ESTUDO SOBRE SACRIFÍCIO AO SENHOR NOSSO
DEUS...
"As Ofertas que Deus falou a Moisés a respeito, eram um meio de adoração, e também um sacrifício para perdão e restauração pessoal diante de Deus. Muitas das ofertas estavam relacionadas com o Altar de Holocausto.
Os sacerdotes sacrificavam várias ofertas à Deus, que eram oferecidas pelos seus próprios pecados e também pelos pecados do povo (tanto pecados conhecidos como desconhecidos). Algumas ofertas eram oferecidas regular e frequentemente, enquanto outras eram oferecidas apenas em certos casos de necessidade".
OFERTA DO HOLOCAUSTO
LV 1.3-17; 6.8-13
DESCRIÇÃO
1. Ao falarmos sobre a Oferta do Holocausto, precisamos entender que este tipo de sacrifício corresponde a toda carne queimada sobre o altar do holocausto. A palavra holocausto vem do termo hebraico "hle" - `olah, e tem como significado "queimado que sobe". No dizer de Shedd:
O termo original ‘olah de significado ‘aquilo que sobre’, tanto podia referir-se à oferta que subia ao Senhor, como ao ‘cheiro suave’ (Lv 1.17), ou ainda ao animal inteiro, e não apenas parte dele, que era oferecido, ou erguido sobre o altar. Embora não seja o mais importante, é no entanto este sacrifício o que se menciona em primeiro lugar, talvez por ser o mais grandioso" (2)
2. Alguns detalhes importantes relacionados aos holocaustos:
a) Os holocaustos deveriam ser oferecidos a cada manhã e também ao cair da tarde. Nos dias comuns deveria ser oferecido apenas um cordeiro com um ano de idade, sem defeito, mas aos sábados, dois cordeiros deveriam ser oferecidos pela manhã e outros dois à tarde, Nm 28.9-10, "9 No dia de sábado, oferecerás dois cordeiros de um ano, sem defeito, e duas décimas de um efa de flor de farinha, amassada com azeite, em oferta de manjares, e a sua libação; 10 é holocausto de cada sábado, além do holocausto contínuo e a sua libação".
b) Em virtude da frequência e regularidade em que ocorriam estes sacrifícios, eles eram também chamados de "sacrifícios contínuos", Êx 29.42, "Este será o holocausto contínuo por vossas gerações, à porta da tenda da revelação, perante o Senhor, onde vos encontrarei, para falar contigo ali". Os israelitas podiam somar aos holocaustos, ou sacrifícios contínuos as chamadas "ofertas queimadas".
c) O ofertante colocava as mãos sobre o animal destinado ao sacrifício, reconhecendo nele o seu substituto. Um detalhe importante é que o próprio ofertante abatia o animal na presença dos sacerdotes, os quais aspergiam o seu sangue sobre o altar, Lv 1.4-5, "4 E porá a mão sobre a cabeça do holocausto, para que seja aceito a favor dele, para a sua expiação. 5 Depois, imolará o novilho perante o SENHOR; e os filhos de Arão, os sacerdotes, apresentarão o sangue e o aspergirão ao redor sobre o altar que está diante da porta da tenda da congregação". O animal inteiro, com exceção do seu sangue era, então, queimado e a fumaça subia representando a consagração do ofertante diante de Deus. Não podemos nos esquecer que o holocausto seria sempre uma "... “Oferta queimada, de aroma agradável ao SENHOR”, Lv 1.9.
SIMBOLISMOS
a) No Holocausto, o animal sacrificado deveria ser entregue sobre o altar para ser queimado. Isto era agradável a Deus, "cheiro suave": "Assim queimarás todo o carneiro sobre o altar; é um holocausto para o Senhor; é cheiro suave, oferta queimada ao Senhor", Êx 29.18. Da mesma maneira, Cristo entregou-se por nós em sacrifício a Deus, Ef 5.2, "... e andai em amor, como Cristo também vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em "cheiro suave". A expressão "cheiro suave", vem dos termos gregos: "osmh" (osme) – cheiro, aroma e "euwdia" (euodia) – "cheiro doce", "fragrância", "perfume agradável". O sacrifício de Cristo pelos nossos pecados subiu a Deus como uma fragrância agradável a Deus. Falando sobre o sacrifício de Cristo nos escreve Mesquita:
"Jesus, nosso holocausto, foi entregue, nada reservando de sua santa personalidade, Seu sangue, sua mente, sua vontade, sua alma, Ele entregou ao fogo da vida e da cruz. Não será repetição dizer que o sacrifício de Cristo no Calvário reuniu todos os antigos sacrifícios numa forma perfeita e infinita, Toda a vida de Jesus foi um holocausto, mas a morte foi o seu clímax. É certo que ele não foi literalmente queimado, mas também nada lhe faltou para que fosse consumido pelos sofrimentos da cruz. Ali, te se deu todo inteiro em substituição, em obediência ao Pai. Nós, que agora vivemos e levamos o resto das aflições de Cristo, também oferecemos diariamente o nosso sacrifício. Nisso não fazemos mais que imitar o Senhor".(3)
b) Assim como o animal era levado ao sacrifício sem oferecer qualquer resistência, Cristo também, no dizer do profeta Isaías foi conduzido ao "matadouro", não demonstrando qualquer resistência aos seus opressores e algozes, Is 53.7, "Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a boca; como um cordeiro que é levado ao matadouro, e como a ovelha que é muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a boca". Pelo contrário, as Escrituras nos dizem que Jesus entregou-se a si mesmo para o sacrifício, Gl 2.20, "Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé no filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim". Esta entrega foi motivada pelo verdadeiro amor! No dizer de Paulo: "Mas Deus dá prova do seu amor para conosco, em que, quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós", Rm 5.8.
c) Um ponto importante a considerar é que nos sacrifícios, o animal era uma representação do pecador; o sacerdote era representação da divindade. Homem e Deus estavam presentes ali! Em seu sacrifício, Cristo cumpriu estas duas exigências legais. Ele foi o "Cordeiro" oferecido em holocausto – "... eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo", Jo 1.29. Mas, foi também ao mesmo tempo o Sacerdote, que conduz o homem à presença de Deus. Como diz Mesquita:
"O sacerdote tinha de ser da própria natureza do pecador, para poder interceder por ele e sentir todas as suas necessidades; tinha também de ser da natureza divina, para poder aproximar-se dela. De sua identidade com a raça em geral e com o pecador em particular, nada se pode dizer em contrário, porque ele era homem como os demais. Sua relação com a divindade era obtida por meios cerimoniais, que por sua vez eram prototípicos. O sacerdote devia ser consagrado, conforme veremos nos capítulos 8-10 de Levítico, e, por essa consagração, era inteiramente separado, para fins religiosos, dos demais homens. Era uma pessoa que, não obstante ser homem, era olhada como vivendo acima dos homens, partilhando dos privilégios da divindade mesmo. Assim, de um lado, ele era aceitável ao pecador como pertencente à mesma raça; por outro, era aceitável a Deus em virtude de sua consagração.
Era, pois, para todos os efeitos, o mediador entre o pecador e Deus. A temporalidade deste ofício é inquestionável, considerando-se que ele não podia simpatizar em toda a extensão com a raça, nem podia partilhar perfeitamente da natureza divina. Sua obra era, pois, para o tempo somente, e as lições dela, para a eternidade"...
Bispo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em
ciência da Religião Dr. Edson Cavalcante
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