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segunda-feira, 18 de maio de 2015

ESTUDO SOBRE A VINHA QUE NABOTE HERDOU DO PAI...


                                ESTUDO SOBRE A VINHA QUE NABOTE HERDOU DO PAI...
1Reis 21:1-5;15,16
Hoje veremos a respeito da cobiça de Acabe. O mundo em que vivemos é orientado por um estilo de vida materialista, hedonista (o prazer como o supremo bem da vida) e pragmatista (toma por critério da verdade o valor prático), todavia, o Evangelho requer de cada um de nós um estilo de vida rigorosamente contrário ao mundano.
A cobiça é um desejo forte, constante e insaciável; ela pode levar o homem a pisar no seu próximo para subir na vida, chegando a roubar e matar.
Existe o desejo legítimo e a cobiça. O primeiro refere-se ao suprimento das necessidades e, em alguns casos, um pouco mais, atingindo o nível do conforto; o segundo vai muito além, alcança o excesso e avança rumo ao proibido. Mas onde está a exata fronteira entre uma e outra coisa? É difícil dizer onde o desejo correto se transforma em cobiça, assim como não podemos determinar com certeza a exata quantidade de comida que alguém precisa consumir. Cada indivíduo é capaz de reconhecer que a sua necessidade foi suprida e seu apetite saciado. Depois disso, o desejo torna-se cobiça. Disse o sábio Salomão: “Se achaste mel, come somente o que te basta, para que porventura não te fartes dele, e venhas a vomitar” (Pv 25:16). Deus estabeleceu limites: Adão poderia comer do fruto de todas as árvores, exceto uma (Gn 2:16,17). Quando desejamos o que Deus proibiu, está caracterizada a cobiça. O décimo mandamento assevera: “Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo” (Ex 20:17). Portanto, o direito do outro é um dos nossos limites.
I. O OBJETO DA COBIÇA DE ACABE
1. O direito a propriedade no Antigo Israel. De acordo com o livro de Levítico, a terra pertence ao Senhor (Lv 25.23). Desde tempos bem antigos, os direitos de propriedade de terras têm sido reconhecidos. Abraão negociou com Efrom, o hitita, uma sepultura para sua esposa Sara, e, por fim, comprou um campo por certa importância declarada, sendo a transação legalizada diante do povo da cidade (Gn 23.1-20). Durante uma fome no Egito, José comprou para Faraó terras dos proprietários egípcios, em troca de alimentos (Gn 47.20-26).
2. O objeto da cobiça do rei Acabe: a herança de Nabote. Acabe possuía riqueza e todo tipo de bens materiais, mas dirigiu seus olhos e sua cobiça à propriedade de subsistência de Nabote, seu vizinho. Seu desejo incontido desencadeou uma série de pecados: abuso de autoridade, acusação, falso testemunho, homicídio e roubo (1Rs 21). A proposta que Acabe fez a Nabote parecia justa, generosa e irrecusável, pois oferecia em troca uma outra vinha melhor, ou se desejasse, lhe daria em dinheiro o que ela valia. Acontece que o valor da vinha para Nabote ia para além das questões mercantilistas. Ele considerava aquela propriedade uma herança inegociável, e cuja venda implicaria em transgressão ao mandamento do Senhor (cf Lv 25:13-28 e Nm 36:7,9). Nabote procedeu corretamente; de acordo com o livro de Levitico, a terra pertencia ao Senhor (Lv 25:23). Assim sendo, Nabote não poderia vender aquilo que lhe fora dado como uma herança do Senhor. Diante da resposta e posicionamento de Nabote, a reação de Acabe foi de desgosto e indignação, pois o seu capricho não fora alcançado, o que desencadeou no rei uma crise emocional (1Rs 21:4). Mas, Acabe queria aquela propriedade a qualquer custo; aquele espaço de terra, era o seu objeto de maior desejo. Por ser rei, imaginava que podia atropelar a lei de Deus e emplacar injustiça social. Para concretizar o seu intento, esse rei fraco e sem personalidade arquitetou, em conluio com sua impiedosa esposa Jezabel, uma das mais sórdidas tramas registradas nas páginas Sagradas: a morte do inocente Nabote. Mas, o juízo de Deus foi severo contra a casa de Acabe.
Atualmente, muitos líderes e irmãos caprichosos, que não se contentam com aquilo que possuem, e que acham que seus desejos precisam ser atendidos e satisfeitos por todos, estão dominados pela cobiça. Tenhamos cuidado, pois a cobiça é abominação ao Senhor (Dt 7:25).
II. AS CAUSAS DA COBIÇA DE ACABE
A principal causa da cobiça de Acabe: o domínio incontrolado do “ter”, de “possuir”, aquilo que é do outro, neste caso a vinha de Nabote. Segundo a narrativa bíblica a vinha de Nabote estava localizada num lugar privilegiado, perto do palácio de campo de Acabe, pois o outro palácio ficava em Samaria “E sucedeu depois destas coisas que, Nabote, o jezreelita, tinha uma vinha em Jezreel junto ao palácio de Acabe, rei de Samaria” (1Rs 21.1). Aparentemente, Acabe, levado por um capricho, desejava transformá-la em um jardim.
Entendemos pelo texto sagrado que aquela propriedade fora passada a Nabote por herança: “Porém Nabote disse a Acabe: guarda-me o Senhor de que eu te dê a herança de meus pais” (1Rs 21:3), o que fortalecia a convicção de Nabote de que ele não deveria vendê-la nem trocá-la por outra propriedade. É provável que Nabote tenha sido criado naquele terreno, dedicando-se com seus pais ao cultivo de uvas. Se Nabote tivesse feita essa venda ou trocada por outra vinha, ele teria transgredido não só uma tradição, como também a sua consciência (cf Lv 25:23-28; Num 36:7ss). Acabe reconhecia isso; ele era cônscio de que Nabote estava religiosamente obrigado a conservar a posse de sua terra e que essa obrigação não poderia ser contrariada. Entretanto, ele ainda assim queria essa área; ele estava totalmente dominado pela cobiça, qual um viciado de drogas; somente a casa de verão não lhe satisfazia, queria agora construir uma horta ao lado dela para que seus desejos pudessem ser realizados; não se importava em quebrar o mandamento divino: “não cobiçarás” (Ex 20:17). Desta feita, o que fez Acabe diante da resposta negativa de seu súdito? Ficou entristecido, como uma criança mimada, e não quis se alimentar. O desejo despertado pela cobiça é tão poderoso que acaba por tornar-se ocupação única do cobiçoso. Acabe não desejava mais comer, ou fazer qualquer outra coisa (1Rs 2:4).
Ao observar o estado em que se encontrava Acabe, Jezabel, sua mulher, procurou tomar conhecimento do que havia acontecido, o que lhe foi relatado pelo rei (1Rs 21.5-6). Diante do que ouviu, Jezabel, que já havia em outros episódios demonstrado a sua influência e força no reino, que tomava decisões sem pedir a aprovação do seu manipulável e omisso marido, possuidora de um temperamento difícil e cruel em suas deliberações, toma para si as dores de Acabe e declara: “governas tu, com efeito, sobre Israel? Levanta-te, come, e alegre-se o teu coração; eu te darei a vinha de Nabote, o jezreelita” (1Rs 21:7). Jezabel se coloca aqui como aquela que satisfará a cobiça de Acabe. Uma esposa sábia não adota tal postura, antes, aconselha o seu marido sobre os princípios do contentamento. Em fim, o desejo exacerbado e maligno de Acabe resultou no assassinato do obediente Nabote, resultando assim na inobediência a outro mandamento da lei moral de Deus: “não matarás” (Ex 20:13).
III. O FRUTO DA COBIÇA
Como Acabe não se apossou imediatamente da vinha de Nabote, Jezabel continuou com seu plano diabólico. Sem escrúpulos, sem temor a Deus, sem piedade e sem misericórdia, Jezabel articula um plano onde Nabote seria vitimado por uma terrível calúnia. Usando o nome e o sinete de seu marido, ela escreveu cartas aos anciãos e aos nobres da cidade e que habitavam com Nabote, onde dizia o seguinte: “Apregoai um jejum e trazei Nabote para a frente do povo. Fazei sentar defronte dele dois homens malignos, que testemunhem contra ele, dizendo: Blasfemaste contra Deus e contra o rei. Depois, levai-o para fora e apedrejai-o, para que morra. Os homens da sua cidade, os anciãos e os nobres que nela habitavam fizeram como Jezabel lhes ordenara, segundo estava escrito nas cartas que lhes havia mandado. Apregoaram um jejum e trouxeram Nabote para a frente do povo. Então, vieram dois homens malignos, sentaram-se defronte dele e testemunharam contra ele, contra Nabote, perante o povo, dizendo: Nabote blasfemou contra Deus e contra o rei. E o levaram para fora da cidade e o apedrejaram, e morreu“.
Perceba quais os males que seguiram a cobiça deste casal:
MENTIRA: – Os anciãos resolveram atender aos intentos de Jezabel. Como podemos ver sempre há homens prontos a venderem seu testemunho por dinheiro a fim de que sirva aos maus propósitos daqueles que os alugam.”E os homens da sua cidade, os anciãos e os nobres que habitavam na sua cidade, fizeram como Jezabel lhes ordenara, conforme estava escrito nas cartas que lhes mandara” (I Rs 21.11);
FALSO TESTEMUNHO: – O veredito de morte já estava predeterminado, por Jezabel. Mas, era necessário elaborar um falso julgamento com um simples aspecto de justiça, para que, à vista do povo, desse a impressão de ser um julgamento leal, arranjou-se duas testemunhas, conforme pedia a Lei (Dt 17.6,7); mas eram falsas. “E ponde defronte dele dois filhos de Belial, que testemunhem contra ele” (I Rs 21.10-a);
ASSASSINATO: – Por fim, a trama culminou na execução de Nabote, pois o levaram para fora da cidade e o apedrejaram. A injustiça estava claramente executada, pois Nabote foi executado por um crime que jamais cometeu “Então mandaram dizer a Jezabel: Nabote foi apedrejado, e morreu” (I Rs 21.14).
“É interessante observar que o maligno plano de Jezabel se reveste de um caráter espiritual, com direito a proclamação de um jejum e com o argumento de que Nabote teria blasfemado contra Deus (e contra o rei). É possível “espiritualizar” até a cobiça. Em nome de Deus, e com a máscara da falsa espiritualidade, muitas barbáries e injustiças são realizadas sob a influência do “espírito de Jezabel”, muitas cobiças são alimentadas à custa da destruição de vidas, casamento e famílias “(pr. Altair Germano).
IV. AS CONSEQUÊNCIAS DA COBIÇA
A combinação de pecados relacionados à cobiça produz um veneno tão poderoso que ameaça de morte tanto as pessoas à sua volta como o próprio cobiçoso. O mundo “jaz no Maligno”, e tem se tornado em “ninho” aconchegante para que o pecado cresça, venha à luz, e cause os males da destruição e da morte. Precisamos estar alertas para este fato. As conseqüências do pecado é a morte (Rm 6:23).
1. Julgamento divino. A cobiça do rei Acabe teve uma conseqüência ainda mais funesta do que toda a sua idolatria. Acabe e sua mulher Jezabel muito haviam irado o Senhor por causa da intensa idolatria e da quase substituição do Senhor por Baal como deus nacional do reino do norte. Entretanto, a morte de Nabote, planejada covardemente por Jezabel, motivada pela cobiça do rei Acabe, foi a “gota d’água” da ira de Deus. Por causa disto, Deus sentenciou toda a casa de Acabe à morte (1Rs 21; 2Rs 10:1-14). A sentença do julgamento de Acabe e Jezabel foi transmitida por Elias, o profeta: “Então, veio à palavra do SENHOR a Elias, o tisbita, dizendo: Levanta-te, desce para encontrar-te com Acabe, rei de Israel, que está em Samaria; eis que está na vinha de Nabote, aonde tem descido para a possuir. E falar-lhe-ás, dizendo: Assim diz o SENHOR: Porventura, não mataste e tomaste a herança? Falar-lhe-ás mais, dizendo: Assim diz o SENHOR: No lugar em que os cães lamberam o sangue de Nabote, os cães lamberão o teu sangue, o teu mesmo. E também acerca de Jezabel falou o SENHOR, dizendo: Os cães comerão Jezabel junto ao antemuro de Jezreel” (1Rs 21:18,19,23). Acabe ainda se recusou a admitir seu pecado contra Deus; em vez de fazê-lo, acusou Elias de ser seu inimigo (cf 1Rs 21:20). É quase impossível que os que se tornam cegos pela cobiça e pelo ódio, enxerguem seus próprios erros.
2. Arrependimento e morte. A sentença divina trouxe medo e condenação a Acabe: “Sucedeu, pois, que Acabe, ouvindo estas palavras, rasgou as suas vestes, e cobriu a sua carne de pano de saco, e jejuou; e dormia em cima de sacos e andava mansamente” (1Rs 21:27). Acabe foi mais perverso do que qualquer outro rei de Israel (1Rs 16:30; 21:25), mas quando se arrependeu com profunda humildade, Deus atentou para ele e prometeu que o castigo sobre a sua casa seria suspenso até uma outra ocasião – “Não viste que Acabe se humilha perante mim? Porquanto, pois, se humilha perante mim, não trarei este mal nos seus dias, mas nos dias de seu filho trarei este mal sobre a sua casa” (1Rs 21:29). O mesmo Senhor que foi misericordioso com ele deseja ser benigno conosco. Não importa quão perverso alguém seja; nunca é tarde demais para se humilhar, voltar-se a Deus e pedir-lhe perdão.
É bom ressaltar, porém, que, embora Acabe tenha se arrependido de seus atos pecaminosos, as consequências foram inevitáveis. Acabe, Jezabel e toda a sua família foram eliminados, da mesma maneira como as dinastias anteriores foram rejeitadas por causa de seus pecados. Jezabel teve uma morte horrível na mesma cidade onde havia perpetrado seus crimes. O cobiçoso Acabe e a cruel Jezabel receberam o prêmio da injustiça. Para ler sobre o cumprimento da sentença divina, veja 1Reis 22:38, onde os cães lamberam o sangue de Acabe, e 2Reis 9:30 a 10:28, onde Jezabel e o restante de sua família foram destruídos. “O pecado sempre tem seu alto custo!”.
CONCLUSÃO
Todo ato de cobiça além de reprovado por Deus, será também duramente punido por Ele. Assim como Nabote, os que são vitimados por causa de sua obediência a Deus, e diante da cobiça alheia, são por Ele devidamente justificados e vingados. Portanto, todos aqueles que de alguma maneira detém o poder e dele abusam para realizar propósitos pessoais e até malignos, sofrerão consequências desastrosas. De Deus ninguém zomba! A quem muito for dado muito será cobrado. Pense nisso...
Bispo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciência da Religião Dr. Edson Cavalcante


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