SENHOR ME DÁ FORÇA PARA CARREGAR A MINHA CRUZ...
Satanás ficou diante de Deus e acusou Jó de ser interesseiro. Ele alegou que este homem fiel servia a Deus somente porque recebia bênçãos e proteção do Senhor. Mas Deus conheceu o coração deste homem da terra de Uz, e sabia que era, de fato, um homem sem par, “íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal” (Jó 1:8). Séculos depois, Deus citou o nome de Jó como um de três exemplos de homens que se mostraram retos em circunstâncias difíceis (Ezequiel 14:12-20). Passaram ainda outros 2.600 anos da profecia de Ezequiel até hoje, e Jó continua como um excelente exemplo de um homem íntegro.
Um Resumo da História de Jó
A história de Jó se resume em duas discussões entre Deus e Satanás, a aflição de Jó pelo Adversário, uma série de debates nos quais Jó e alguns amigos procuram entender o seu sofrimento, e as respostas do próprio Senhor no final do livro.
Jó viveu na época dos patriarcas, provavelmente entre Noé e Abraão, em termos de cronologia. Não sabemos nada sobre a sua linhagem, mas as Escrituras relatam que foi um homem muito fiel a Deus. Jó era casado, com dez filhos, e era o homem mais rico da região onde morava.
Mas Satanás, o acusador dos servos de Deus, alegou que a fé de Jó era superficial e interesseira. Para provar que o diabo estava errado, Deus permitiu que o Adversário atormentasse Jó. Ele tirou a riqueza, os filhos e a saúde deste homem íntegro, mas Jó não se virou contra Deus.
Amigos de Jó tentaram confortar o sofredor, mas acabaram aumentando a sua aflição. No seu entendimento limitado da justiça e da sabedoria do Soberano Deus, eles acusaram Jó, falsamente, de ser um terrível pecador que recebia castigo divino merecido. Jó, sendo fiel, não podia mentir e admitir pecados que não havia cometido. Ele discutiu com os amigos e negou as suas acusações pesadas. Mas ele, também, não compreendia os motivos do seu sofrimento (estes homens não sabiam das conversas entre Deus e Satanás). Ele queria perguntar para Deus e se defender diante do Criador, mas não tinha acesso ao Senhor. Depois de vários debates com seus amigos, Jó ouviu as palavras de Deus no final do livro. Deus ainda não explicou tudo para ele, mas relembrou Jó e seus amigos que ele é o Soberano e Onisciente Deus, Criador e Sustentador do Universo.
Perspectivas Diferentes sobre Jó
O problema específico abordado no livro de Jó é o sofrimento deste homem. As conversas relatadas ao longo do livro apresentam basicamente quatro perspectivas diferentes sobre Jó e sua circunstância.
A Perspectiva de Jó: Este homem não se achou perfeito, mas ele se considerou justo. Ele não reconhecia nenhum pecado que traria sobre ele a ira de Deus. Até sentiu a confiança para falar para Deus: “Quantas culpas e pecados tenho eu? Notifica-me a minha transgressão e o meu pecado” (13:23). É difícil alguém se apresentar com tanta confiança diante do Santo Deus. Hoje, nós podemos ter confiança diante do trono de Deus somente por causa da intervenção de Jesus, o nosso Sumo Sacerdote e sacrifício perfeito e eficaz (Hebreus 4:14-16; 10:19-22).
A Perspectiva dos Amigos de Jó: Os amigos de Jó, como muitos falsos mestres hoje, acreditavam que a circunstância na vida sempre refletia a sua posição diante de Deus – pessoas más sofrem, e pessoas que servem a Deus param de sofrer. Elifaz, um dos amigos, afirmou: “Todos os dias o perverso é atormentado” (15:20). Devido a esta atitude, eles concluíram que Jó estava sofrendo por causa de pecados na sua vida. Acusaram Jó de crimes terríveis (22:5-11) e o criticaram por não confessar pecados (que ele não tinha cometido!). Bildade falou que, se Jó se arrependesse, Deus “sem demora” restauraria a sua prosperidade (8:5-6).
A Perspectiva de Satanás: O diabo não conseguia imaginar um homem fiel somente porque Deus merece honra e adoração. Ele atribuiu aos homens, inclusive a Jó, motivos egoístas. O homem só serve a Deus para receber alguma coisa em troca. Assim, ele pensou, se tirar as bênçãos da vida da pessoa (Jó, neste caso), ela rejeitaria o próprio Senhor. A mulher de Jó caiu no mesmo pensamento errado (2:9), mas Jó repreendeu a tolice dela e manteve sua integridade (2:10). É triste observar quantos pastores hoje pensam como Satanás. Ao invés de engrandecer o nome de Deus porque ele é Deus, pregam doutrinas carnais e incentivam as pessoas a servir a Deus por motivos interesseiros. Distorcem textos bíblicos para defender suas mentiras de prosperidade e saúde nesta vida, e até se exaltam diante de Deus, exigindo que ele faça o que o homem quer! Se você serve a Deus só porque recebe ou espera receber bênçãos dele, o triste fato é que você não serve a Deus. Deus merece adoração porque ele é o Criador, Redentor e Senhor de todos nós. Devemos adorar a Deus porque ele é Deus!
A Perspectiva de Deus: Uma das coisas mais impressionantes do livro de Jó é a avaliação divina deste homem. Foi Deus que disse: “Observaste o meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal” (1:8). Deus sabia que a fé de Jó não se baseava nas coisas que ele tinha. Jó, como homem, sabia muito bem quem é Deus. Mesmo depois de Jó sofrer tanto e mostrar a sua confusão sobre o papel de Deus, ele continuou respeitando o Senhor. Ele pediu perdão por ter questionado o Soberano (42:1-6). Deus aceitou o humilde serviço de Jó, e mandou que os amigos dele pedissem a intercessão deste homem justo para procurarem perdão por suas palavras erradas (42:7-9).
O que aprendemos?
Há muitas perspectivas divergentes, até sobre cada um de nós. A nossa própria perspectiva é importante, mas não é uma avaliação garantida. O homem pode ter uma consciência limpa, mas ainda estar errado diante de Deus. Paulo se achava certo ao perseguir cristãos (cf. Atos 22:3-5; 23:1). Algumas pessoas que se acham fiéis terão uma surpresa eternamente desagradável no Dia final (Mateus 7:21-23). Mas, devemos buscar a integridade para manter a consciência limpa. Jó sabia de sua própria conduta, e viveu conforme os princípios de Deus (31:1-40). Ele falou que vigiava para manter a pureza sexual, até nos pensamentos (31:1,9-12; cf. Mateus 5:27-29). Ele foi honesto em todos os aspectos da sua vida (31:5-8). Tratava bem as pessoas, inclusive servos e pobres (31:13-23). Não confiava nas coisas materiais (31:24-28). Não odiava e não se vingava (31:29-30). Não escondia seus erros (31:33-34). Nós precisamos fazer como Jó, e comparar as nossas vidas aos princípios revelados por Deus para ter confiança da nossa comunhão com o Senhor:“Ora, sabemos que o temos conhecido por isto: se guardamos os seus mandamentos” (1 João 2:3).
A avaliação de outros pode nos ajudar, especialmente quando pessoas fiéis ao Senhor corrigem os nossos pecados. Mas outras pessoas podem errar, condenando os justos e aprovando os pecadores. Não é a opinião popular que nos julgará, e muito menos a avaliação do Adversário!
No final das contas, a única avaliação que realmente importa é a de Deus. O que ele acha da minha vida, e da sua? Ele é o Juiz perfeitamente certo em todas as suas decisões. Todos nós seremos julgados pela palavra de Jesus (João 12:48). Deus dará a recompensa da vida eterna aos fiéis, porque ele é o reto juiz. Paulo disse: “Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda” (2 Timóteo 4:8). Mas o mesmo Juiz tomará “vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho do nosso Senhor Jesus. Estes sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória do seu poder” (2 Tessalonicenses 1:8-9).
Davi, no seu arrependimento, disse: “Bem-aventurado aquele cuja iniquidade é perdoada, cujo pecado é coberto” (Salmo 32:1). A avaliação de Deus da nossa vida pode mudar. Ele pode esquecer dos nossos pecados e nos aceitar como pessoas justas – justificadas pelo sangue de Jesus. “Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, – pela graça sois salvos” (Efésios 2:4-5; cf. 1 Coríntios 6:9-11). “Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor” (Romanos 7:25)...
Bispo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciência da Religião Dr. Edson Cavalcante.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.