APRENDENDO
COM AS BEM AVENTURANÇAS...
“Bendito o reino
do nosso pai Davi, que vem em nome do Senhor. Hosana nas alturas.” (Mc11.10)
Verdade Prática: Sermos súditos do
Reino de Deus implica empenharmo-nos resolutamente para viver o padrão ético de
Deus para o seu povo.
Para ler em Classe: MT 5.1-12
1 – E JESUS, vendo a multidão,
subiu a um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele os seus discípulos;
2 – E, abrindo a sua boca, os
ensinava, dizendo:
3 – Bem-aventurados
os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus;
4 – Bem-aventurados os que choram,
porque eles serão consolados;
5 – Bem-aventurados os mansos,
porque eles herdarão a terra;
6 – Bem-aventurados os que têm fome
e sede de justiça, porque eles serão fartos;
7 – Bem-aventurados
os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia;
8 – Bem-aventurados
os limpos de coração, porque eles verão a Deus;
9 – Bem-aventurados
os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus;
10-Bem-aventurados
os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos
céus;
11-Bem-aventurados
sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal
contra vós por minha causa.
12-Exultai e
alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim
perseguiram os profetas que foram antes de vós.
Introdução: Entre os sermões
proferidos por Cristo aos discípulos, o Sermão do Monte, como ficou conhecido,
traduz de forma marcante a reveladora essência e a natureza de sua doutrina.
Não só a oportunidade impar de conhecer ou recordar as suas vigas mestras, mas
acima de tudo de procurar fazer desse ensino singular o ideal de vida de todos
quantos desejam sinceramente praticar o cristianismo bíblico.
1.
O CONTEXTO DO SERMÃO DO MONTE
1.
O Contexto geográfico. A maior parte do ministério de Jesus se desenvolveu
ao norte de Israel, nas redondezas do mar da Galiléia, região em que realizou
também, grande parte dos seus milagres (ver Mt.4.23,24). Naquelas imediações
está o Monte das bem-aventuranças, onde pregou o mais conhecido sermão de todos
os tempos, no qual balizou os princípios gerais do Reino de Deus.
2.
O propósito do sermão. O Sermão do Monte é a síntese do ensino de Cristo
para o seu povo. Antes da Igreja consolidar-se como agente do Reino de Deus na
terra (Cf. At.8.12; 19.8; 20.25; 28.31) o Senhor tomou a iniciativa de
descortinar ao núcleo apostólico, através desta primeira grande explanação
pedagógica, as vigas mestras que constituem o modelo de vida cristã trazido
pelo Reino de Deus, isto é a sua ética.
1.
AS DIMENSÕES DAS BEM AVENTURANÇAS.
1.
A Dimensão presente. Tanto as bem-aventuranças quanto os demais
princípios bíblicos do Sermão do Monte podem ser vistos sob dois ângulos: a
dimensão presente e a dimensão escatológica. Ambos se completam. Há os que
vinculam estes princípios apenas à manifestação futura do Reino de Deus como se
não pudessem ser experimentados aqui e agora. Eles o fazem porque interpretam a
expressão “reino dos céus”, utilizada por Mateus, e que aparece no Sermão do Monte,
como referente ao reino milenial, o que excluiria a validade desses princípios
para a época presente.
“Mas, na verdade,
comparando-se os sinóticos, verifica-se que reino dos céus, em determinadas passagens, equivale em
Mateus à expressão Reino de Deus”. Compare os seguintes tetos: MT. 3.1,2 e Mc.
1.14,15; MT. 13.11 e Mc.4.1-20; Mt. 13.31-58 e Lc. 13.18-21.
Jesus deixou claro que a chegada do
Reino de Deus é um ato presente na história (ver MT. 4.17). Portanto, se esta
manifestação presente é uma verdade das escrituras, não há como excluir desta
era e situar apenas no futuro os ensinos éticos e as bênçãos proclamadas no
Sermão do Monte, entre as quais estão as bem-aventuranças.
1.
A Dimensão escatológica. Todavia, sob o ângulo escatológico, haverá um tempo
em que o Reino de Deus manifestar-se-á de forma física, como retrata Apocalipse
11.15, quando então esses princípios e as bênçãos decorrentes serão
experimentados de modo perfeito e absoluto. Hoje, conhecemos em parte (I Cor.
13.9,10) e nos submetemos voluntariamente ao senhorio do “reino do Filho do seu
amor” (Col.1.13), mas quando as etapas finais do plano de Deus tiverem seu
cumprimento, seremos então introduzidos a essa nova dimensão do Reino em que
poderemos viver em toda plenitude e justiça a imagem perfeita de Cristo (ver 1
Jo. 3.2).
2.
A dimensão do compromisso. Mas as bem-aventuranças e os demais princípios do
Sermão do Monte apontam também para a dimensão do compromisso. Este padrão
ético constituído por Deus para o seu povo, com o qual cada crente precisa
estar comprometido, é o referencial que norteia a vida cristã.
Não se trata de legislação para ser
cumprida nos moldes da lei mosaica, porque esta, apesar de revelar a transgressão,
não foi suficiente para resgatar o homem de seu estado pecaminoso (ver Gl.
3.24,25). Por outro lado, nenhum esforço humano é capaz de cumprir, por si
mesmo, este elevado padrão de santidade exigido por Deus.
O único e legítimo recurso que torna
o crente apto a estar em condições de expressar em sua relatividade humana
esses requisitos, quando as circunstâncias o exigem, é viver permanentemente
sob a graça de Deus em Cristo.
1.
O CAMINHO PARA AS BEM-AVENTURANÇAS.
1.
A IMPORTGÂNCIA DO ESPÍRITO DESPOJADO. A primeira das bem aventuranças requer o
despojamento de espírito (VS.3). No grego, a ideia implica desenvolver a
capacidade de esvaziar-se de todos os sentimentos que predispõe o homem a viver
de forma egoísta. É não julgar-se autossuficiente, mas estar disposto a abrir
mão de si mesmo pela promessa da recompensa vindoura (ver 1 Cor.4.6-18). Os
“pobres de espírito” não vivem ansiosos, nem autoconfiantes, mas dependem
sempre do Senhor, pela fé, pela oração, firmados nas promessas divinas e na
esperança do “reino dos céus” na sua plenitude.
2.
A força do quebrantamento. A segunda bem aventurança nos leva ao
quebrantamento (v.4). Aqui a ideia não é da autocomiseração em que o indivíduo
se entrega a um estado de lamúria pela própria sorte. Não é o lamento natural por
alguma perda, nem a tristeza egocêntrica e invejosa por não ter alcançado o que
os outros já têm. Mas é quebrantar-se com “tristeza segundo Deus” (2Cor. 7.10)
em razão dos seus próprios pecados, bem como tomar para si o sofrimento pelos
pecados, maldades e injustiças dos homens que não conhecem a Deus.
3.
A busca da mansidão. Esta bem aventurança ressalta a força da mansidão (v.5) \ela se
contrapõe ao ódio, à violência e ao estilo agressivo das conquistas humanas,
Parece um paradoxo, mas quando os de espírito brando despontam, inibem atitudes
que poderiam desaguar em conflitos e tragédias.
4.
A relevância da justiça. A quarta bem-aventurança revela que a justiça
deve ser um profundo anseio de todo crente (v.60.”Fome e sede” são termos que
denotam extrema necessidade. Tal qual o organismo faminto e sedento, o cristão
não desfrutará da verdadeira calma e paz de espírito enquanto não sentir-se
saciado da presença de Deus, o que implica viver não só em retidão espiritual,
mas em não conformar-se com as injustiças e opressões que prevalecem no mundo.
5.
A prática da misericórdia. Quem experimente esta bem-aventurança (v.7) é
porque está em harmonia com as demais. Misericórdia é o ato de ser compassivo
com o próximo em seu estado de carência espiritual, moral e social. Ora, só
chega a este passo quem é capas de esvaziar-se, quebrantar-se, ter um espírito
brando e amar a justiça. Apenas estes conseguem ser misericordiosos. Em suas
vidas aplicar-se-á a lei da semeadura e da colheita: por terem exercido a
misericórdia, serão também por ela alcançados. (Cf. Gl. 6.7)
6.
O Lugar da pureza. Convém lembrar que pureza de coração não se trata de algo apenas
eterno e aparente, unicamente com o fim de ser apreciado pelos homens, a
exemplo dos fariseus, pois o termo “coração”, na Bíblia, traduz a ideia de
centro da personalidade. Portanto, esta pureza só é verdadeira quando se
realiza a partir do âmago do indivíduo. (cf. 1 Ts. 5.23).
7.
O peso da pacificação. Aquele que tem o coração purificado de
segundas intenções age sempre com espírito pacífico. É a sétima bem
aventurança. (VS.9). Paz é ausência de guerra, conflitos e toda sorte de
conturbações. Na Bíblia o termo paz abrange também o sentido de harmonia. Ora,
o pecado é a fonte de todas as mazelas e hostilidades entre os homens. Isto significa
que o exercício da pacificação é uma qualidade de quem removeu de seu coração,
mediante o sangue de Jesus, a causa de seus males pessoais (ver Rm. 5.1) e
pode, por isso mesmo, contribuir para que outros a removam de suas vidas.
8.
A graça de ser perseguido pela causa do
Senhor. Por último há
também uma bem-aventurança para os que são perseguidos por serem fiéis ao
senhor (VV.9,10). O compromisso como evangelho não admite outra opção (ver MT.
6.24). Não há como ser amigo do mundo e. ao mesmo tempo, agradar a Deus.
Portanto a possibilidade de ser hostilizado por causa da sua fé é algo
perfeitamente previsível.
CONCLUSÃO
Mas qual é a grande
felicidade –a bem-aventurança – quanto a essas nossas condições referidas por
Cristo que nos opõem ao modo de pensar e de agir do mundo? (O Jesus que eu
nunca conheci), ela é o resultado de aceitarmos “a condição para um amor
mais elevado...
Bispo.
Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciência da Religião Dr. Edson Cavalcante
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