ESTUDO BÍBLICO SOBRE VITÓRIAS E
DERROTAS DE DAVI...
1 Sm 16.1,3,10 - 13
Introdução
Neste trimestre
aprenderemos sobre a vida de Davi, um dos maiores personagens da Bíblia, "um
homem segundo o coração de Deus". A sua trajetória é destacada como um
marco da História bíblica (2Sm
7.8). Davi um homem que
saiu de detrás das ovelhas de seu pai para governar a nação de
Israel. Em Davi graça vão muitas promessas sobre a linhagem que levaria ao
nascimento do Messias (Lc 1.32). Davi,
que significa "amado" em hebraico, é o tema do nosso quarto
trimestre.
No livro de Neemias
(12.36) há duas peculiaridades a respeito de Davi:
1ª A primeira é o
fato de o hagiógrafo associar o nome do rei aos instrumentos musicais,
"instrumentos músicos de Davi"– expressão que no contexto remoto
refere-se tanto aos instrumentos criados por Davi para adorar a Javé (1 Cr
23.5; 2 Cr 29.26) quanto ao mandado e os Salmos de Davi referentes à adoração
(2 Cr 29.25-30).
2ª A segunda
descreve o rei como [dāwid 'îsh hā 'Ĕlōîm (דּויד אישׁ האלהים)] "Davi, homem de Deus",
expressão que no profetismo israelita identifica o sujeito como profeta,
enviado especial de Deus ou alguém que está na presença do Senhor (Dt 33.1; Jz
13.6; 1 Sm 12.27; 2 Rs 1.10ss.). Estas duas características de Davi, músico e
homem de Deus, resumem adequadamente o biografado, bem como a singular vocação
do jovem Davi.
Uma graciosa lição
que aprendemos do texto de Neemias e da vida de Davi é que a vocação divina
para o ministério cristão, às vezes, envolve mais de uma ocupação, algumas
associadas à principal. Davi foi ungido rei, no entanto, a unção real deu-lhe
muitas outras competências e habilidades para a poesia, música, engenharia,
guerra, etc., tornando-o um líder completo.
1.
AS CIRCUNSTÂNCIAS EM QUE DAVI FOI CHAMADO
1.
Um período de transição.
Após a conquista da
terra de Canaã, pelo povo de Israel, ocorreram muitas transformações. A
posse da nova terra fez com que um povo que era nômade passasse a usufruir de
uma promessa divina, feita muitos séculos antes ao patriarca Abraão; "Ora,
o SENHOR disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu
pai, para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e
abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção"(Gn 12.1,2).
A partir do momento
que Josué assume a liderança do povo, após a morte de Moisés (Dt 34) A história
de Israel passou a ser guiada pelos mandamentos feitos pelo Senhor ao povo
quando estavam fora da terra; "Porquanto te ordeno hoje que ames ao
SENHOR teu Deus, que Andes nos seus caminhos, e que guardes os seus
mandamentos, e os seus estatutos, e os seus juízos, para que vivas, e te
multipliques, e o SENHOR teu Deus te abençoe na terra a qual entras a possuir. Porém se o teu coração se
desviar, e não quiseres dar ouvidos, e fores seduzido para te inclinares a
outros deuses, e os servires. Então eu vos declaro hoje que, certamente,
perecereis; não prolongareis os dias na terra a que vais, passando o Jordão,
para que, entrando nela, a possuas." Dt 30.16,18. O
que aconteceria se com o passar dos anos o povo não guardasse a Palavra do
Senhor? O povo não permaneceu fiel as palavras do Altíssimo, mas Ele permanece
fiel (2 Tm 2.13).
Por ser o princípio
religioso a principal motivação para o povo permanecer ligados a Lei divina,
mesmo que isso significasse muitas e onerosas dores, o povo chamado de dura
cerviz, afastavam-se dos padrões requeridos pelo altíssimo atraindo sobre
si ira divina (Dt 31.27).
A história de Davi
começa num período de transição muito importante para o povo de Israel. Os
juízes comandaram o povo de Israel durante os 300 primeiros anos em que
habitaram a terra de Canaã. Durante este período, Deus levantava os juízes para
combater a imoralidade e a apostasia, pois o povo era guiado pelo seu próprio
coração, "e fazia o que achava reto aos seus olhos" (Jz
21.25).
1.
Em meio a uma crise espiritual
1.
Antes de ter um
rei, o povo de Israel possuía uma liderança teocrática (Jz 2.16-17)
2.
Entretanto
manifestou o desejo de esquivar-se do sistema político da teocracia para se
tornar uma monarquia como as nações. (1Sm 8.1-7,19-22)
Para aquele povo
que por anos estiveram sobre o comando de sacerdotes e juízes, a mudança para a
monarquia representaria, naquele momento histórico, um passo importante de se
igualar as nações que estavam ao seu redor. A figura de um rei iria satisfazer
a exigência do povo; "Eis que já estás velho, e teus filhos não andam pelos teus caminhos;
constitui-nos, pois, agora um rei sobre nós, para que ele nos julgue,
como o têm todas as nações" (1Sm 8.5). A consequência da escolha foi um rompimento com aquilo que
era algo legal - a presença de
Deus -, tornou-se um ato de insubmissão ao Altíssimo. "E
disse o SENHOR a Samuel: Ouve a voz do povo em tudo quanto te dizem, pois não
te têm rejeitado a ti, antes a mim me têm rejeitado, para eu não
reinar sobre eles (1Sm 8.7).
1.
Não era uma simples
mudança de regime, mas uma troca de governante (1Sm 8.6,7),o que entristeceu o
profeta Samuel.
1.
TEOCRACIA X MONARQUIA(tabela)
1.
O primeiro Rei
A escolha pela
monarquia levou a escolha do primeiro rei sobre as tribos, e Saul assume o
posto mais alto; "E quando Samuel viu a Saul, o SENHOR lhe respondeu:
Eis aqui o homem de quem eu te falei. Este dominará sobre o meu povo" (1 Sm 9.17).Saul reinou em Israel pelo período de
40 anos, um governo marcado no princípio pela presença de Deus nas vitórias
diante dos seus inimigos (1Sm 11.9,11). Mas Saul não permaneceu em conformidade
com as palavras de Deus, afastando-se do projeto divino para sua vida, e no
final buscou inclusive ajuda de uma pitonisa. "Assim morreu Saul por
causa da transgressão que cometeu contra o SENHOR, por causa da palavra do
SENHOR, a qual não havia guardado; e também porque buscou a
adivinhadora para a consultar" 1 Cr.10.13.
1.
O surgimento de
Saul é notório nesse contexto, haja vista, ser ele, na visão do povo, quem
preenchia os requisitos e as expectativas do povo 1Sm 8.4-6.
2.
Deus, em sua Graça,
tocou o povo para seguir o novo rei 1Sm 10.26.
3.
Logo demonstrou
suas más qualidades 1Sm 13.14;15.26-28.
A desobediência pode eliminar oportunidades de serviço pela
desqualificação do indivíduo para uma posição de liderança.
1.
A gravidade da crise
1.
Samuel muito se
abateu, tal como Israel pela crise gerada, entretanto, Deus que se antecipa,
declarou que já havia se provido de um rei (1Sm 16.1)
2.
O Projeto de Deus e
Seu Empreendimento nunca serão frustrados por quem quer que seja:
1.
Ele não aceita
desobediência ou rebeldia, por essa razão não permitiu que Moisés entrasse na
Terra Prometida (Nm 20.11,12; Dt 32.51,52)
2.
Entretanto proveu
outro líder para finalmente introduzir Seu povo na Terra Prometida (Dt 1.37,38)
3.
A vocação ou o
chamado de Davi surgiu ante a rejeição de Saul pelo Senhor (1Sm
13.13,14;15.26-28).
4.
A NATUREZA DA VOCAÇÃO DE DAVI
Davi não era o
primogênito, mas o caçula, o oitavo filho de Jessé. Se tomarmos como base que o
rei Davi ascendeu ao trono de Judá em 1011 a.C., com cerca de trinta anos (2Sm
5.4), e, que provavelmente nascera em 1041 a. C., pouco tempo depois de Saul
sagrar-se rei, concluímos que Davi não possuía mais de 13 anos quando foi
consagrado rei de Israel. Logo, a vocação ministerial não se limita à condição social e à
idade do escolhido. É o Senhor
Quem escolhe. Ele é Soberano em Suas escolhas!
A escolha de Davi se
deu ao passo que o reinado de Saul começou a ruir. É a partir da rejeição de
Saul que Samuel recebe a incumbência de ungir outro rei sobre Israel. "Então
Samuel lhe disse: O SENHOR tem rasgado de ti hoje o reino de Israel, e o
tem dado ao teu próximo, melhor do que tu" 1Sm 15.28.
1.
Um desígnio divino - Davi uma escolha divina.
1.
Ele quem quer,
quando quer e capacita como quer e para o que quer Sl 89.20
2.
A ordem divina era
que entre os filhos do belemita haveria o futuro rei e a missão do profeta não
foi uma tarefa fácil, pois Samuel colocou em risco a sua vida (1Sm 16.2).
Todavia, a
menoridade de Davi ante seus irmãos colocava-o como o último na hierarquia
familiar e tribal (1Sm 16.5,11-13). O termo "menor" (ARC), ou o
"mais moço" (RA), do hebraico qātōn (קטן),significa "ser pequeno", mas também "ser
insignificante", ou "ser jovem insignificante".
1.
Essa condição
independia do jovem Davi.
2.
Ele era o menor
dentre seus irmãos, não apenas na hierarquia familiar, mas também nos direitos
sociais e tribais que pertenciam primeiramente ao primogênito.
3.
O fato de o Senhor
escolher a Davi dentre os seus irmãos, significa que Deus, embora respeite,
pouco se preocupa com as condições sociais do escolhido.
4.
É o Senhor quem
habilita e capacitada o eleito independente da classe social do sujeito. Deus
"não vê como o homem"! (1Sm 16.7)
5.
Deus escolheu o
menor, aquele que a princípio seria o último, este deveria receber a menor
parte, na lei de Moisés a benção estava sobre o primogênito (Dt 21.17).
6.
Em um contexto
maior, é importante entender que o Messias prometido ao povo de Deus seria um
descendente da tribo de Judá e, portanto, Davi é parte direta do cumprimento
das promessas divinas a Israel (Is 11.1,2;Jr 23.5,6;At 2.29,30;Rm 1.3)
A escolha de Davi
foi feita por Deus, o jovem pertencia a família de Jessé o belemita, um efrateu
de Belém de Judá (1 Sm 17.12). Como
é importante que os homens estejam na direção divina, cumprindo plenamente a
sua vontade. Este foi o objetivo de Jesus em seu ministério terreno, de cumprir
a vontade de seu pai. "Porque eu desci do céu, não para fazer a minha
vontade, mas a vontade daquele que me enviou" (Jo 6.38).
1.
Samuel estava numa
posição de grande responsabilidade e ele não poderia errar, pois um erro
significaria a rejeição do próprio Deus.
2.
Ao entrar na casa
de Jessé, o profeta teve de imediato a impressão de estar diante do novo rei,
quando olhou para Eliabe, o primeiro filho de Jessé a se apresentar (1Sm 16.6).
3.
Olhar somente a
aparência, já não é algo só dos nossos dias, o próprio profeta Samuel foi tentado a tomar esta decisão,
"certamente está perante o Senhor o seu Ungido".
Encontramos neste
episódio um ensinamento muito especial para nossas vidas, as "nossas
escolhas" muitas vezes não representam aquilo que realmente deveríamos
escolher. Ao olhar para "exterior" somos tentamos muitas vezes a
procurar entender o que as pessoas estão sentindo por dentro, se elas estão
tristes, tentamos imaginar o que esta acontecendo. Quando encontramos alguém
bem vestido, com roupas caras ou em carros de luxo, pensamos se este ou aquela
tem dinheiro. Pode ocorrer que muitos de nós entramos em situações complicadas
por não estarmos atentos aos "detalhes".
Ao atentarmos para
o exterior nada enxergamos, apenas o que nossos olhos querem ver, mas Deus olha
para o que está embaixo da pele, ele olha para o homem interior, onde se
descobre as intenções do coração (Hb
4.13). Desta forma, o segundo filho de Jessé também não passou no crivo divino,
e ao passar todos os filhos que estavam na casa o profeta faz uma pergunta
ao dono daquela casa acabaram-se os jovens? (1Sm 16.11).
1.
A resposta e responsabilidade humana
1.
A Soberania de Deus
é um dos princípios da vocação divina 1Cr 28.4,5
2.
Entretanto, Ele
considera e leva em conta a responsabilidade humana e realização de seu propósitos
1Cr 28.6,7
3.
À pretensão e ao
desejo do povo, Saul subiu ao trono (1Sm 8.9-18;10.17-27)
4.
Em resposta ao
injusto clamor do povo, o Eterno deu-os Saul (At 13.21)
5.
A Escolha divina de
homens para seu serviço leva também em conta a liberdade humana e não a
invalida
6.
Saul não estava
predestinado ao fracasso (1Sm 13.13)
7.
Tampouco Davi
estava destinado ao sucesso (1Rs 11.38)
2.
Davi uma escolha segundo o coração de Deus.
1.
Faltava o menor,
aquele que até o momento não haviam sido lembrado, mas Deus não se esquece de
ninguém, havia aquele que estava detrás das ovelhas (1 Cr 17.7), talvez
esquecido pela sua família naquele momento, mas nunca pelo Senhor.
2.
Deus estava
contemplando aquela ocasião, era algo notório, pois o novo rei abriria uma nova
perspectiva para o povo de Israel.
3.
Davi era o caçula
entre os seu irmãos, o menor entre todos (1 Sm 16.11), e foi o último a passar
diante do profeta Samuel.
4.
Ao aproximar-se do
profeta aquele jovem ruivo, versículo 12, o Senhor ordenou ao profeta que o
ungisse no meio dos seus irmãos.
Ao chegar o
profeta, os filhos de Jessé puseram-se apostos para aquela cerimônia. Contudo,
existe um número expressivo de pessoas que estão sempre "prontas"
para fazer algo para o Senhor, mas poucos estão aptos. Aqueles que o Senhor
quer usar realmente não aparecem, estão por ai "atrás das ovelhas",
cuidando do rebanho do Senhor sem muitas vezes serem vistos. A obra feita no
silêncio, feita nas lágrimas e fadigas, às vezes debaixo de sol escaldante e o
nome destes pequenos não aparecem na mídia, são "esquecidos" pelos
seus irmãos, mas estes estão no coração de Deus, esperando para serem lembrados
e honrados no momento certo (Ap 22.12).
O Dicionário
Internacional de Teologia do Antigo Testamente afirma que a raiz qtin "denota pequenez de quantidade ou qualidade". Davi
era o mais moço (1 Sm 17.14, 33) e, segundo a tradição do núcleo familiar (bayît 'āb), seus irmãos
tinham a proeminência (veja 1 Sm 17.28, 29). Esta é a principal razão pela qual
eles são chamados ao sacrifício e à mesa enquanto Davi permanece no
pastorício (v.11; 17.15). Deus, porém, honrou a Davi diante de seu pai e de
todos os seus irmãos (vv.12,13;17.12,13). Se você é um servo ou serva de Deus,
chamado ou escolhido pelo Senhor, saiba que suas condições sociais não são
entraves para a realização da obra de Deus.
1.
A unção de um novo Rei. "Então Samuel tomou o chifre do azeite, e
ungiu-o no meio de seus irmãos; e desde aquele dia em diante o Espírito do
SENHOR se apoderou de Davi; então Samuel se levantou, e voltou a Ramá." (1Sm
16.13).
1.
Ao receber a unção
observamos que a partir daquele momento o Espírito de Deus estava sobre a vida
de Davi aumentando a sua capacidade (1 Sm 17.33,37).
2.
Não havia dúvidas
que a escolha foi confirmada pela presença sobrenatural do Espírito Santo.
3.
A vida daquele jovem
mudou por completo com a benção de Deus sobre sua vida. Deus sempre faz a
escolha certa, mesmo que alguns não queiram permanecer na Sua vocação, sempre o
Altíssimo escolhe os melhores para Sua obra (Jo 15.16).
Embora escolhido
rei, Davi não tomou a princípio o governo de Israel, ele voltou para cuidar das
ovelhas do seu pai; "E Saul enviou mensageiros a Jessé, dizendo:
Envia-me Davi, teu filho, o que está com as ovelhas". (1Sm 16.19). Mesmo recebendo a unção e
estando cheio do Espírito Santo, Davi teve paciência e soube aguardar o tempo
certo, o tempo de Deus (Ec 3.1).
1.
O PROPÓSITO DA VOCAÇÃO DE DAVI
1.
Abençoar a nação judaica
1.
Apesar de estar
atualmente sob provação divina e temporária por causa de sua incredulidade,
Israel continua ser uma nação profética (Rm 11.15-26).
2.
Deus escolheu
Israel dentre os demais povos para que, através desta nação, tivesse lugar o
seu maravilhoso plano de salvação para a humanidade inteira. (2Sm 7.23ª)
2.
Abençoar a humanidade
3.
Cristo Jesus, o
legítimo herdeiro de Davi, abençoaria a humanidade com o Seu reinado e domínio
em todos os sentidos (Lc 1.32)
4.
Ele é Rei e
brevemente reinará em dimensões nunca conhecidas entre os homens
Conclusão
Nesta lição
aprendemos que o projeto de Deus na nossa vida pode começar a qualquer momento.
Davi estava no campo cuidando das ovelhas de seu pai, sem se preocupar com a
política, governo, crises e guerras, mas ele estava no projeto de Deus. Davi
teve a oportunidade de comandar uma nação, sem talvez nunca imaginar que isso
aconteceria. Aprenderemos neste trimestre sobre a vida de um dos
maiores nomes da bíblia, sua vida e trajetória, e poderemos tirar lições
preciosas para nossas vidas...
Bispo.
Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciência da Religião Dr. Edson Cavalcante.
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