QUE OS IRMÃOS VIVAM EM UNIÃO?
O apóstolo Paulo
contendeu com Barnabé "E tal contenda houve entre eles, que se apartaram
um do outro. Barnabé, levando consigo a Marcos, navegou para Chipre" ( At
15:39 ), e, apesar de se apartarem um do outro, contudo ‘viviam’ em união. Como
pode ser isto? ‘Viver em união’ transcende a ideia do convívio social amistoso.
Quando Paulo e Barnabé aceitaram a Cristo, tornaram-se nova criatura, por
estarem em Cristo ( 2Co 5:17 ).
1 OH! Quão bom e quão
suave é que os irmãos vivam em união.
2 É como o óleo
precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce
à orla das suas vestes.
3 Como o orvalho de
Hermom, e como o que desce sobre os montes de Sião, porque ali o SENHOR ordena
a bênção e a vida para sempre.
O Salmista Davi faz
referência à união fraterna. O verso 1 expressa o desejo do salmista para com o
seu povo.
Ele faz referência a um
‘viver em união’, diferente de estar unidos ou reunidos. Ele qualifica esta
‘vida’ em união de boa e suave.
No verso 2 o salmista
compara a união ao óleo precioso “É Com o óleo precioso...”. A qual óleo
precioso o salmista faz referência?
É sabido que os
orientais costumeiramente se perfumavam, ungindo-se, em tempos de festas e
alegria. Não estar ‘ungido’ representava tristeza profunda "Enviou Joabe a
Tecoa, e tomou de lá uma mulher e disse-lhe: Ora, finge que estás de luto;
veste roupas de luto, e não te unjas com óleo, e sê como uma mulher que há já
muitos dias está de luto por algum morto" ( 2Sm 14:2 ).
O ‘óleo de alegria’ era
um bem precioso no passado “E, estando ele em Betânia, assentado à mesa, em
casa de Simão, o leproso, veio uma mulher, que trazia um vaso de alabastro, com
ungüento de nardo puro, de muito preço, e quebrando o vaso, lho derramou sobre
a cabeça” ( Mc 14:3 ), com um significado especial "Não me ungiste a
cabeça com óleo, mas esta ungiu-me os pés com ungüento" ( Lc 7:46 ).
A comparação que o
salmista estabelece não é com o ‘óleo da alegria’, antes ele compara a união ao
óleo da unção que era de uso exclusivo dos sacerdotes “É como o óleo precioso
sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla
das suas vestes” (v. 2).
O óleo da unção após
ser derramado sobre a fronte do sacerdote, escorria sobre a barba até atingir a
orla do manto sacerdotal.
A união fraternal é
comparável ao óleo ‘sagrado da unção’ que era utilizado na unção dos sacerdotes
e dos utensílios da tenda da congregação ( Ex 30:31). O óleo era composto das
principais especiarias da época ( Ex 30:23), feito por um artista perfumista (
Ex 30:25 ).
Enquanto o óleo da
unção era proibido ao povo ( Ex 30:33 ), a união fraternal não é vetada. Embora
a união tenha o mesmo valor que o óleo da unção, dela todos devia e podiam
utilizar sem restrição alguma.
O salmista compara a
união ao orvalho do monte Hermon, que descia sobre os montes da preciosa Sião (
Dt 3:8 ; Js 12:1 ). O monte Hermon atinge uma altitude de 2.814 metros, tendo o
cume coberto de neve, enquanto as terras ao redor são causticantes em
decorrência do sol de verão, nomeado também de monte sagrado ou monte nevado.
O orvalho proveniente
do monte Hermon acabava por contemplar todos os montes em redor, característica
que tornou possível o salmista utilizá-lo como comparativo a união.
Temos dois elementos: o
óleo da unção que, após derramdo sobre o sacerdote, abrangia o seu corpo e
vestes, e o orvalho do monte Hermon, que se expandia sobre os montes em redor
(v. 2 e 3 a).
“... porque ali o SENHOR ordena a bênção e a
vida para sempre “A chave para interpretação deste salmo encontra-se na última
afirmação do salmista. Somente após respondermos: ‘onde o Senhor ordena a
bênção? De qual bênção o salmista trata? O que é bênção e vida para sempre? Que
tipo de união é preciosa?’, compreenderemos a proposta deste salmo.
Bênção
Após a queda Deus
determinou que a mulher tivesse filhos com dores, e o homem, por sua vez,
obtivesse o seu sustento com dores "E a Adão disse: Porquanto deste
ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo:
Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos
os dias da tua vida" ( Gn 3:17 ).
A determinação divina
vinculou o trabalho como meio de obtenção de seu sustento diário e bens deste
mundo "No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes a terra;
porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás" ( Gn 3:19
). O homem precisamente comerá e viverá daquilo que trabalhar a terra, pois a
terra por si só produzirá cardos e espinhos. O sustento do homem é a
retribuição pelo seu trabalho.
Enquanto que o sustento
diário e os bens materiais que o homem adquire nesta vida são concedidos como
retribuição pelo seu labor, a bênção de Deus é de graça e concedida a todos que
O busca "A bênção do SENHOR é que enriquece; e não traz consigo
dores" ( Pv 10:22 ).
Somente a bênção do
Senhor torna o homem pleno. As riquezas deste mundo são adquiridas pelo homem
através do labor e dores, no entanto, a riqueza que o homem adquire de Deus não
resulta do seu trabalho, antes graciosamente Deus lhe concede.
Deus estipulou que o
homem haveria de comer do fruto do seu trabalho. O apóstolo Paulo alertou que,
aqueles que buscam riquezas deste mundo traspassariam suas almas com muitas
dores "Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e
nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com
muitas dores" ( 1Tm 6:10 ).
Diante do exposto, é
certo que a bênção que o Senhor ordena não diz do sustento diário ou bens materiais,
pois se assim fosse Deus invalidaria a Sua própria palavra. Até mesmo o Cristo
não se furtou à determinação divina, pois ao ser encarnado, o Verbo de Deus se
sujeito as mesmas fraquezas e obrigações "Era desprezado, e o mais
rejeitado entre os homens, homem de dores, e experimentado nos trabalhos; e,
como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele
caso algum" ( Is 53:3 )...
Bispo. Capelão/Juiz.
Mestre e Doutor em Ênfase e Divindades Dr. Edson Cavalcante
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