ESTUDO JOSUÉ DE AUXILIAR A LÍDER
HEBREU...
O livro de Josué está colocado logo depois de Deuteronômio nas
Escrituras Hebraicas, porque é a continuação da história depois da morte de
Moisés, último acontecimento relatado nesse livro. Relaciona-se mais
intimamente com o Pentateuco do que com os livros posteriores a ele. Com esse
livro começa a segunda divisão dos livros de Antigo Testamento, compreendendo
todos os livros entre Josué e 2 Reis, inclusive o livro de Rute.
AUTOR
O autor do Livro de Josué é desconhecido e o que sabemos da
época em que foi escrito depende da interpretação de determinadas pistas
encontradas dentro do livro. As teorias vão desde a opinião de que o livro foi
composto em grande parte pelo próprio Josué (Afirmação do Talmude), até a
hipótese de que tenha sido escrito por alguém muito depois do retorno dos
judeus do exílio na Babilônia.
Com certeza algumas passagens desse livro não poderiam ter sido
escritas por Josué. Sua morte é registrada no capítulo final (24.29-32), bem
como vários outros acontecimentos que ocorreram após sua morte são mencionados:
- A conquista de Hebrom por Calebe (14.6-15);
- A vitória de Otniel (15.13-17);
- E a migração para Dã (19.47).
Passagens paralelas em
Juízes 1.10-16 e Juízes 18 confirmam que esses acontecimentos ocorreram após a
morte de Josué. Portanto, o mais provável é que o livro tenha sido composto em
sua forma final por um escriba ou editor posterior, mas foi baseado em
documentos escritos por Josué.
DIVISÃO DO LIVRO
Este livro pode ser dividido
em três partes.1 - Conquista de Canaã (Caps. 1 a 12), incluindo os
trabalhos preparatórios e a passagem do Jordão, (caps 1 a 4.18), o
estabelecimento do campo e a celebração da Páscoa (4.19 até 5.12); a tomada de
Jericó, e de Ai, a confirmação do pacto no monte Hebal e o tratado com os
gibeonitas (5.13 até cap. 9), as campanhas ao norte e ao sul (cap. 12).
2 - Distribuição da terra de Canaã (caps. 13 a 22), inclusive
uma descrição das terras ainda não repartidas; distribuição das cidades de
refúgio e das cidades destinadas aos levitas (caps. 24 a 31;.
3 - Josué faz sua despedida e morre (Cap. 24).
DATA
Na opinião de muitos estudiosos, Josué não foi escrito antes do
fim do período dos reis, uns 800 anos após os acontecimentos descritos no
livro. A data exata em que Josué foi escrito não é clara. Determinadas
observações dentro do próprio livro, tais como as referências de que algo é
verdadeiro “até o dia de hoje,” sugerem que muitas das suas fontes recuam
alguma data entre a morte de Josué (24.29-31) e a época de Samuel (1500 a.C.).
Vários elementos no livro
de Josué sugerem uma data mais antiga de composição. Dentre os mais
convincentes está em 16.10, diz que os cananeus não foram expulsos de Gezer e
“até hoje vivem no meio do povo de Efraim”. 1 Reis 9.16 relata que o faraó
conquistou Gezer e assassinou os cananeus que viviam ali, o que sugere que
Josué foi escrito antes da época de Salomão. Outros exemplos incluem Josué
15.63 que registra que os jebuseus ainda habitavam em Jerusalém.
Por outro lado, uma vez
que Josué 8.32 indica a atividade de escribas entre os israelitas naquela
época, não há motivo para eliminar a possibilidade desse registro haver sido
feito por esse servo de Deus.
QUEM ERA JOSUÉ
O nome significa “O Senhor é minha salvação"; também
"o Senhor salva”. Filho de Num, da tribo de Efraim, era chamado
inicialmente de Oseias. Foi uma das pessoas mais destacadas do Antigo
Testamento. Um dedicado cooperador de Moisés, era geralmente chamado de “servo
de Moisés”. A primeira aparição de Josué no Êxodo é na batalha dos israelitas
contra os amalequitas em Refidim, sendo ele o comandante dos guerreiros de
Israel (Êx 17.90). Foi um dos 12 espias (Nm 14) e General bem sucedido (Êx 17).
Moisés recebeu ordens de
Deus para eleger Josué seu sucessor e foi ele que entrou com o povo na Terra
Prometida. Josué revelou ser não somente um estrategista militar nas batalhas
que se seguiram na conquista de Canaã, mas também um estadista na maneira de
governar as tribos. Acima de tudo era o servo escolhido de Deus para dar
prosseguimento à obra de Moisés e para assentar Israel em Canaã.
A vida de Josué foi
repleta de emoção, diversidade, sucesso e honra. Era conhecido pela profunda
confiança em Deus. Na juventude viveu a realidade da escravidão no Egito, mas
viu também as pragas sobrenaturais enviadas por Deus ao Egito e o milagre das
águas do mar Vermelho se abrirem diante do povo de Israel. Somente ele teve
permissão de subir o monte Sinai com Moisés, onde foram outorgadas as tábuas da
Lei (Êx 24.13-14).
Josué foi eleito para
representar sua tribo, Efraim, quando os 12 espias foram enviados para conhecer
a região de Canaã. Somente ele e seu amigo Calebe estavam dispostos a obedecer
a vontade de Deus e tomar posse da terra (Nm 14.26-34).
Morreu com 110 anos e foi
sepultado em Timnate-Sera, no monte de Efraim (24.29-30).
ESFERA DE AÇÃO
O livro cobre um período de aproximadamente 24 anos, que vai
desde a morte de Moisés até a morte de Josué.
CONTEXTO DA ÉPOCA
As datas do Êxodo e da conquista de Canaã são questões de debate
contínuo e que não serão solucionadas nesse estudo. Todavia os relatos de Josué
acontecem no final do século XV ou por volta do século XII a.C, eles teriam
ocorrido após a expulsão dos hicsos do Egito, em meados do século XVI.
Nesse período Palestina e
Síria eram repletas de cidades-estado independentes ou confederadas, cada uma
ansiosa para se beneficiar das oportunidades econômicas oferecidas por sua
localização. Cartas encontradas na antiga capital egípcia de Tell el-Amarna,
escrita por reis cananeus subordinados a corte egípcia no século XIV a.C.,
concedem informações confiáveis sobre essa situação. O século XIV testemunhou o
declínio do poder do Egito durante a Dinastia XVIII, até o fim dos gloriosos
dias da Dinastia XIX. Os reis das cidades-estado que escreveram as cartas,
pediam auxílio militar dos egípcios que já não tinham o poderio de antes. Com
base nessas correspondências, fica patente que o controle egípcio da Palestina
diminuíra e que os reis cananeus lutavam por poder político.
ANTECEDENTES HISTÓRICOS E
ARQUEOLOGIA
As potencias do Antigo Oriente Médio eram relativamente fracas.
Os heteus tinham desaparecido de cena. Nem a Babilônia, nem o Egito conseguiam
manter uma presença militar constante em Canaã e os assírios só enviaram seus
exércitos para lá séculos mais tarde.
A Medida que as tribos de
Israel iam viajando em semicírculo a leste do mar Morto, somente o povo de Edom
oferecia alguma resistência. Moabe foi obrigado a deixar Israel passar por suas
terras e até acampar em suas planícies. Quando Ogue e Seom, reis regionais
amorreus da Transjordânia, tentaram impedir o avanço dos israelitas, foram
facilmente derrotados, tendo suas terras ocupadas.
Os arqueólogos bíblicos
chamam esse período de Alta Idade do Bronze (1500-1200 a.C.). Hoje, milhares de
produtos feitos pelas mãos do homem dão testemunho da cultura material dos
cananeus, em muitos aspectos superior à dos israelitas. Quando as ruínas do
reino antigo de Ugaribe foram descobertas no local hoje chamado de Ras Shamra,
no litoral norte da Síria, veio à tona a fartura de novas informações
concernentes a vida doméstica, comercial e religiosa dos cananeus. Além de um
idioma semelhante ao hebraico, havia história de reis e deuses da antiguidade.
Além disso, foram descobertos templos, altares, túmulos e vasos de rituais
pagãos que lançaram luz sobre a cultura e os costumes dos povos ao redor de
Israel.
Escavações nos sítios
arqueológicos antigos de Megido, Bete-Seã e Gezer demonstram que essas cidades
eram verdadeiras fortalezas, razões que podem explicar os motivos de não terem
sido dominadas por Josué e seus soldados. No entanto muitas outras cidades
fortificadas foram tomadas por Israel, que se tornou assim potência dominante
na região.
Segundo relato bíblico,
Josué incendiou depois de Jericó e de Ai, somente Hazor (11.31), dificultando
assim o trabalho de datação desses acontecimentos com base nos níveis de
destruição em antigas cidades de Canaã. Qualquer tentativa nesse sentido pode
ser facilmente questionada, por haver pouco material disponível.
Muitos dados da
arqueologia parecem apoiar algo em torno de 1250 a.C como provável data da
invasão de Josué em Canaã. Essa data encaixa-se bem com um êxodo que nesse caso
teria acontecido 40 anos antes, no reinado do famoso Ramessés II, o qual
reinava entronizado no delta do Nilo, numa cidade de mesmo nome (Êx 1.11). Ao
mesmo tempo, situa José no Egito numa situação favorável. Quatrocentos anos
antes de Ramessés II, os faraós eram hicsos semitas, que também reinavam
entronizados no delta, perto da terra de Gósen.
Existem bons argumentos,
porém a favor da opinião tradicional de que a invasão tenha ocorrido por volta
de 1406 a.C. A opressão teria sido realizada no reinado de Amenotepe II, depois
da morte do pai, Tutmés III, que segundo se sabe, empregava mão de obra escrava
em seus empreendimentos arquitetônicos.
TEMA CENTRAL
A conquista da Terra Prometida. Após a morte de Moisés, Deus
comissionou Josué para continuar sua promessa que havia feito aos patriarcas,
ou seja, a conquista e ocupação da Terra Prometida. Esse aspecto específico da
promessa feita a Abraão, Isaque e Jacó (Gn 12.1-3) é o tema dominante desde
Gênesis até Deuteronômio.
Quando Deuteronômio chega
ao fim, e começa o livro de Josué as tribos de Israel ainda estavam acampadas a
leste do rio Jordão. A narrativa começa quando Deus manda que o povo avance e
atravessem o Jordão a pés enxutos, como havia acontecido no mar Vermelho. Em
seguida vem a narrativa de várias vitórias no centro, sul e norte de Canaã, as
quais deram ao povo de Israel o controle de toda a região montanhosa e do
Neguebe. O livro apresenta detalhes sobre a herança de cada tribo e chega ao
fim com os últimos discursos de Josué ao povo. O tema do livro, portanto, é o
assentamento de Israel na Terra Prometida.
PROPÓSITO E MENSAGEM
Há duas concepções errôneas com relação ao livro de Josué. Uma
delas é ele ser apenas a história de um homem destemido e temente a Deus; a
outra é ser tão somente o registro militar da conquista de Canaã. Ambas devem
ser superadas para descobrir porque o livro foi escrito. Considerando a
primeira, a falta de detalhes biográficos e as escassez de expressões de
aprovação ou reprovação das ações de Josué sugerem que ele não é o foco do
conteúdo, embora desempenhe um papel importante nos acontecimentos do livro.
Quanto a segunda, a pesquisa minuciosa revela que na verdade, são apresentados
poucos detalhes da estratégia e da conquista militar. Além disso, nem
biografias nem histórias militares explicam a parte da divisão das terras (capítulos
13 a 19).
Descartadas as concepções
errôneas, vemos que as estratégias militares descritas no texto são de Deus e
não de Josué. Em cada narrativa de batalha, dá-se o mínimo de informação para
transmitir a ideia de que Deus arquitetou a vitória e suas instruções foram
executadas conforme suas orientações a Josué.
Com fundamento nessa
inclinação ao papel de Deus, na inclusão de todas as partes do livro e dos
acontecimentos feitos pelo narrador, fica claro que o propósito da obra é
demonstrar como Deus cumpriu sua promessa de levar os israelitas à terra
mostrada a Abraão. É importante afirmar a fidelidade divina em realizar sua
parte na aliança. Isso mostra as referências frequentes à entrega da terra ao
povo e por que seu papel recebe tanta atenção.
A mensagem é que Deus
cumpre suas promessas por mais impossíveis que pareçam. Ele levava sua aliança
com Abraão a sério e pretendia cumpri-la.
INTERVENÇÃO SOBERANA DE
DEUS
Parece evidente que o elemento milagroso não pode ser removido
do livro de Josué sem danificar severamente o propósito teológico. O livro
insiste que o Senhor intervém de forma soberana na história para executar seu
plano e cumprir sua promessa. Isso não é descrito como intervenção fortuita
como a encontrada na teologia politeísta do Antigo Oriente Médio. Pelo
contrário, faz parte do plano contínuo e coerente de Deus traçado pela
literatura histórica, previsto pela literatura profética e culminando no
nascimento, vida e morte de Jesus Cristo.
ESBOÇO DE JOSUÉ
I. Preparação da herança 1.1-5.15
Mediante a escolha do líder do exército 1.1-18
1) Josué ouve o chamado 1.1-9
2) Josué dá o mandamento 1.10-15
3) Josué recebe estímulo 1.16-18
Mediante o preparo do exército para a batalha 2.1-5.15
1) Procurando a moral do inimigo 2.1-24
2) Posicionando o povo para a batalha 3.1-5.1
3) Fortalecendo as tropas para a guerra 5.2-12
4) Convencendo um líder a servir 5.13-15
II. Possuindo a herança 6.1-12.24
O território central 6.1-8.35
1) A obediência traz a conquista - Jericó 6.1-27
2) O pecado traz a derrota - Acã 7.1-26
3) O arrependimento traz a vitória - Ai 8.1-29
4) A lei traz a bênção - Monte Ebal e monte Gerizim 8.30-35
O território do Sul 9.1-10.43
1) O engano traz o cativeiro - Gibeonitas 9.1-27
2) Os milagres trazem a liberação - Amorreus 10.1-43
O território do Norte 11.1-15
Revisando os territórios conquistados 11.16—12.24
1) Os territórios 11.16-23
2) Os reis 12.1-24
III. Compartilhando a herança 13.1-22.34
Distribuindo a herança 13.1-21.45
1) Partes ainda não conquistadas 13.1-7
2) Partes para Ruben, Gade e Manassés 13.8-33
3) Dividindo as partes a oeste da Jordânia 14.1-5
4) Uma parte para Calebe 14.6-15
5) Uma parte para Judá 15.1-63
6) Uma parte para Efraim e Manassés 16.1-17.18
7) Partes para as tribos restantes 18.1-19.48
8) Uma parte para Josué 19.49-51
9) Cidades de refúgio e para os levitas 20.1-6.21.42
10) Epílogo 22.1-34.
Discutindo o futuro 22.1-34
1) Uma benção para as tribos do Leste 22.1-9
2) Uma explicação para o altar 22.10-34
IV. O discurso final de Josué e sua morte 23.1—24.33
Josué aconselha os líderes 23.1-16
Josué desafia o povo 24.1-28
Josué morre 24.29-33...
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciência da Religião
Dr. Edson Cavalcante.
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