ESTUDANDO SOBRE O SEGREDO DA GRANDE
MERETRIZ...
A mulher vestida de
sol fugirá para o deserto. A ordem para os filhos de Israel no período descrito
como grande tribulação é para que fujam da cidade para os montes, porque na
cidade haverá grande mortandade "E fugireis pelo vale dos meus montes,
pois o vale dos montes chegará até Azel; e fugireis assim como fugistes de
diante do terremoto nos dias de Uzias, rei de Judá. Então virá o SENHOR meu
Deus, e todos os santos contigo"( Zc 14:5 ; Mt 24:16 -22). A grande
cidade ficará sob a mercê da besta, que com dez reis a queimará a fogo,
deixando-a 'viúva': desolada (sem habitantes) e nua (envergonhada).
Apocalipse 17, versos 1 à 18
1 E VEIO um dos sete anjos que
tinham as sete taças, e falou comigo, dizendo-me: Vem, mostrar-te-ei a condenação da grande prostituta que está
assentada sobre muitas águas; 2 Com a qual se prostituíram os reis da
terra; e os que habitam na terra se embebedaram com o vinho da sua
prostituição. 3 E levou-me em espírito a um deserto, e vi uma mulher
assentada sobre uma besta de cor de escarlata, que estava cheia de nomes de
blasfêmia, e tinha sete cabeças e dez chifres. 4 E a mulher estava
vestida de púrpura e de escarlata, e adornada com ouro, e pedras preciosas e
pérolas; e tinha na sua mão um cálice de ouro cheio das abominações e da
imundícia da sua prostituição; 5 E na sua testa estava escrito o nome:
Mistério, a grande Babilônia, a mãe das prostituições e abominações da terra.
Introdução
O objetivo da visão do capítulo 17 é
apresentar como será a punição da ‘grande cidade’ que reina sobre os reis da
terra. O grande desafio para o leitor é descobrir a identidade da ‘grande
cidade’ que está fadada à destruição “E a mulher que viste é a grande
cidade que reina sobre os reis da terra” ( Ap 17:18 ).
A ‘grande cidade’ foi condenada e
será punida e não haverá quem a livre da ira de Deus “Vem, mostrar-te-ei a
condenação da grande prostituta...” (v. 1); “Portanto, num dia virão as
suas pragas, a morte, e o pranto, e a fome; e será queimada no fogo; porque é
forte o Senhor Deus que a julga” ( Ap 18:8 ).
Entender o motivo pelo qual Deus
condenará a ‘grande cidade’ nos permitirá identifica-la e entender o motivo
pelo qual ela é vista como uma meretriz vestida de púrpura e de escarlata ( Ap
17:16 ).
A mulher vestida de sol
Iniciamos no artigo “A mulher e o dragão” a
análise das figuras do livro do Apocalipse através da figura da mulher vestida
de sol e com a lua debaixo dos pés e que estava com uma coroa de doze estrelas
sobre a cabeça Demonstramos que a lua debaixo dos pés da mulher simboliza a
promessa de Deus feita aos pais: Abraão, Isaque e Jacó. A lua significa que a
nação de Israel se sustém na promessa imutável de Deus “Assim diz o
SENHOR, que dá o sol para luz do dia, e as ordenanças da lua e das estrelas
para luz da noite, que agita o mar, bramando as suas ondas; o SENHOR dos
Exércitos é o seu nome. Se falharem estas ordenanças de diante de mim, diz o
SENHOR, deixará também a descendência de Israel de ser uma nação diante de mim
para sempre” ( Jr 31:35 -36; Jr 33:25 -26); “Não quebrarei a minha
aliança, não alterarei o que saiu dos meus lábios. Uma vez jurei pela minha
santidade que não mentirei a Davi. A sua semente durará para sempre, e o seu
trono, como o sol diante de mim. Será estabelecido para sempre como a lua e
como uma testemunha fiel no céu. (Selá.)” ( Sl 89:34 -37; Dt 9:5 ; Lv
26:44 -45).
A mulher vestida de sol diz da nação
de Israel, pois como nação escolhida para trazer o Cristo ao mundo sofreu dores
( Ap 12:2 ). A vestimenta simboliza a justiça de Deus manifesta a todos os
povos por intermédio de Cristo, o descendente prometido a Abraão ( Lc 1:78
-79).
Cristo é o sol da justiça, pois o seu
esplendor alcançou os que habitavam as regiões das trevas. O sol não faz
acepção de pessoas, de modo que Cristo é luz para todos os
povos “LEVANTA-TE, resplandece, porque vem a tua luz, e a glória do SENHOR
vai nascendo sobre ti; Porque eis que as trevas cobriram a terra, e a escuridão
os povos; mas sobre ti o SENHOR virá surgindo, e a sua glória se verá sobre ti.
E os gentios caminharão à tua luz, e os reis ao resplendor que te
nasceu” ( Is 59:1 -3; Is 9:2 ; Gn 22:18 ; 2Sm 23:3 -4; Is 40:5 ).
Da mulher vestida de sol disse o
apóstolo Paulo: "Deus não rejeitou o seu povo, que antes conheceu. Ou
não sabeis o que a Escritura diz de Elias, como fala a Deus contra Israel,
dizendo: Senhor mataram os teus profetas, e derribaram os teus altares; e só eu
fiquei, e buscam a minha alma? Mas que lhe diz a resposta divina? Reservei para
mim sete mil homens, que não dobraram os joelhos a Baal" ( Rm 11:2
-4).
O advento da Igreja não significa que
Deus rejeitou o povo de Israel, antes foram eles que rejeitaram o autor da
vida, pois Ele veio para os que eram seus, e eles o rejeitaram ( Jo 1:11 ; Rm
10:21 ). Apesar da rejeição, há um remanescente segundo a graça, ou seja,
qualquer homem dentre os judeus que crerem na mensagem do evangelho, será salvo
( Rm 11:23 ).
Após o arrebatamento da Igreja de
Cristo, se encerrará a plenitude dos gentios e começará a ser contada a última
semana de Daniel sobre o povo de Israel, de modo que os cristãos não podem
ignorar que o ‘endurecimento’ de Israel se dará até que se encerre a ‘plenitude
dos gentios’ “Porque não quero irmãos, que ignoreis este segredo (para que
não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel,
até que a plenitude dos gentios haja entrado. E assim todo o Israel será salvo,
como está escrito: De Sião virá o Libertador, E desviará de Jacó as
impiedades”( Rm 11:25 -26; Is 6:9 -12).
Como foi estabelecido nas Escrituras
que de Sião virá o libertador e retirará todas as impiedades de Jacó, a aliança
entre Deus e Israel permanece, porque o que foi dado aos pais (dons) é
irrevogável ( Rm 11:26 -29), pois dos verdadeiros israelitas é a adoção, a
glória, as alianças, a lei, o culto, as promessas, os pais, e deles é o Cristo
segundo a carne ( Rm 9:3 -4).
A promessa de Deus feita aos pais não
falhou, por isso o evangelista João viu a lua debaixo dos pés da mulher, uma
vez que a nação de Israel jamais deixará de ser nação diante de Deus e o
descendente prometido a Abraão se assentará sobre o trono de Davi como rei e
sacerdote e regerá as nações com vara de ferro ( Gn 49:8 -11); "Vós
sois os filhos dos profetas e da aliança que Deus fez com nossos pais, dizendo
a Abraão: Na tua descendência serão benditas todas as famílias da
terra" ( At 3:25 ); "Este será grande, e será chamado filho
do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai" ( Lc
1:32 ).
O povo de Israel, mesmo quando
deportado, não deixou de ser a nação escolhida por Deus e a promessa do Cristo
assentado sobre o trono de Davi se cumprirá após o término da plenitude dos
gentios. Cristo permanece à destra da majestade nas alturas até que seja
enviado a Sião como o libertador das transgressões da casa de Jacó, o que
ocorrerá após o período de grande tribulação “DISSE o SENHOR ao meu
Senhor: Assenta-te à minha mão direita, até que ponha os teus inimigos por
escabelo dos teus pés. O SENHOR enviará o cetro da tua fortaleza desde Sião,
dizendo: Domina no meio dos teus inimigos” ( Sl 110:1 -2).
As promessas se cumprem em Cristo, e
para Israel há a promessa de que o Cristo se assentará sobre o trono de Davi,
seu pai, e regerá todas as nações da terra a partir de Sião com vara de ferro (
Sl 2:8 ; Gn 15:18 ; Is 60:14 ).
O povo de Israel foi introduzido na
terra que de Canaã por causa da promessa feita aos pais, e não porque eram de
fato justos aos olhos de Deus, como se lê: "E, porquanto amou teus
pais, e escolheu a sua descendência depois deles, te tirou do Egito diante de
si, com a sua grande força" ( Dt 4:37 ); "Não é por causa
da tua justiça, nem pela retidão do teu coração que entras a possuir a sua
terra, mas pela impiedade destas nações o SENHOR teu Deus as lança fora, de
diante de ti, e para confirmar a palavra que o SENHOR jurou a teus pais,
Abraão, Isaque e Jacó" ( Dt 9:5 ).
Por causa da promessa feita aos pais
vemos a mulher vestida de sol e com os pés sobre a lua, mas como o povo era
rebelde e de dura servis, surge uma nova figura: a meretriz, visto que a ‘cidade
fiel’ se fez prostituta ( Is 1:21 ).
Para compreendermos a figura da
meretriz que representa a grande cidade no Apocalipse, temos que lembrar que
desde o dia em que foi tirado do Egito a casa de Israel é denominada casa
rebelde ( Dt 9:24 ), mas, para confirmar a palavra dada aos pais, Deus
introduziu a casa rebelde na terra da promessa ( Dt 8:18 ; Dt 9:6), e os filhos
de Jacó foram habitar a terra dos cananeus.
Os judeus se auto intitulavam
israelitas, porém, não passava de casa de Jacó (tomar pelo calcanhar,
suplantador), diferente do patriarca Jacó, que de fato passou a ser chamado por
Deus de ‘Israel’ quando Deus reitera a promessa que foi feita a Abraão e Isaque
( Gn 32:28 ; Gn 35:10 -12 ; Is 48:1 ).
Não é pela força ou pela violência
que se alcança a benção de Deus, antes se dá pela palavra do Senhor. Qualquer
que busque a face do Senhor alcançará de Deus a bênção: a salvação "E
respondeu-me, dizendo: Esta é a palavra do SENHOR a Zorobabel, dizendo: Não por
força nem por violência, mas sim pelo meu Espírito, diz o SENHOR dos
Exércitos" ( Zc 4:6 );“E Jacó lhe perguntou, e disse: Dá-me, peço-te,
a saber o teu nome. E disse: Por que perguntas pelo meu nome? E abençoou-o ali.
E chamou Jacó o nome daquele lugar Peniel, porque dizia: Tenho visto a Deus
face a face, e a minha alma foi salva” ( Gn 32:29 -30; Os 5:15 ).
Havia uma ordem especifica para que
os filhos de Jacó destruíssem todos os povos que estavam na terra que herdaram,
mandamentos que visava a proteção da nação foram desconsiderados. Por exemplo:
( Dt 20:16 -17), mas não obedeceram e passaram a compartilhar a terra com os
povos nativos "E não expulsaram aos cananeus que habitavam em Gezer;
e os cananeus habitam no meio dos efraimitas até ao dia de hoje; porém,
sendo-lhes tributários" ( Js 16:10 e 17:13 ).
Como o povo não atendia a ordem do
Senhor, Deus enviou seus profetas que clamavam contra as cidades do povo de
Israel: “E VEIO a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Vai, e clama aos
ouvidos de Jerusalém, dizendo: Assim diz o SENHOR: Lembro-me de ti, da piedade
da tua mocidade, e do amor do teu noivado, quando me seguias no deserto, numa
terra que não se semeava. Então Israel era santidade para o SENHOR, e as
primícias da sua novidade; todos os que o devoravam eram tidos por culpados; o
mal vinha sobre eles, diz o SENHOR” ( Jr 2:1 -3).
Para falar ao povo, os profetas
fizeram parábolas e alegorias utilizando-se do nome das cidades em que a nação
de Israel habitava. Por exemplo: Ezequiel clamou contra a cidade de Jerusalém e
fez uma alegoria descrevendo-a como uma menina abandonada no deserto que, após
ser acolhida pelo Senhor, tornou-se uma moça muito bonita que Deus entrou em
aliança e ela passou a ser d’Ele. A menina que foi cuidada pelo Senhor tornou-se
formosa e, por causa da sua beleza, deixou o seu marido, se fez pérfida e saiu
após amantes “E, passando eu junto de ti, vi-te, e eis que o teu tempo era
tempo de amores; e estendi sobre ti a aba do meu manto, e cobri a tua nudez; e
dei-te juramento, e entrei em aliança contigo, diz o Senhor DEUS, e tu ficaste
sendo minha. Então te lavei com água, e te enxuguei do teu sangue, e te ungi
com óleo” ( Ez 16:8 -9).
Através das profecias verifica-se que
Deus fez uma promessa incondicional aos pais que jamais será quebrada, pois
Deus mesmo ungiu o seu Santo Rei sobre o monte Sião ( Sl 2:6 ), e o estabeleceu
como sacerdote eterno ( Sl 110:4 ). No entanto, a aliança que Deus fez com o
povo que foi tirado do Egito é condicional, pois a alma que fizesse o prescrito
na lei viveria por ela, e este foi o trato que o povo fez: "Então
todo o povo respondeu a uma voz, e disse: Tudo o que o SENHOR tem falado,
faremos. E relatou Moisés ao SENHOR as palavras do povo" ( Êx 19:8 ;
Ez 20:21 ); "Portanto, os meus estatutos e os meus juízos guardareis;
os quais, observando-os o homem, viverá por eles. Eu sou o SENHOR" (
Lv 18:5 ).
Assim como Deus deu a sua palavra a
Abraão, Isaque e a Jacó, Deus reuniu o povo de Israel no monte Sinai para que o
povo ouvisse a voz de Deus, mas quando foi provado, o povo se pôs ao longe e
não quis ouvir a voz de Deus ( Ex 20:18 -20).
Jacó pelejou com Deus e não teve medo
de morrer, de modo que foi abençoado e Deus mudou o seu nome. Os filhos de Jacó
se auto intitulavam filhos de Israel e que fariam tudo o que Deus mandasse, no
entanto quando viram que o monte fumegava e havia trovões, relâmpagos, tiveram
medo de ouvirem a voz do Senhor e morrer, quando na verdade a palavra do Senhor
é que dá vida. Atitude do povo se por ao longe demonstra a falta de confiança
em Deus. Imagine se a prova fosse semelhante a de Jacó, pelejar com
Deus “E disseram a Moisés: Fala tu conosco, e ouviremos: e não fale Deus
conosco, para que não morramos. E disse Moisés ao povo: Não temais, Deus veio
para vos provar, e para que o seu temor esteja diante de vós, afim de que não
pequeis” ( Ex 20:19 -20).
O povo precisava ouvir diligentemente
a voz do Senhor. Ouvir a voz do Senhor os tornaria apto a cumprir a aliança (
Ex 19:5 ), porém, o povo antes de ouvir a voz do Senhor se propôs a fazer o que
Deus mandasse ( Ex 19:8 ), mas, quando Deus ia falar-lhes de modo que cressem
eternamente ( Ex 19:9 ), rejeitaram ouvir a palavra de Deus.
A aliança foi feita, mas o povo
corrompeu a aliança, pois passaram a confiar na força dos seus braços e
deixaram de confiar n’Aquele que fez a aliança, se fizeram filhos rebeldes e
sujeitos aos ‘ais’ "Mas vós vos desviastes do caminho; a muitos
fizestes tropeçar na lei; corrompestes a aliança de Levi, diz o SENHOR dos
Exércitos" ( Ml 2:8 ; Zc 11:10 ; Jr 11:10 ); "Não segundo a
aliança que fiz com seus pais No dia em que os tomei pela mão, para os tirar da
terra do Egito; Como não permaneceram naquela minha aliança, Eu para eles não
atentei, diz o Senhor" ( Hb 8:9 ).
Os filhos de Jacó se ‘cobriram’ com a
força do braço, com a violência, mas não do Espírito do Senhor ( Is 30:1 ; Zc
4:6 ; Mt 11:12 ).
O evangelista João viu em visões
distintas duas mulheres: uma parturiente e outra meretriz. O profeta Jeremias
também profetizou acerca de duas mulheres, e nos chama a atenção o fato de que
essas duas mulheres apontam para Israel ( Jr 4:30 -31).
A figura da mulher parturiente foi
utilizada pelo profeta Jeremias para fazer referencia à nação de Israel, como
se lê:“Porquanto ouço uma voz, como a de uma mulher que está de parto, uma
angústia como a de que está com dores de parto do primeiro filho; a voz da
filha de Sião, ofegante, que estende as suas mãos, dizendo: Oh! ai de mim
agora, porque já a minha alma desmaia por causa dos assassinos” ( Jr
4:31).
Quando foi previsto através da figura
de um leão (Babilônia) que Deus enviaria do norte uma nação sanguinária que
assolaria as cidades de Israel ( Jr 4:7 ), o profeta descreveu a voz da filha
de Sião ofegante como a que está de parto.
Por causa da iniquidade dos filhos de
Jacó Deus determinou que uma nação sanguinária viesse do norte para assolar a
nação de Israel ( Jr 4:6 ), e, por mais que a nação de Israel se posicionasse
como rainha (vestida de carmesim) e se fizesse bela (enfeites e adornos) para
atrair o apoio das nações vizinhas (amantes), o mal já estava
determinado “Agora, pois, que farás, ó assolada? Ainda que te vistas de
carmesim (escarlata), ainda que te adornes com enfeites de ouro, ainda que te
pintes em volta dos teus olhos, debalde te farias bela; os amantes te
desprezam, e procuram tirar-te a vida” ( Jr 4:30 ).
Deus utilizou duas figuras para
anunciar a deportação de Israel para babilônia:
a) mulher com dores de parto, e;
b) prostituta em busca dos seus
amantes.
As mesmas figuras utilizadas pelo
profeta Jeremias foram vistas pelo apóstolo amado, sendo que:
·
a figura da mulher
com dores de parto no Apocalipse retrata a nação de Israel
·
e a figura da
grande meretriz retrata a cidade dos filhos de Israel.
A promessa de Deus é imutável quanto
à nação, visto que o remanescente será salvo (mulher vestida de sol), já as
cidades de Israel, por causa da infidelidade do povo (meretriz que se assenta
como rainha), serão destruídas e ficará deserta.
A mulher prostituta vestida como rainha
A figura da mulher meretriz vestida
de púrpura e escarlate representa a ‘grande cidade’ que abrigará a nação de
Israel antes do período descrito por Cristo como ‘aflição daqueles dias’
(grande tribulação) ( Ap 17:18 ; Mt 24:21 ).
O nome escrito na testa da meretriz é
um símile (enigma), portanto, não deve ser interpretada com uma referência à
antiga cidade dos caldeus. Os caldeus já foram apenados e destruídos pelos
medos ( Jr 51:11 e 28; Dn 7:5 ), e, conforme as profecias, Babilônia foi
destruída e nunca mais será povoada, assemelhando-se às cidades de Sodoma e
Gomorra ( Jr 50:39 -40).
Foi determinado por Deus que a cidade
de Babilônia seria uma desolação perpétua ( Jr 51:26 ), portanto, a figura da
mulher assentada sobre muitas águas não diz da cidade dos caldeus, apesar da
inscrição na testa da mulher.
Por causa da inscrição, que
diz: “Mistério, a grande Babilônia, a mãe das prostituições e
abominações da terra”, os reformadores entendiam que a visão fazia
referencia ao papado (Igreja Católica Apostólica Romana)“A quem ou a que se
refere esta mulher? A maior parte dos comentadores, desde o tempo da Reforma,
identificam-na com o papado, tal como o fizeram Lutero, Tyndale, Knox, Calvino
(Institutes, IV, 2.12), Alford, Elliott, Lange, e muitos outros. A Igreja
Católica Romana identifica esta mulher com Roma – mas com a Roma pagã, é claro,
já no passado” Moody, Pág. 59.
Este sentido também foi apresentado
por Barclay “A mulher é Babilônia, quer dizer, é Roma. Há uma
dificuldade que se expõe no princípio do capítulo, mas pode ser esclarecida de
maneira imediata. Afirma-se que a mulher está assentada sobre "muitas
águas" (v. 1). Esta é uma imagem de Roma representada mediante o
simbolismo que corresponde a Babilônia, segundo os ditos dos antigos profetas
de Israel. Em Jeremias 51:13 faz-se referência a Babilônia, precisamente, como
uma cidade "assentada sobre muitas águas"” Barclay, Pág.
370.
Há quem ateste que a grande cidade
será a cidade de Babilônia reedificada: “... em Apocalipse 17 João
descreve a visão em duas partes. A primeira parte fala de uma mulher
identificada como Babilônia. Simboliza uma cidade de extrema riqueza que
controla – “povos, multidões, nações e línguas” (Ap 17.15). Ela é literalmente
a cidade de Babilônia reconstruída” Dyer, Charles H., The Rise of
Babylon: Is Iraq at the Center of The Final Drama? Edição Revisada, Chicago:
Moody Press, [1991], 2003, pág. 162.
Especulações não faltam acerca do
tema: “As profecias referentes à cidade de Babilônia nunca se cumpriram
no passado, o que qualquer enciclopédia pode testificar. Para que as profecias
bíblicas se cumpram, é necessário que a cidade de Babilônia seja reconstruída
na mesma área de outrora. A antiga Babilônia é o atual Iraque” Fruchtenbaum, Arnold, The Footsteps of the
Messiah: A Study of the Sequence of Prophetic Events, (Tustin, Califórnia:
Ariel Ministries Press, 1982), pág. 192.
Ora, o interprete deve ler o livro de
Apocalipse cônscio de que ele contém inúmeras figuras e símbolos. Os símbolos e
figuras possuem um significado específico que remetem a um único evento ou
realidade, e o interprete precisa ter a perspicácia de verificar que as
profecias apresentam enigmas amalgamados às figuras e símbolos.
Os enigmas precisam ser desvendados antes
da interpretação das figuras e dos símbolos, portanto, não é porque consta na
visão o nome ‘Babilônia’ que a civilização Babilônica e as cidades dos caldeus
serão reconstruídas.
A visão da mulher meretriz assentada
sobre a besta diz de uma cidade nomeada ‘A grande cidade’ ( Ap 17:18 ), e todos
os reis da terra se prostituíram com ela ( Ap 17:2 ).
O evangelista João verificou que a
meretriz estava prestes a cair (embriagada) por ter matado os santos e as
testemunhas de Jesus ( Ap 18:24 ). A embriagues simboliza a ‘queda’ iminente,
que no texto em comento é a meretriz ser devorada pela besta na qual se assenta
como rainha.
A visão do evangelista aponta qual é
a concepção da grande cidade que se assentou sobre a besta do Apocalipse como
se fosse rainha. A grande cidade tem a concepção de que jamais será despojada
de seus habitantes e riquezas ao dizer: -‘Jamais serei viúva’, por estar
exercendo domínio sobre sete montes ( Ap 18:7 ), no entanto, o domínio da
grande cidade foi proporcionado pelo dragão que deu o seu poder à besta ( Ap
13:4 ).
A grande cidade acredita que reina
por causa da aliança firmada com sete montes, no entanto, os sete montes foram
atraídos pela formosura da ‘meretriz’. A aliança estabelecida que faz a cidade
confiante tem por base uma ficção arquitetada pelo dragão, pois a besta
juntamente com dez reis se levantará contra a grande cidade e a devorará.
A mulher vestida de sol sofreu dores
de parto até que o descendente prometido a Abraão veio ao mundo dos homens, o
cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo ( Ap 12:5 ; Is 26:17 -18). A
meretriz será destruída e os prevaricadores em Israel exterminados ( Dn 8:23 ).
Será um tempo de aflição como nunca houve sobre os filhos de Jacó até que o
Cristo se revele novamente em glória sobre o monte das Oliveiras ( Zc 14:4 ; Mt
23:39 ), e o restante do povo de Israel olhe para aquele a quem trespassaram (
Zc 12:10 ).
Diversas nações serão ajuntada e
pelejarão contra Israel colocando em aperto a grande cidade onde se achou
(culpa) o sangue dos profetas e dos santos ( Zc 14:2 ; Ap 18:24 ). Quando os
que restarem dos filhos de Jacó se puserem em fuga, o Cristo que se manifestará
em glória destruirá as nações que se opõe a Israel, porém, a grande cidade
estará desolada e nua a vista das nações "Orai, pois, para que a
vossa fuga não suceda no inverno" ( Mc 13:18 ; Mt 24:20 ; Zc 12:9 ;
Mt 24:30 ).
Após dar à luz o filho homem que há
de reger todas as nações da terra com vara de ferro, iniciou a contagem do
tempo dos gentios ( Ap 12:5 ), e quando iniciar a contagem da última semana de
Daniel a mulher fugirá para o deserto onde será alimentada por Deus ( Ap 12:6 e
14). Ora, o deserto é o lugar onde os que escaparem da grande tribulação
encontrará o favor do Senhor “Assim diz o SENHOR: O povo dos que escaparam
da espada achou graça no deserto. Israel mesmo, quando eu o fizer
descansar” ( Jr 31:2 ).
Observe que a mulher vestida de sol
fugirá para o deserto. A ordem para os filhos de Israel no período descrito
como grande tribulação é para que fujam da cidade para os montes, porque na
cidade haverá grande mortandade "E fugireis pelo vale dos meus
montes, pois o vale dos montes chegará até Azel; e fugireis assim como fugistes
de diante do terremoto nos dias de Uzias, rei de Judá. Então virá o SENHOR meu Deus,
e todos os santos contigo" ( Zc 14:5 ; Mt 24:16 -22).
A grande cidade ficará sob a
mercê da besta, que com dez reis a queimará a fogo, deixando-a 'viúva':
desolada (sem habitantes) e nua (envergonhada).
Elementos que compõe a visão
Um dos anjos que tinha um das sete
taças (contendo as últimas pragas) convidou o evangelista João para
acompanha-lo e em seguida mostrou uma visão contendo a figura de uma mulher
assentada sobre uma besta ( Ap 17:3 ).
O anjo alerta que seria revelado qual
a condenação da meretriz, e este deve ser o foco do interprete: a punição da
grande cidade.
A condenação da ‘grande cidade’
também foi anunciada em outras duas visões no livro do Apocalipse, o que
destaca o ponto de maior relevância da visão: a ira de Deus “E outro anjo
seguiu, dizendo: Caiu, caiu Babilônia, aquela grande cidade, que a todas as
nações deu a beber do vinho da ira da sua prostituição” ( Ap 14:8
); “E a grande cidade fendeu-se em três partes, e as cidades das nações
caíram; e da grande Babilônia se lembrou Deus, para lhe dar o cálice do vinho
da indignação da sua ira” ( Ap 16:19 ).
O evangelista João foi conduzido por
um anjo em espírito a um lugar ermo (deserto), e o apóstolo viu uma mulher
assentada sobre uma besta de cor vermelha. A vestimenta da mulher foi descrita
pelas suas cores: roxa (púrpura) e vermelha (escarlate), e ela estava adornada
com ouro e pedras preciosas ( Ap 17:4 ). As cores roxa e vermelha representam a
realeza da mulher, que se assenta como rainha ( Ap 18:7 ).
Além do mais, a meretriz estava
adornada de modo a chamar a atenção dos seus amantes (ouro, pedras preciosas e
enfeites). A riqueza da mulher atrai os seus amantes que são participantes das
abominações e da imundície da prostituição dela ( Ap 17:2 e Ap 18:3).
A meretriz segura na mão um cálice de
ouro cheio de abominações e prostituições. As abominações da grande meretriz
que está
sentenciada à destruição tem alcance mundial, pois tanto os reis (governos) da terra quanto os moradores do mundo (súditos) se prostituíram e se embriagaram com o vinho da sua prostituição.
sentenciada à destruição tem alcance mundial, pois tanto os reis (governos) da terra quanto os moradores do mundo (súditos) se prostituíram e se embriagaram com o vinho da sua prostituição.
O profeta Isaias ao falar dos filhos
de Jacó, deixa claro que eles foram desamparados e abatidos por causa:
a) da prata e do ouro que possuíam;
b) dos cavalos e dos carros que
adquiriram;
c) dos deuses que reverenciavam, e;
d) por associarem-se com os estranhos
( Is 2:6 -9), características que se amoldam a meretriz do Apocalipse.
A punição da meretriz
“E VEIO um dos sete anjos que tinham
as sete taças, e falou comigo, dizendo-me: Vem, mostrar-te-ei a condenação da
grande prostituta que está assentada sobre muitas águas (...) E levou-me em
espírito a um deserto, e vi uma mulher assentada sobre uma besta de cor de
escarlata, que estava cheia de nomes de blasfêmia, e tinha sete cabeças e dez
chifres” (v. 1 e 3).
O anjo explicou para o apóstolo que a
figura da meretriz assentada sobre uma besta refere-se a uma ‘grande cidade’
que exerce domínio sobre reis e reinos da terra ( Ap 17:18 ). Na visão a mulher
é apresentada como tendo domínio sobre a besta (assentada), e como foi dado à
besta poder sobre toda a tribo, e língua, e nação ( Ap 13:7 ), segue-se que a
mulher se assenta (exerce domínio) sobre muitas águas ( Ap 17:15 ).
A figura deixa claro que a mulher
vestida de purpura não tem, por si só, poder para exercer domínio sobre tribos,
línguas e nações, mas, exercerá domínio por intermédio da besta, que por sua
vez receberá poder do ‘dragão’, a antiga serpente, que é Satanás ( Ap 13:7 ).
Apesar desta mulher se assentar como
rainha sobre ‘muitas águas’ em função da autoridade que a besta franquiará à
prostituta ( Ap 17:1 ; Ap 18:7 ), por estar embriagada no sangue dos santos e
das testemunhas de Jesus, a meretriz desconhece que se assenta sobre a fera que
irá devorá-la ( Ap 17:6 ; Ap 17:16 ).
A cegueira de Israel foi prevista
pelo profeta Isaias, quando se apresentou a Deus: - ‘Eis-me aqui. Envia-me
a mim’ ( Is 6:8 ). O profeta tinha que anunciar aos filhos de Jacó que
eles ouviam, mas não entendiam; que viam, porém, não percebiam, e assim não se
convertiam e nem eram sarados ( Is 6:10 ). O profeta perguntou ao Senhor até
quando aquela cegueira e surdez persistiriam, e a reposta apontou o tempo do
fim, quando sobrasse somente a santa semente “Então disse eu: Até quando
Senhor? E respondeu: Até que sejam desoladas as cidades e fiquem sem
habitantes, e as casas sem moradores, e a terra seja de todo assolada. E o
SENHOR afaste dela os homens, e no meio da terra seja grande o desamparo. Porém
ainda a décima parte ficará nela, e tornará a ser pastada; e como o carvalho, e
como a azinheira, que depois de se desfolharem, ainda ficam firmes, assim a
santa semente será a firmeza dela” ( Is 6:11 -13; Is 63:17 ).
Por esquecer-se de Deus, a nação, por
mais que se esforçasse para crescer, no dia da tribulação, ou seja, das dores
incuráveis do Apocalipse, as obras dela seriam completamente destruídas ( Is
17:10 -11). Dos filhos de Jacó sobreviverá somente os ‘rabiscos’ ( Is 17:6 ),
antes da vinda do Messias para salva-los do bramido dos mares ( Is 17:12 -13 ;
Sl 46:3 ).
O profeta Isaias, ao pronunciar o
juízo que virá sobre Israel, fez referência às cidades de Israel como ‘cidade
elevada’, ‘cidade fortificada’, ‘cidade vazia’, ‘cidade jubilosa’,
etc. “Porque ele abate os que habitam no alto, na cidade elevada;
humilha-a, humilha-a até ao chão, e derruba-a até ao pó” ( Is 26:5 ; Is
27:10 ; Is 24:10 ; Is 32:13 ).
Isaias descreve os habitantes da
cidade como absortos pelo vinho, cambaleiam, mas não de bebia forte ( Is 28:7 ;
Is 29:9 ). Os filhos de José (Efraim) descritos como bêbados aponta para o dia
da vingança de Deus ( Is 27:2 ), dia que antecede o castigo que abaterá a
serpente veloz e deslizante (leviatã) com a dura espada (juízo) e exterminará o
dragão que está no mar ( Is 27:1 ).
O dragão que está no mar é Satanás, a
antiga serpente ( Ap 12:9 ), e é Ele que inflamará a besta contra a ‘grande
cidade’ para destruí-la e perseguirá até o deserto a mulher (Israel) que deu à
luz o Filho varão - Jesus ( Ap 12:13 ; Is 43:20 ).
Como o dragão tem grande ira contra a
mulher e propôs fazer guerra contra o remanescente da semente ( Ap 12:17 ; Ap
6:13 ), Satanás franqueou, através de sinais e prodígios de mentira, força e
autoridade à besta que subiu do mar ( Ap 13:1 ; 2Ts 2:9 ).
Após destruir a grande cidade, o
mostro marinho (besta) perseguirá o remanescente da semente, selando o seu fim,
pois será destruído através da dura espada do Senhor. Lembrando que a grande
prostituta está assentada sobre muitas águas ( Ap 17:1 e 15), e que as muitas
águas, nesta visão, significa povos, nações, tribos, e como a besta domina
sobre as águas, dai o nome monstro marinho.
A meretriz, confiada em suas
riquezas, assentou-se sobre a besta destinada por Deus à destruição, mas antes
que a besta seja destruída, ela se insurgirá contra a meretriz para devorá-la.
A visão mostra que Satanás preparará
todo um cenário para que a prostituta tenha a falsa sensação de que é rainha (
Ap 18:7 ). Através da besta, Satanás franqueará à meretriz domínio sobre povos,
nações e tribos, domínio este angariado através de sinais e prodígios de
mentiras. Quando a meretriz estiver sentindo-se em paz e segurança pela ilusão
de ser rainha, a besta se levantará juntamente com dez reis e a deixarão
desolada e nua.
·
“E os dez chifres
que viste são dez reis, que ainda não receberam o reino, mas receberão poder
como reis por uma hora, juntamente com a besta” ( Ap 17:12 );
·
“E os dez chifres
que viste na besta são os que odiarão a prostituta, e a colocarão desolada e
nua, e comerão a sua carne, e a queimarão no fogo” ( Ap 17:16 )
A punição da ‘grande cidade’ será a
desolação, o abandono. As vestes suntuosas que identificavam a meretriz como
rainha, bem como seus adornos, serão substituídas pela vergonha da nudez por
causa do vinho da ira de Deus. Os seus habitantes serão mortos (comerão a sua
carne) e reduzidos a cinzas (humilhada).
A desolação da ‘grande cidade’ que
consta do verso 16 foi prevista pelo profeta Isaias e essa desolação antecederá
a vinda do Messias e a conversão de Israel, como se lê: “Então disse eu:
Até quando Senhor? E respondeu: Até que sejam desoladas as cidades e fiquem sem
habitantes, e as casas sem moradores, e a terra seja de todo assolada. E o
SENHOR afaste dela os homens, e no meio da terra seja grande o
desamparo” ( Is 6:11 -12); “Demolida está a cidade vazia, todas as
casas fecharam, ninguém pode entrar. Há lastimoso clamor nas ruas por falta do
vinho; toda a alegria se escureceu, desterrou-se o gozo da terra. Na cidade só
ficou a desolação, a porta ficou reduzida a ruínas. Porque assim será no
interior da terra, e no meio destes povos, como a sacudidura da oliveira, e
como os rabiscos, quando está acabada a vindima” ( Is 24:10 -13).
A ordem na palavra da profecia para
que saia da grande cidade é semelhante à ordem que foi dada a Ló e a sua
família:"E ouvi outra voz do céu, que dizia: Sai dela, povo meu, para que
não sejas participante dos seus pecados, e para que não incorras nas suas
pragas" ( Ap 18:4 ; Is 52:11 ), porque os que ficarem em Jerusalém
serão mortos ( Zc 14:5 ).
Após Jerusalém beber do cálice da ira
de Deus, o cálice será tirado dela e dado aos que a perseguiram, quando o
Cristo manifestar-se e borrifar as nações da terra “Desperta, desperta,
levanta-te, ó Jerusalém, que bebeste da mão do SENHOR o cálice do seu furor;
bebeste e sorveste os sedimentos do cálice do atordoamento. De todos os filhos
que ela teve, nenhum há que a guie mansamente; e de todos os filhos que criou,
nenhum há que a tome pela mão. Estas duas coisas te aconteceram; quem terá
compaixão de ti? A assolação, e o quebrantamento, e a fome, e a espada! Por
quem te consolarei? Os teus filhos já desmaiaram, jazem nas entradas de todos
os caminhos, como o antílope na rede; cheios estão do furor do SENHOR e da
repreensão do teu Deus. Portanto agora ouve isto, ó aflita, e embriagada, mas
não de vinho. Assim diz o teu Senhor o SENHOR, e o teu Deus, que pleiteará a
causa do seu povo: Eis que eu tomo da tua mão o cálice do atordoamento, os
sedimentos do cálice do meu furor, nunca mais dele beberás. Porém, pô-lo-ei nas
mãos dos que te entristeceram, que disseram à tua alma: Abaixa-te, e passaremos
sobre ti; e tu puseste as tuas costas como chão, e como caminho, aos
viandantes” ( Is 51:17 -23; Is 52:15 ).
A cidade que se fez meretriz
Através do profeta Isaias Deus fez a
seguinte observação: "Como se fez prostituta a cidade fiel! Ela que
estava cheia de retidão! A justiça habitava nela, mas agora
homicidas" ( Is 1:21 ).
Como é possível uma cidade cheia de
retidão, onde a justiça fez a sua habitação tornar-se promiscua? Causa espanto,
admiração verificar que a cidade que se chamava fiel tenha homens de violência
residindo nela.
Outra atalaia de Israel profetizou
contra a cidade que se fez prostituta: “Porque assim diz o SENHOR dos
Exércitos: Cortai árvores, e levantai trincheiras contra Jerusalém; esta é a cidade
que há de ser castigada, só opressão há no meio dela. Como a fonte produz as
suas águas, assim ela produz a sua malícia; violência e estrago se ouvem nela;
enfermidade e feridas há diante de mim continuamente. Corrige-te, ó Jerusalém,
para que a minha alma não se aparte de ti, para que não te torne em assolação e
terra não habitada” ( Jr 6:6 -8).
Quando nos deparamos com termos como
violência, homicidas, meretriz, etc., a primeira ideia que vem a mente são
questões de ordem moral e comportamental. Como é possível um povo extremamente
religioso se deixar levar por comportamentos tão perniciosos?
Mas, se observarmos os provérbios,
vê-se que a violência que Deus protesta contra os filhos de Israel não é de
cunho comportamental, antes está atrelado a boca, ou seja, a doutrina que
professavam. Observe: "Bênçãos há sobre a cabeça do justo, mas a
violência cobre a boca dos perversos" ( Pv 10:6 ); "A boca
do justo é fonte de vida, mas a violência cobre a boca dos perversos" (
Pv 10:11 ).
A religiosidade, o formalismo, o
legalismo, o ritualismo, os sacrifícios, etc., era o que produzia violência
diante de Deus, pois substituir a palavra de Deus por mandamento de homens
produz morte, e não vida "Lembrai-vos disto, e considerai; trazei-o à
memória, ó prevaricadores" ( Is 46:8 ); "Como o prevaricar,
e mentir contra o SENHOR, e o desviarmo-nos do nosso Deus, o falar de opressão
e rebelião, o conceber e proferir do coração palavras de falsidade" (
Is 59:13 ); "Do fruto da boca cada um comerá o bem, mas a alma dos
prevaricadores comerá a violência" ( Pv 13:2 ).
Os judeus eram zelosos da lei, mas
não com entendimento "Porque lhes dou testemunho de que têm zelo de
Deus, mas não com entendimento" ( Rm 10:2 ). Eles tinham tanto zelo
que não permitiam que as filhas do povo de Israel trouxessem ao templo oferta
provenientes de prostituição, porém, não atinavam que os sacrifícios e
oferendas que traziam ao templo era proveniente de prostituição, pois era
filhos de prostituição e não de Deus "Mas chegai-vos aqui, vós os
filhos da agoureira, descendência adulterina, e de prostituição" ( Is
57:3 ; Dt 31:16 ; Jr 5:21 e 23).
Os judeus estabeleciam preceitos
sobre preceitos, inúmeros mandamentos de homens, uma religiosidade ritualista,
formalista, doutrinas segundo o devaneio dos seus corações, além dos
declaradamente idolatras "Não trarás o salário da prostituta nem
preço de um sodomita à casa do SENHOR teu Deus por qualquer voto; porque ambos
são igualmente abominação ao SENHOR teu Deus" ( Dt 23:18 ).
Por serem filhos da agoureira, Deus
não suportava os sacrifícios e as ofertas dos filhos de Israel, pois o que
ofereciam era equivalente a oferta do salário de prostituta:
abominação “Ai, nação pecadora, povo carregado de iniquidade, descendência
de malfeitores, filhos corruptores; deixaram ao SENHOR, blasfemaram o Santo de
Israel, voltaram para trás (...) Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso
é para mim abominação, e as luas novas, e os sábados, e a convocação das
assembleias; não posso suportar iniquidade, nem mesmo a reunião solene. As
vossas luas novas, e as vossas solenidades, a minha alma as odeia; já me são
pesadas; já estou cansado de as sofrer” ( Is 1:4 e 13 -14).
É por causa deste alerta que temos a
observação paulina contra os judeus: “Tu, pois, que ensinas a outro, não te
ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que não se deve furtar, furtas? Tu,
que dizes que não se deve adulterar, adulteras? Tu, que abominas os ídolos,
cometes sacrilégio? Tu, que te glorias na lei, desonras a Deus pela
transgressão da lei? Porque, como está escrito, o nome de Deus é blasfemado
entre os gentios por causa de vós” ( Rm 2:21 -24).
Esta era a crença dos
judeus: "Disseram-lhe, pois: Nós não somos nascidos de prostituição;
temos um Pai, que é Deus" ( Jo 8:41 ), mas esta era a condição deles
diante de Deus: "Já vi as tuas abominações, e os teus adultérios, e
os teus rinchos, e a enormidade da tua prostituição sobre os outeiros no campo;
ai de ti, Jerusalém! Até quando ainda não te purificarás?" ( Jr 13:27
).
Embora os profetas demonstrassem
continuamente que os filhos de Jacó eram filhos de prostituição, eles se
arrogavam no direito de serem chamados filhos de Abraão. Jesus claramente
acusou os escribas e fariseus de filhos do diabo “Vós tendes por pai ao
diabo...” ( Jo 8:44 ), pois não aceitavam a Cristo, a verdade encarnada.
Preferiram a mentira que os seus corações enganados aprenderam dos
prevaricadores, homens que cuidavam da lei, mas não conheciam a Deus ( Jr 2:8 ;
Is 46:8 ; Is 59:13 ).
O livro de Provérbios foi escrito
para que possamos compreender os adágios, os símiles, as parábolas e os enigmas
( Pv 1:6 ).
O livro apresenta vários provérbios
que instrui o filho para não se deixar levar pela mulher adultera ( Pv 5:3 ).
Quem é esta mulher? A descrição da mulher adultera é surpreendente e causa admiração,
assim como o evangelista João ficou admirado quando viu que a meretriz estava
embriagada com o sangue dos santos e das testemunhas de Jesus ( Ap 17:6 ).
Observe:
“O bom siso te guardará e a
inteligência te conservará; Para te afastar do mau caminho, e do homem que fala
coisas perversas; Dos que deixam as veredas da retidão, para andarem pelos
caminhos escusos; Que se alegram de fazer mal, e folgam com as perversidades
dos maus, Cujas veredas são tortuosas e que se desviam nos seus caminhos; Para te
afastar da mulher estranha, sim da estranha que lisonjeia com suas palavras;
Que deixa o guia da sua mocidade e se esquece da aliança do seu Deus; Porque a
sua casa se inclina para a morte, e as suas veredas para os mortos. Todos os
que se dirigem a ela não voltarão e não atinarão com as veredas da vida” (
Pv 2:11 -19).
Se observarmos o livro dos Provérbios
segundo as premissas da sabedoria humana, vemos que o ensino do pai afastará o
filho obediente do homem mau que fala coisas perversas e da mulher adúltera.
Mas, a informação que a ‘mulher adultera’ deixou o guia da sua mocidade e se
esqueceu da aliança do seu Deus, nos confere respostas que provocam admiração.
·
Quem é esta mulher
adultera?
·
Quem são os homens
maus?
·
Por que a mulher
adultera trás sacrifícios pacíficos consigo? ( Pv 7:14 )
A mulher adultera que deixou o Guia
da sua mocidade e se esqueceu da aliança do seu Deus é uma alegoria à cidade de
Israel, e os homens maus que falam perversidade que ‘entram’ a ela são os
religiosos em Israel, pois os que ‘entram’ a ela são homens violentos,
perversos e maus "Raça de víboras, como podeis vós dizer boas coisas,
sendo maus? Pois do que há em abundância no coração, disso fala a
boca" ( Mt 12:34 ).
A nação tornou-se promiscua ( Os 2:1
-5), conforme a descrição que se segue:
“E eis que uma mulher lhe saiu ao
encontro com enfeites de prostituta, e astúcia de coração. Estava alvoroçada e
irrequieta; não paravam em sua casa os seus pés. Foi para fora, depois pelas
ruas, e ia espreitando por todos os cantos; E chegou-se para ele e o beijou.
Com face impudente lhe disse: Sacrifícios pacíficos tenho comigo; hoje paguei
os meus votos. Por isto saí ao teu encontro a buscar diligentemente a tua face,
e te achei. Já cobri a minha cama com cobertas de tapeçaria, com obras
lavradas, com linho fino do Egito. Já perfumei o meu leito com mirra, aloés e
canela. Vem, saciemo-nos de amores até à manhã; alegremo-nos com amores. Porque
o marido não está em casa; foi fazer uma longa viagem; Levou na sua mão
um saquitel de dinheiro; voltará para casa só no dia marcado Assim, o seduziu
com palavras muito suaves e o persuadiu com as lisonjas dos seus lábios. E ele
logo a segue, como o boi que vai para o matadouro, e como vai o insensato para
o castigo das prisões; Até que a flecha lhe atravesse o fígado; ou como a ave
que se apressa para o laço, e não sabe que está armado contra a sua vida. Agora
pois, filhos, dai-me ouvidos, e estai atentos às palavras da minha boca. Não se
desvie para os caminhos dela o teu coração, e não te deixes perder nas suas
veredas. Porque a muitos feridos derrubou; e são muitíssimos os que por causa
dela foram mortos. A sua casa é caminho do inferno que desce para as câmaras da
morte” ( Pv 7:10 -27 ).
O provérbio que fala da mulher
prostituta é uma descrição perfeita da cidade de Israel que, apesar de os seus
moradores oferecerem sacrifícios e pagar os seus votos é um povo
pérfido "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que
percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; e, depois de o terdes feito,
o fazeis filho do inferno duas vezes mais do que vós" ( Mt 23:15 ).
A mulher descrita no livro dos
Provérbios possui uma característica que a distingue das meretrizes, pois é ela
que oferece benefícios a qualquer que passa. Em lugar de ser convidada por
preço: - ‘Vem, deita-te comigo e te darei o teu preço’, ela faz o
contrario: nada exige e mostra o que possui a fim de aliciar os seus amantes.
Vale salientar que o livro de
Provérbios contém instruções específicas de Deus para o seu Filho, Jesus
Cristo, aconselhando-o para não seguir o caminho indicado pela ‘mulher
adultera’ (Israel) e seus filhos: geração de adúlteros ( Pv 5:3 -7; Pv 7:14 ;
Pv 9:13 ).
Invariavelmente o termo ‘meretriz’ é
aplicado às cidades dos filhos de Jacó, e o termo ‘amantes’ às nações vizinhas
que Israel buscava proteção militar através de alianças
políticas "Todos os teus amantes se esqueceram de ti, e não perguntam
por ti; porque te feri com ferida de inimigo, e com castigo de quem é cruel,
pela grandeza da tua maldade e multidão de teus pecados" ( Jr 30:14
).
A única nação que Deus tomou por sua
‘mulher’ foi a nação de Israel, portanto, seria contra senso cobrar fidelidade
das outras nações sem haver uma aliança, ou denomina-las infiéis ou
prostitutas.
A condição da cidade de Jerusalém é
diferente das cidades das nações vizinhas desde a sua origem. O ‘nascimento’ da
cidade de Jerusalém foi descrita por Deus através de uma alegoria, comparando a
cidade a uma criança que, logo após o nascimento, foi abandonada à própria
sorte no deserto ( Ez 16:1 ).
O cuidado do Senhor fez com que
aquela ‘criança’ se tornasse uma ‘mulher’ formosa, e no tempo determinado, Deus
fez aliança com ela sob juramento, de modo que a cidade passou a pertencer Lhe
( Ez 16:8 ).
A cidade foi adornada e chegou à
realeza, porém, a perfeição, a formosura e a fama dela atraíram os gentios.
Jerusalém, por sua vez, confiou na sua formosura e esqueceu-se da aliança da
sua mocidade "AI da rebelde e contaminada, da cidade opressora!" (
Sf 3:1 ; Pv 2:16 -17).
A cidade de Jerusalém passou a ser
descrita como uma mulher promiscua e que saía no encalço de todos quantos
passavam e se prostituía “E correu de ti a tua fama entre os gentios, por
causa da tua formosura, pois era perfeita, por causa da minha glória que eu
pusera em ti, diz o Senhor DEUS. Mas confiaste na tua formosura, e te
corrompeste por causa da tua fama, e prostituías-te a todo o que passava, para
seres dele. E tomaste dos teus vestidos, e fizeste lugares altos pintados de
diversas cores, e te prostituíste sobre eles, como nunca sucedera, nem
sucederá” ( Ez 16:14 -16).
Por causa das prostituições dos
filhos de Israel, por intermédio de Ezequiel Deus estabeleceu outra alegoria:
duas mulheres, filhas de uma mesma mãe: Oolá e Oolibá, sendo elas
respectivamente as cidades de Samaria e Jerusalém“Filho do homem, houve duas
mulheres, filhas de uma mesma mãe. Estas se prostituíram no Egito;
prostituíram-se na sua mocidade; ali foram apertados os seus seios, e ali foram
apalpados os seios da sua virgindade. E os seus nomes eram: Aolá, a mais velha,
e Aolibá, sua irmã; e foram minhas, e tiveram filhos e filhas; e, quanto aos
seus nomes, Samaria é Aolá, e Jerusalém é Aolibá” ( Ez 23:2 -4 ; Js 24:14
).
A grande meretriz do Apocalipse que
será apenada a ficar desolada é uma alegoria que faz referência ao local de
habitação da nação rebelde que deixou o Deus da sua mocidade e passou a se
suster da imundície das suas prostituições. Desde a antiguidade a nação de
Israel é descrito como uma mulher desavergonhada que se vendia sem nada cobrar
a qualquer estrangeiro que passasse “Mas confiaste na tua formosura, e te
corrompeste por causa da tua fama, e prostituías-te a todo o que passava, para
seres dele” ( Ez 16:15 ); “Foste como a mulher adúltera que, em lugar
de seu marido, recebe os estranhos. A todas as meretrizes dão paga, mas tu dás
os teus presentes a todos os teus amantes; e lhes dás presentes, para que
venham a ti de todas as partes, pelas tuas prostituições. Assim que contigo
sucede o contrário das outras mulheres nas tuas prostituições, pois ninguém te
procura para prostituição; porque, dando tu a paga, e a ti não sendo dada a
paga, fazes o contrário” ( Ez 16:32 -34).
Deus compara a casa de Israel a uma
mulher que deixa o seu marido e recebe os estranhos, ou seja, a nação deixou de
confiar em Deus e passou a confiar nas alianças politica que faziam com as
nações vizinhas (outeiros e montanhas), como se lê: “Deveras, como a
mulher se aparta aleivosamente do seu marido, assim aleivosamente te houveste
comigo, ó casa de Israel, diz o SENHOR. Nos lugares altos se ouviu uma voz,
pranto e súplicas dos filhos de Israel; porquanto perverteram o seu caminho, e
se esqueceram do SENHOR seu Deus. Voltai, ó filhos rebeldes, eu curarei as
vossas rebeliões. Eis-nos aqui, vimos a ti; porque tu és o SENHOR nosso Deus.
Certamente em vão se confia nos outeiros e na multidão das montanhas; deveras
no SENHOR nosso Deus está a salvação de Israel” ( Jr 3:20 -23).
A falta de compostura da cidade de
Israel fez com que Deus enviasse diversas vicissitudes como pragas, guerras,
secas, fome, roubos, etc., contra os seus habitantes, primeiro porque esta é
uma consequência direta dos ciúmes (ira) do Senhor à vista das prostituições da
cidade e, em segundo lugar, porque este era o indicativo de que Deus esperava
que os filhos de Jacó diante das vicissitudes se voltassem para Ele ( Dt 4:25
-31).
O profeta Jeremias chegou a
profetizar que Israel tinha posicionamento de prostituta, mas que não queria
passar a vergonha decorrente de suas ações “ELES dizem: Se um homem
despedir sua mulher, e ela o deixar, e se ajuntar a outro homem, porventura
tornará ele outra vez para ela? Não se poluirá de todo aquela terra? Ora, tu
te prostituíste com muitos amantes; mas ainda assim, torna para mim, diz o SENHOR.
Levanta os teus olhos aos altos, e vê: onde não te prostituíste? Nos caminhos
te assentavas para eles, como o árabe no deserto; assim poluíste a terra com as
tuas fornicações e com a tua malícia. Por isso foram retiradas as chuvas, e não
houve chuva serôdia; mas tu tens a fronte de uma prostituta, e não queres ter
vergonha” ( Jr 3:1 -3 ; Is 1:5 ).
Deus havia protestado através do
profeta Moisés, dizendo: "E disse o SENHOR a Moisés: Eis que dormirás
com teus pais; e este povo se levantará, e prostituir-se-á indo após os deuses
estranhos na terra, para cujo meio vai, e me deixará, e anulará a minha aliança
que tenho feito com ele" ( Dt 31:16 ).
Ao descrer de antemão quais seriam as
abominações do povo de Israel, Deus também enumerou quais seriam as maldições
que paulatinamente sobreviriam sobre a nação para que voltasse para o Senhor
que a resgatou do Egito. As maldições foram estabelecidas por sinal e por
maravilha, mas se não dessem ouvidos e não considerassem o motivo pelo qual
estava passando pelas vicissitudes, a maldição persistiria até que o povo fosse
destruído “E serão entre ti por sinal e por maravilha, como também entre a
tua descendência para sempre” ( Dt 31:46 ).
O cântico de Moisés constitui-se um
memorial para os filhos de Israel se lembrar de quem os resgatou do Egito. A
acusação é grave: “Corromperam-se contra Ele...” ( Dt 32:5 ). Por
causa da transgressão, Deus deixa claro que já não eram filhos, antes uma
geração perversa e depravada. Deus achou o povo de Israel no deserto, cercou e
protegeu ( Dt 32:10 ), mas, quando as cidades se fez grande, esqueceu-se de
Deus e foi após outros deuses e provocaram a Sua ira ( Dt 32:16 ). O povo de
Israel provocou o ciúmes de Deus com aquilo que não era Deus (ídolos), e a ira
de Deus se deu com o aperto das nações vizinhas ( Dt 28:36 e 49).
Por causa das abominações dos filhos
de Jacó, a nação de Israel foi denominada ‘povo de Sodoma’ e ‘povo de Gomorra’.
No verso 9 fica nítido o motivo pelo qual foram chamados de Sodoma e Gomorra,
pois se Deus não preservasse um remanescente, o povo de Israel seria como
Sodoma e semelhante a Gomorra, ou seja, estariam destruídos, extintos: “Se
o SENHOR dos Exércitos não nos tivesse deixado algum remanescente, já como
Sodoma seríamos, e semelhantes a Gomorra. Ouvi a palavra do SENHOR, vós
poderosos de Sodoma; dai ouvidos à lei do nosso Deus, ó povo de
Gomorra" ( Is 1:9 -10).
Ao fazer referência ao povo de Israel
no capítulo 11, no verso 8 do livro de Apocalipse, foram empregados os
seguintes nomes: ‘Sodoma’ e ‘Egito’, pois Israel é a ‘grande cidade’ do
Apocalipse onde as duas testemunhas serão mortas ( Ap 11:8 ), e é o mesmo lugar
no qual Jesus foi morto e crucificado “E jazerão os seus corpos mortos na
praça da grande cidade que espiritualmente se chama Sodoma e Egito, onde o seu
Senhor também foi crucificado” ( Ap 11:8 ; Lc 24:18 ).
Quando Deus nomeia as cidades de
Israel de Sodoma e Gomorra fica implícito que as cidades seriam punidas à vista
da prostituição, da promiscuidade, da rebeldia e da abominação do povo de Israel
( Is 1:13 ).
A nação de Israel só não foi de toda
exterminada por causa da promessa que Deus fez aos pais, e também porque as
nações que foram utilizadas como vara nas mãos de Deus para a punição se
gloriariam dizendo que por sua própria força triunfaram sobre Israel ( Dt 32:27
).
Por diversas vezes o povo de Israel
foi perseguido pelos seus inimigos, e Deus lhes dava a oportunidade de se
reconciliarem, mas não atentavam para a punição que Deus lhes imporia ( Dt
32:28 ). Como não quiseram atender, Deus entregou a nação de Israel ao
cativeiro.
Se tivessem atentado para o anunciado
pelos profetas, o povo veria que Deus instituiu os caldeus como vara da Sua ira
( Dt 28:49 -50). O que levou Deus destruir as cidades de Samaria e Jerusalém,
deportando os que restaram dos filhos de Jacó para a Babilônia foi a apostasia
do povo de Israel, pois não atentaram para a punição que os aguardava ( Dt
32:29 ).
É em função da infidelidade dos
filhos de Jacó que Jerusalém haveria de ser destruída pelos povos vizinhos,
conforme o profeta Daniel leu e abstraiu das profecias de
Moisés "Sim, todo o Israel transgrediu a tua lei, desviando-se para
não obedecer à tua voz; por isso a maldição e o juramento, que estão escritos
na lei de Moisés, servo de Deus, se derramaram sobre nós; porque pecamos contra
ele" ( Dn 9:11 ).
Após a morte de Josué, o povo de
Israel seguiu após outros deuses, como Baal e Astarote, de modo que a mão de
Deus era contra eles para o mal, conforme o que Deus havia juramentado ( Jz
2:15 ). À época dos juízes, inúmeras vezes Deus estendeu as mãos a um povo
rebelde e contradizente, de modo que os livrava de seus inimigos em redor ( Jz
2:1 ), mas bastava morrer o juiz que Deus levantara para a nação ir após outros
deuses ( Jz 2:19 ).
Por causa da infidelidade de Israel,
Deus não desalojou as nações vizinhas, de modo que as nações se tornaram uma
prova, para verificar se a nação se disporia ou não a servir a Deus ( Jz 2:22
).
Até hoje, os que leem a bíblia
segundo uma visão humana, classificam a caldeia como inimiga do povo de Deus a
ponto de demonizá-la, mas aqueles que veem segundo a revelação das Escrituras,
entendem que os responsáveis pela deportação de Israel foram os próprios
israelitas, ou seja, a deportação é a paga que o marido enciumado deu a mulher
promiscua. Os próprios filhos de Jacó se privaram da herança prometida, de modo
que foram postos por escabelo dos seus inimigos "Assim por ti mesmo
te privarás da tua herança que te dei, e far-te-ei servir os teus inimigos, na
terra que não conheces; porque o fogo que acendeste na minha ira arderá para
sempre" ( Jr 17:4 ).
A Assíria foi uma vara na mão de Deus
para punir a apostasia de Israel. Como a Assíria foi comissionada para roubar e
despojar o povo de Israel segundo o estabelecido por Deus, a Assíria por sua
vez sentiu-se poderosa a ponto de conquistar muitas nações, de modo que foi
punida pela sua imaginação vã “Ai da Assíria, a vara da minha ira,
porque a minha indignação é como bordão em suas mãos. Enviá-la-ei
contra uma nação hipócrita, e contra o povo do meu furor lhe darei ordem, para
que lhe roube a presa, e lhe tome o despojo, e o ponha para ser pisado aos pés,
como a lama das ruas. Ainda que ele não cuide assim, nem o seu coração assim o
imagine; antes no seu coração intenta destruir e desarraigar não poucas
nações” ( Is 10:5 -7).
Observe que Deus anunciou de antemão
que enviaria os Assírios contra uma nação hipócrita, ou seja, os israelitas.
Embora não tivessem consciência (não sabiam) do papel que desempenhavam, os
Assírios foram enviados para executar a indignação divina como vara de
correção.
De igual modo Deus instituiu os
babilônicos, sendo Nabucodonosor intitulado de ‘meu servo’, comissionado para
punir a rebeldia da casa de Israel. Diante da invasão dos caldeus era para os
filhos de Jacó se lembrarem do cântico de Moisés e das prescrições contidas na
lei e se voltarem para Deus. No entanto, quanto mais eram castigados, mais eles
se afastavam de Deus. Não consideravam as Escrituras como fez o profeta Daniel
( Dt 28:25 compare com Dn 9:11 ).
Quando os profetas protestavam contra
os filhos de Israel, bastava eles se lembrarem do cântico de Moisés, ou das
bênçãos e das maldições que contavam no livro do Deuteronômio, onde foi
estabelecido que Deus enviaria nações que os levariam cativos "Porque
eis que suscito os caldeus, nação amarga e impetuosa, que marcha sobre a
largura da terra, para apoderar-se de moradas que não são suas" ( Hc
1:6 ); "Portanto assim diz o SENHOR: Eis que eu entrego esta cidade
na mão dos caldeus, e na mão de Nabucodonosor, rei de Babilônia, e ele a
tomará" ( Jr 32:28 ); "Porque assim diz o SENHOR: Eis que
farei de ti um terror para ti mesmo, e para todos os teus amigos. Eles cairão à
espada de seus inimigos, e teus olhos o verão. Entregarei todo o Judá na mão do
rei de Babilônia; ele os levará presos a Babilônia, e feri-los-á à
espada" ( Jr 20:4 ); "Eis que eu enviarei, e tomarei a
todas as famílias do norte, diz o SENHOR, como também a Nabucodonosor, rei de
Babilônia, meu servo, e os trarei sobre esta terra, e sobre os seus moradores,
e sobre todas estas nações em redor, e os destruirei totalmente, e farei que
sejam objeto de espanto, e de assobio, e de perpétuas desolações” ( Jr
25:9 ).
O veredicto de Deus contra a nação de
Israel era serem castigados e repreendidos pela malicia dos lideres e apostasia
do povo “A tua malícia te castigará, e as tuas apostasias
te repreenderão; sabe, pois, e vê, que mal e quão amargo é deixares ao
SENHOR teu Deus, e não teres em ti o meu temor, diz o Senhor DEUS dos
Exércitos” ( Jr 2:19 ).
Vale destacar que os filhos de Israel
sempre foram dados aos sacrifícios, votos e ofertas, porém as ofertas e
sacrifícios de Israel eram o mesmo que abominação diante de Deus, uma
violência, pois a iniquidade do povo comprometia o que era ofertado ( Is 1:28
).
A vinda do Messias foi uma nova
oportunidade para a nação de Israel, mas o povo rejeitou o autor da vida. Como
a nação rejeitou o Cristo, a nação também foi rejeitada, e, após o termino do
tempo dos gentios, iniciará a última semana prevista por Daniel, momento que se
cumprirá a revelação da prostituta assentada sobre a besta.
O evangelista João viu duas figuras:
uma mulher grávida e uma meretriz ( Ap 12:2 ; Ap 17:1 ). A mulher vestida de
sol representa a estabilidade da promessa feita aos pais ( Dt 9:5 ), já a
meretriz refere-se aos filhos de Jacó que se mostraram aleivosos desde que
foram arrancados do Egito, e com as suas abominações quebraram a aliança ( Dt
9:7 )...
Bispo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor
em Ciência da Religião Dr. Edson Cavalcante
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