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domingo, 26 de outubro de 2014

JESUS OU BARRABÁS...


                                                    JESUS OU BARRABÁS...
Mateus 27:11-26
Introdução
Jesus está diante de um tribunal. Este tribunal é diferente de todos os outros tribunais já forjados na terra. De um lado estão os homens, representando a promotoria cujo papel é acusar. Do outro lado está Jesus, o Deus encarnado, na condição de réu. De um lado estão os homens, pecadores, corruptos e injustos. Do outro lado Deus, santo, onipotente e justo. Este foi o dia na história da humanidade onde os homens julgaram a Deus.
Jesus enfrentou seis julgamentos, sendo três julgamentos na esfera religiosa e três julgamentos na esfera civil.
• 3 julgamentos religiosos:
- Na casa de Anás (ex-sumo sacerdote);
- Na casa de Caifás (sumo sacerdote em exercício);
- No Sinédrio (Conselho de Anciãos – composto por 70 homens).
• 3 julgamentos civis:
- Diante de Pilatos;
- Diante de Herodes;
- Diante de Pilatos.
Em seus seis julgamentos, Jesus foi condenado em todas as instâncias. No tribunal religioso ele foi condenado à pena de morte pelo crime de blasfêmia, por se denominar Filho de Deus, ou seja, intitular-se como Messias. No tribunal civil Jesus foi condenado à pena de morte pelo crime de insurreição e rebelião, por se denominar rei. Diante do tribunal humano, Jesus foi considerado culpado.
Entretanto, existem duas marcas fortíssimas no julgamento de Jesus: ilegalidade e injustiça. Senão, vejamos:
1 - Todos os julgamentos de Jesus aconteceram de madrugada. Jesus foi preso entre duas e três horas da madrugada. Às nove horas da manhã já estava pendurado na cruz, ou seja, em menos de seis horas Jesus já havia passado por seis julgamentos diferentes.
2 – Jesus não teve direito a um advogado. Outro aspecto que merece ser pontuado é o fato que Cristo não teve direito a nenhum advogado, pois já naquela época havia a figura do defensor, amparado inclusive pela lei romana vigente. Nesse sentido, foi-lhe negado o direito ao contraditório e a ampla defesa. A Bíblia afirma que Jesus permaneceu em silêncio diante do seu julgamento. Assim o evangelista Marcos narra o julgamento de Pilatos: “Tornou Pilatos a interrogá-lo: Nada respondes? Vê quantas acusações te fazem! Jesus, porém, não respondeu palavra, a ponto de Pilatos muito se admirar” (Mc 15:4,5).
3 – A sentença baseou-se em falsas testemunhas. O evangelista Marcos registra o depoimento das testemunhas: “E os principais sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam algum testemunho contra Jesus para o condenar à morte e não o achavam. Pois muitos testemunhavam falsamente contra Jesus, mas os a depoimentos não eram coerentes” (Mc 14:55,56). O evangelista Mateus é mais enfático ao afirmar a busca dos sacerdotes por testemunhos acusatórios falsos: “Ora, os principais sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam algum testemunho falso contra Jesus, a fim de o condenarem à morte” (Mt 26:59).
4 – A condenação veio sem que nada de concreto pudesse ser provado contra ele. No julgamento civil a Bíblia afirma: “Disse Pilatos aos principais sacerdotes e ás multidões: Não vejo neste homem crime algum” (Lc 23:4).
Exatamente neste interstício do julgamento de Jesus que surge uma figura singular. Trata-se de um homem chamado Barrabás. Mas, afinal de contas, quem é Barrabás? Barrabás é um criminoso, assassino, rebelde e agitador. Alguém que queria tomar o poder através da violência. Charles Swindoll diz que a figura contemporânea que mais se aproxime de Barrabás é o terrorista. Barrabás estava na lista dos homens mais procurados do império romano.
A Bíblia afirma que Barrabás foi introduzido no julgamento de Jesus: “Ora, por ocasião da festa, costumava o governador soltar ao povo um dos presos, conforme eles quisessem. Naquela ocasião tinham eles um preso muito conhecido, chamado Barrabás. Estando, pois, o povo reunido, perguntou-lhes Pilatos: A quem quereis que eu vos solte, a Barrabás ou a Jesus, chamado o Cristo” (Mt 27:15-17).
Este é o cenário deste tribunal. De um lado Jesus (Deus, santo, justo, perfeito e puro) e do outro Barrabás (pecador, violento, assassino e rebelde). Mesmo diante da discrepância entre esses dois homens, a Bíblia diz que Jesus foi condenado e Barrabás foi liberto. Cristo foi sentenciado à morte e Barrabás foi absolvido de seus crimes. Jesus iria para a cruz e Barrabás voltaria para casa.
Diante disso, podemos questionar: Por que esse homem escapou da cruz?

I – Porque Jesus tomou o seu lugar (v. 17).
Três homens seriam crucificados naquela sexta-feira: um assassino e dois ladrões, Barrabás e outros dois homens. Aquela cruz do meio estava reservada para Barrabás.
Barrabás estava no corredor da morte, esperando apenas a execução da sua sentença. Portanto, Barrabás sabia que a cruz do meio era para ele. Aqueles cravos eram para ele. Aquele sofrimento estava reservado para ele.
Na teologia há o que chamamos de tipologia, ou seja, algo que simbolizava ou tipificava algo maior. Por exemplo, o reino de Davi tipificava o reino do Messias que seria estabelecido; Gênesis 22, quando Deus pede para Abraão sacrificar seu único filho Isaque, é uma tipologia do que Deus haveria de fazer com seu único filho; quando Oséias casa com uma prostituta o propósito é mostrar ao povo o adultério espiritual que a nação estava vivendo.
Sendo assim, neste texto Barrabás tipifica alguém: você! O que Cristo fez por Barrabás morrendo em seu lugar, foi exatamento o que Ele fez por nós: morreu no nosso lugar. Aquela cruz do meio era minha. Aquela cruz do meio era sua. Jesus ao invés de Barrabás significa Cristo ao invés de nós.
Deus não seria injusto se mandasse todos nós para o inferno. Na verdade, ele estaria exercendo sua justiça. Nós não merecemos ir para o céu. Nada do que você faça pode te levar para o céu. Por mais que você tente, por mais que você se esforce. A salvação não é alcançada por aquilo que fazemos, mas por aquilo que Cristo fez. Isso chama-se graça. Calvino chamou isso de Graça Irresistível. Charles Swindoll disse que “Deus construiu uma estrada para o céu. Esse caminho foi pavimentado com o sangue de Cristo”.
II – A morte de Jesus garantiu a sua liberdade (v. 26)
Páscoa significa libertação. A festa da Páscoa foi instituída para comemorar a libertação do povo do Egito (Êxodo 12). Não tem nenhuma ligação com coelho ou ovos de chocolate. Na noite que antecedeu a libertação do povo, Deus mandou a última praga: a morte dos Primogênitos. O povo de Deus deveria entrar em suas casas, sacrificar um cordeiro tomar o sangue do animal e aspergir sobre os umbrais e sobre as portas. Naquela mesma noite o anjo da morte iria passar por sobre a terra do Egito e ceifar a vida de todos os primogênitos, com exceção daqueles que estivessem nas casas marcadas pelo sangue do cordeiro morto na noite pascal. Assim diz a Bíblia: “O sangue vos servirá por sinal nas casas...” (Ex 12:13). A morte do cordeiro pascal garantiu a vida e a libertação do povo no Egito.
Por semelhante modo, o derramamento do sangue de Cristo, o cordeiro de Deus, garantiu a liberdade de Bartimeu. Jesus foi sentenciado para que ele pudesse alcançar a anistia. O apóstolo Paulo afirma que “Para liberdade foi que Cristo nos libertou” (Gl 5:1).
Conclusão
No ano de 2005 a revista Superinteressante publicou uma matéria com o seguinte título: Quem matou Jesus? No decorrer da matéria, os autores traziam cinco teses diferentes:
1 – os romanos;
2 – os judeus;
3 – a multidão insensata;
4 – os líderes judaicos que manipularam a multidão;
5 – Pilatos.
Biblicamente, todas estas respostas estão erradas. Conquanto, todas essas pessoas tenham tido participação na execução de Cristo, nenhuma delas pode ser responsabilizada individualmente. Segundo o ensino das Escrituras, somente uma pessoa pode ser declarada culpada pela morte de Jesus: você! Ele morreu por sua causa. Você é o grande motivo da morte de Jesus...

Bispo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciência da Religião Dr. Edson Cavalcante

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