MIRIÃ UMA MULHER DE FIBRA
E CORAJOSA...
A História de Miriã está inserida num dos mais importantes da
vida dos hebreus. Ela viveu no Egito na época em que o seu povo sofria os
horrores da escravidão, e ultrapassou essa dolorosa circunstância para cantar
às margens do Mar Vermelho a vitória da libertação.
Dentro deste contexto ela assiste e participa das lutas para
saída do seu povo do Egito de maneira valorosa.
Pensando nas características da personalidade de Miriã, não
podemos deixar de refletir sobre as raízes que lhe foram lançadas desde a
infância, no seu lar.
Única mulher filha de Anrão e Joquebete tinha dois irmãos, Arão
Moisés. Seus pais foram para ela provavelmente exemplos de fé e de profunda
confiança em Deus. Joquebete desafiou os poderosos da época escondendo em casa
o seu filho Moisés após o nascimento, até que resolveu colocá-lo num cesto
sobre o Nilo, lançando-o às águas na esperança de que Deus traria salvação
aquela criança. Este foi um grande ato de fé do qual Miriã participou
ativamente.
Pelo resultado da família de Anrão e Joquebete podemos comprovar
o cuidado quem tinham em transmitir aos filhos os ensinamentos de Deus, a
tradição de seu povo, a dependência e a confiança no Deus Todo-Poderoso.
Joquebete foi uma mãe vitoriosa porque contemplou, através de seu filho, a
bênção de Deus e a confirmação das promessas ao povo de Israel. Assim é que
Moisés foi o grande líder e legislador. Deus falava com ele face a face (Nm.
12.8); Arão foi o fundador do sacerdócio levítico e porta-voz de seu irmão
Moisés e Miriã a grande líder que mesmo me circunstâncias desfavoráveis,
contribuiu para libertar o seu povo do cativeiro egípicio.
Que lições podem tirar para nossas vidas hoje, através do exemplo
de Miriã, essa líder do povo hebreu?
- Comecemos por Miriã como criança.
A primeira coisa que nos salta aos olhos é a sua ousadia, sua
coragem.
Tinha ela, provavelmente, entre 7 e 10 anos quando, indiferente
aos perigos que poderiam sobreviver, postou-se à margem do rio, cuidando á
distância do bebê Moisés na esperança de que algo misterioso pudesse acontecer.
Não se intimidou, mesmo na expectativa da chegada de alguém da parte de um rei
tirano que era o centro do palco da história que ela vivia.
Ao contemplar a chegada da ilha de Faraó e de suas damas, não
perdeu tempo. Como criança que era, aproximou-se curiosamente para ver mais de
perto o que se passava. Observou cuidadosamente a cena e logo lançou a pergunta
resoluta e objetiva: “Irei eu a chamar uma ama das hebreias, que crie este
menino para ti?” (Ex. 2.7).
Momento importante da história. O plano não podia falhar. Miriã
foi decidida. Sua atitude corajosa já apontava para seu futuro, para a mulher e
a líder que seria. Esta maneira de agir era um tanto incomum para as meninas de
sua idade. Demonstrou, porém, inteligência e astúcia. E tem mais, não deixou
transparecer em seus olhos, ou em suas palavras, seu parentesco com aquele
bebê. Obtendo permissão da filha de Faraó, corre rapidamente a traz de sua mãe
para servir como ama para Moisés.
Com isto, Miriã ajudou a salvar seu próprio irmão. Provavelmente,
não tinha consciência plena do seu ato, mas ela estava certa de que seu povo
devia ser preservado. As raízes nacionalistas plantadas com profundidade no seu
coração de menina já desabrochavam.
Aprendera com sua mãe a história do povo de Deus, os planos e as
promessas divinas, e assim deveria agir como parte deste povo. Sua nação
precisava subsistir e Moisés era membro do seu povo e necessitava ser salvo.
Não fazemos nós também parte de uma grande família, o Israel de
Deus? Quem sabe às vezes estamos escondidos entre juncos, com medo de
assumirmos o nosso lugar e não fazemos como Miriã, saindo ousadamente para a
luta!? As tempestades vez por outra procuram trazer desânimo ao nosso espírito
e induzem-nos a fugir para um lugar obscuro onde nada nos perturbe, não sejamos
cobrados e fiquemos livres, livres de problemas. Não é esta, porém, a vontade
de Deus para nossa vida.
Pensemos mais um pouco sobre a coragem de Miriã.
Havia uma razão para sua atitude: Conhecimento de Deus, de suas
promessas e da história de seu povo.
Nisto ela demonstrou acreditar. Se nós conhecermos melhor o nosso
Mestre, teremos mais ousadia para fazer a sua obra.
1 – Precisamos aprender com Miriã a ter coragem para testemunhar.
Uma atitude bem diferente teve Pedro, seguindo o Mestre de longe,
quando o Senhor gostaria de ter seus amigos ao seu lado, o que é natural. Pedro
chorou amargamente sua atitude. Vivemos num mundo bem difícil. Às vezes,
parece-nos que o errado é que está certo, e o certo é errado.
A inversão de valores é tão violenta que tenta confundir as
pessoas. E quantos, quem sabe, têm vergonha de ser honesto.
Como precisamos estar atentos e prepararmo-nos com Deus para
termos coragem de testemunhar! O testemunho cristão é talvez uma das maiores
necessidades do mundo presente. Quem sabe precisamos nós, primeiramente,
acreditar na mensagem que pregamos para vivê-la intensamente e refleti-la para
o mundo. Só através do Espírito Santo dominando as nossas vidas, isto será
possível.
Se quisermos crescer como povo de Deus, precisamos marcar
presença através do testemunho pessoal que exige uma preparação constante e
muito profunda com o nosso Mestre.
É um grande desafio que devemos ardentemente conquistar.
2 - Precisamos ainda aprender com Miriã a ter coragem para
servir.
Estava disponível para o serviço. Não saiu do seu lugar enquanto
algo não aconteceu e ela estava pronta para fazer a sua parte dentro do plano.
O que realizou, o fez com perfeição, não vacilou, não choramingou, não temeu
nem procurou jogar a sua parte para qualquer outra pessoa.
Assumiu seu papel com dignidade. Quantos seríamos hoje, se em
nossas igrejas todos estivessem prontos a servir?
Quantas almas seriam ganhas se todo o povo de Deus estivesse
evangelizando alguém?
Quando chegaremos a esse nível?
O serviço cristão enobrece, engrandece a alma e traz recompensas
eternas. Daí a expressão do salmista: “ aquele que leva a preciosa semente
andando e chorando, voltará sem dúvida com alegria, trazendo consigo os seus
molhos” (Sl 126.6).
Jesus nos dá o maior exemplo de serviço: “O Filho do homem não
veio para ser servido, mas para servir e Dara sua vida em resgate de muitos”.
3 – Aprendemos com Miriã a ter coragem para realizar a obra com
dedicação e amor.
Aquela serva do Senhor lançou-se ao trabalho com inteligência e
sagacidade, mesmo numa circunstância que não compreendia bem da qual conseguiu
obter todos os resultados possíveis. Não foi negligente, nem distraída.
A oportunidade era ímpar, e Miriã não podia falhar. Dedicação é
um elemento indispensável ao servo de Deus. Se nós o amarmos e o colocarmos em
primeiro lugar em nossa vida, será uma gloriosa tarefa nos empenhar no trabalho
do Senhor. Que beleza vida daquelas mulheres que acompanham o Mestre até ao pé
da cruz! Que inspiração a vida de Paulo com sua declaração magnífica: “Não mais
eu, mas Cristo vive em mim”. O nosso Mestre declarou: “Minha comida é fazer a
vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo 4.34).
“Buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça”. Busquemos
realizar a obra do Senhor com toda dedicação porque ele merece o melhor de cada
um de nós.
4 – Miriã, na circunstância em que estava envolvida, também teve
senso de oportunidade.
“Irei chamar uma ama”. Precisamos estar atentos para os
propósitos de Deus em nossa vida e não perder os momentos oportunos que o
Senhor nos oferece. Necessitamos desenvolver uma visão clara do reino de Deus e
dos seus propósitos. Levantemos os nossos olhos para enxergar além das nossas
limitações e tenhamos fé num futuro glorioso por vir, se formos disponíveis
para Deus e se colocarmos nossa vida no altar para o serviço.
Conclusão
Esperamos que as lições positivas e preciosas extraídas da vida
de Miriã sejam assimiladas por todas nós que buscamos servir cada vez mais ao
nosso Mestre.
Com certeza Deus espera que cada mulher encontre de fato o seu
lugar no seu reino e se enquadre dentro do plano divino para a vida de cada uma
de nós.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciência da Religião
Dr. Edson Cavalcante.
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