DESVIADO, EU, JAMAIS ISSO ACONTECERÁ COMIGO, SERÁ...
O que fazer para manter
meu filho dentro da igreja? Esta é uma pergunta feita por muitos pais cristãos.
Aqueles que têm filhos
pequenos querem fórmulas para prevenir que seus filhos não se desviem da
igreja, e os que têm filhos grandes, que se distanciaram da igreja, desejam que
Deus realize um milagre.
O que fazer?
Em primeiro lugar, todo
cristão deve estar consciente que ‘os filhos da carne não são filhos de Deus’.
Como? O meu filho, nascido em berço evangélico e/ou protestante não é filho de
Deus?
Ora, se ‘filho de
crente fosse filho de Deus’, teríamos que concordar que todos os descendentes
de Abraão também são filhos de Deus, porém, não é isto que a bíblia ensina.
O apóstolo Paulo ao
escrever aos cristãos em Roma, deixou claro que, ser descendente da carne de
Abraão não é o que concede filiação divina “Não que a palavra de Deus haja
faltado, porque nem todos os que são de Israel são israelitas; Nem por serem
descendência de Abraão são todos filhos” ( Rm 9:6 -7 ).
Ou seja, “... não são
os filhos da carne que são filhos de Deus, mas os filhos da promessa são
contados como descendência” ( Rm 9:8 ). Ora, se os filhos de Abraão não são
filhos de Deus, segue-se também que filho de crente não é filho de Deus.
Logo, qualquer que
queira alcançar filiação divina tem que ter a mesma fé que teve o crente
Abraão, ou seja, para que um filho de um cristão seja filho de Deus,
necessariamente precisa crer do mesmo modo que o pai creu na mensagem do
evangelho “Sabei, pois, que os que são da fé são filhos de Abraão” ( Gl 3:7 ).
Somente os que são
gerados através da semente incorruptível, que é a palavra de Deus, são filhos
de Deus, ou seja, filhos de cristãos não são necessariamente filhos de Deus.
Em segundo lugar, todos
cristãos devem estar cônscios que o corpo de Cristo, que também é nomeado de
igreja, não pode ser confundido com instituições humanas, tais como a família e
a igreja. Fazer parte de uma instituição humana não torna o homem pertencente
ao corpo de Cristo, ou seja, salvo.
Como membro da
sociedade os pais cristãos precisam educar seus filhos, e não deve deixar tal
encargo sob responsabilidade da igreja, ou de qualquer outra instituição. Tal
incumbência é única e exclusivamente dos pais. Se faltar os pais, tal
incumbência deve ser transferida a outra pessoa que desempenhe este papel:
avós, tios, ou, em último caso, uma instituição estabelecida pela sociedade
(orfanato).
Por que a missão de
educar filhos não pode ser delegada? Porque dentro da normalidade os pais são
as pessoas que possuem a melhor e maior relação de confiança nos primeiros anos
de vida de um indivíduo. Com base nesta relação de confiança a instituição
família torna-se um laboratório onde todos os ensaios para se produzir um
cidadão responsável é levado a efeito.
Dentro da família é que
se aprende o que é autoridade e responsabilidade. No seio da família é que se
aprende e se desenvolvem as relações humanas, tais como fraternidade, amizade,
confiança, respeito, afetividade, etc.
Como os pais possuem a
melhor e maior relação de confiança, também são eles os mais indicados para
apresentar o evangelho de Cristo às crianças durante o processo educativo.
Portanto, é salutar que os pais não apresentem aos filhos um Deus vingativo e
rancoroso. Frases do tipo: “– Não faça isto porque papai do céu não gosta! Ou,
- se você fizer isto, Deus castiga!”, não reflete a verdade do evangelho e
causa um prejuízo enorme a compreensão da criança.
A relação que o
evangelho estabelece entre Deus e os homens se pauta pela confiança e
fidelidade. É possível confiar em alguém rancoroso e vingativo? Não! Ora, como
é possível um jovem confiar em Deus, se o que lhe foi apresentado não condiz
com a verdade do evangelho?
Os pais precisam
demonstrar aos filhos que alguns comportamentos não são tolerados porque
efetivamente o pai e a mãe desaprovam. Que tais atitudes são proibidas
efetivamente pelo pai e pela mãe. Que tal comportamento é pernicioso e toda a
sociedade também desaprovam.
Não apresente para seu
filho um Deus rancoroso, nervoso, que está pronto a castigá-lo diante de
qualquer erro de conduta. Tal comportamento por parte dos pais demonstra
claramente que estão fugindo de sua responsabilidade como educador.
Educar os filhos
estabelecendo uma relação de medo, tendo Deus, a igreja, o pastor, o padre, o
diabo, o inferno, a polícia, boi da cara preta, etc., como algozes ou elemento
de punição, acaba por produzir homens que não respeitam as instituições e
desprezam os que exercem autoridade. Este tipo de educação estabelece o medo em
lugar do respeito, pois a relação de confiança não é estabelecida. Quando o
medo passa já não há mais motivo para obedecer.
Os pais que agem desta
maneira ao educar os seus filhos têm sim sua parcela de culpa no desencaminhar
dos filhos. A igreja também tem o seu quinhão, pois deixou de apontar os pais
como únicos e legítimos responsáveis pela educação dos seus filhos. O estado
também é culpado, pois assume o papel de educador, quando na verdade, é somente
veículo de transmissão de conhecimento.
Se as bases da educação
não forem delineadas no seio da família, e tais conceitos aplicados e
experimentados nas relações familiar, qualquer outra instituição humana, como a
igreja e o estado estarão fadados ao fracasso.
Muitos pais se aplicam
ao trabalho, ao estudo e a igreja, porém, não investem tempo na educação dos
filhos. A educação dos filhos se dá em tempo integral e não é salutar
negligenciar este tempo.
A preocupação com os
filhos geralmente surge apenas quando os pais cristãos sentem que seus filhos
estão se distanciando da instituição igreja. Temerosos apelam para a imposição
e coerção, obrigando os filhos a irem à igreja. Tal atitude é ainda mais
equivocada do que não ter instruído a criança no tempo certo.
Estas questões sobressaltam
alguns pais cristãos porque não sabem divisar qual é o seu papel como membro da
sociedade, e qual a sua missão como embaixador do evangelho. Pais cristãos não
podem misturar estas duas funções.
Os pais cristãos têm
duas missões bem distintas: a) educar os filhos para serem membros da
sociedade, e; b) anunciar as maravilhosas promessas do evangelho aos filhos
para que jamais se distanciem da fé.
Estas missões devem ser
desempenhadas desde a mais tenra idade, tendo o cuidado de se ocupar
simultaneamente da educação e formação de um cidadão, sem negligenciar o ensino
da palavra da verdade, enfatizando o amor e a fidelidade de Deus.
Desde pequenino a
criança deve ser ensinada a respeitar as autoridades, e é através dos pais que
a criança será exercitada quanto à submissão a autoridade. Através dos irmãos,
avós e tios a criança aprenderá o respeito e o convívio. Como os amigos,
professores, vizinhos e estranhos a criança aprenderá as relações com o mundo.
E quanto ao evangelho?
O que a bíblia recomenda? Lemos em Deuteronômio o seguinte: “E as ensinarás a
teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e
deitando-te e levantando-te” ( Dt 6:7 ). Sobre o caminho da vida a criança deve
ser instruída em todo tempo, ou seja, em casa, no caminho, no deitar e no
levantar.
A instrução das
sagradas ‘letras’ é encargo dos pais! Delegar tal função ao professor da escola
dominical não é o recomendado pelas escrituras, além do mais, restringe o tempo
de ensino acerca de Cristo a uma vez por semana, por um período de apenas uma
hora. Totalmente diferente do que a escritura recomenda: ensino diário.
Os pais precisam ajudar
as crianças a compreenderem que todos devem obediência aos pais e a sociedade.
A submissão aos pais hoje, é um ensaio e um aprendizado à submissão que será
exigido pela sociedade, tanto na escola quanto no trabalho.
Após ser instruído,
mesmo que o jovem não queria seguir o evangelho de Cristo, teremos um cidadão
comprometido com certos valores sociais.
Um dos problemas
pertinente a educação de filhos de cristãos hoje está em misturar educação
familiar com igreja. Delegar à igreja a responsabilidade de transmitir valores
socioculturais é um grande erro. Quando o jovem cresce e se decepciona com
certas pessoas dentro da instituição, acaba se afastando da igreja e ao mesmo
tempo rebela-se contra todo e qualquer tipo de valores sociais.
Quando os pais estão
cônscios de que não geram filhos para Deus, se aplicam mais na educação e
evangelização dos filhos. Também não se desesperam quando virem que seus
rebentos não estão com vontade de ir à igreja. Não se sentirão culpados ou
responsáveis por seus filhos quando eles não acatarem algumas questões
institucionais.
É preciso educar os
filhos através do ensino da palavra de Deus, porém, sem esquecer-se de
transmitir e inculcar valores sociais. Na educação está inserido a conversa, a
brincadeira, a repreensão, o alerta, etc. Permita aos filhos vivenciarem todas
as fases da vida, desde a meninice, a adolescência e a juventude.
Mas, o que fazer quando
os filhos se desviam da igreja? Em primeiro lugar é necessário distinguir se os
filhos se desviaram do evangelho ou se distanciaram de uma determinada
instituição.
Desconhecer princípios
elementares do evangelho leva os pais a confundirem o que é ser filho de Deus
com o pertencer a uma determinada igreja. Se um filho deixou de ser assíduo na
igreja, não deve ser rotulado de desviado, ou que está a passos largos para o
inferno, etc.
Se uma pessoa professa
a verdade do evangelho conforme diz as escrituras, isto significa que não é um
desviado, antes deve ser alertado somente quanto à necessidade de se congregar.
Talvez seja necessário que os pais investiguem o motivo pelo qual os seus
filhos estão deixando o hábito de reunir-se com outros cristãos.
Agora, se o filho não
professa a verdade do evangelho e continua congregando por habito, a condição
dele diante de Deus é preocupante. O que ele sabe acerca do evangelho? Ele
professa a fé do evangelho? Se a resposta é negativa, é necessário anunciar-lhe
a verdade do evangelho, para que ele creia e venha a ser salvo, e não somente
um frequentador de igreja...
Bispo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor
em Ciência da Religião Dr. Edson Cavalcante
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