O
SALÁRIO DO PECADO É A MORTE...
Romanos 6:23 - Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito
de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.
Agora vamos falar de uma maneira mais
abrangente acerca do pecado. As pessoas normalmente sofrem uma súbita crise de
esfriamento quando o conceito de “doutrina”, e em especial “doutrina do pecado”
é levantado. Mas nada disso é necessário. A palavra doutrina significa apenas:
ensino. Visando desmistificar este fato consideremos o seguinte:
Uma doutrina nada mais é do que um
ensino, instrução ou informação referente a alguma verdade e que, no caso de
verdade bíblica precisa ser crida como essencial à nossa salvação. Os
reformadores foram guiados pelo seguinte lema “no essencial unidade, em todo o
resto amor”. Por essencial eles se referiam a tudo aquilo que é necessário para
a nossa salvação, e somente essas coisas eram essenciais. Todas as demais
coisas eram consideradas irrelevantes e o amor cristão deveria ser exercido com
relação a elas. Assim, temos que, todo ensinamento procedente de Deus visa nos
conduzir a Deus. O fato de Jesus ter morrido por nossos pecados e ressuscitado
por causa da nossa justificação é uma das muitas doutrinas gloriosas da Bíblia.
Mas essa verdade, por mais gloriosa que seja, não serve para absolutamente nada
para aquele que não se considera morto para o pecado e ressurreto para andar em
novidade de vida. É desta maneira que esta doutrina precisa ser aplicada em
nossas vidas. Cada doutrina tem sua própria utilidade:
Ø Ouvimos
falar da oferta de perdão de Deus, então vamos até Deus para recebermos este
perdão graciosamente.
Ø Ouvimos
falar que podemos ser santos e vamos a Deus para que, mediante a ação
santificadora da palavra de Deus e do Espírito Santo, sejamos conduzidos em uma
vida de santidade.
Ø Ouvimos
falar do céu, no qual os justos encontrarão consolo por toda eternidade e nos
compenetramos em vigiar e orar, crer, amar e obedecer, de tal maneira, que
quando Jesus se manifestar nós possamos nos apresentar diante dEle — Efésios
5:25—27.
Ø É
realmente muito estranho que encontremos pessoas declarando acreditar na
mensagem do Evangelho e vivendo abertamente no pecado. Note as etapas da vida
cristã — especificamente de nós presbiterianos: Nosso batismo e a consequente
aliança com Deus e em alguns casos, a adoção intencional de nomes cristãos;
nossa profissão de fé; nossa declaração de fé na palavra de Deus. Todas estas
coisas nos chamam a viver uma vida isenta de pecado. Impossível dizer que nós
temos chamamentos mais audíveis do que esses. Outro chamado, não tão poderoso
quanto os primeiros aqui citados, é a esperança da vida futura de plena
consolação diante de Deus por toda eternidade em oposição à vida de pecado que
nos leva àquele lugar terrível de tormento onde, “o verme não morre nem o fogo
se apaga”. Todos nós temos que responder a pergunta feita pelo autor de Hebreus
quando disse: “Como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? -
Hebreus 2:3. Que a resposta da nossa consciência nos incentive a colocar nossa
mente e nossas mãos à obra da santificação, sem a qual ninguém será capaz de
ver a Deus – ver Hebreus 12:14.
Porque o salário - A palavra grega ὀψώνια – opsónia –
salário, denota de maneira mais apropriada, tudo aquilo que pode ser comprado
para ser acompanhado por pão, em uma refeição: seja peixe, carne de animal ou
vegetais. O soldo dos soldados romanos consistia exatamente nestes elementos.
Assim sendo, esta expressão indica o salário que alguém ganha, aquilo que é
justo por um serviço prestado ou o mérito que alguém tem por serviços
executados. Quando aplicamos esta mesma palavra com relação ao pecado estamos
querendo dizer que a morte é, exatamente, o que o pecador merece ou o que seria
a recompensa apropriada para o pecado. A
morte é chamada de “salário do pecado” não porque, como querem muitos, Deus
seja arbitrário em estabelecer este fato e sim por que:
É justo. Como Deus é completa e
absolutamente justo, nós podemos ter certeza de que nenhum castigo ou aflição
serão impostos sobre os pecadores que eles não sejam merecedores. Nenhum
pecador morrerá se não merecer morrer. Mesmo condenados ao inferno cada
indivíduo será tratado rigorosamente conforme merece, e isto, deve servir, como
um grande incentivo a um viver santo, justo e correto. Se pararmos para
considerar que Deus irá tratar os pecadores exatamente como eles merecem ser
tratados, e isto por toda eternidade, temos motivo suficiente para entrarmos em
crise e buscarmos a alternativa que o mesmo Deus nos oferece: perdão de graça e
plena reconciliação com Ele.
A
morte, como o salário do pecado é coerente com a advertência de Deus, conforme
podemos ler em Ezequiel
18:4 — Eis que todas as almas são minhas; como a alma do pai, também a alma do
filho é minha; a alma que pecar, essa morrerá. Deus não irá infligir nada além
do que Ele advertiu que faria e isto faz Deus ser absolutamente Justo.
Além
disso, o pecado é também responsável por todas as misérias que os homens sofrem.
O pecado é a própria manifestação do inferno. O pecador tem o inferno dentro
dele mesmo. Onde Deus não reina tudo é desordem e confusão. Quando o pecador
indulge em paixões pecaminosas — tais como as que comentamos anteriormente no
estudo 003 que pode ser acessado aqui:
— apenas aumenta a desordem e a
confusão, o que faz com que seu estado se torne cada vez mais miserável. Se os
homens se dedicassem tanto a se preparar para viver para Deus quanto se dedicam
para ir ao inferno, o mundo seria completamente diferente.
Do pecado –
Ah! O pecado. Palavra pequena, mas tão cheia de força. Força capaz de pegar
seres humanos, criados à imagem do próprio Deus, e reduzi-los a meros escravos
de toda sorte de paixões e concupiscências. Retornaremos a esse tema acerca desta
questão do pecado, em outro momento, porque a nossa vida “em Cristo”
representa, acima de tudo, completa libertação tanto da condenação, como do
poder e que culmina com a libertação da própria presença do pecado.
É a morte –
A morte neste versículo está em direta oposição à vida eterna, o que prova que
tanto uma como a outra são perenes - ver João 3:16—18 e 36.
Mas o dom gratuito de Deus –
Note que a morte é considerada salário, ou seja, algo que é devido por algo ou
alguma coisa feita. Por outro lado, o que Deus nos oferece é como um presente,
algo gratuito para nós, algo que é fruto da misericórdia de Deus. Note como o
apóstolo Paulo é cuidadoso em distinguir entre aquilo que o ser humano pecador
merece, que é a morte, e aquilo que Deus nos oferece de graça, que é a vida
eterna. Mas este dom gratuito de Deus é controlado pela verdade apresentada em Romanos 6:15 que diz: E daí? Havemos de pecar porque não
estamos debaixo da lei, e sim da graça? De modo nenhum!
É a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor – Como mencionamos acima a expressão
“vida eterna” está em direta oposição à palavra “morte”. Deste fato podemos
deduzir que:
A morte será tão longa quanto a vida
eterna.
· Como não temos dúvidas acerca da vida
eterna, o mesmo deve ser verdadeiro acerca da morte. No caso da primeira
sabemos que a mesma será uma experiência ricamente abençoada e eterna. Da mesma
maneira podemos ter certeza que a morte será triste, sem esperança, terrível e
eterna.
· Se o pecador está perdido ele merece
morrer. Ele vai receber seu salário. Vai receber aquilo que é justo pelos
pecados cometidos. Em nenhuma hipótese o pecador poderá ser considerado como um
mártir da inocência, falsamente acusado. Nenhuma compaixão lhe será demonstrada
em todo o universo. Ninguém se levantará para defendê-lo diante de Deus. Ele
estará condenado a sofrer tudo o que tiver que sofrer pelo tempo que tiver que
sofrer. Como um delinquente flagrado no ato criminoso ele será condenado sem
apelação.
Aqueles que, por sua vez, aceitarem o
perdão de Deus serão elevados até aos céus, não porque mereçam, mas porque
dependeram da soberana graça de Deus. Todo o mérito da salvação
dos crentes será atribuído ao Senhor Jesus. E o papel dos crentes será celebrar
a misericórdia e a graça de Deus por toda eternidade.
· É nossa missão procurarmos, por todos
os meios, escapar da ira vindoura — ver Atos 2:37—40. Não existe nenhum homem
tão tolo e ao mesmo tempo tão perverso quanto aquele que deseja voluntariamente
receber o salário do pecado. Aqueles que declaram que querem ou preferem ir ao
inferno serão brindados com a satisfação do seu desejo de maneira como nem
imaginam.
Assim temos que, o ser humano pode
merecer o inferno, mas em nenhuma hipótese ele merece o céu. Note que o
apóstolo Paulo não diz que o salário de justiça é a vida eterna. Pelo contrário
ele diz que a vida eterna é fruto de τὸ χάρισμα τοῦ
θεοῦ – tò chárisma toû Theoû – da graça de Deus. E esse dom
gratuito nos é proporcionado pelo Senhor Jesus. Ele é o único que detém esse
poder e privilégio — ver Atos 4:12. O pecador vai ao inferno porque merece. O
justo vai ao céu porque Jesus morreu no lugar dele e comunicou a graça mediante
a qual os pecados são perdoados e ele pode ser declarado justificado — ver
Gênesis 15:6...
Bispo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor
em Ciência da Religião Dr. Edson Cavalcante.
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