O AMOR PATERNAL...
TSS 4:9-12
O crescimento do número
de pessoas que afirmam crer em Cristo, serem salvas por Cristo, mas não querem
vivenciar um vínculo comunitário. A questão é: será que a fé pessoal em Jesus
pode abrir mão de um vínculo comunitário por causa de Jesus? será que é possível
viver o grande mandamento de Jesus – “amai-vos uns aos outros como eu vos amei”
- sem relacionar-se efetivamente com
aqueles que como nós já creram em Jesus? Por mais que se tente provar o
contrário a resposta é e sempre será NÃO! O amor só se concretiza pela via do
relacionamento, sem ela é um mero discurso vazio e hipócrita!
Por isso, é oportuno
ouvir Deus nos exortar hoje em Paulo que faz-se necessário progredir no amor
fraternal. Como se dá este progresso?
I – PROGREDIMOS NO AMOR
FRATERNAL VIVENCIANDO AS SUAS BASES (v. 9-10a)
Paulo reconheceu que a
igreja de Tessalônica já discernira as bases do amor fraternal e, mais do que
isto, as vivenciava. Quais são estas bases?
1. Amor envolve
aprendizado (v. 9)
No amor não existe
“autodidatas” = pessoas que têm a habilidade de aprender sozinhas. Por isso os
tessalonicenses matricularam na “escola do amor”, foram devidamente
“instruídos” e tiveram a grande vitória de aprender as lições chaves do amor.
Só pode amar quem tem a humildade de admitir: “não sei amar” e, humildemente,
trilhar todas as etapas do aprendizado do amor.
2. Amor envolve
verticalização (v. 9)
Os tessalonicenses não
foram autodidatas do amor, pelo contrário, foram instruídos pelo maior e melhor
de todos os mestres do amor: o próprio Deus. Assim aprenderam a amar pelo
método vertical que podemos chamar de “teodidata” = o ensino ministrado por Deus pois, na
verdade, somente ELE pode nos instruir sobre os grandes mistérios do amor.
“Está escrito nos profetas: e serão todos ensinados por Deus, portanto, todo
aquele que da parte do Pai tem ouvido e aprendido, esse vem a mim” (Jo 6:45).
Jr 31:33-34
3. Amor é mandamento
(v. 9)
Os tessalonicenses não
viram o amor como uma dentre muitas alternativas de vida ou apenas uma opção a
mais no leque da existência. Compreenderam, desde cedo, que amar é uma ordem
que precisa ser obedecida: “novo mandamento vos dou – que vos ameis uns aos
outros, assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros; nisto
conhecerão todos que sois meus discípulos – se tiverdes amor uns aos outros” (
Jo 13:34-35), Jo 15:12,17, I Jo 3:11, 23
4. Amor envolve
reciprocidade (v. 9)
Os tessalonicenses, em
meio ao sofrimento, compreenderam nitidamente que o amor fraterno não admite
exclusão, discriminação, rejeição, seleção.... , pelo contrário, ele é um
convite permanente à uma reciprocidade sadia. Trocando em miúdos: aquela lista
de pessoas especiais por quem você nutre muito apreço e que fazem parte do seu
seleto rol do verdadeiro amor precisa ser ampliada imediatamente com a inclusão
daquelas com as quais você tem se
empenhado o máximo para “manter distância”.
PAULO arremata com
alegria e sinceridade o diagnóstico que ele fazia da igreja de Tessalônica: “na
verdade estais praticando isso mesmo para com positivo todos os irmãos em toda
a Macedônia” (v. 10a). Enfim, amar para eles não era um mero discurso lembrado
no culto dominical das 19 horas, mas uma realidade inquestionável e indubitável!
II – PROGREDIR NO AMOR FRATERNAL VIVENCIANDO A
SUA PROFUNDIDADE (V. 10)
Apesar deste maravilhoso
elogio, Paulo, com a ousadia que lhe era peculiar, exortou aos tessalonicenses
sobre a necessidade de “progredirem cada vez mais no amor fraterno”. Aqui ele
os está convocando para viverem uma dimensão diferenciada de amor por meio da
qual eles não só estarão seguros de que amam, mas, acima de tudo, de que amam
verdadeiramente com profundidade. Paulo os convoca para vivenciarem um amor que
vai além das convenções humanas de amor, um amor como o de Jesus que no passado
exaltávamos cantando: “o amor de Jesus é maravilhoso......” O que envolve esse
amor profundo?
1. Amor profundo envolve insatisfação
A consciência de que
quanto mais amo, mais amor eu preciso dar....
2. Amor profundo envolve submissão
A consciência de que amar é mandamento para ser
obedecido agora...
3. Amor profundo
envolve comunhão
A consciência de que
nunca imergiremos no amor se não imergimos na comunidade do amor – a igreja....
III – PROGREDIR NO AMOR
FRATERNAL VIVENCIANDO OS SEUS LIMITES (V. 11-12)
1. Limite da
“privacidade” (“tranqüilidade”) – v. 11
Paulo afirma que eles
deveriam “diligenciar” , ou seja, considerar como questão de honra “viver
tranquilamente cuidando efetivamente do que é deles”. O sentido desta
tranqüilidade não está numa vida de muita mordomia, lazer, descanso no estilo
“sombra e água fresca”, mas numa vida onde conforme lembra Howard Mashall eles
“não deveriam ser abelhudos” respeitando a privacidade pessoal e familiar das
pessoas (II Ts 3:11 “.... pessoas que se intrometem na vida alheia”). “Trocando
em miúdos”: amar é administrar bem o que Deus nos tem dado para que não seja
necessário explorar de forma injusta e inadequada o irmão que Deus nos tem
desafiado a amar..... Amar é respeitar este limite da privacidade.....
2. Limite da
produtividade com responsabilidade (v. 11)
A igreja de Tessalônica
estava muito focada na volta de Cristo.
Na verdade, desde sua conversão, eles aguardavam com muita esperança que ela
acontecesse logo (1:10 e cp 5). Contudo, em nome desta esperança, alguns irmãos
estavam deixando o trilho do amor responsável para andar pelo trilho da
vagabundagem: “já que Jesus voltará logo, para que trabalhar, vamos servir ao
Senhor e deixar que Ele levante pessoas para nos sustentarem”. Paulo,
transparentemente, dá um basta nesta distorção lembrando que a ordem clara e
objetiva de Deus é que cada um deve “trabalhar com as próprias mãos” (I Co
4:12; Ef 4:28). Traduzindo: quem trabalha honestamente e dedicadamente, não vai
precisar de viver às custas dos outros e nem terá tempo para “dar pitaco” na vida
dos outros. Amar é respeitar este limite da produtividade com
responsabilidade...
3. Limite da
irrepreensibilidade (v. 12)
Paulo diz que no
relacionamento com aqueles que não são crentes em Jesus (“são de fora”) eles
deveriam se portar com “dignidade para que nada viessem a precisar”, ou seja,
não basta ter uma boa conduta diante de Deus (2:12), é necessário ter uma boa
conduta diante dos homens (Col 4:5 “portai-vos com sabedoria para com os que
são de fora...” Rom 13:13, I Tm 3:7, I Pd 2:12). Trocando em miúdos: amar é
deixar de ser uma parasita social, alienado, indiferente, insensível, para
transformar-se num cidadão do Reino que valoriza a cidadania da nação como um
trabalhador honesto, sincero, dedicado, solidário que se vê como uma solução
positiva para os desafios que tem à sua volta (II Ts 3:6-13), como fez Neemias
no passado....
CONCLUSÃO:
Somos chamados hoje
pelo Senhor a progredir no amor fraternal
1. Amando urgentemente
Para isto precisamos
reavaliar nossos planos, prioridades,
agenda, nosso foco.... O que adianta progredir sem amor?
2. Amando
especificamente
Para isto precisamos
nos libertar da correria que nos aprisiona e começarmos a buscar
relacionamentos significativos
3. Amando
gradativamente
Um grande amor é feito
de pequenos gestos de amor...
Bispo. Capelão/ Juiz.
Mestre e Doutor em Ciência da Religião Dr. Edson Cavalcante
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