de 15 anos somam 6,1 milhões de
infectados pelo HIV no mundo;
– Casais que mantêm
relações sexuais antes do casamento têm o dobro de possibilidades de separação
em comparação aos casais que se mantêm puros até o casamento;
– Pessoas que vivem juntas
sem o compromisso do casamento possuem cinco vezes mais chances de cometerem
agressão física no relacionamento.
E o que falar dos cônjuges que não se relacionam bem – a questão
da “incompatibilidade de gênios”? Será que o divórcio é a solução? Será que
encontrarão felicidade em outro relacionamento?
Certa vez, uma jovem senhora chega afirmando que não amava mais
seu marido, que sua disposição em relação a ele estava mudando e que ela estava
pensando seriamente em divórcio. E teve como resposta: “Meu conselho nesses
casos é mudar a disposição, e não o marido”.
A separação nunca é a solução nesses casos. Como disse Jesus, o
divórcio só é concedido em caso de adultério: “Eu, porém vos digo: quem
repudiar sua mulher, não sendo por causa de relações sexuais ilícitas, e casar
com outra comete adultério e o que casar com a repudiada comete adultério”.
Mateus 19:9.
A luta
Assim como fez com o sexto mandamento, Jesus ampliou a essência
do sétimo no Sermão do Monte. Mateus 5:28 diz: “Eu, porém, vos digo: qualquer
que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com
ela”. O adultério acontece primeiro na mente, para depois ocorrer na ação. Isso
nos adverte a cuidarmos das “avenidas da alma”, principalmente os nossos olhos,
pois eles são “a lâmpada do corpo”. Mateus 6:22. (Veja Prov. 27:20)
Lutero escreveu sobre os pecados sexuais: “É um vício muito
perigoso e irrequieto este que se agita em todos os membros: no coração com
pensamentos, nos olhos com o que se vê, nos ouvidos com o que se ouve na boca
com palavras, na mão, nos pés e em todo o corpo com atos. Dominar tudo isso
exige trabalho e esforço.” (Martinho Lutero, Ética Cristã, pág. 133.)
Agostinho acrescenta: “Entre todas as lutas dos cristãos, a luta
pela pureza é a mais dura”. Isso é verdade. Como os jovens são assediados por
imagens e músicas de conotação sensual hoje em dia! A sexualidade virou motivo
de piada, algo banal, como se fosse uma “coisa” que os seres humanos pudessem
manipular. E isso está acessível a todos e a qualquer momento:
– Programas e propagandas na televisão com conteúdo sexual
explícito;
– Foram registrados milhares de sites de vídeos de sexo. Estes,
após o Youtube, estão entre os sites de vídeos mais visitados no Brasil e no mundo;
Não podemos nos enganar: vivemos numa era de explosão sexual e
nossas crianças têm sido infectadas por esse mal. É necessário vigilância, pois
basta apenas um clic, e elas estarão visitando o mundo podre da pornografia
virtual e suas variantes. O sétimo mandamento, portanto, nos adverte quanto a
todas as aberrações sexuais possíveis, como pornografia, homossexualismo,
incesto, pedofilia e nos mantêm livres desses parasitas mortais.
O apóstolo Paulo nos dá um importante conselho: “E não vos
conformeis com esse século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente”.
Romanos 12:2. “Transformai-vos” em grego é “metamorfoo”, de onde vem a palavra
metamorfose (fases da borboleta, desde a larva até a bela borboleta). Deus quer
que passemos por experiência semelhante: renovação da mente.
Quer outro conselho? Fuja da impureza (I Coríntios 6:18). Isso
me lembra do exemplo de José do Egito, ao ser tentado pela esposa de Potifar.
José decidiu não cometer tamanho pecado contra Deus (Gên. 39:9) e fugiu da
presença daquela mulher adúltera. Que exemplo para nós em pleno século XXI!
Fuja do pecado. Fuja dos sites indecentes. Fuja das más
conversações. Fuja dos programas de TV com conotação sexual. Deus quer que você
tenha um corpo e uma mente pura. Sabe o que você vai ganhar com isso?
Felicidade, nessa Terra e na eternidade. Honre o mandamento da pureza e você
receberá a honra de Deus, mas fica a pergunta que não quer calar pode um
casamento entre cristãos suportar a dor insuportável do adultério?
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciência da Religião
Dr. Edson Cavalcante
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