SOMENTE DEUS PODE CURAR A REBELDIA...
JEREMIAS, O LIVRO E O PROFETA: O livro de
Jeremias, cujo nome significa “O Senhor é Alto”, tem como tema
central: a mensagem de arrependimento e retorno para o Senhor antes que
o julgamento chegue. O versículo-chave se encontra em Jr. 3.22: “Voltai, ó
filhos rebeldes, eu curarei as vossas rebeliões. Eis-nos aqui, vimos a ti;
porque tu és o Senhor nosso Deus”. Ele exerceu o ministério profético
entre os anos 626 a 586 a.C. Ele nasceu em Ananote, a uns cinco quilômetros, à
nordeste de Jerusalém, numa família de sacerdotes. Seu livro é composto por uma
coletânea de sermões pregados durante 20 anos. Como os demais profetas
bíblicos, Jeremias experimentou a impopularidade em toda a sua intensidade. A
mensagem de Jeremias é dramática, repletas de denuncias contra o pecado e
advertências quanto ao juízo iminente. O livro não contém uma estrutura lógica,
por isso, é difícil sistematiza-lo. Na tentativa de esboçá-lo, apontamos: A
missão de Jeremias (1-10), a violação da aliança (11-20), a aproximação do
julgamento (27-29), a nova aliança (30-33) e a queda de Jerusalém (34-42). Esse
é um livro extramente pessoal, pois nele Jeremias relata sua experiência
profunda com o Senhor. Jeremias é um profeta malvisto tanto pelo poder
religioso quanto político da sua época. Por esse motivo, os poderosos
articularem, sem sucesso, várias estratégias a fim de desqualificá-lo enquanto
profeta do Senhor.
2. A VOCAÇÃO PROFÉTICA DE JEREMIAS: Ainda na
juventude, por volta dos 16 a 20 anos, Jeremias foi chamado pelo Senhor para
profetizar. Ele vinha de uma família sacerdotal, seu próprio pai, Hilquias,
havia sido sacerdote (Jr. 1.1). Esperava-se que Jeremias, seguindo essa
linhagem, também viesse servir diante do altar. Mas o Senhor o chamou para ser
profeta, e provavelmente, Jeremias sabia da responsabilidade imposta, por isso,
evitou acatar essa vocação de imediato. Ser sacerdote é bem mais cômodo do que
ser profeta. O ministério sacerdotal costuma ser previsível, pois o sacerdote
precisa apenas cumprir os rituais do culto. Mas o profeta jamais sabe o que o
Senhor vai colocar na sua boca, o que terá de anunciar. O sacerdote costuma
estar preocupado com o passado, para que as tradições sejam preservadas. O
profeta, por sua vez, se volta para o futuro, a fim de conduzir o povo para a
direção correta. O sacerdote costuma se voltar para as práticas exteriores,
enquanto que o profeta se dedica a levar o povo à transformação interna, das
intenções do coração. O profeta, como aconteceu com Jeremias, não fala de si
mesmo, mas da Palavra do Senhor que a ele vem (Jr. 1.2). O Senhor testemunhou
que o havia escolhido ainda no ventre da sua mãe (v. 5) para o ministério
profético. Por isso, ainda que ele relutasse (v. 6,7), não havia outra opção
senão dobrar-se perante a Palavra do Senhor. Jeremias estava temeroso por causa
da responsabilidade profética, o Senhor, contudo, o advertiu para que não
tivesse medo. Esse sentimento pode levar as pessoas a deixarem de assumir as
atitudes necessárias. Quantas pessoas não ficam paralizadas devido ao medo de
que algo de mal venha a acontecer? Não temas Jeremias, disse o Senhor ao
profeta. Essa mesma mensagem se aplica aos cristãos temerosos de hoje, que
hesitam em se posicionar em conformidade com a Palavra de Deus, com receio de
serem politicamente incorretos.
3. A POSTURA PROFÉTICA DE
JEREMIAS: O Senhor se dirigiu Jeremias do mesmo modo que o fez com Josué (Dt.
31.6-8; Js. 1.6-9), anulando seu medo paralizante (Jr. 1.17-19). Esse receio é
destruído por meio da fé, sem qual ninguém se posicionar profeticamente, o que
também se constitui em pecado (Rm. 14.23). O cristão recebe, do Senhor, a
direção para que permaneça firme (Ef. 6.14). Deus prometeu estar presente com
ele em todas as circunstâncias, mesmo diante das mais adversas (Jr. 1.8). A
vitória espiritual, portanto, não vem do homem, mas de Deus. Não podemos alegar
limitações pessoais para desempenhar o ministério profético (Jr. 1.19). Sendo
assim, o profeta deveria cingir os seus lombos, dispor-se e dizer ao povo tudo
o que o Senhor lhe mandasse (Jr. 1.17). Deus dá, então, uma visão ao profeta a
fim de fundamentar sua fé. Ele pergunta: “Que é que vês, Jeremias? E eu disse: Vejo
uma vara de amendoeira. E disse-me o Senhor: Viste bem; porque eu velo sobre a
minha palavra para cumpri-la”. Deus faz um jogo de palavras, pois, em hebraico,
amendoeira é “saqued”, já que responde com “soqued”, que significa “velar”,
dizendo, “eu velo sobre a minha palavra para cumpri-la” (Jr. 1.11,12). A
postura profética da igreja não se encontra nos méritos humanos, na verdade,
apesar das suas limitações, ela é coluna e baluarte da verdade (I Tm. 3.15).
Por isso, diante das oposições, sejam elas religiosas ou políticas, cabe a
esta, a tarefa de denunciar, com amor, as práticas que se opõem à Palavra de
Deus.
CONCLUSÃO: Jeremias é o
profeta da Esperança e figura o papel da igreja cristã no contexto moderno. A
sociedade contemporânea perdeu o norte, não sabe mais para onde está
caminhando. Por desconhecer ao Deus Vivo e Verdadeiro, segue a esmo, tomada
pela angústia. Mas ainda há esperança, e essa se encontra no Senhor, que se
revela em Sua palavra. Somente assim “há esperança para a árvore que, se for cortada,
ainda se renovará, e não cessarão os seus renovos” (Jó. 14.17). Cientes dessa
verdade, nós, os cristãos, não podemos viver como os demais, que não têm
esperança (I Ts. 2.16)...
Bispo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor
em Ciência da Religião Dr. Edson Cavalcante.
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