ESTUDO BÍBLICO SOBRE INTEGRIDADE
CRISTÃ...
Jó 1.1 – “Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era
Jó; homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desviava do mal.”
Nos dias atuais
muitas pessoas acham que ser cristão se resume a afirmar que tem fé em
Jesus Cristo, frequentar uma igreja, usar roupas consideradas decentes (saias e
vestidos longos, calças e camisas sociais, etc.), não beber, não fumar, e
coisas do gênero.
A Palavra de Deus
nos mostra que o padrão de Deus para a vida dos crentes não se resume ao
cumprimento de algumas regras, mas, sim, a uma vida de integridade e retidão.
No nosso texto base
vemos que Jó é elogiado por ser um homem íntegro, reto, temente a Deus e que se
desvia do mal. O próprio Deus o elogia (v.8).
A Bíblia nos revela
que Deus ama a integridade e a retidão, e tem promessas grandiosas para quem
cultiva essas virtudes.
Integridade: Jó 8.20; Salmos
18.25; Salmos 37.37; Provérbios 19.1
Retidão: Salmos 7.10;
Salmos 11.7; Salmos 119.1; Provérbios 14.2; Efésios 4.24.
Conceitos
Integridade: honestidade,
sinceridade, coerência
entre o interior e o exterior, inteireza. Em Provérbios 11.3 vemos a integridade como contraposição à
falsidade. Pessoa sem hipocrisia. Procura servir a Deus com inteireza do seu
ser, esforçando-se para que haja coerência entre o que prega e o que vive. Não
é duas caras, não tenta servir a Deus pela metade.
Jesus chamou
os fariseus de hipócritas,
pois exteriormente demonstravam muito zelo pela Lei de Deus, mas interiormente
eram impuros, egoístas, avarentos, não cumpriam os mandamentos. (Ex.: Mateus 23.3 e 27)
Retidão: consciência,
honradez, probidade, seriedade, levar uma vida sempre buscando o bem, tanto
próprio como do próximo; não cultivar o desejo de fazer o mal, de prejudicar os
outros, nem buscar o benefício pessoal às custas de outrem.
Integridade e
retidão andam de mãos dadas. Quem cultiva uma dessas virtudes, frequentemente
cultiva também a outra. Geralmente a pessoa íntegra também é reta, assim como o
oposto é verdadeiro.
Situações que não se caracterizam como integridade e retidão, mas que
muitas vezes são vistas na vida de pessoas cristãs.
1) Inadimplência contumaz: aquela que
resulta da má vontade em honrar os compromissos. Geralmente presente em pessoas
que não se importam com a situação alheia. Mesmo que possua meios de pagar,
prefere gastar com outras coisas e deixar a dívida aumentar, sem pretensão de
quitar o débito.
Em Gênesis 3.19, Deus
determina o homem deve obter o sustento com o seu trabalho, seu esforço. Quem
deve e não paga porque não quer está se aproveitando do “suor” alheio, pois o
credor trabalhou, investiu para fornecer o bem ou serviço, e o inadimplente
terá usufruído disso sem a devida contraprestação.
O cristão não deve ser um inadimplente, excetuando-se apenas situações excepcionais, quando ocorre desemprego,
despesas inesperadas que desestruturam as contas, mas não pode ser algo
habitual, e, sim, eventual. Nesses casos, é íntegro e reto quem procura os
credores para negociar a dívida, demonstrando que deseja pagar.
Lendo Mateus 22.17, vemos que
Jesus disse que se deve dar aquilo que é de direito a cada um.
Paulo, em Romanos 13.7-8, orienta a
pagar o que é devido a quem de direito.
2) Obtenção de vantagem às custas de outrem: há pessoas que vivem buscando formas de levar
vantagem nas situações, mesmo que isso implique em que o outro tenha algum
prejuízo ou de alguma forma seja lesado.
Podemos
exemplificar com o patrão que explora os empregados atribuindo-lhes carga de
trabalho superior à que corresponde ao salário pago, ou que não paga
corretamente os direitos de seus empregados. (Levítico 19.13; Deuteronômio 24.14; Jeremias 22.13;Malaquias
3.5)
Nota: jornaleiro, na
Bíblia, se refere ao trabalhador diarista, que recebe por jornada, por tarefa.
Outro exemplo,
envolvendo uma situação bem atual, é o de pessoas que se aproveitam do desespero
causado por alguma situação, e exploram o próximo. O Rio de Janeiro atualmente
viveu há alguns dias uma grande tragédia, com muitas mortes e milhares de
desabrigados por causa das chuvas. Houve falta de água potável. Pessoas se
aproveitaram disso para vender galões de água por R$40,00 cada, quando seu
valor normal seria por volta de R$10,00. Claramente a intenção era obter lucro
com a desgraça alheia.
O cristão não deve
andar envolvido em esquemas que visam obter vantagens pessoais em detrimento de
outras pessoas, ou em detrimento da lei, da moral e da ética.
3) Fofoca: fofocar é falar
da vida alheia, espalhar informações ou boatos sobre alguém. Há muitos crentes
que vão à Igreja, participam dos cultos, cantam, oram, choram, esperneiam,
pulam, gritam “glórias a Deus”, mas nem bem acabam de sair da Igreja já se põem
a falar da vida alheia. No seu dia a dia ficam observando as pessoas para
poderem levar “notícias quentinhas” à rodinha de amigos (as) que compartilham
do mesmo “passa-tempo”. Gostam de estar sempre bem informadas sobre os
acontecimentos que envolvem os outros.
A Palavra exorta a
não nos metermos na vida alheia, antes, devemos encontrar ocupação. A fofoca
provoca dissensões, discórdias, separa pessoas, e não é isso que Deus quer que
façamos (2 Tessalonicenses 3.11;
Provérbios 6.16.19; Provérbios 16.28; 1 Pedro 4.15).
4) Maledicência: é falar mal contra alguém, ter
palavras ruins contra as pessoas. Quando se faz isso, está-se tentando diminuir
o valor da pessoa de quem se fala, quase sempre como uma forma de tentar
aumentar o nosso próprio valor. Não podemos tentar nos valorizar desvalozirando
os outros. Nossas palavras têm que ser edificantes (Efésios 4.29), precisam abençoar e não amaldiçoar (Tiago 3.8-13), devem ser equilibradas,
agradáveis (Colossenses 4.6).
As palavras que
saem de nossa boca habitualmente demonstram o que temos em nosso coração (Lucas 6.45). Assim, quem vive
maldizendo aos outros, não está com o coração cheio da Graça de Deus e de amor,
antes, está repleto de sentimentos carnais, de inveja, ciúmes, arrogância, e
nada disso vem de Deus, pelo contrário, vem do demônio (Tiago 3.13-16).
5) Mentira: um cristão
mentiroso deve analisar seriamente a realidade de sua conversão, porque Jesus
foi bastante claro ao dizer que o pai da mentira é o diabo (João 8.44). Ora, não é possível ser
um filho de Deus e, ao mesmo tempo, conviver harmoniosamente com a filha do
diabo, a mentira. Jesus Cristo é a verdade, e Ele ama a verdade. A Bíblia nos
exorta a falarmos a verdade (Efésios
4.25), assim como faz pesadas advertências a quem ama a mentira (Salmo 52.3-5).
A mentira retira
toda a credibilidade da palavra de uma pessoa, não permite que se deposite
confiança nela, e provoca situações capazes de gerar problemas sérios.
Quem mente não anda
em integridade e retidão, e, portanto, não agrada a Deus.
6) Omissão diante da necessidade do próximo: muitas vezes vemos nosso próximo passando
necessidade, mas nos omitimos, não lhe prestamos nenhuma ajuda, mesmo tendo
condições para isso, não oramos por ele, não queremos nos envolver. A retidão
implica em viver buscando o bem não apenas para si, mas também para o próximo.
A Bíblia nos diz que quem sabe que deve fazer o bem e não faz, está pecando (Tiago 4.17).
A parábola do bom samaritano mostra
que religiosidade não agrada Deus, mas, sim, a demonstração prática de amor ao
próximo.
Deus nos exorta a
que façamos o bem, defendendo pessoas oprimidas, buscando melhores condições
para todos (Salmo 41.1; Salmo 82.4; Isaias 1.17; 1 João 3.17).
Conforme a
possibilidade que Deus nos dá, devemos socorrer às pessoas que sofrem, fazendo
o que estiver ao nosso alcance para que suas necessidades sejam atendidas. Quem
não age assim é egoísta, não aprendeu a ser solidário, e corre o risco de ficar
desamparado quando passar por uma situação difícil.
7) Idolatria: o cristão que não
é íntegro e reto coloca diversas coisas no lugar de Deus. As suas prioridades
são mundanas. O programa da televisão tem prioridade sobre a reunião de oração;
conservar o carro novo é mais importante do que colocá-lo à disposição da obra
de Deus; correr atrás de riqueza é mais importante do que adorar a Deus em
espírito e em verdade; imagens feitas por mãos humanas recebem mais atenção do
que Deus, contando com datas especiais, rezas, festas, etc.; tudo é prioridade,
menos Deus e Sua obra.
O cristão íntegro e
reto diz a Deus que o ama, e expressa esse amor em seus atos no cotidiano,
tanto no que diz respeito à comunhão com o Pai, como o amor ao próximo.
“Portanto, meus amados, fugi da idolatria”
(1 Cor 10.14). Leia, também, Lv
19.4.
Conclusão: Integridade e
retidão têm a ver com obediência a Deus, humildade, submissão, mas
principalmente amor a Deus e ao próximo.
Andar no Espírito conduz à
integridade e retidão (Gl 5.14-26),
pois hipocrisia e falta de retidão são obras da carne.
Que sejamos pessoas
íntegras e retas, sempre buscando glorificar a Deus através de nossas vidas, a
fim de que nosso testemunho seja um instrumento de anúncio do Evangelho de
Cristo...
Bispo.
Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciência da Religião Dr. Edson Cavalcante
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