ESTUDO SOBRE A ESCOLHA...
Deuteronómio 30:15-20
"15 Vê que hoje te pus
diante de ti a vida e o bem, a morte e o mal. 16 Se guardares o mandamento que
eu hoje te ordeno de amar ao Senhor teu Deus, de andar nos seus caminhos, e de
guardar os seus mandamentos, os seus estatutos e os seus preceitos, então viverás,
e te multiplicarás, e o Senhor teu Deus te abençoará na terra em que estás
entrando para a possuíres. 17 Mas se o teu coração se desviar, e não quiseres
ouvir, e fores seduzido para adorares outros deuses, e os servires, 18
declaro-te hoje que certamente perecerás; não prolongarás os dias na terra para
entrar na qual estás passando o Jordão, a fim de a possuíres. 19 O céu e a
terra tomo hoje por testemunhas contra ti de que te pus diante de ti a vida e a
morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua
descendência, 20 amando ao Senhor teu Deus, obedecendo à sua voz, e te apegando
a ele; pois ele é a tua vida, e o prolongamento dos teus dias; e para que
habites na terra que o Senhor prometeu com juramento a teus pais, a Abraão, a
Isaque e a Jacó, que lhes havia de dar".
1. A vida impõe não raramente
"escolhas", decisões a tomar. Se não soubermos optar por decisões
sábias corremos o risco de perder privilégios e suportaremos grandes
desilusões. No mundo em que vivemos somos pressionados a assumir posição entre
obedecer ou desobedecer, estudar ou não estudar, trabalhar ou não trabalhar,
casar ou não casar, etc. Certamente tais decisões poderão trazer bênçãos sobre
nossa vida, ou maldições. Daí a necessidade de fazermos a escolha certa para
não vivermos de maneira frustrada, convivendo com fracassos!
2. O texto de Moisés já velho,
em fim de carreira, prestes a passar a liderança do povo de Israel a Josué. A
sua missão até ali, tinha sido um sucesso! Deus o abençoara profundamente à
frente de seu povo! Agora, antes de transmitir a incumbência a Josué, Moisés,
sob a inspiração divina, transmite princípios que se observados pelo povo,
fariam deles uma nação poderosa para desbaratar os seus inimigos na conquista
da terra da promessa. Porém a negligência em observar tais princípios, traria
sobre eles a derrota e o fracasso.
3. Quais são, então, as escolhas
propostas? Vejamos:
DEVERIAM ESCOLHER:
I – ENTRE A VIDA E A MORTE V. 15
"Vê que hoje te pus diante
de ti a vida e o bem, a morte e o mal..."
1. A questão de "vida"
ou "morte" na forma como é colocada por Moisés envolvia uma avaliação
séria do povo na tomada de decisão. A palavra "vida" vem do termo
hebraico "yx – chay" que significa "vivente",
"vivo", uma referência tanto à vida animal e vegetal, como também à
vida humana. Considerando a palavra em termos humanos, a vida aqui é
"longa" e "prospera". Já a palavra "morte", é o
hebraico "twm - maveth", "morrer prematuramente". Podemos
afirmar que diante da escolha proposta, o povo de Deus iria, ou prolongar a
vida de maneira próspera, ou morrer na miséria prematuramente.
2. A Palavra de Deus nos mostra
como a vida ou a morte podem determinar o nosso estilo de vida e
consequentemente os nosso destino na terra.
a) Morte:
1) Veja como Jó em momento de
estrema desgraça descreve a morte – "O meu rosto está todo afogueado de
chorar, e sobre as minhas pálpebras está a sombra da morte", Jó 16.16. A
sua desventura, fazia com que ele presumisse a morte prematura. A expressão
"...sobre as minhas pálpebras está a sombra da morte", descreve de
maneira clara o estado de Jacó, que antevia a morte, caso a sua sorte não fosse
mudada. A sua previsão é clara em 30.23:, "Pois eu sei que me levarás à
morte e à casa destinada a todo vivente".
2) Davi assusta-sofrente à
morte, "Estremece-me no peito o coração, terrores de morte me
assaltam", Sal. 55.4. O seu sofrimento era tão intenso que David antevê o
fracasso, que certamente o levaria à morte. Isto causava-lhe terror. Certamente
a morte causa pavor àqueles que não tem vida eterna! Porém, quanto aos
verdadeiros filhos de Deus, temos a promessa da Palavra de que somos libertos
do pavor da morte: "...e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam
sujeitos à escravidão por toda a vida", Hb 2.15.
3) Porém existem pessoas que
fazem aliança com a morte, "A vossa aliança com a morte será anulada, e o
vosso acordo com o além não subsistirá; e, quando o dilúvio do açoite passar,
sereis esmagados por ele", Is 28.18. Este texto refere-se aos acordos
políticos de Israel com o Egipto e Samaria. Mais adiante estas nações seriam
instrumentos de morte para o povo. Estes acordos eram abomináveis ao Senhor,
tanto é, que Ele tomava a iniciativa para anulá-los. Certamente, temos aqui uma
referência àqueles que não conhecem o real significado da morte, e caminham no
limiar do perigo! Fazer aliança com a morte significa preparar-se para colher a
calamidade, o infortúnio e desgraça.
b) Vida:
1) Jób reconhece que a vida está
nas mãos de Deus, "Na sua mão está a vida de todo ser vivente, e o
espírito de todo o género humano", Jób 12.10. Ver também Jób 33.4, "O
Espírito de Deus me fez, e o sopro do Todo-Poderoso me dá vida". Quando
morre uma pessoa prematuramente, é comum ouvirmos alguém dizer: "Esta
pessoa tinha muito para viver". Ao pensarmos assim, esquecemo-nos que a
vida está nas mãos de Deus. É Deus quem permite que alguém continue a viver ou
morra. Há exemplos na Palavra de Deus de vidas que foram ceifadas
prematuramente pela interferência direta do Todo-Poderoso. Um desses exemplos
sobre a acção de Deus provocando uma morte antecipada, podemos ver em Atos
12.21-23, "21 Num dia designado, Herodes, vestido de trajes reais,
sentou-se no trono e dirigia-lhes a palavra. 22 E o povo exclamava: É a voz de
um deus, e não de um homem. 23 No mesmo instante o anjo do Senhor o feriu,
porque não deu glória a Deus; e, comido de vermes, expirou".
2) O Temor a Deus é a fonte de
Vida, "O temor do Senhor é uma fonte de vida, para o homem se desviar dos
laços da morte", Pv 14.29. Quando alguém vive debaixo do cuidado e do
temor do Senhor, a sua vida é prolongada na terra. Embora a expressão
"...laços da morte", possa designar uma ação do nosso arqui-inimigo,
ou dos seus demônios usando pessoas para nos atingir, é bem verdade que ela também
descreve a morte iminente daqueles que não vivem debaixo do temor do Senhor.
Não raramente, os demônios provocam acidentes, impulsionam guerras,
devastações, etc., para destruir vidas humanas. Porém aquele que vive pelo
temor de Deus, será certamente preservado de muitas situações de risco. A sua
vida é guardada pelo Poderoso!
3) A vida está associada à
prática da justiça e à bondade, "Aquele que segue a justiça e a bondade
achará a vida, a justiça e a honra", Pv 21.21. Neste texto podemos ver
claramente que o servo de Deus que vive na prática da verdadeira justiça, e ao
mesmo tempo é bondoso no trato com os seus semelhantes, encontrará a
"vida, a justiça e a honra". Vale a pena viver em justiça, que a
colheita é farta!
3. Pelas descrições acima acerca
entre a morte e a vida, podemos dizer que uma escolha sábia não penderá pelo
lado da morte.
II – ENTRE O BEM E O MAL
V. 15 "Vê que hoje te pus
diante de ti a vida e o bem, a morte e o mal..."
1. Da mesma forma, o homem
precisa aprender a escolher entre o bem e o mal. A palavra "bem", vem
do hebraico "bwj - towb" – Aquilo que é "bom",
"agradável", "amável", "que traz benefício",
etc.. E a palavra "mal", vem do hebraico "er - rá",
significando "ruim", "desagradável", "infeliz",
etc.
2. Desde o princípio, e isto
podemos ver no livro de Gênesis, há uma descrição do homem como sendo mau na
sua natureza: "Viu o Senhor que era grande a maldade do homem na terra, e
que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era má
continuamente", Gên 6.5. Esta visão de Deus em relação ao homem é
compatível com as ações deste após a queda no Éden e a sua consequente
degradação. É certo, porém que a geração do início de Gênesis, foi engolida e
dizimada pelas águas do dilúvio. Porém a semente do mal não foi totalmente
erradicada, como podemos ver mais tarde no registo bíblico:
a) Sl 5.9, "Porque não há
fidelidade na boca deles; as suas entranhas são verdadeiras maldades, a sua
garganta é um sepulcro aberto; lisonjeiam com a sua língua". Observe as
expressões "suas entranhas são verdadeiras maldades" e "sua
garganta é um sepulcro aberto". Estas expressões mostram claramente que o
mal é residente no interior do homem. No dizer de Jesus ele vem de dentro, do
coração e exterioriza ações destrutivas, "18 Mas o que sai da boca
procede do coração; e é isso o que contamina o homem. 19 Porque do coração
procedem os maus pensamentos, homicídios, adultérios, prostituição, furtos,
falsos testemunhos e blasfêmias", Mt 15.18-19.
b) Ec 9.3, "Este é o mal
que há em tudo quanto se faz debaixo do sol: que a todos sucede o mesmo. Também
o coração dos filhos dos homens está cheio de maldade; há desvarios no seu
coração durante a sua vida, e depois se vão aos mortos". Novamente podemos
observar como Salomão descreve o mal como sendo algo ligado ao "coração
dos filhos" e há "desvarios no seu coração". Certamente é
através do coração do homem que o mal é irradiado, provocando ações
pecaminosas!
c) Rm 7.18-20, "18 Porque
eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; com efeito o
querer o bem está em mim, mas o efetuá-lo não está. 19 Pois não faço o bem que
quero, mas o mal que não quero, esse pratico. 20 Ora, se eu faço o que não
quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim". Neste texto,
Paulo nos apresenta o dilema de sua vida e consequentemente o dilema da vida de
todo filho de Deus. Como filho de Deus, ele desejava praticar somente o bem,
porém em razão de sua natureza pecaminosa propensa para o mal, se vias às
voltas com atos contrários à sua vontade.
3. Com esta inclinação para o
mal, a raça humana tem caminhado a passos largos para a destruição e a morte.
Não há quem busque o bem! No dizer de Paulo aos romanos, "todos se
extraviaram; juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem
um só", Rm 3.12.
4. Voltando nossos olhares para
proposta divina em nosso texto básico, o homem precisa fazer uma escolha entre
o bem e mal. É evidente que por si só, em razão de sua natureza pecaminosa,
este homem não poderá chegar a lugar algum. Porém através de Cristo, uma nova
possibilidade surgiu! Temos a garantia de que através dEle, podemos trilhar o
caminho do bem. Veja nos textos abaixo como o retorno ao bem é possível:
a) Lc 6.45, "O homem bom,
do bom tesouro do seu coração tira o bem; e o homem mau, do seu mau tesouro
tira o mal; pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca". É
verdade que não há qualquer homem bom na terra. Um só é bom (Mt 19.17), e este
"um" é Deus. O "homem bom" nas palavras de Jesus é aquele
que passou pela sua cruz. Através da cruz de Cristo, podemos agora nos tornar
bons e praticar atos de bondade.
b) Jo 5.29, "...os que
tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida, e os que tiverem praticado o
mal, para a ressurreição do juízo". Observe a expressão: "os que tiverem
feito o bem", que é uma expressão alusiva àqueles que foram salvos pela
graça de Deus. Somente se levantarão na "ressurreição da vida", os
redimidos, aqueles que tiveram suas vestes lavadas no sangue do Cordeiro,
"Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestes no sangue do Cordeiro
para que tenham direito à arvore da vida, e possam entrar na cidade pelas
portas", Ap 22.14.
5. De acordo com os textos
acima, podemos ver que existe uma possibilidade do homem deixar o mal e
praticar o bem. Esta possibilidade nos vem através do Senhor que derramou seu
sangue como remissão de nossos pecados. Ao nos entregarmos a Cristo sem
restrições, Ele criará em nós pelo seu Espírito, condições reais para
praticarmos o bem e nos prepararmos para a "ressurreição da vida".
III – ENTRE A BÊNÇÃO E A
MALDIÇÃO
V. 19 "O céu e a terra tomo
hoje por testemunhas contra ti de que te pus diante de ti a vida e a morte, a
bênção e a maldição..."
1. Temos ainda o contraste entre
duas palavras significativas: a bênção e a maldição. A palavra
"bênção", vem do terno hebraico "hrkb - Barakah", e quer
dizer "prosperidade", "presente", "dom"; a
palavra "maldição", é o hebraico "hllq - qalalah", e
significa "difamação".
2. A palavra maldição está
sempre ligada à desgraça, miséria, ou a uma desventura, ou a um acontecimento
funesto. Vejamos o uso desta palavra nas Escrituras:
b) Is 24.6, "6 Por isso a
maldição devora a terra, e os que habitam nela sofrem por serem culpados; por
isso são queimados os seus habitantes, e poucos homens restam". Temos aqui
o cumprimento relativo ao texto anterior. Houve desobediência ao Senhor e a
nação teve que amargar grandes maldições, como a invasão inimiga, queimando
suas casas juntamente com seus habitantes.
c) Jr 23.10, "Pois a terra
está cheia de adúlteros; por causa da maldição a terra chora, e os pastos do
deserto se secam. A sua carreira é má, e a sua força não é reta". Aqui até
mesmo os animais sofrem, pois as pastagens secaram deixando-os sem alimentos,
fruto da maldição lançada sobre o povo.
3. Já a palavra bênção, descreve
a bem-aventurança do justo, daquele que teme a Deus e anda em seus caminhos:
a) Gn 12.2, "Eu farei de ti
uma grande nação; abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome; e tu, sê uma
bênção". Temos aqui uma descrição da chamada de Abraão, onde Deus promete
abençoar-lhe, perpetuando seu nome na terra, transformando-o numa bênção para
outras nações.
b) Gn 39.5, "Desde que o
pôs como mordomo sobre a sua casa e sobre todos os seus bens, o Senhor abençoou
a casa do egípcio por amor de José; e a bênção do Senhor estava sobre tudo o
que tinha, tanto na casa como no campo". José, um símbolo de Cristo,
enfrentou o dissabor e a revolta de seus irmãos, que o venderam como escravo.
No Egito, na casa de Potifar, que o comprara dos ismaelitas, começou a provar a
bênção de Deus, bênção esta, também extensiva ao seu dono.
c) Is 44.3, "Porque
derramarei água sobre o sedento, e correntes sobre a terra seca; derramarei o
meu Espírito sobre a tua posteridade, e a minha bênção sobre a tua
descendência". Aqui, temos a promessa da bênção divina, não somente sobre
nós, mas também sobre nossa posteridade. Quando caminhamos debaixo da bênção de
Deus, nossos filhos e netos também serão abençoados. A promessa divina é que a
sua misericórdia atingirá "...até mil gerações daqueles que me (o) amam e
guardam os meus (seus) mandamentos", Êx 20.6.
4. Quando escolhemos a maldição
em lugar de bênção, não precisamos dizer que fizemos uma escolha desastrosa!
CONCLUSÃO
1. Pudemos ver nesta noite o
contraste entre "vida ou morte", "bem ou mal", "bênção
ou maldição". Tais palavras e conceitos foram colocados ao povo de Israel
como opção de escolha. Teriam eles liberdade para escolher entre viver ou
morrer, praticar o bem ou o mal, serem abençoados ou amaldiçoados. Porém ao
optarem pelo lado mal, iriam sofrer as consequências da funesta escolha.
2. Hoje também, como povo de
Deus, a mesma opção nos é dada pelo Senhor. Muitos acabam a trilhar o caminho
da morte, do mal e da maldição. Por esta razão, estão em constante sofrimento e
dor. Que sejamos sábios para escolher a vida de Deus para gozarmos dos
privilégios da sua Palavra...
Bispo. Capelão/Juiz. Mestre e
Doutor em Ciência da Religião Dr. Edson Cavalcante.
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