ARCA
DA ALIANÇA É A PRESENÇA DE DEUS OU UM BAÚ DA PROSPERIDADE...
"Também farão uma arca de madeira de acácia; de dois
côvados e meio será o seu comprimento, de um côvado e meio, a largura, e de um
côvado e meio, a altura. De ouro puro a cobrirás; por dentro e por fora a
cobrirás e farás sobre ela uma bordadura de ouro ao redor. Fundirás para ela
quatro argolas de ouro e as porás nos quatro cantos da arca: duas argolas num
lado dela e duas argolas noutro lado. Farás também varais de madeira de acácia
e os cobrirás de ouro; meterás os varais nas argolas aos lados da arca, para se
levar por meio deles a arca. Os varais ficarão nas argolas da arca e não se
tirarão dela. E porás na arca o Testemunho, que eu te darei." (Ex
25:10-16)
A arca da aliança é o utensílio mais importante do tabernáculo,
simbolizando a santa presença de Deus (Nm 10:33-36) e a Sua aliança com o Seu
povo (Js 3:3).
O termo hebraico freqüentemente utilizado para descrever a arca
é 'ârôn, que também pode ser traduzido como baú ou caixão. A Bíblia faz
referência à arca de algumas formas diferentes, tais como:
Arca do Senhor (Js 4:11)
Arca de Deus (1 Sm 3:3)
Arca da Aliança (Nm 10:33)
Arca do Testemunho (Ex 25:22)
Arca da Tua fortaleza (Sl 132:8)
Arca Santa (2 Cr 35:3)
A arca e os atributos de Deus
Como símbolo da presença de Deus e de Sua aliança com Seu povo,
a arca revela-nos verdades preciosas a respeito de maravilhosos atributos
divinos. O maior brilho da arca, com certeza, não era o ouro puro com a qual
era coberta; mas a sublime majestade do caráter do Senhor revelada nela. Assim
sendo, pensaremos em alguns desses atributos.
O Deus digno de total adoração
"Farás dois querubins de ouro; de ouro batido os farás, nas
duas extremidades do propiciatório; um querubim, na extremidade de uma parte, e
o outro, na extremidade da outra parte; de uma só peça com o propiciatório
fareis os querubins nas duas extremidades dele. Os querubins estenderão as asas
por cima, cobrindo com elas o propiciatório; estarão deles de faces voltadas
uma para a outra, olhando para o propiciatório. Porás o propiciatório em cima
da arca;" (Ex 25:18-21a)
A tampa da arca era chamada de propiciatório (do qual falaremos
pormenorizadamente depois). Acima dele ficavam dois querubins de ouro, também
chamados de "querubins de glória" (Hb 9:5), os quais estavam
posicionados um defronte ao outro e olhavam para o propiciatório, trazendo uma
impressão de estarem curvados, ou seja, em uma posição de reverência e
adoração.
De fato, o Deus do tabernáculo é totalmente digno de adoração.
As criaturas celestiais o adoram (Hb 1:6b). Os demônios prostram-se perante Ele
(Mc 5:6). A natureza toda proclama a Sua glória (Sl 19:1-6). Seus redimidos, ao
redor de toda a terra, adoram o Seu nome em espírito e em verdade (Jo 4:23).
Até mesmo os incrédulos, que perecerão eternamente sob a ira de Deus, naquele
grande e terrível dia, terão de dobrar os seus joelhos perante o Senhor Jesus
Cristo (Fp 2:10). Somente Ele é digno de ser adorado, pois não há outro
semelhante a Ele (Is 43:10).
Aos homens, cabe a responsabilidade adorá-Lo. Deus criou a
humanidade, bem como todas as coisas, para Sua própria glória (Rm 11:36), de
modo que o maior crime do universo é negar-Lhe adoração. O nosso Deus é
infinito e infinitamente digno da adoração de seus criaturas; portanto,
rebelar-se contra Ele torna a criatura infinitamente culpada.
Deve-se observar, contudo, que adorar ao Senhor trata-se também
de um grande privilégio. Que gozo indizível é trazido à alma humana, quando
esta é levada a contemplar a formosura do Senhor! Davi compreendeu-o muito bem,
a ponto de exclamar: "Tu me farás ver os caminhos da vida; na Tua
presença, há plenitude de alegria; na Tua destra, delícias perpetuamente"
(Sl 16:11). Negar-Lhe adoração não é somente o crime mais estúpido, mas também
a maior tolice que qualquer ser humano pode cometer.
O Deus justo
"E porás na arca o Testemunho, que Eu te darei" (Ex
25:16)
O Testemunho refere-se às tábuas dos dez mandamentos, dados por
Deus a Moisés, conforme o relato de Êxodo 20. A lei revela a perfeita justiça
do caráter de Deus; Ele é aquele que não pode praticar o mal (Tg 1:13) e que é
santíssimo (Is 6:3), não podendo suportar a injustiça (Hc 1:13). Ele próprio é
o padrão absoluto de justiça.
Dessa forma, assim como Ele é justo, também exige que os homens
o sejam. Jesus disse: "Sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai
celeste" (Mt 5:48). Ele exige um cumprimento total de Sua lei, não
admitindo uma falha sequer, como Tiago nos explica: "qualquer que guarda
toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos" (Tg
2:10). Além disso, as Escrituras ainda afirmam que "ao culpado [Deus] não
tem por inocente" (Ex 34:7).
Oh, que justiça perfeita, que padrão elevado! Que homem poderia
alcançá-lo?
O Deus misericordioso
"Farás também um propiciatório de ouro puro; porás o
propiciatório em cima da arca" (Ex 25:17,21)
A arca fala da justiça de Deus, deixando-nos perplexos com o
fato de que o homem está infinitamente distante do padrão de justiça
estabelecido por Deus. Enquanto Deus é todo justiça, o ser humano é todo
pecado. Diz a Bíblia que "não há um justo, nem um sequer; todos pecaram e
carecem da glória de Deus" (Rm 3:10,23).
Como, pois, resolver-se o problema do homem, de modo que este
possa aproximar-se de Deus e ter comunhão com Ele? Como pode Deus ser justo e
misericordioso? Só há uma resposta: através da propiciação, feita pelo sangue
de Jesus.
A Bíblia diz que Jesus Cristo, sendo Deus, assumiu a natureza
humana, tornando-se semelhante a nós, porém sem pecado (Fp 2:7). Ele viveu uma
vida totalmente íntegra, em irrepreensível obediência à lei de Deus (Mt 5:17),
oferecendo-se a Si mesmo em sacrifício perfeito pelos pecados de incontáveis
pecadores e obtendo em favor deles uma "eterna redenção" (Hb 9:12),
mediante seu próprio sangue. Dessa maneira, a justiça de Deus foi satisfeita
com a punição do pecado, bem como a Sua ira foi aplacada, de modo que Deus pode
livremente, com base na obra de Jesus Cristo, declarar os crentes como
plenamente justos. Aconteceu o que Paulo disse aos Coríntios: "Aquele que
não conheceu pecado, O fez pecado por nós, para que Nele fôssemos feitos
justiça de Deus" (2 Co 2:21).
A esta grande obra de Jesus em favor de Suas ovelhas dá-se o
nome de propiciação. O apóstolo Paulo fala desta obra nos seguintes termos, em
uma passagem que talvez seja o melhor retrato do Evangelho na Bíblia: "Mas
agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos
profetas; justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos e sobre
todos os que crêem; porque não há distinção, pois todos pecaram e carecem da
glória de Deus, sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a
redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus propôs, no seu sangue, como
propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua
tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos; tendo em vista
a manifestação da sua justiça no tempo presente, para ele mesmo ser justo e
justificador daquele que tem fé em Jesus" (Rm 3:21-26)
A fim de tornar mais clara a idéia da propiciação, segue uma
explicação elucidativa de D. Martin Lloyd Jones: "O que significa
propiciação? O que é propiciar? Significa apaziguar, aplacar, afastar a ira. O
Dr. John Owen, aquele grande puritano, dizia que há quatro coisas que são
elementos essenciais de qualquer propiciação, e aqui estão elas: uma ofensa que
deve ser eliminada; uma pessoa ofendida que deve ser pacificada; um ofensor,
uma pessoa culpada de praticar a ofensa; um sacrifício ou algum outro meio de
se fazer expiação pela ofensa".
Assim, a arca da aliança também revela-nos, através do
propiciatório, um Deus justo e também cheio de terna misericórdia! Graças a
Deus!
Conclusão
É impressionante a profundidade do simbolismo da arca da
aliança, revelando a beleza de Deus. Também poderia ter sido dito sobre o maná
e o bordão de Arão (Hb 9:4), que mostram o sustento que Deus nos concede
durante a peregrinação cristã e como Ele nos ornamenta com benditas graças
espirituais.
Por fim, como conclusões não poderiam deixar de mencionar a
localização da arca. Ela ficava localizada em um lugar chamado "Santos dos
Santos" ou "Lugar Santíssimo", o qual era escondido atrás de um
véu (Hb 9:2-4). Este véu separava o Santo dos Santos do restante do
tabernáculo, sendo um claro símbolo da separação que o pecado causou entre o
homem e Deus, como é dito no profeta Isaías: "As vossas iniquidades fazem
separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o Seu rosto de
vós, para que vos não ouça" (Is 59:2).
A boa notícia do Evangelho é que este véu foi rasgado por Jesus
Cristo, nosso Sumo Sacerdote eterno. Ele "entrou no Santo dos Santos, uma
vez por todas, tendo obtido eterna redenção" (Hb 9:12). No momento em que
Jesus, sangrando sobre o madeiro, deu seu último brado e entregou seu espírito,
"o véu do santuário se rasgou em duas partes de alto a baixo" (Mt
27:51). O caminho para Deus foi aberto para todos aqueles que crerem no nome de
Jesus Cristo. O sacrifício foi aceito; a propiciação, efetuada; tudo estava
consumado!
Tendo estas verdades em mente, "acheguemo-nos, portanto,
confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e
acharmos graça para socorro em ocasião oportuna" (Hb 4:16). Louvado seja o
nome do Senhor por tão gloriosas verdades.
Apóstolo. Capelão/Juiz.
Mestre e Doutor em Ciência da Religião Dr. Edson Cavalcante
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