IGREJA
DIVIDIDA POR CAUSA DA SOBERBA DAS LIDERANÇAS, REINO DIVIDIDO NÃO SOB RESISTIRÁ...
3º – AS DIVISÕES NA IGREJA NÃO AGRADAM A DEUS
1 Coríntios 1.10 – “Rogo-vos, irmãos, pelo nome de nosso Senhor
Jesus Cristo, que faleis todos a mesma coisa e que não haja entre vós divisões;
antes, seja inteiramente unidos, na mesma disposição mental e no mesmo parecer”.
Em Dezembro de 1912, um grande navio partiu da Inglaterra, rumo
aos Estados Unidos. No meio do oceano um iceberg pôs fim à viagem. O grande
Titanic foi para o fundo do mar. Sua tripulação era de 2.227 pessoas das quais
apenas 705 foram salvas. Observando esse naufrágio, percebemos que centenas de
pessoas poderiam ter salvado suas vidas se o navio não se dividisse ao meio.
Com o casco furado, a água invadiu o navio e as partes inundadas foram fechadas
para que a água não atingisse os locais onde estava a tripulação. Mesmo com
tanta água dentro do navio ele não teria afundado tão depressa. O que causou a
morte de tanta gente foi a divisão do navio em duas partes. Uma delas afundou
primeiro e a outra foi, logo à seguir, puxada também para baixo. Se não
houvesse essa divisão toda a tripulação teria sobrevivido, posto que pouco
tempo depois de o Titanic naufragar um outro navio chegou ao local e socorreu
os sobreviventes. A divisão do navio foi a sua ruína.
O assunto desse estudo é a divisão. Dividir é partir algo no
meio ou em várias partes. É quebrar a unidade. É fracionar algo. Um pão pode
ser dividido e com isso matar a fome de duas pessoas. Isto é bom! Mas um vaso
não poderá transportar água para matar a sede de duas pessoas se for dividido
ao meio. Os dois continuarão com sede. Existem certas coisas que a divisão
propicia vantagens; já em certos casos, a divisão pode destruir a coisa
dividida.
Em Mateus 12.25,26, Jesus mostra o prejuízo que causa a divisão
para algo que não foi criado para ser dividido: “Jesus, disse: Todo reino
dividido contra si mesmo ficará deserto, e toda cidade ou casa dividida contra
si mesma não substituirá. Se Satanás expele a Satanás, dividido está contra si
mesmo; como, pois, subsistirá o seu reino?”. O que Jesus nos ensina nesse texto
é que um reino se enfraquece quando se divide. As pessoas o estavam acusando de
expelir demônios em nome de demônios, então ele mostra que até Satanás não
entraria nessa empreitada, pois seria como embarcar num barco furado – se se
dividisse ele mesmo se destruiria.
A igreja de Jesus não foi criada para ser dividida. A igreja de
Cristo é una. É um só corpo e o corpo quando se divide fica aleijado e apenas
uma das partes tem a possibilidade de sobreviver.
No início da história da igreja, os cristãos eram conhecidos
como “os da seita do caminho” (Atos 9.2 e 19.23). Foi na cidade de Antioquia
que, pela primeira vez, o grupo de discípulos de Cristo foi chamado de cristãos
(At 11.26). Era um grupo perseguido pelo Império Romano, pelos Judeus e por
gentios de várias etnias. Com o fim da perseguição em 313, na época do
Imperador Constantino, e a oficialização do Cristianismo, como igreja oficial
do Império, em 386 na época do Imperador Teodósio, a igreja passou a ser
denominada: Católica, que quer dizer universal. A religião cristã deveria ser formada
por uma Igreja única que envolvesse todo o mundo numa única missão. Mas a
igreja fracassou.
O fim da perseguição fez o ânimo do povo se esfriar. Os mártires
acabaram. Ninguém necessitava mais morrer por Cristo. A igreja passou a dominar
a política e deter todo poder terreno. Com isso tirou os seus olhos dos céus e
os fixou na terra. A Igreja nunca ficou sem as manifestações particulares de
fidelidade a Deus, pois muitos cristãos verdadeiros levantaram sua voz,
clamando por fidelidade aos preceitos de Deus. O pior é que a igreja, que devia
fidelidade a Deus, matou os seus membros fiéis, que lutavam pelo retorno à
Palavra de Deus. O povo foi impedido de ler a Bíblia; homens e mulheres foram
homenageados sendo colocados no posto de “santos”; os líderes da igreja
buscavam a tudo, menos ter vida íntima com Deus; o povo deixou de crer no
Senhor e passou a buscar os ídolos; até a salvação passou a ser vendida por
dinheiro. A Igreja deixou de ser o farol que Deus colocou no mundo para
iluminar o caminho dos homens e os guiar até os céus. A Igreja deixou de ser
Igreja.
Em 1517 um monge
Agostiniano chamado Martinho Lutero, com muitas dificuldades e perseguições,
deu um passo importante rumo ao retorno da igreja do Senhor ao Seu caminho. A
igreja reiniciou os passos nos trilhos certos. Outros homens também se
empenharam na Reforma Protestante e deram suas vidas para que a igreja não
voltasse aos níveis deprimentes que tinha chegado. A igreja do Senhor voltou a
brilhar. O mundo voltou a ver a ação do cristianismo que transforma vidas,
cidades, estados e nações. O povo redescobriu o valor da oração e a
possibilidade de falar diretamente com Deus. Novamente puderam ter nas mãos a
Palavra do Senhor, antes proibida de ser lida pela própria igreja que tinha a
missão de propagá-la; o povo redescobriu o prazer de ter comunhão com Deus.
A igreja reformada começou a dar os seus primeiros passos.
Deveria continuar sendo una, sem divisão, mas os seguidores da doutrina de
Lutero deram o nome de sua igreja de Luterana. Os seguidores de Calvino se
tornaram Presbiterianos, depois vieram os Anabatistas, Menonitas, Batistas,
Assembleianos, e as muitas outras denominações que existem hoje. Todas as
denominações criadas são fruto de uma divisão. Todas elas nasceram porque um
líder divergiu de outro e não tiveram humildade e nem amor à causa maior – O
REINO DE DEUS.
Preferindo seguir o seu próprio caminho humano, não dando
atenção à unidade exigida por Deus, os homens transformaram a Igreja, corpo de
Cristo, num corpo com muitos membros deformados e divididos. Um corpo que se
difere em muitos pontos e luta contra si mesmo. Igrejas que lutam pela
conquista da membresia de outra denominação e deixa os nãos cristãos
continuarem perdidos. Deformaram o corpo de Cristo e por isso prejudicaram o
andamento do Reino de Deus no mundo. Fizeram da Igreja um corpo com uma mente
perfeita, mas com membros que não obedecem aos seus comandos. Com toda a
certeza, Deus pedirá conta de cada líder arrogante que um dia arrastou e
continua a arrastar membros atrás de si, por pura manifestação de orgulho
pessoal. Tais líderes não podem pregar os ensinamentos de Jesus, pois se os
aplicassem em suas próprias vidas, não teriam tomado as atitudes que tomaram.
A igreja do Senhor continua sendo una. Os salvos fazem parte de
um povo especial. Um povo que recebeu a graça de Deus, e depois de tomar posse
da graça passou a manifestar em suas vidas os efeitos dessa graça divina. Os
salvos se unem não em denominações, mas no propósito único de fazer o nome de
Jesus e Sua salvação conhecida por todos, em todo o mundo. Não podemos nos
dividir. Não podemos fazer como a igreja do passado que morreu porque passou a
olhar para o mundo e deixou de olhar para o céu. Perdeu a esperança da glória.
Não podemos nos dividir, pois o nosso Senhor não se agrada em ver divisão do
seu próprio corpo.
Esse é o tema desse estudo: AS DIVISÕES DA IGREJA NÃO AGRADAM A
DEUS.
Para evitar as divisões Paulo toma algumas atitudes em relação
aos crentes da Igreja de Corinto. A primeira delas foi: APELAR PARA O BOM SENSO
DOS CORÍNTIOS.
Para dar início à sua argumentação, Paulo usa um termo que lhe é
peculiar. Ele diz: “Rogo-vos, irmãos”. Rogar é pedir com instância ou suplicar.
Na busca por uma igreja unificada Paulo chega a suplicar aos membros da igreja
de Corinto que atentem ao que ele irá dizer logo à seguir. Paulo mostra que o
seu desejo, e o desejo do Senhor da igreja devem ser priorizados. O grande
evangelista e apóstolo do Senhor Jesus se rebaixa e se humilha diante de uma
igreja formada por pessoas que eram perdidas e condenadas, mas que com o seu
empenho e sua pregação creram no Senhor Jesus e agora faziam parte do Corpo de
Cristo. Ele se humilhou para que a igreja, vendo a sua humilhação, pudesse
despertar o seu bom senso e se aperceber da importância da união da Igreja.
Somos acostumados a líderes que impõe regras e obrigam os seus
liderados a o obedecerem incondicionalmente. Se não o obedecem, ele os expulsa.
Sou adepto do estilo de Paulo. Há muitas coisas na igreja que ao perceber o
desvio e a desobediência, não chego logo batendo, como seria o costume da
maioria. Procuro fazer como Paulo. Procuro fazer com que as pessoas entendam a
importância da ação correta e uma vez tendo entendido, tomem atitude positiva
rumo ao afastamento daquelas atitudes que não são muito apropriadas para a vida
de um crente.
Entendo que o crente não pode viver pela cabeça do pastor. Ele
tem de aprender a tomar as atitudes corretas por consciência própria do que é
bom e faz bem à igreja e à sua vida particular. Também creio que não há mérito
algum se todas as suas ações corretas forem executadas sob o olhar fiscalizador
do pastor. O prazer da obediência nasce no coração do homem que por se sentir
servo do Senhor escolhe o caminho que contraria a si mesmo, mas que é o caminho
marcado pelo Senhor para que caminhe nele.
Paulo “Roga” aos irmãos coríntios. Ele suplica a eles que tomem
a atitude correta. Paulo os incita a pensar. Ele deseja que os coríntios tenham
consciência da ação correta que devem tomar e a tomem. Essa escolha particular
é prazerosa e gera proximidade do servo com o Senhor. O servo obediente
desejará a presença do Senhor. Ele não fugirá do Senhor com medo por ter agido
contrário à Sua vontade. A obediência particular do servo, ou seja, sua
obediência meu irmão, o aproximará de Deus.
Paulo fez um apelo ao bom senso dos Coríntios. Use o seu bom
senso e responda a essas perguntas: Você acha que é certo ou vantajoso que haja
divisão da Igreja do Senhor? Usando o seu bom senso você consegue perceber
vantagens na divisão de algo que não foi criado para ser dividido? Eu penso que
não há vantagem alguma em divisões e luto pela união de todos os membros do
Corpo de Cristo. Mas eu não me iludo, pois sei que uma união total de todas as
igrejas evangélicas num único lugar é impossível, pois para isso acontecer
líderes e membros de igrejas teriam de abrir mão de muitos interesses pessoais
e denominacionais que não estão prontos a abandonar. O corpo de Cristo vai
continuar dividido por culpa daqueles que deveriam ser os primeiros a lutar
pela união. Eles não usarão o bom senso que Paulo desejou que usassem. Mas
creio que pelo menos dentro das igrejas locais é possível os membros lutarem
para se manterem unidos.
Para evitar as divisões Paulo tomou a atitude de implorar para
que os crentes tivessem bom senso e evitassem divisões. Outra atitude de Paulo
foi: APELAR PARA A CONSCIÊNCIA CRISTÃ DE CADA UM DELES. Ele disse: “Rogo-vos,
irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo”.
Todos nós temos consciência de nosso papel na sociedade. Sabemos
nossos direitos e deveres como membros de uma família. Sabemos nos portar em
diferentes postos de trabalho. Sabemos como nos portar em festas. Esse saber se
portar corretamente em diferentes locais é possível porque temos consciência de
como devemos agir-nos diferentes locais e situações. Essa é nossa consciência
social.
O que nos interessa, nesse momento do estudo, é ressaltar a
consciência cristã que devemos ter ao tomar atitudes diversas em nossa vida. A
igreja cristã nasceu a cerca de 2000 anos atrás. Como disseram, na cidade de
Antioquia os discípulos de Jesus foram chamados “Cristãos”. Desde então, onde
estiver um discípulo de Cristo, ali estará alguém que (se espera) agirá como o
Mestre Jesus Cristo.
O cristão deve despertar a sua consciência Cristã para passar a
agir conforme essa consciência. Deve saber que nasceu de novo e como um membro
da família deve defender os interesses dela. Tudo o que o cristão pensa, fala
ou age é tomado como atitudes que nascem do coração puro e é fruto de uma transformação
de vida que ocorreu quando se converteu e passou a ser um cristão. O cristão
deve passar a agir como sendo um representante de Jesus em todos os lugares
onde estiver.
É nessa consciência cristã que Paulo se firma para despertar a
igreja rumo à unidade da igreja. Ele insta a igreja a se ver como
representantes de Cristo e como seguidores dos ensinos do nosso Mestre Jesus e
diz: “Rogo-vos, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo”. Ele leva a
igreja a confrontar os interesses pessoais com os ensinamentos do Mestre Jesus
na hora em que estiver motivado a promover separações internas. Paulo leva os
crentes a pesar a vontade de Jesus na hora de se dividirem. Será que Jesus
Cristo gostaria que sua igreja passasse por mais divisões? Será que o fato de
cada irmão estar indo por caminhos próprios agradam ao Senhor Jesus? Será que
Jesus ficaria feliz de ver que irmãos estão criando partidos dentro de Sua
Igreja e com isso fazendo com que cada um fique afastado do outro? Será que
Jesus gostaria de ver a disposição de desistir que muito irmão tem nutrido em
seus corações? Essa foi a atitude de Paulo: Apelar pela consciência Cristã de
cada um dos membros da igreja de Corinto. Paulo queria que os crentes agissem
como Cristo gostaria que agissem.
Muitas são as situações que nos fazem pensar em divisões. As
feridas feitas por irmãos; as palavras duras; as ofensas que nos humilham; as
palavras de desestímulo em momentos que desejamos nos empenhar no trabalho; os
olhares preconceituosos e atitudes separatistas de irmão em relação a nós… Se continuamos a escrever todas as situações
que nos levam a pensar em desistir e nos separar do grupo, escreveríamos muitas
páginas. Essas situações nos induzem à separação. O nosso desejo nessa hora é
fugir da presença dos irmãos e nos refugiar em outro redil. Se a vontade do
homem for obedecida nesses momentos não haverá ninguém disposto a enfrentar as
dificuldade. Obedecendo à natureza caída todos fugirão para lugares onde julgue
fora do alcance dos problemas. Fogem procurando novas igrejas como sendo elas
“ilhas da fantasia”, e é com isso que o novo grupo se parece. Mas o tempo
revela tudo e a ilha da fantasia se revela tão pernicioso como aquele lugar de
onde fugimos. Os problemas devem ser enfrentados e tratados, para assim serem
curados. Não existem igrejas perfeitas. Cabe a nós fazer com que nossa igreja
seja o melhor lugar para se viver em comunhão com Deus e com os irmãos. Fugir
não adianta nada.
É isso que Paulo deseja ao apelar para a consciência Cristã. A
Bíblia diz que “enganoso é o coração do homem. Desesperadamente corrupto”.
Quando agimos baseado em nossa própria consciência humana incorremos no risco
de sermos guiados por um coração corrupto. O desejo de Paulo é que nessas horas
sejamos sábios e analisemos a situação conforme nossa consciência cristã e não
segundo o nosso coração corrupto. Ele deseja que hajamos em obediência aos
preceitos de Cristo e não seguindo os impulsos do nosso próprio coração. Se
formos cristãos, a melhor opção é agir com bom senso e principalmente usar a
nossa Consciência Cristã, para que façamos a melhor escolha: PERMANECER UNIDOS.
O próximo passo de Paulo é incitar os cristãos de Corinto A USAR
SUA CONSCIÊNCIA DE GRUPO para evitar as divisões.
Assistindo a um documentário sobre peixes eu fiquei muito
admirado com o comportamento de uma espécie de peixes de pequeno porte. O
cardume de pequenos peixes se junta para facilitar sua alimentação e sua
proteção contra os predadores. Quando estão juntos, os alimentos não escapam na
correnteza e todos tem a possibilidade de se alimentar. Mas a atitude mais
importante que eu notei neles é que quando se veem em perigo eles se juntam.
Ficam bem próximos uns dos outros e a imagem que se tem é de um grande peixe. A
figura enorme, formada pela união de todos os peixinhos juntos, faz com que os
predadores fujam de medo, pensando que estão diante de um peixe maior.
Essa é a consciência de grupo que as pessoas devem ter para
permanecerem juntas. O homem não foi criado para viver isolado. Ao ver
Adão sozinho, Deus disse: “Não é bom que
o homem esteja só”. Quando o homem fica só ele se torna alvo fácil. Imagine-se
sozinho numa grande cidade. Você não conhece ninguém e está desempregado e
faminto. Imagine agora que em vez de estar só, você continua desempregado, mas
cercado de amigos. Tudo o que cada um consegue de alimento é dividido com os
outros. Dessa forma ninguém padece de fome. O homem precisa da companhia do
próximo. Ele não pode perder a consciência de grupo. No dia em que ele perder
essa consciência ele se isola, endurece o coração e morre.
Apelando para a consciência de grupo, Paulo apela aos coríntios
“Que falem todos a mesma coisa”. Falar a mesma coisa não é ficar repetindo a
mesma frase o tempo todo. Falar a mesma coisa é todos usarem a mesma informação
correta na defesa de um ponto doutrinário, por exemplo. Estamos próximos de um
referendo sobre o desarmamento do Brasil. Nessa luta um grupo foi criticado
porque usou três números estatísticos diferentes em relação a quantidade de
armas disponíveis nas mãos de civis. Esse erro de informação foi usado pelo
partido contrário para denegrir a imagem do concorrente. Se todos falassem a
mesma coisa o grupo unido não cairia na boca do povo e suas informações continuariam
com crédito para a população. A informação tríplice levou a uma desconfiança
quanto a credibilidade que se pode dar às informações oferecidas pelo grupo
político.
A razão de existirem tantas denominações é porque a igreja não
“fala a mesma coisa”. Cada denominação pega um pedaço da doutrina e a defende
como sendo ela o centro. Não percebem que se todas as informações estivessem
unidas elas se encaixariam como um grande quebra-cabeças, formando um peça
única. Três cegos foram colocados em frente a um elefante. Um pegou na tromba,
outro na barriga e outro no rabo. Passado um tempo de observação foi-lhes
perguntado o que era um elefante. O cego que pegara na tromba disse: o elefante
é uma mangueira grossa e cascuda com movimentos; O cego que colocou suas mãos
na barriga do elefante disse: o elefante se parece com uma tábua, larga e
coberta com coro duro; o último cego disse que o elefante tinha a aparência de
um espanador, pois sua tarefa foi manusear o rabo do elefante.
A pergunta é: Os cegos tinham razão? Tinham! Só que a informação
que possuíam não estava completa. Eles estavam certos quanto ao pedaço do
elefante que analisaram, mas havia mais do elefante para analisar. Do mesmo
modo, discussões doutrinárias seriam mais proveitosas se todos nos uníssemos e
cada um desse sua colaboração humilde, para se chegar ao consenso e a verdade
absoluta. Como cada um fica com sua verdade e não fala a mesma coisa que
outros, a divisão acontece.
Se a consciência de grupo fosse levada em conta, a Igreja
procuraria falar a mesma coisa para não cair em descrédito diante do mundo.
Quando um incrédulo vê a discussão desrespeitosa entre denominações ele foge da
presença da igreja por perceber um ambiente hostil onde deveria reinar a paz. A
consciência de grupo, sendo levada em conta, faria com que os líderes e membros
de igrejas procurassem se unir no propósito de salvar vidas e defenderem o
evangelho do mesmo salvador de todos; e, a buscar a verdade única oferecida por
Deus.
Ainda apelando para a consciência de grupo, Paulo pede aos
Coríntios “Que não haja entre vós divisões; antes, seja inteiramente unidos, na
mesma disposição mental e no mesmo
parecer”.
Em Deuteronômio 6.4,5 está registrada a cobrança de um amor
incondicional a Deus – Primeiro diz: “Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus, é o
único Senhor”. e, depois – “Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu
coração, de toda a tua alma e de toda a tua força”. Primeiramente o texto
mostra que somente existe um único Deus. Orações e louvores devem ser dirigidos
somente a ele e qualquer manifestação diferente disso é pecado, pois estará
aventando a existência de outro ser com poder para responder aos pedidos
feitos. Depois é mostrada a forma que o servo de Deus deve amar a Deus: Com uma
disposição geral voltada ao serviço do Senhor. Nessa disposição não fica de
fora a motivação do coração, nem da alma e muito menos do corpo. Todo o ser do
homem deve amar a Deus e somente servir a ele. Se houver qualquer parte do
homem voltada para outra direção, o amor a Deus não será completo e por isso a
manifestação de amor do homem não será aceita por Deus.
Jesus chamou doze homens para formar o colégio apostólico. Eles
deveriam ouvir e aprender todos os ensinamentos do Mestre; deveriam também
ser testemunhas de todos os sinais e
maravilhas realizados por Jesus. No final, eles deveriam estar prontos para dar
continuidade a obra proposta por Jesus para sua igreja. Mas entre os doze tinha
um homem que não tinha a consciência de grupo. Ele pensava apenas em si e nos
seus projetos. Ele roubava o dinheiro do seu grupo. No final ele expôs todo o
grupo ao perigo de morte e ao próprio Mestre ele entregou aos inimigos. Com
certeza Judas não ouviria a recomendação de Paulo: “Que não haja entre vós
divisões; antes, seja inteiramente unidos, na mesma disposição mental e no
mesmo parecer”. Os males das ações de
judas e o seu fim são conhecidos. A consciência de grupo foi desrespeitada por
Judas e por isso prejudicou a todos.
Quem tem consciência de grupo procura estar em sintonia com o
grupo. Não haverá uma única pessoa que seja totalmente igual a outra. Por mais
próxima da outra que seja, numa ou noutra situação a diferença existente
surgirá. Se somos diferentes como é que podemos nos unir? Somente nos uniremos
se estivermos defendendo um único projeto.
Alunos de diferentes classes vão ao mesmo colégio, vestido com o
mesmo uniforme. O objetivo deles é estudar. O conhecimento é repassado a eles
no colégio. O objetivo dos alunos é o conhecimento que o colégio oferece. O
aluno que não deseja estudar e promove confusões, é expulso, pois não tem a
“mesma disposição mental e o mesmo parecer” do grupo.
Irmãos, o título desse estudo é AS DIVISÕES NA IGREJA NÃO
AGRADAM A DEUS. Como líder em minha
igreja eu busco a união entre os irmãos. Sei o quanto as divisões fazem mal ao
indivíduo e ao grupo. Detesto divisões e por isso busco conscientizar os irmãos
da necessidade de colocarem em prática em suas vidas a mansidão, domínio
próprio… ou seja, todos devem estar prontos a se humilhar para que a unidade da
Igreja de Jesus seja mantida.
Paulo tomou atitudes quanto a igreja de Corinto para que ela não
se dividisse e essas atitudes de Paulo também são cobradas de você, como
cristão:
– PAULO APELOU PARA O BOM SENSO DOS CORINTIOS. Usando o bom
senso ninguém procurará divisões, pois tem consciência de que ela somente traz
prejuízos. Até Satanás e seus demônios não são bobos para dividirem-se. Satanás
e seus demônios mostram ter o bom senso que falta em muitos líderes e membros
de igrejas cristãs.
– PAULO APELOU PARA A CONSCIÊNCIA CRISTÃ DOS CORÍNTIOS. Usando a
consciência cristã o crente busca fazer a vontade de Deus. Fazendo a vontade de
Deus o crente nunca se permitirá cair no desejo de afastar-se dos irmãos, pelo
contrário, ele manterá unido aos irmãos, como igreja do Senhor, obedecendo
assim a vontade de Cristo.
– PAULO APELOU PARA A CONSCIÊNCIA DE GRUPO DOS CORINTIOS.
Pensando no bem do grupo a pessoa deixa de ser egoísta e busca fazer aquilo que
faz bem a todos, mesmo que tenha de passar por cima de alguns sentimentos. O
grupo é importante para a proteção contra o mal que vem de fora e contra o mal
que vem de dentro de nós mesmos.
Iniciei esse estudo falando a respeito do acidente do Titanic.
Da mesma forma que a água que invadiu alguns compartimentos do navio não o
afundaria, os maus comportamentos de alguns irmãos não farão você afundar e se
afastar da igreja. Faça como o comandante do navio: feche os compartimentos
inundados e os deixe sem comunicação para que ele não destrua a sua vida.
O que não pode acontecer é você optar pela divisão. A divisão
matou centenas de tripulantes do Titanic e a divisão pode matar a comunhão que
você tem com Deus e com os irmãos, e por fim matará a sua igreja também. Se
você optar pela divisão por ter algo contra outro irmão você estará sendo
derrotado pelo inimigo que incita a ira. Se optar pela consciência cristã você
se disporá a perdoar e assim será tratado por Deus naquilo que mais mata o ser
humano – a natureza caída.
Assim como outro navio veio socorrer os tripulantes do Titanic,
tenha certeza que Deus o socorrerá. O Seu socorro te trará paz e você verá que
as intempéries que enfrentou foram provas de Deus para o seu crescimento
espiritual.
Seja um Titanic inteiro. Se os compartimentos inundados insistem
em te fazer afundar procure ajuda dos outros irmãos e salve-se. Não se divida.
Nem o diabo faz isso por que ele não quer ser derrotado. Você quer ser
derrotado? Eu espero que não. Apele ao seu bom senso, apele à sua consciência
cristã, apele a sua consciência de grupo e você terá a certeza de que manter-se
junto dos irmãos, como corpo de Cristo, é a melhor opção...
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciência da Religião
Dr. Edson Cavalcante.
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