ESTUDO BÍBLICO SOBRE O CORAÇÃO DO HOMEM...
Joel 2:13; Sl 119:11; Pv 4:23; Mt 13:3-8.
Introdução:
O texto em apreço, no cap. 2:13 do livro do profeta Joel,
traz-nos uma indicação que a mudança exigida por Deus para que a sua benção
recaísse sobre o povo hebreu, e também sobre nós, hoje em dia, deveria começar
no interior de cada um. Uma transformação que brotasse do coração, que fosse
regada por um profundo arrependimento; reconhecendo que deveriam mudar. Mudar
os pensamentos, comportamentos e atitudes, nada que fosse artificial, só de
aparência.
Deus estava cansado de ver o seu povo rasgar as suas
vestes, ele queria que eles rasgassem o seu coração. Um arrependimento
momentâneo e emotivo levava-os a mudar, mas, só por um tempo, não demorava
muito e voltavam a praticar todos os erros do passado. Porque eles viviam de
aparência, a vida deles era regida pelos momentos, quando tudo estava indo bem,
esquecia-se de Deus; quando tudo ia de mal a pior, voltava-se para Deus. Estas
variações (altos e baixos) estavam incomodando o Senhor.
Quando o homem rasga a suas vestes, ou seja, tem uma
mudança externa (de aparência), ele não consegue viver de forma diferente por
muito tempo, porque tudo nasce do coração (o centro do intelecto {espírito} e
das emoções {alma}), por isso nele está a nossa personalidade e caráter, que
determina o nosso comportamento e as nossas atitudes. Se ele foi bem ou mal
formado, o que somos é resultado desta formação. Não adianta rasgar só as
vestes. A personalidade deve ser moldada e lapidada pela palavra de Deus.
Nos demais textos, a palavra trata o coração numa linguagem
retórica como: depósito; fonte de vida e terra que abriga a semente [palavra]
de Deus. A seguir estudaremos estas figuras de retóricas da bíblia.
1 - O Coração: (Ez 36:26 e Pv 4:23) Centro do intelecto e
da emoção do homem. (onde se forma a nossa personalidade). "Caráter {Os
traços psicológicos, as qualidades, o modo de ser, sentir e agir de um
indivíduo} ou qualidade do que é pessoal".
A parábola do semeador expressada por Jesus indica os
estágios da transformação da nossa personalidade, que se inicia no ato da
conversão, no momento do encontro com Ele. As suas palavras como sementes são
lançadas no solo do nosso coração, germina e cresce de acordo a receptividade e
a qualidade do solo; ou Coração (Intelecto e emoção).
1.1 - A semente:
Como o próprio Cristo disse a semente expressada nesta
parábola, numa linguagem figurativa "representa a Sua palavra". O ato
de semear, lançar a semente, e o ato de ensinar, educar, moldar e lapidar a
personalidade dos homens a partir dos seus defeitos, enfim, na formação da
personalidade. A semente por si só tem vida, mais para ela gerar vidas, e dar
frutos é necessário que ela seja sepultada, enterrada no subsolo. La dentro ela
germina, nasce uma nova planta, cresce e produz frutos. Tudo começa de dentro
para fora, do interior para o exterior. A parábola classifica 04 tipos de
solos, vejamos:
1.2 - Solos:
Assim como a semente, o solo classificado por Jesus na
parábola do semeador tem caráter figurativo, representa o coração emocional e
intelectual do homem. A semente teve receptividade diferenciada, de acordo as
condições do solo. No 1° solo o compacto, impermeável, endurecido, da beira do
caminho, a semente não pôde penetrar vindo a ser comida pelas aves. No 2° solo
o rochoso, cheio de pedras, a semente penetrou, mais não pode se aprofundar
crescer suas raízes, e terminou não suportando o sol, o calor, pois não tinha
raízes profundas para encontrar água e nutrientes para sua sobrevivência,
morreu. No 3° solo onde existiam espinhos, ervas daninha, a semente penetrou,
cresceu e aprofundou suas raízes, mais não resistiu os espinhos, o espaço ficou
pequeno para ambas crescerem, os espinhos terminaram sufocando a planta e
impediu que ela continuasse a crescer e viesse produzir, acabou morrendo. No 4°
e ultimo solo, a semente conquistou o seu objetivo, a terra era muito boa, ela
penetrou, germinou, aprofundou suas raízes, alcançou o lençol freático,
nutrientes, cresceu a árvore, produziu e deu muitos frutos.
A) - A beira do caminho:
Numa linguagem tipificada, Jesus classificou o primeiro
solo, o compacto, impermeável, endurecido, a pessoas que possuem resistência,
dureza, as suas palavras, um coração que é impenetrável, não aceitam ter uma
nova vida, um novo conceito, novos pensamentos e ideias. São aquelas pessoas
egoístas, que se acham sábias; conhecedoras; autossuficientes; não acatam
conselhos, ou sugestões. Vivem em um mundo fechado que gira em torno de si
mesmas, não se dão ao aprendizado, ao aperfeiçoamento. Sua personalidade cheia
de avarias, defeitos, não pode ser lapidada, a palavra não consegue penetrar,
para germinar, ou seja, extrair e mudar o que ha de errado. Este solo
endurecido, seco, árido, precisa ser trabalhado para que a semente, a palavra,
possa entrar no seu interior, e com seu poder arrancar o egoísmo a
autossuficiência, e transformar a personalidade rígida e inflexível do homem
grosso, mal, exaltado, incompreensível e ignorante, numa nova pessoa, um ser
amável, humilde, bondoso e compreensível.
Jesus trabalhou intensamente naqueles solos impermeáveis do
coração de seus discípulos, mostrando-os que se conquista uma guerra promovendo
a paz, se torna um grande homem sendo pequeno, se torna um grande líder sendo
servo. O conceito do mundo estava totalmente errado, quando diz que o mal deve
ser combatido com o mal. Jesus ensinou a seus jovens discípulos, que o mal deve
ser combatido com o bem, "pois se alguém lhes bater na face direita,
ofereça-lhes a esquerda". O que o homem aprende entre o primeiro ao sétimo
ano de vida, estabelece a formação da sua personalidade, que por sua vez,
determinará o seu comportamento e atitudes futuras. Nesta fase, a maior parte
do que aprendemos é oriundo do nosso lar, da convivência no seio familiar. Se a
família for bem estruturada, possivelmente haverá uma boa formação da
personalidade da criança. Ela terá um cárter bem formado, com poucas avarias,
defeitos.
Se a família não tem uma boa estrutura, o inverso ocorrerá,
a pessoa terá uma má formação da personalidade e isso refletirá nos
comportamentos e atitudes futuras. Tornar-se-á um cidadão que possivelmente
provocará prejuízos à sociedade, com um caráter mal, estará à margem da lei. A
palavra de Cristo tem a função de corrigir, as deformações na formação desta
personalidade. Jesus demonstrou nesta parábola, especificamente neste solo
condicional, uma verdadeira lição de esperança, para aqueles que sonham em ter
uma vida melhor, com qualidade, aspirações, projetos e ideais. Todo aquele que
quiser encontrar a felicidade, é só abrir para Cristo o seu coração, abrigar a
sua palavra, dando a ela honra dentre de si mesmo, que ela por sua vez,
transformará a personalidade cheia de defeitos e imperfeições, numa verdadeira
fonte inesgotável de boas atitudes. Ele não pode quebrar a sua lei, o homem tem
dado por ele o direito de escolher o que quer, ele não invade o ser do homem
com sua palavra, ele apenas prepara o solo do coração para recebê-la, com os
seus gestos de carinho, amor e dedicação, a fim de dar a ele uma vida de sonhos
e realizações.
B) - Terra rochosa:
O segundo estágio, o solo rochoso, Jesus o classifica a
alguém que superou o seu egoísmo; rigidez; grosseria; e seu coração já não era
mais um solo compacto, impermeável e endurecido, a palavra já havia penetrado,
regado, e promovido estas primeiras mudanças. Ele conseguiu se tomar uma nova
pessoa, quem o vê, percebe esta mudança, se tornou um amor de pessoa, nem
parece que era aquele cidadão, prepotente, autoconfiante, grosso e insensível.
Ele mudou, o seu coração em terra fofa, sensível, preparada para receber a
semente, a palavra. Mais, como o solo era cheio de pedras, a raiz não pôde se
aprofundar.
Tudo parecia tão bom, não era de se esperar nada de ruim.
Quando de repente o sol começou molestar, a sequidão por falta da chuva começou
perturbar, as raízes não podiam aprofundar-se no subsolo, porque as pedras não
permitiam. O que fazer? Por esta ele não esperava, pensava que a vida com
Jesus, consistia em apenas bons momentos, que não existiria os problemas, as
perseguições, às lutas, o desespero chegou, está difícil suportar o sol, a
sequidão. O fato de está seguindo a Cristo, não nos isenta de passarmos por
lutas, ou perseguições, Ele mesmo disse que no mundo teríamos aflições, as mais
diversas, mais que tivéssemos bom ânimo, porque assim como ele venceu,
venceríamos também. Mesmo porque a sua palavra é a nossa garantia de que o problema,
a dificuldade, e as lágrimas, duram pouco tempo, Ele mesmo supriu as nossas
faltas e resolve os nossos problemas internos e externos. As plantas que
suportam a angustia do sol (o calor das dificuldades e dos problemas) e os
períodos de sequidão (Necessidades, faltas e perdas) não são as mais belas,
(que buscam aparência exterior) são as que têm raízes (uma boa formação da
personalidade e um conhecimento que consiste em força, capacidade de suportar e
superar os problemas) mais profundas, (conhecimento que aprofunda germina e
modifica de dentro para fora) ela atinge o lençol freático, encontra as águas
profundas (vida que da sustentabilidade e crescimento pessoal).
O calor causticante do sol suplantou a planta, que não
possuía raiz em si mesma. Embora essa pessoa tenha conseguido mudar as suas
atitudes e pensamentos, corrigido defeitos da má formação de sua personalidade,
não tinha aprendido ainda a lutar por seus ideais, estabelecer metas e lutar
para conquistar seus sonhos. Os obstáculos da dor, da perseguição, das
dificuldades se tornaram intransponíveis. Dentro de si havia muita sede, mais
pouca força para vencer os obstáculos e chegar à fonte das águas.
C) - A planta crescia junto com os espinhos:
O terceiro estágio é o resultado da superação dos dois primeiros.
A pessoa abriu o seu coração para a palavra, permitiu que ela fizesse as
devidas transformações, reconhecendo a necessidade de corrigir os seus erros;
suportaram os problemas exteriores, com as dificuldades financeiras, os
problemas familiares as influenciam do mundo, enfim, fui um excelente aprendiz
e aplicador do que recebeu de instrução da palavra. A semente penetrou,
germinou, cresceu, e quando deveria frutificar, não conseguiu, foi sufocada
pelos espinhos, pelas ervas daninhas. O espaço era muito pequeno para as
plantas crescerem juntas, uma delas deveria abrir mão da vida. Foi o que
ocorreu, a semente ou a palavra que cresceu dentro de si e os instruiu a
perdoar, ser generoso, paciente, tolerante, manso, amável e bom. Começou a
competir dentro si com uma erva daninha, um espinheiro que estava crescendo no
seu coração. Parece que tudo que fora dito e ensinado, ou aprendido, foi
sufocado. A arrogância competia com o perdão, a intolerância competia com a
compreensão, a necessidade do poder competia com o desprendimento, a raiva e o
ódio competiam com o sentimento de Jesus. Diferente da 2ª semente o 3° solo é o
estágio que a disputa é interior ao contrário do 2° que consistia em problemas
exteriores.
D) - A boa terra:
Esta terra, solo ou coração, é o estágio em que a semente
cumpriu a sua missão, ela foi bem recepcionada, germinou, cresceu e frutificou.
São aqueles que cumpriram todo o princípio e propósito da palavra de Deus.
Permitiu que a palavra moldasse a sua vida, lapidasse a sua personalidade, e
lhe transformasse em um novo homem. Venceu os problemas, dificuldades
exteriores e inteiros, buscou as águas no mais profundo lençol freático e a
encontrou, transpôs os obstáculos e venceu na vida. Teve sede e encontrou a
mais pura água.
2 - Santidade: Salmo 119:9 e 11 e Pv 4:23
O coração é o guardião da palavra de Deus e é a fonte donde
procedem as saídas da vida. Ou seja, é a fonte da vitalidade espiritual do
indivíduo.
A finalidade de se guardar a palavra de Deus no coração é
com o fim de obedecê-la, não pecar contra o Senhor. Manter-se puro, em
santidade.
"Como purificará o jovem o seu caminho? Observando-o
conforme a tua palavra". Sl 119:09 - A santidade é o estado em que o homem
vive opondo-se ao secularismo (vida em oposição a Deus) e guardando-se do
pecado, na condição em que espírito, alma e o corpo mantêm de forma
irrepreensível. Podemos classificar este estado em:
A) - Uma decisão pessoal irreversível de permanecer leal a
palavra de Deus por toda nossa vida;
B) - Buscar o Senhor em oração;
C) - Memorizar a palavra de Deus;
D) - Buscar a direção de Deus através da oração;
E) - Declarar abertamente a nossa obediência e submissão a
palavra de Deus;
F) - Alegrar-se e comprazer-se naquilo que Deus diz;
G) - Refletir no desfecho final do andar nos caminhos de
Deus, contrastando com o andar do mundo, e nunca está tão ocupado que não possa
ler e estudar a palavra de Deus.
Conclusão
A bíblia diz que enganoso é o coração do homem (Jr 17:09),
e que dele procedem a saídas da vida (Pv 4:23). Este contraste de expressão,
não de significados, declara que o coração do homem precisa ser cuidado e,
moldado pela palavra de Deus. Na carta aos Hebreus cap. 3:12 o escritor diz:
"Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel,
para se apartar do Deus vivo". Esta expressão explica que o coração como
centro de nossas emoções e intelecto (espirito e alma) deve manter-se puro e
sempre nutrindo e regando a palavra de Deus dentro de si. Deve está
constantemente sendo moldado e lapidado pela palavra do Senhor.
Que Deus nos dê a graça e a sabedoria para guardarmos o
nosso coração sempre puro e dedicado ao nosso grande mestre: Jesus Cristo...
Bispo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciência da Religião
Dr. Edson Cavalcante
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