O
FINAL DO TEMPO...
“E digo isto, para que ninguém vos engane com palavras
persuasivas.
Porque, ainda que esteja ausente quanto ao corpo, contudo,
em espírito estou convosco, regozijando-me e vendo a vossa ordem e a firmeza da
vossa fé em Cristo.
Como, pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim também
andai nele,
Arraigados e edificados nele, e confirmados na fé, assim
como fostes ensinados, nela abundando em ação de graças.
Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por
meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os
rudimentos do mundo, e não segundo Cristo;
Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da
divindade;
E estais perfeitos nele, que é a cabeça de todo o principado
e potestade;
No qual também estais circuncidados com a circuncisão não
feita por mão no despojo do corpo dos pecados da carne, a circuncisão de
Cristo;” Colossenses 2:4-11
INTRODUÇÃO
Desde os tempos bíblicos, Satanás vem usando os seus
agentes a fim de levar o povo de Deus a desacreditar na Bíblia, na divindade e
na obra redentora de Cristo. Temos de estar devidamente preparados para
detectar e desmascarar suas sutilezas. Sem dúvida, esse é um dos maiores
desafios da Igreja de Cristo nestes últimos dias.
I. OS ARDIS DE SATANÁS
1. Seus disfarces.
Desde a fundação da Igreja, os falsos mestres vêm
disfarçando-se entre os filhos de Deus para disseminar suas heresias. Jesus
disse que os mestres do erro apresentam-se “vestidos como ovelhas, mas
interiormente são lobos devoradores” (Mt 7.15). A Bíblia classifica os tais
como “falsos apóstolos” e “obreiros fraudulentos”, identificando-os como
agentes de Satanás que se transfiguram “em ministros da justiça” (2 Co
11.13-15). Devemos, por isso, acautelar-nos deles.
2. Suas estratégias.
Os expositores sectários preocupam-se com a aparência, pois
costumam apresentar o seu movimento como um paraíso perfeito (2 Tm 4.5).
Infelizmente, muitos são os que caem nessas armadilhas. Uma vêz fisgados
por eles, dificilmente conseguem libertar-se, uns por causa da lavagem cerebral
que recebem, outros, em razão do terrorismo psicológico e da pressão que sofrem
de seus líderes. Seus argumentos são recursos retóricos bem elaborados e
persuasivos, para convencer o povo a crer num Jesus estranho ao Novo Testamento
(2 Co 11.3).
II. A PERÍCIA DOS HERESIARCAS
1. “Palavras persuasivas”
(v.4).
Os falsos mestres, a quem o apóstolo se refere, estavam
envolvidos com o legalismo judaico: circuncisão (Cl 2.11), preceitos dietéticos
e guarda de dias (Cl 2.16). Há também várias referências ao gnosticismo (Cl
2.18, 23). O verbo grego paralogizomai, “enganar, seduzir
com raciocínios capciosos”, descreve com precisão a perícia dos falsos mestres
na exposição de suas heresias. O nosso cuidado deve ser contínuo para não nos
tornarmos presas desses doutores do engano.
2. O Jesus que recebemos
(v.6,7).
O apóstolo insiste que devemos andar de acordo com o
evangelho, a fim de ficarmos arraigados, edificados e firmados na Palavra de
Deus. Entretanto, a mensagem dos agentes de Satanás é sempre contra tudo o que
cremos, pregamos e praticamos. Às vezes, há alguns pontos aparentemente comuns
entre nós e eles, e nisso reside o perigo, visto que é por onde tais ensinos se
introduzem.
3. A simplicidade do evangelho.
A mensagem do evangelho é simples e qualquer ser humano,
independentemente de seu preparo intelectual e origem, é capaz de entender;
basta dar lugar ao Espírito Santo, que convence o homem “do pecado, da justiça
e do juízo” (Jo 16.8). A conversão ao cristianismo não é resultado de
estratégia de marketing, nem de técnicas persuasivas (l Co 2.4). Não é
necessário, portanto, um “curso de lógica” para alguém ser salvo ou entender os
princípios da fé cristã.
III. AS SUTILEZAS DO ERRO
1. “Ninguém vos faça presa sua”
(v. 8a).
O significado de “presa” revela o que acontece, ainda hoje,
com os adeptos das seitas. O verbo grego sylagõgeõ, “levar como despojo,
prisioneiro de guerra, seqüestro, roubo”, descreve o estado espiritual dos que
seguem os falsos mestres. Um dos objetivos dos promotores de heresias é
escravizar as suas vítimas para terem domínio sobre elas (2.18; Gl 4.17). Hoje,
muitos estão nos grilhões das seitas como verdadeiros escravos.
2. “Por meio de filosofias” (v.
8b).
Não há indícios de que o apóstolo esteja fazendo alusão às
escolas filosóficas da Grécia. O estoicismo e o epicurismo eram as filosofias
predominantes do mundo romano na era apostólica e são mencionadas em o Novo
Testamento (At 17.18). As “filosofias” de que Paulo trata são conceitos mundanos,
contrários à doutrina e à ética cristã. Qualquer sistema de pensamento, ou
disciplina moral, era, naqueles dias, chamado de “filosofia”.
3. “Vãs sutilezas” (v. 8c).
Engano e sutileza, nesse contexto, significam a mesma
coisa. A palavra grega usada para sutileza é apatë, isto é, “engano” (Ef
4.22), “sedução” (Mt 13.22). É usada para referir-se a pessoas de conduta
enganosa e embusteira que levam outras ao engano. É mediante tais recursos que
os mestres do erro conduzem suas vítimas ao desvio. Tais sutilezas impedem as
pessoas de verem a verdade e, como conseqüência, tornam-se cativas das astúcias
de Satanás.
4. “Segundo a tradição dos
homens” (v. 8d).
Não é a tradição apostólica nem judaica, mas um sincretismo
de elementos cristãos, judaicos e pagãos: angelolatria e ascetismo, por
exemplo.Eram práticas que se opunham ao evangelho. Trata-se de tradição humana,
ao passo que o evangelho veio do céu (Gl 1.11, 12).
IV. OS RUDIMENTOS DO MUNDO
1. O significado de
“rudimentos” (v. 8).
A expressão “rudimentos do mundo”, literalmente é:
“elementos do universo”, ou “rudimentos do mundo”, em nossas versões. A palavra
stoicheion, “fundamento, elemento”, aparece na filosofia grega para os quatro
elementos da natureza: terra, água, ar e fogo que, segundo ensinavam os físicos
gregos, compõem a totalidade do mundo (2 Pé 3.10, 12). Para outra escola
filosófica da Grécia, significava “elementos espirituais”, ou “espírito vivo”,
que se difundia por toda a natureza como força vivificante.
2. O apóstolo se refere a que
“rudimentos”?
Essa palavra é usada, também, com o sentido de “princípio
básico” (Hb 5.12) e de “elementos judaicos” ou “adoração cósmica” do
sincretismo helénico (Gl 4.3, 9). O termo deve ser analisado à luz do contexto
e, aqui, mostra que são uma referência aos poderes demoníacos que se opunham a
Cristo. Veja que o apóstolo contrapõe esses rudimentos a Cristo: “segundo os
rudimentos do mundo e não segundo Cristo”.
3. A deidade de Cristo em jogo.
Cristo é superior a todos os poderes (Ef 1.21). Os crentes,
portanto, não precisam dos stoicheia, ou poderes demoníacos, apresentados pelos
falsos mestres. As vãs filosofias são oriundas dos homens e do reino das trevas
e não de Cristo. Há uma diferença abissal entre Cristo e os rudimentos do
mundo. Não se trata, por conseguinte, de um demiurgo dos gnósticos, nem dos
poderes cósmicos dos adeptos da Nova Era (v. 9).
4. O significado de “toda a
plenitude da divindade” (v.9).
Temos, neste contexto, o Deus verdadeiro com toda a sua
plenitude. O sentido de “divindade”, no texto original, é “deidade”. Um
conceituado dicionário de grego afirma: “deidade, difere de divindade, como a
essência difere da qualidade ou atributo”. Na Tradução do Novo Mundo, as
Testemunhas de Jeová diluíram o v. 9, traduzindo-o por “qualidade divina”, para
adaptar à Bíblia as suas crenças, atitude própria dos falsos mestres.
CONCLUSÃO
O povo de Deus vive em constante batalha espiritual. O
inimigo sempre trabalhou para desviar os crentes da vontade divina,
induzindo-os a crenças falsas e práticas que desonram ao Criador. Por isso,
devemos estar atentos quando um movimento religioso apresenta-se com persuasão
e argumentos aparentemente convincentes. Trata-se, geralmente, de alguém que
pretende mostrar-nos algo que não está de acordo com a Palavra de Deus...
Bispo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciência da Religião
Dr. Edson Cavalcante.
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