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domingo, 10 de julho de 2016

AS MULHERES QUE SEGUIAM A JESUS...


                                      AS MULHERES QUE SEGUIAM A JESUS...
No Antigo Testamento encontramos muitas mulheres exercendo forte liderança. Elas envolviam-se com a defesa, permanência e a formação da consciência do povo hebreu. As mulheres estão presentes onde a vida está fragilizada e ameaçada. O riso de Sara, no livro do Gênesis nos revela sua participação na constituição do povo ao gerar um filho. Os cânticos de Míriam, Débora e Ana revelam a alegria da mulher, fazendo sua parte na história da salvação. Rute é o exemplo de solidariedade da mulher oprimida. As parteiras no Egito, com coragem e astúcia tramam um novo projeto de sociedade. Nesta nova sociedade a vida deve ser defendida e preservada. Jael e Judite são exemplos de firmeza na luta de resistência. Ester com determinação expõe a própria vida pela salvação de seu povo. A mãe dos Macabeus dá testemunho de fé e foi fiel ao Projeto de Javé. Outras grandes profetizas como Débora e Hulda não podemos esquecer. A tradição de fé em Israel tem marcas da atuação feminina. Lá onde a capacidade de resistência do povo parecia se esgotar, sempre aparece uma mulher forte.
O Novo Testamento, não é diferente do Antigo Testamento, quanto a participação feminina na caminhada do Povo de Deus. Encontramos Maria a mãe de Jesus e as outras mulheres, as discípulas que permaneceram com Jesus ao pé da Cruz.
Jesus interfere na ordem da sociedade patriarcal, desperta a potencialidade da mulher, a chama para serem também suas discípulas e isto aconteceu.
Jesus tem outra visão sobre a mulher do seu tempo. Ele altera o relacionamento homem - mulher. Numa sociedade que dava privilégios ao homem Ele procura tirar estes privilégios. Um exemplo podemos citar em Mt 19,7-12, que trata a questão do divórcio.
Jesus apresenta outra atitude em relação ao Homem e Mulher, para ele deve existir igualdade entre ambos, nem mais e nem menos.
Nos evangelhos encontramos muitas mulheres que seguiam Jesus desde a Galiléia, e tornaram-se suas discípulas (Mc 15,41; Lc 8,1-13; Lc 8,43-49).

Para Jesus não havia distinção no revelar os seus segredos, ele falava tanto para os homens e mulheres que o seguiam e aceitavam a sua proposta.
A SITUAÇÃO DA MULHER NO JUDAÍSMO NO TEMPO DE JESUS
O Judaísmo segundo suas tradições encara a mulher de uma forma bem diferente do homem. A constituição familiar no Judaísmo foi sempre patriarcal. Tudo girava em torno das decisões masculinas e ao homem se voltava. A religião judaica tem como rito de iniciação à circuncisão. Este rito é essencialmente masculino. Existem dentro do Judaísmo alguns princípios que tentam segurar a consistência do ser Judeu. Assim Judeu é aquele que nasce de mãe judia (chamada por eles a “lei do ventre”), não existe outra possibilidade. É, portanto, a mãe, não o pai, que determina a identidade judaica do filho; é a mãe a principal responsável pela educação dos filhos, pela manutenção do espírito judaico, da cultura e das tradições familiares. No âmbito da formação do lar judaico a Mãe representa uma peça fundamental.
Esta forma de pensar vem embasada na tradição bíblica, Deus se revela na pessoa humana. Mulher e Homem como pessoas distintas, iguais, livres em comunhão recíproca, desde a criação, representam igualmente a imagem de Deus sobre a terra.
Apesar deste pensamento divino de igualdade entre homem e a mulher no Antigo Testamento já se observa a discriminação da mulher:
- geralmente sem nome, pertencente ao pai;
- depois do casamento propriedade do marido, ele governava como senhor absoluto;
- sem autonomia, não era nem contada entre os habitantes;
- se estéril, era relegada ou substituída, pela escrava;
- sua participação era passiva somente para procriação;
- convivia com a poligamia do marido, sem poder reclamar, pois a poligamia era aceita.
No tempo de Jesus a situação da mulher era desprezível e não foi muito diferente das épocas anteriores.
Vejamos a mulher no judaísmo no contexto: social, político, econômico e religioso.
A participação da mulher na sociedade judaica
A mulher era marginalizada pelo simples fato de ser mulher. Vivia no silêncio e na obscuridade. Não era elencada como partícipe da sociedade. Ela só estava sujeita aos mandamentos da Lei.
O lugar da mulher é na sua própria casa
A mulher devia permanecer em casa, no gineceu (a parte destinada às mulheres).
Às jovens solteiras cabia ainda o pior: “A filha era para o pai uma preocupação secreta, e o cuidado por ela tirava o sono dele..”(Eclo 42,9-14).
A esposa, e as filhas tinham o dever de lavar o rosto, as mãos e os pés do pai.
O homem podia ter várias mulheres, mas a esposa tinha que conviver com as concubinas em sua própria casa. (privilégio dos ricos).
A noiva que tivesse relações com outro homem era considerada como adúltera, podendo ser castigada com a morte e pedradas; se fosse casada, o castigo era de estrangulamento. Para o homem não tinha castigo.
A mulher fora de casa.
Só podiam mostrar-se em público com o rosto velado, coberto com dois véus que não se pudessem distinguir os traços de seu rosto.
Se a mulher saía à rua sem cobrir a cabeça e o rosto ofendia os bons costumes. Por esse motivo o marido tinha o direito e o dever (religioso) de expulsá-la de casa e divorciar-se dela, sem estar obrigado a pagar-lhe o valor contratado no matrimônio;
Se a mulher perdesse seu tempo na rua, falando com outras pessoas, ou mesmo se ficasse na porta de sua casa, podia o marido repudiá-la sem qualquer compensação econômica;
Uma mulher não podia estar sozinha no campo, e um homem não devia conversar com uma estranha (Jo 4,27).
A mulher era vista como superficialidade, sexo, perigo e tratavam de cuidar-se dela.
A participação da mulher na política da sociedade judaica
As leis não protegiam em nada a mulher, ao contrário as faziam dependerem das leis e estas as escravizavam. Desde o nascimento eram “mal acolhidas”. Passavam a contar apenas como objeto e propriedade de outros. Vejamos: É propriedade do marido, se casada; propriedade do pai, se solteira, propriedade do cunhado solteiro, se viúva sem filhos. Assim pertencendo ao seu dono, não podia dispor dos salários do seu trabalho.
As filhas mulheres só aumentavam o patrimônio do dono, uma vez que podiam ser vendidas, não eram herdeiras. Vendidas por dinheiro, ou por contrato. A mulher pertencia ao seu senhor - marido e tem que assumir todas as tarefas; não pode aproveitar-se nem dos rendimentos do seu trabalho.
Essa pobreza da mulher aparece no relato da viúva que “depositou tudo o que tinha para viver” no tesouro do templo, e eram “duas pequenas moedas” (Mc 12,41-44).
A mulher também não podia votar. Não participava na vida pública.
A mulher judaica, no tempo de Jesus era em tudo, considerada inferior ao homem.
A participação da mulher na economia da sociedade judaica.
A mulher judaica trabalhava duramente em casa e no campo. Plantava, colhia, moía o trigo, a cevada e outros cereais. Preparava o pão, cozinhava, buscava água nas fontes e poços. Fiava e tecia o linho e a lã para fazer as roupas. Cuidava da família e educava os filhos.
A participação da mulher na religião judaica
Também para a religião oficial a mulher pouco contava.
A mulher judaica não tinha direito ao culto religioso. Tanto no Templo como na Sinagoga a mulher não participava, ficava atrás dos homens ou em lugares separados, em segundo plano, isto é, em lugares inferiores e secundários. Se não houvesse ao menos dez homens judeus, o culto não era celebrado, mesmo que estivessem presentes mais de cem mulheres, pois elas não contavam, por mais numerosas que fossem, pois, eram julgadas impuras, pecadoras, adúlteras enquanto o homem não.
Não tinha obrigações com a lei nem com as rezas diárias. Não eram aptas a pronunciar a ação de graças à mesa, nas refeições, nem quaisquer outras orações ou oferecer sacrifícios.
Não precisava participar das festas em Jerusalém. Não precisava rezar três vezes ao dia como todo judeu homem. Todo judeu piedoso elevava a Deus três vezes por dia esta prece: “Eu te bendigo, Senhor nosso Deus, porque não me fizeste mulher”.
A mulher era obrigada a cumprir todas as proibições da lei religiosa e submetida ao rigor da legislação civil e penal, inclusive a pena de morte (Jo 8,1-5).
A mulher sofria discriminação fisiológica, pois era considerada impura nos dias da menstruação. Nesse período, a mulher não só ficava impura, mas tornava impuro tudo o que tocasse. Depois do parto permanecia impura por quarenta dias se a criança fosse varão e o dobro do tempo se fosse mulher. Depois de dar à luz, tinha de oferecer em sacrifício no Templo para serem “purificadas” (Lc 2,22; Lv 12,1-8). Não era impureza moral (com um pecado), era uma espécie de tabu.
Quando uma mulher casada perguntava alguma coisa, a resposta deveria ser o mais breve possível. Na presença de hospedes em casa, a mulher não pode participar do banquete. Não pode servir a comida (apenas toma parte no sábado e no banquete da Páscoa). Isso, por que temiam que a mulher ouvisse as conversas e não fosse discreta.
JESUS E AS MULHERES DO SEU TEMPO
Jesus inaugura uma experiência do Reino que recupera as pessoas, restituindo-lhe sua integridade e sua dignidade.
Por atitudes, Jesus estabelece novas características à comunidade: igualdade e participação de homens e mulheres juntos, pois o amor de Deus é para ambos. Jesus se posicionou contrário a opressão e a marginalização da mulher bem como dos outros excluídos (cegos, mudos, leprosos, pecadoras públicas, coxos, paralíticos).
Ele não apenas convive, mas acolhe e promove os desprezados pela religião e pelo governo. Jesus oferece um lugar na convivência humana, acolhe como irmã e irmão aos que eram rotulados e relegados:
- imorais: prostitutas e pecadoras (Mt 21,31-32; Mc 2,15; Lc 7,37-50);
- hereges: pagãos e samaritanos (Lc 7,2-10; 17,16; Mc 7,24-30);
- marginalizados: mulheres, crianças e doentes (Mc 1,32; Mt 8,17; 19,13-15; Lc 8,2);
- colaboradores: publicanos e soldados (Lc 18,9-14; 19,1-10);
- pobres: o povo da terra e os pobres sem poder (Mt 5,3; Lc 6,20-24; Mt 1 1,25-26).
Olhando o Evangelho encontramos muitos textos expressivos que falam da mulher. Na atividade evangelizadora de Jesus a mulher adquire outro patamar, muito diferente do Judaísmo e do Império Romano. Para Jesus a mulher ganha o seu devido valor e toma seu lugar na sociedade. Dois textos nos ajudarão a ver como Jesus recebe a mulher do seu tempo e tenta salvá-la: o caso da mulher pecadora e da viúva:
- A Mulher Pecadora – A gratidão demonstra o perdão (Lc 7,36-50):
O texto de Lucas Lc 7,36-50, a mulher pecadora, mostra a atitude de Jesus em relação às mulheres de seu tempo.
A mulher pecadora é recebida por Jesus que de maneira humilde suplica e confia na misericórdia de Cristo. Aqui se confirma a fidelidade do serviço, visto a mulher passar à frente do anfitrião (um fariseu) omisso ou que pretensiosamente esqueceu os gestos orientais de boas vindas e cumpre, no lugar dele, os ritos de hospitalidade.
No seu gesto de molhar os pés de Jesus com as lágrimas, secar com os cabelos, cobri-los de beijos e os ungir com o perfume, os presentes, veem a pecadora (certamente uma prostituta bem conhecida) praticar atos de arrependimento. Mas, dá testemunho, de Jesus, com esse seu gesto de maneira profética. Anuncia a Morte e Ressurreição. As imagens que a narrativa nos apresenta lembram os últimos momentos de Jesus. A dor estampada em suas lágrimas; os cuidados do corpo nos cabelos que enxugam e o envolvem como num sudário; os beijos com que o cobre prefiguram as mulheres que na ressurreição, lançar-se-ão aos pés de Jesus; a unção do perfume evocando tanto o rito fúnebre de sepultamento, quanto a difusão da boa - nova, propagado através do mundo.
Em contrapartida, a cena mostra que o fariseu somente o convida a comer com ele. Mas, a presença de Jesus não altera o seu modo de ser: pouco observa em Jesus; homenageia-o pouco; recebe-o mal, da boca para fora. A pecadora se distingue pela capacidade de comunicação, mesmo sem ser convidada: lágrimas, cabelos, perfume, beijos.
O fariseu é mesquinhez e isolamento. A mulher é o espírito do mundo reconciliado, a fé num Deus de amor.
Conforme os evangelhos podemos constatar a atitude sempre amistosa de Jesus para com todos, especialmente à Mulher. Muitos outros exemplos nos evangelhos mostram o respeito, a consideração e a misericórdia de Jesus para com as mulheres. Elas foram os primeiros não - judeus se tornarem membros do Movimento de Jesus. Foram responsáveis pela extensão deste movimento a não - israelitas.
O texto mostra que para Jesus as mulheres eram as suas seguidoras, como o eram os homens. Para o Reinado de Deus, anunciado por Jesus, todos são convidados: as mulheres e os homens, as prostitutas, os samaritanos e os piedosos fariseus. Ninguém é excluído. A mulher tem a mesma dignidade, categoria e direitos que o homem. Pela participação da mulher no seu grupo Jesus rejeita as leis e costumes discriminatórios que menosprezam essa dignidade, categoria e direitos e, arrisca o seu prestígio e a sua vida em favor da mulher. Esta atitude de Jesus gera uma nova comunidade sobre um novo mandamento: a igualdade, a participação de mulheres e homens juntos, pois Deus ama a todos igualmente.
Jesus afirma: “Muitos que agora são os primeiros, serão os últimos, e muitos que agora são os últimos, serão os primeiros” (Mc 10,31; Mt 19,30; 20,16), aplica-se também às mulheres e à sua situação de inferioridade nas estruturas dominadas pelos homens, nas estruturas da sociedade patriarcal.
Fazendo a proclamação do Reino para os pobres e fracos, Jesus queria abranger as pobres mulheres judias, e todas as outras, proclamando os direitos dos pobres e a justiça de Deus.
Jesus tem uma proposta em relação à mulher: Ele acaba com as exigências da família patriarcal e constitui uma nova comunidade familiar, comunidade que não inclui os “pais” enquanto se conservassem na estrutura de uma sociedade patriarcal. Na família cristã, marido e mulher, pais e mães, filhos e filhas, irmãos e irmãs são essencialmente filhos de Deus, irmãos em Cristo, próximos.
Essa promoção das mulheres, é um aspecto particular do Evangelho no que tem de mais essencial: a Boa Nova anunciada aos pobres, libertados com prioridade, por Jesus.
Quando Jesus “salva” uma mulher, muitas vezes assim o faz como desafio lançado à grupo dirigente. A inocência que defende, com o apoio do milagre, contesta a legitimidade dos poderes estabelecidos, protesta contra o arbitrário das reprovações coletivas.
- A Viúva de Naim – Deus veio visitar o seu povo (Lc 7,11-17):
Na porta de entrada da cidade de Naim encontra-se um grupo de pessoas que vão enterrar um defunto.
A descrição do episódio é rápida: era filho único, e sua mãe era viúva” (7,12). Jesus olhando a cena fica movido de compaixão.
A mulher viúva segundo o Antigo Testamento situava-se em um dos três estados de carência total. Somente uma mulher, talvez, poderia carregar este peso de dor e solidão. A viúva do relato era Judia e mulher: sua vida era a família e a família agora com a perda de seu filho desaparece. O filho da viúva se foi. Esta imagem da viúva destituída de filho é o arquétipo do infortúnio levado ao extremo.
Diante desta imagem do nada Jesus comove-se até as entranhas, conforme diz o texto. Em meio a tanta gente, Jesus apenas enxerga a solidão: a mãe. Entre todas as mulheres que encontrou, esta é a mais distanciada da esperança, da fé e da oração. E Jesus comove-se, com aquela piedade que a Cananéia implorava em vão. Ela precisava da fé e Jesus dá a ordem: “Não chores!” E entregou o filho que se levantou à sua mãe. Hei-la de novo, de fato mãe, e com este filho ao qual lhe é entregue uma infinidade de bens que são a paz, o futuro, o amor, o relacionamento, a dignidade do ser, sua perseverança e o sentido da vida. A mãe ressuscita com o filho.
A mulher é apenas citada, mas permanece o pivô do relato, sóbrio combate em que a fé viva supera a incredulidade do luto.
Vimos o relato de duas figuras de mulheres, emblemáticas do desespero humano. Uma, rejeitada pela lei dos homens: a mulher pecadora, Lc 7,36-50; a segunda, pela perda do marido e do filho: a viúva de Naim.
Estas mulheres não agem por si mesmas. O Evangelho apresenta-as em sua solidão tormentosa, mas o tríplice destino da condenação, da enfermidade e da morte inflama a misericórdia de Cristo.
No Novo Testamento encontramos muitos outros texto que ilustram a nova proposta que Jesus em relação a mulher, lembramos outros:
- A Mulher Encurvada – Lc 13,10-17:
- A Mulher Sírio - Fenícia – Mc 7,24-30; Mt 15,21-28 :
- A filha de Jairo e a A Mulher Hemorroíssa – Mt 9,18-26; Lc 8,40-56; Mc 5,21-43.
MINISTÉRIO DAS MULHERES
- As discípulas de Jesus:
Jesus criou um movimento novo, rompeu uma série de preconceitos culturais e entre suas inovações está o discipulado feminino. No seu discipulado, eram admitidas mulheres, em igualdade de condições com os homens. Jesus convive com elas, conversa, quer em particular, quer em público, procura escutá-las. elas participam ativamente e são beneficiadas com milagres e curas. Quebra os preconceitos da impureza, deixa-se tocar pela hemorroíssa. Ele mesmo toca o cadáver da filha de Jairo conforme (Mc 5,25-43).
Jesus não se esquiva de ser tachado de imoral e escandaloso, pelos fariseus, enquanto desafia os preceitos legais e entra em casa de mulheres sozinhas, como a de Marta e Maria (Lc 10,38-42).
Outra prática inconcebível para um rabino da época seria ter um grupo de mulheres que abandonassem seus lares para seguí-lo, viajando com Ele (Lc 8,1-3). Mas, a atitude de Jesus, com relação às mulheres é em muitos sentidos inovadora, até mesmo revolucionária.
Para ser discípulo de Jesus precisava: chamado, seguimento, serviço, visão, escuta e missão. As mulheres preenchem esses requisitos e se inserem nessa missão, desde a Galiléia até Jerusalém (Mc 15,40-41).
Quando Jesus foi preso e condenado, os discípulos fogem. As mulheres arriscaram suas próprias vidas, permaneceram ao pé da cruz, foram ao sepulcro, creram e difundiram a ressurreição. Elas participam, portanto, de todos os fatos e acontecimentos.
Jesus chama as mulheres: no caso do seu discipulado, há um chamado por parte dele, isto é, o mestre toma a iniciativa, costume diferente de outros filósofos e rabinos. Jesus rompe as discriminações e chama os “impuros”, como o publicano Levi, zelotes, como Simeão e mulheres como Maria Madalena, Maria mãe de Tiago e Salomé.
As mulheres com gratuidade e prontidão dão resposta e tem presença marcante no discipulado de Jesus. As mulheres seguiam e serviam Jesus, conforme Mc 15,41. O mesmo Evangelista em 14,3-9 diz que uma mulher anônima unge a cabeça de Jesus com perfume de nardo puro (óleo perfumado, muito caro por causa de sua escassez). Essa era uma prática típica dos profetas, quando ungiam os reis: sinal de que as discípulas perceberam, na convivência com Jesus, o seu messianismo.
Essa mulher é Maria Madalena que foi a primeira a ser enviada para anunciar a Ressurreição, foi a primeira a ser “ordenada” para o serviço da evangelização. Portanto houve mulheres discípulas e apóstolas que exerceram seus ministérios.
Maria Madalena se destacou entre os homens e mulheres que seguiam Jesus rompendo preconceitos, superou barreiras para chegar até Jesus urgindo-lhe os pés. Assim, Jesus aprova esse gesto de amor e confirma “em verdade vos digo que, onde quer que venha a ser proclamado o evangelho, a todo mundo, também o que ela fez será contado em sua memória” (Mc 14,9). Ela que padeceu aos pés da Cruz, foi compensada com a Boa Nova da Ressurreição e a anunciou aos onze e a todos os outros (Lc 24,9).
Marta e Maria foram amigas e discípulas de Jesus, cada uma ao seu modo.
Maria é elogiada pelo próprio Cristo dizendo: “ela escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada” (Lc 10,42), isto é, porque ficou sentada aos pés do Senhor escudando-lhe a Palavra (Lc 10,39). Era assim que um rabino formava os seus discípulos, sentados aos seus pés, escutando sua palavra. Aqui Jesus aplica essa prática a uma discípula mulher.
Marta, sua irmã, não fica para trás em termos de discipulado. Na morte de Lázaro, ao chegar Jesus, ela corre ao seu encontro e confessa a sua fé e aguarda a atitude de Jesus. O milagre consumado ela sai proclamando para todos. Foi considerada diaconisa.
Marta e Maria representam a acolhida da mulher para com os seus hóspedes onde o próprio Jesus era recebido com alegria e amizade após suas peregrinações e exaustivas pregações.
- MARIA DE NAZARÉ, a Mulher - Quando falamos da mulher, sob o ponto de vista bíblico, temos que falar em Maria: a mulher Maria de Nazaré. Ela viveu num tempo e num espaço, num contexto determinado, inserida em estruturas familiares, sociais, econômicas, políticas e religiosas.
Maria é apresentada como modelo para a mulher cristã. Vive na passagem do Antigo e o Novo Testamento, experimenta o que quer dizer ser mulher no judaísmo patriarcal, ao mesmo tempo em que participa e saboreia o gosto da Boa Nova trazida por Jesus. Ela toca na vivência a nova experiência comunitária libertadora que seu Filho inaugura, tratando as mulheres como iguais e integrando-as no projeto salvador do Reino de Deus. Sem deixar de viver, portanto, toda a imensa riqueza do Judaísmo e da reflexão de fé de seu povo, Maria é portadora, de uma nova esperança e um novo modo de ser mulher.
Maria é para a mulher uma nova perspectiva de crer, de falar, de esperança e caminhos. Ela não é apresentada como estilo de mulher alienada, passiva e submissa, mas alguém que foi plenamente mulher de seu tempo, integrada na esperança e na luta de seu povo, participando com o melhor de sua força no projeto histórico do Reino de Deus.
Deus criou homem e mulher para a igualdade entre eles. Na pessoa de Maria de Nazaré, Deus fez a plenitude de suas maravilhas. É na carne e na pessoa de uma mulher que a humanidade pode ver, então, sua vocação e seu destino levados a bom termo, a criação chegada à sua meta. Maria com seu SIM a Deus, disse NÃO a tudo que se opunha ao plano de Deus, deixando assim, às mulheres um exemplo de luta para essa igualdade da criação. Em Maria, as mulheres encontram um reforço e uma ajuda na sua caminhada e na sua dura luta em direção à igualdade e à libertação.
A Mulher na época de Jesus e hoje:
A participação da mulher na sociedade vem sofrendo profundas transformações. A mulher está mais consciente, busca igualdade sem perder o que é próprio seu. Hoje, mais do que nunca, a mulher vai à luta, está se encontrando como agente social, não é mais anônima, dá opinião e age com segurança frente as mais diversas situações. Acredita no que faz se sente importante. Não age por que alguém está cobrando ou por modismo. Na luta pela igualdade a mulher deve conhecer seus limites, pois não basta ser somente igual em seus direitos ou deveres, não basta mudar a linguagem, é preciso mudar, transformar as relações, as atitudes, a consciência, a mentalidade.
A participação da mulher na sociedade não deve ser encarada como complemento na vida. É preciso ter equilíbrio entre o espaço “público” (trabalho) e o espaço “privado” (o lar, a família).
Hoje é comum, moderno, o uso da linguagem integradora, porém, isso não é sinônimo de transformação, pois na realidade, no dia a dia a mulher se depara com os gestos e atitudes opressivas, patriarcais, excludentes...
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciência da Religião Dr. Edson Cavalcante.



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