O PORQUÊ DO
SOFRIMENTO NA VIDA DO CRENTE...
O SOFRIMENTO NOSSO DE
CADA DIA
1 Pedro 4
Com certeza você já
ouviu alguma dessas perguntas:
“Se existe sofrimento,
Deus pode existir?”
“Se Deus é bom e também
onipotente, por que, então, existe o mal no mundo?”
"Porque o justo
sofre?"
Essas e outras
perguntas existem porque temos muitas dificuldades em entender o sofrimento,
especialmente quando falamos em sofrimento na vida de um cristão.
O sofrimento entrou no
mundo pelo pecado. Hoje a natureza geme por causa do pecado. Os filhos de Deus
gemem por causa do pecado. Por isso: O sofrimento atinge a todos.
O sofrimento é variado:
Ele pode ser físico, através de uma dor ou doença. Mas o sofrimento também pode
ser na emoção, na alma e no psicológico: medo, ansiedade, humilhação, desprezo,
solidão, perda de um ente querido, remorso, a destruição do casamento podem
causar grande sofrimento. O sofrimento emocional pode ser tão profundo como a dor
física.
Fato é que o sofrimento
é muito complexo: abrange a mente, as emoções, o físico e o espírito.
Gostaria de elencar
algumas verdades Bíblicas sobre sofrimento:
1 - Deus não nos poupa
do sofrimento, mas caminha conosco pelo sofrimento – Is 43:1-3; Sl 23:4; Ainda
que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu
estás comigo; o teu bordão e o teu cajado me consolam.
2 - Deus trabalha as
circunstâncias dolorosas da nossa vida e as canaliza para o nosso bem (Gn
50:20; Rm 8:28); Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que
amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.
3 - Deus transforma as
circunstâncias adversas em benefício para nós (Sl 84:5-6); Bem-aventurado o
homem cuja força está em ti, em cujo coração se encontram os caminhos
aplanados,6 o qual, passando pelo vale árido, faz dele um manancial; de bênçãos
o cobre a primeira chuva
4 - Mesmo que as
circunstâncias não mudem, Deus mesmo é a razão da nossa alegria – (Hc 3:17-18);
17 Porquanto, ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o
produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas da
malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja vacas, 18 todavia, eu me
alegrarei no SENHOR, exultarei no Deus da minha salvação.
5 - Podemos nos alegrar
nas próprias tribulações (Tg 1:2; Rm 5:3-5). 3 E não somente isto, mas também
nos gloriamos nas tribulações, sabendo que a tribulação produz a paciência;
O apóstolo Pedro no
capítulo 4 de seu primeiro livro abordar o sofrimento do cristão sob uma
perspectiva prática e vitoriosa. Assim ao olhar para este texto quero trazer
alguns princípios sobre como podemos passar vitoriosamente pela tempestade
chamada sofrimento.
Pedro tem algumas
lições a nos ensinar:
1° ENTENDENDO OS
PROPÓSITOS DO SOFRIMENTO
1. O sofrimento nos
ajuda a vencer o pecado – v. 1-3
Ora, tendo Cristo
sofrido na carne, armai-vos também vós do mesmo pensamento; pois aquele que
sofreu na carne deixou o pecado, 2 para que, no tempo que vos resta na carne,
já não vivais de acordo com as paixões dos homens, mas segundo a vontade de
Deus. 3 Porque basta o tempo decorrido para terdes executado a vontade dos
gentios, tendo andado em dissoluções, concupiscências, borracheiras, orgias,
bebedices e em detestáveis idolatrias
O sofrimento faz com
que o pecado perca o seu poder em nossa vida. Enquanto o sofrimento endurece o
ímpio, amolece o coração do crente. O exemplo do sofrimento de Cristo ajuda o
crente a enfrentar o sofrimento com a mesma disposição. O crente não é melhor
do que o seu Senhor. Se mundo perseguiu a Cristo, vai infligir sofrimento a nós
também.
O sofrimento nos leva a
entender que os prazeres do mundo e as paixões da carne não compensam. O
sofrimento leva-nos a desmamarmos do mundo.
2. O sofrimento nos
ajuda a testemunhar de Cristo – v. 4-6
4 Por isso,
difamando-vos, estranham que não concorrais com eles ao mesmo excesso de
devassidão, 5 os quais hão de prestar contas àquele que é competente para
julgar vivos e mortos; 6 pois, para este fim, foi o evangelho pregado também a
mortos, para que, mesmo julgados na carne segundo os homens, vivam no espírito
segundo Deus
Os amigos não salvos se
maravilham quando o crente não deseja participar das coisas que eles
participam. Mesmo sofrendo o crente canta, louva, adora e agradece a Deus.
Jó nas cinzas glorifica
a Deus e diz: “O Senhor Deus deu e o Senhor tomou, bendito seja o nome do
Senhor” Jó 1:21
Isso é um testemunho
poderoso. Paulo e Silas na prisão cantam (Atos 16:25). Isso impactou os prisioneiros.
Estevão mesmo apedrejado, tem um brilho no rosto. Cristo mesmo pregado na cruz
tem palavras de amor nos lábios.
3. O sofrimento nos
ajuda a manifestar amor pelos irmãos – v. 7-8
7 Ora, o fim de todas as coisas está próximo;
sede, portanto, criteriosos e sóbrios a bem das vossas orações.8 Acima de tudo,
porém, tende amor intenso uns para com os outros, porque o amor cobre multidão
de pecados.
O sofrimento produz em
nós uma sensibilidade mais aguçada. Passamos a ver a vida e os outros com outros
olhos. Tornamo-nos mais amáveis e generosos. O sofrimento nos ajuda a abrir o
bolso, o coração e a casa para ajudar os irmãos.
O sofrimento nos torna
mais solidários. Grandes campanhas humanitárias são promovidas por pessoas que
passaram por grande dor e sofrimento.
2° TENDO A ATITUDE
CERTA
1. Entender que o
sofrimento não é incompatível com a vida cristã –v. 12
12 Amados, não
estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos,
como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo;
O crente não pode
estranhar o sofrimento como se fosse algo incompatível com a vida cristã. O
crente até mesmo tem que esperar as provações.
Vivemos num mundo caído
e hostil. Vivemos cercados de uma hoste de inimigos infernais que nos espreitam.
Vivemos oprimidos pelo pecado que tenazmente nos assedia. Se o mundo perseguiu
a Cristo, não perseguiria a nós também? Lembro-me de uma frase que li certa
vez: “Quando a igreja for mais fiel ela será mais perseguida”.
“Todo aquele que quiser
viver neste mundo piedosamente, será perseguido” (2 Tm 3:12). “Irmãos não vos
maravilheis se o mundo vos odeia” (1 Jo 3:13).
2. Entender que o
sofrimento é para nos provar e não para nos destruir – v. 12
12 Amados, não
estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos,
como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo
O fogo ardente é o fogo
da fornalha. É o cadinho onde o metal é purificado. O fogo só destrói a
escória, enquanto purifica mais o metal.
O Salmo 66:10 diz: “Pois
tu, ó Deus, nos provaste; tu nos afinaste como se afina a prata”.
Satanás queria destruir
a Jó com o sofrimento, mas Deus queria revelar-lhe sua soberania. Satanás
queria esbofetear Paulo com o espinho na carne, mas Deus queria quebrantá-lo
para que não se ensoberbecesse.
3. Entender que é
possível enfrentar o sofrimento com alegria – v. 13
13 pelo contrário,
alegrai-vos na medida em que sois co-participantes dos sofrimentos de Cristo,
para que também, na revelação de sua glória, vos alegreis exultando.
Jesus ensinou:
“Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem, e mentindo,
disserem todo o mal contra vós por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é
grande o vosso galardão nos céus, porque assim perseguiram os profetas que foram
antes de vós” (Mt 5:11-12).
O apóstolo Paulo
demonstrou alegria apesar dos problemas (Fp 1:12).
• Ele cantou na prisão
(At 16:22-33).
• Paulo demonstrou
alegria apesar dos difamadores (Fp 1:15-17).
• Paulo demonstrou
alegria apesar da morte (2 Tm 4:6-8).
Paulo se alegrava no
sofrimento porque entendia que: as coisas espirituais estão acima das
materiais; o futuro tem mais valor que o presente e o eterno mais do que o
temporal (2 Co 4:16-18). Ele sabia que Deus está no controle de cada situação
(Rm 8:28).
Tiago diz que devemos
ter motivo de toda a alegria o passarmos por diversas provações (Tg 1:2-4).
4 - O crente precisa
entender que o sofrimento nos une profundamente a Cristo – v. 13
13 pelo contrário,
alegrai-vos na medida em que sois co-participantes dos sofrimentos de Cristo,
para que também, na revelação de sua glória, vos alegreis exultando.
O sofrimento para o
crente significa partilhar das suas aflições passadas – quando sofremos hoje,
sofremos da forma que Cristo sofreu, com o mesmo propósito com que Cristo
sofreu.
Os apóstolos consideram
um privilégio sofrer por amor a Cristo (At 5:40,41). Paulo diz: “Porque vos foi
concedida a graça de padecerdes por Cristo e não somente de crerdes nele” (Fp
1:29).
O sofrimento para o
crente significa partilhar da sua glória futura – Precisamos olhar para o
sofrimento presente pela ótica da glória futura. O caminho para a glória é
estreito. Há espinhos. Há cruz. Há dor. Mas “os sofrimentos do tempo presente
não são para comparar com as glórias por vir a serem reveladas em nós” (Rm
8:18). “A nossa leve e momentânea tribulação, produz para nós eterno peso de
glória, acima de toda comparação (2 Co 4:17).
No céu, nossas lágrimas
serão enxugadas, nossa dor passará. Não haverá nem luto, nem pranto, nem dor (Ap
21:4).
Esta é a grande
esperança cristã. O céu explicará para nós todo o mistério do sofrimento.
3° MANTENDO A PACIÊNCIA
NO SOFRIMENTO
1. Devemos entregar-nos
a Deus – v. 19
19 Por isso, também os
que sofrem segundo a vontade de Deus encomendem a sua alma ao fiel Criador, na
prática do bem.
A palavra “encomendar”
é um termo bancário que significa “depositar em confiança”. Pedro está
exortando a todos os crentes que sofrem a entregar suas almas (vidas) aos
cuidados de Deus.
Deus nos criou e ele é
totalmente capaz de cuidar de nós. Pedro nos mostra neste texto que Deus não é
apenas fiel, mas também soberano. Por isso, digno de toda confiança. Confie em
Deus no sofrimento! Alegre-se nele apesar das circunstâncias
2. Devemos continuar
praticando o bem – v. 19b
9 Por isso, também os
que sofrem segundo a vontade de Deus encomendem a sua alma ao fiel Criador, na
prática do bem
O sofrimento não deve
nos endurecer nem nos deixar apáticos. Ao contrário, nossa entrega a Deus
leva-nos à ação.
Devemos semear ainda
que com lágrimas.
Devemos amar, ainda que
rejeitados.
Devemos abençoar ainda
que amaldiçoados. Devemos orar, ainda que perseguidos.
CONCLUSÃO
Como crentes em Cristo,
precisamos crer que o sofrimento é uma prova de um Pai amoroso, e não um ardil
para nos destruir. O sofrimento não é anormal nem estranho. O sofrimento é o
caminho da glória, uma oportunidade para ser bem-aventurado e para glorificar a
Deus.
O sofrimento é uma
oportunidade para nos entregarmos a Deus e fazermos o bem aos outros, dando
testemunho da nossa fé.
Algumas vezes vemos
mais através de uma lágrima do que através de um telescópio.
Deus sussurra conosco
na hora da alegria e grita conosco na hora da dor.
Calvário é a grande
prova que Deus dá de que o sofrimento segundo a vontade divina sempre conduz à
glória...
Bispo. Capelão/Juiz.
Mestre e Doutor em Ênfase e Divindades Dr. Edson Cavalcante
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