ESTUDO SOBRE O LIVRO DE
JONAS O PROFETA MISSIONÁRIO...
Um dos problemas dos
homens é se recusarem a aceitar a soberania de Deus em suas vidas. Com isso
quero dizer que o homem não compreende o direito absoluto de Deus de reger em suas
vidas. Deus tem este direito inerente pois ele é o Criador. Precisamos
compreender que nada acontece na terra sem a permissão ou a aprovação dele.
Faço essa distinção porque ele permite que coisas aconteçam que são contrárias
à sua vontade, mas isso não quer dizer que ele as aprova. Por exemplo, a Bíblia
ensina sobre o livre arbítrio do homem para escolher. Enquanto Deus permite o
exercício deste livre arbítrio, ele não aprova as escolhas do homem que são
contrárias à sua santa vontade. Por outro lado a soberania de Deus não é
diminuída pelo exercício do livre arbítrio do homem.
O livro de Jonas diz
muito sobre a soberania de Deus. Fala de maneira explícita e implícita, e nos
ensina alguns conceitos valiosos sobre a soberania de Deus. É bom que aprendamos
estas lições e nos lembremos delas para que possamos manter o relacionamento
certo com nosso Criador.
A soberania de Deus e a
sua criação
Como um exemplo da
soberania de Deus no livro de Jonas vemos como Deus empregou a sua criação para
cumprir o seu plano divino. No capítulo 1 vemos como Deus controlou os
elementos do tempo para trazer o seu propósito desejado, para chamar a atenção
de Jonas. O versículo 4 diz, “Mas o Senhor lançou sobre o mar um forte vento, e
fez-se no mar uma grande tempestade, e o navio estava a ponto de se
despedaçar.” Aqui o vento é atribuído diretamente a Deus. Enquanto é verdade
que Deus colocou certas seqüências do tempo em movimento desde o início, aqui
temos um exemplo da sua intervenção divina. Testemunhamos as variações da velocidade
do vento no dia a dia devido a um processo físico que inclui a rotação da
terra, a inclinação da terra e áreas de alta e baixa pressão, mas aqui no livro
de Jonas o vento é atribuído diretamente a Deus. Os versículos seguintes
acrescentam que o mar ficou cada vez mais tempestuoso (vs. 11,13), e finalmente
cessou totalmente depois que os colegas de barco de Jonas o lançaram no mar
conforme ele mandou (v. 15). Até mesmo os homens do navio atribuíram este
evento à soberania de Deus. Eles disseram, “tu, Senhor, fizeste como te
aprouve” (v. 15). Se o julgamento deles do evento era por superstição, ou não,
não importa. A palavra de Deus atribui o vento no capítulo 4 à soberania de
Deus: “Em nascendo o sol, Deus mandou um vento calmoso oriental; o sol bateu na
cabeça de Jonas....” (4:8).
O vento e as ondas
obedeceram a Deus, mas Jonas não obedeceu. Ao exercer o seu livre arbítrio,
primeiro ele se recusou a ir a Nínive como Deus havia mandado. Como resultado
desta desobediência, Deus deu uma oportunidade para Jonas se arrepender. Depois
de ser lançado ao mar pelos colegas do navio, ele foi engolido por uma criatura
do mar. O versículo 17 do capítulo 1 diz que a criatura que o engoliu foi
preparada por Deus. Tem-se preocupado muito no decorrer dos anos em relação à
identidade desta criatura. Alguns acham que era um peixe e outros que era uma
baleia. Enquanto podemos especular quanto à natureza desta criatura, não
podemos negar o fato indiscutível de que era uma criatura “preparada” por um
Deus soberano. Era uma criatura que pôde cumprir a vontade soberana do Criador.
Tinha a capacidade de engolir Jonas inteiro. Se Deus usou uma criatura que ele
já havia criado ou se ele criou uma especialmente para esta tarefa não é
importante. O que importa é que a criação material não pode recusar a vontade
de Deus. Deus é o que a fez de acordo com a sua vontade desde o início. A
criatura não podia dizer “Eu não irei. Não engolirei a Jonas.”
Da mesma maneira, no
capítulo quatro, Deus preparou uma planta e um verme para fazer a sua vontade.
“Então, fez o Senhor Deus nascer uma planta, que subiu por cima de Jonas, para
que fizesse sombra sobre a sua cabeça....Mas Deus, no dia seguinte, ao subir da
alva, enviou um verme, o qual feriu a planta, e esta se secou” (vs. 6-7). O
ponto que precisamos compreender é que tudo obedeceu a Deus. O vento obedeceu,
a criatura do mar obedeceu, a planta obedeceu e o verme obedeceu. Tudo obedeceu
a Deus perfeitamente, menos Jonas. Toda a criação de Deus o obedece
perfeitamente, exceto o homem. Deus deu a Jonas uma escolha e Deus nos dá uma
escolha. Escolhemos fazer a vontade de Deus ou resistir e correr dele. Deus não
abandona a sua soberania neste assunto. Foi a sua vontade soberana que o homem
exercesse o livre arbítrio.
A escolha de Jonas
Jonas tinha a escolha
de ir a Nínive ou de fugir. No primeiro capítulo, o vemos fugindo de Deus mas
depois, no terceiro capítulo, quando Deus o manda para Nínive, ele decide ir. O
povo de Nínive encarou a certeza de destruição iminente por causa dos seus
pecados passados e persistentes. Mesmo assim, sem Jonas oferecer uma
alternativa para eles, escolheram se arrepender dos seus pecados. Eles assim
fizeram na esperança de transformar a ira de Deus em bênçãos. Deus não sente
prazer em destruir as pessoas. “Porque não tenho prazer na morte de ninguém,
diz o Senhor Deus. Portanto, convertei-vos e vivei” (Ezequiel 18:32). No Novo
Testamento aprendemos que “Ele é longânimo para convosco, não querendo que
nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento” (2 Pedro 3:9). Por
causa do arrependimento de Nínive, Deus com seu poder soberano reverteu a sua
decisão de destrui-los.
A soberania de Deus e o
livre arbítrio do homem
Deus usa a sua
soberania para mudar o homem, não pela força, mas por amor, motivação e
persuasão. Jesus veio para “buscar e salvar o perdido” (Lucas 19:10). Ele busca
mudar a vontade dos homens, tornar as suas prioridades as prioridades deles.
Ele não sacrifica, de forma alguma, a sua soberania ao fazer isso. Contrário
aos ensinamentos de João Calvino, e aos ensinamentos de muitos ainda hoje, Deus
permite que o homem exerça o livre arbítrio. O homem jamais deve pensar que a
paciência e a longanimidade de Deus são indícios de qualquer fraqueza por parte
dele, pois todos nós apareceremos diante do tribunal de Cristo e responderemos
pelas nossas ações (2 Coríntios 5:10). Não devemos considerar a longanimidade
de Deus como indício de que Deus não punirá o pecado. “Ou desprezas a riqueza
da sua bondade, e tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus
é que te conduz ao arrependimento? Mas, segundo a tua dureza e coração
impenitente, acumulas contra ti mesmo ira para o dia da ira e da revelação do
justo juízo de Deus” (Romanos 2:4-5), Apesar de Deus permitir que Jonas o
desobedecesse, Jonas se encontrou na barriga de um peixe no fundo do mar
louvando a Deus e desejando a salvação, e Deus o deu outra chance.
Deus, pelo seu poder
soberano, conhece a cada um de nós e usa o seu poder para capturar a nossa
atenção e nos dar oportunidade de seguir o seu desejo. Considere Salmo
139:7-10:
Para onde me ausentarei
do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face? Se subo aos céus, lá estás; se
faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também; se tomo as asas da
alvorada e me detenho nos confins dos mares, e ainda lá me haverá de guiar a
tua mão, e a tua destra me susterá.
É impossível fugir de
um Deus soberano.
A soberania de Deus e
as nações
Também temos, no livro
de Jonas, um exemplo da soberania de Deus em relação às nações. Deus está no
controle do destino das nações. A cidade de Nínive e o seu futuro estavam sob o
controle de Deus. Se era desejo seu destrui-la, seria destruída. Se seu desejo
era salvá-la, seria salva. O destino de Nínive não estava sob o controle de
Jonas ou nenhuma outra nação. A razão que Jonas fugiu de início foi que ele
sabia que Deus poderia salvar a Nínive. “Por isso, me adiantei, fugindo para
Társis, pois sabia que és Deus clemente, e misericordioso, e tardio em irar-se,
e grande em benignidade, e que te arrependes do mal” (Jonas 4:2). Jonas não
tinha nenhuma soberania no assunto. Não seria feito de acordo com a vontade de
Jonas, mas de acordo com a vontade de Deus. Paulo, ao falar com os atenienses,
disse: “de um só fez toda a raça humana para habitar sobre toda a face da terra,
havendo fixado os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua
habitação” (Atos 17:26). O destino dos homens e das nações está na mão soberana
de Deus. Foi pela soberania de Deus que a mensagem chegou a Nínive. Se Jonas
tivesse insistido na sua recusa de ir a Nínive, teria impedido a Deus de enviar
outro? Certamente não! Deus poderia ter enviado um outro profeta. Aqueles que
pensam que as nações se levantam e caem por causa de uma defesa nacional forte,
prosperidade econômica, alianças com outras nações, ou pela vontade dos homens,
são ignorantes da soberania de Deus.
A soberania de Deus e a
nossa obediência
A penas ao
compreendermos a soberania de Deus podemos compreender a importância de
obedecer a Deus e não aos homens (Atos 5:29). Apenas então podemos apreciar o
aviso, “Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes,
aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo” (Mateus
10:28).
Por mais que tentasse,
Jonas não podia escapar de Deus. Quanto mais ele tentou cumprir a sua própria
vontade, mais forte Deus o puxou de volta. A chamada de Deus é sonora e clara.
O alcance de Deus é longo e largo. A vontade de Deus não pode ser evitada ou
negada sem consequências. Jonas pôde correr mas não pôde se esconder, e nem nós
podemos.
A vida está cheia de
distrações e interrupções. Uma coisa que a fé em Deus faz é nos trazer de volta
ao centro. Traz-nos de volta ao lugar onde devemos estar. É desta posição que
podemos discernir o nosso verdadeiro lugar neste mundo e o nosso relacionamento
com Deus. Ele é uma força inevitável. Ele está no controle. Ele rege. Quanto
mais cedo aprendemos esta lição, mais cedo descobriremos o seu verdadeiro
sentido e sua direção nas nossas vidas...
Bispo. Capelão/Juiz.
Mestre e Doutor em Ênfase e Divindades Dr. Edson Cavalcante
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