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domingo, 8 de junho de 2014

ESTUDANDO O LIVRO DO PROFETA NAUM...


                                      ESTUDANDO O LIVRO DO PROFETA NAUM...
No século VIII a.C. o profeta Jonas foi à cidade de Nínive para proclamar um oráculo de julgamento contra ela. Os ninivitas se arrependeram e Deus os poupou. Mas um século depois, Naum também declarou o julgamento de Deus sobre a cidade perversa de Nínive. Desta vez não houve jejum e pano de saco, e Nínive não foi poupada. A cidade foi destruída quase um século depois, como predissera Naum.
 AUTOR
Naum significa “consolo”, e está relacionado com o nome Neemias, que significa “o Senhor consola”. O nome Naum, é seguido da designação “o elcosita”, numa provável referencia ao lugar onde ele nasceu ou de onde profetizou. Tudo que se sabe sobre ele é que vivia em Judá, provavelmente em Elcose, cuja localização não pode ser determinada com certeza, e também foi contemporâneo de Jeremias.
 Segundo o historiador Jerônimo, Elcós ou Elcose, é uma aldeia da Galiléia, que provavelmente é Cafarnaum, que significa “cidade de Naum”.
 Seu livro é considerado uma obra-prima da literatura hebraica. Seu estilo é claro e simples, apesar de significativo e enérgico.
 DATA E OCASIÃO
A atividade profética de Naum pode ser datada entre a conquista da cidade de Tebas pelo rei Assurbanipal, da Assíria em 663 a.C., a qual Naum se refere como um acontecimento passado (3.8), e a queda de Nínive em 612, que Naum previu profeticamente. Nesse caso o profeta estaria situado no reinado de Josias, sendo da época de Sofonias e de Jeremias, quando este ainda era jovem.
 ORGANIZAÇÃO
O livro começa pelo salmo descritivo que pretende colocar a visão na perspectiva adequada. Alguns pesquisadores concluíram que o salmo era um acróstico parcialmente perdido na transmissão ou adaptado por Naum. A ideia de que Naum teria adaptado um salmo bem conhecido pela introdução não é problema e pode até ser considerada provável. Se o salmo era acróstico é questão especulativa e não contribui para a interpretação. A ênfase do salmo nos atributos de Deus e sua autoridade sobre o cosmo afirmam sua tendência e capacidade de julgar Nínive.
 A segunda parte do livro compreende discursos alternados sobre Nínive e Judá. Isso deixa claro que, embora a mensagem parecesse ser dirigida a Nínive, na verdade ela era dirigida a Judá. As promessas anunciadas a Judá eram de que ela não estaria mais sob o jugo da Assíria (1.12-13) e que teria paz e liberdade para celebrar suas festas (1.15). Essa última se cumpriu quando o rei Josias restituiu a celebração da Páscoa, em 622 a.C., em associação com sua reforma (2Cr 35).
 A parte final descreve o cerco e a pilhagem de Nínive; o trecho de 2.3-12 é uma narrativa na terceira pessoa e o de 2.13 – 3.19 está na segunda pessoa. A canção fúnebre de 3.1 sugere os motivos da ação de Deus contra eles, embora não haja acusação formal, o que não era necessário, pois todo o público sabia que Nínive estava sendo tratada tal qual fizera com os outros.
 TEMA PRINCIPAL
O tema principal da obra é avisar quanto ao juízo que Deus traria sobre a grande cidade de Nínive, por causa do pecado em forma de opressão aos mais fracos, extrema crueldade, idolatria e malignidade geral desse povo. De acordo com o apóstolo Paulo em Romanos 11.22, Deus é amor, paciência, misericórdia e também justiça e severidade. Segundo o profeta Naum, o Senhor não é somente bondoso, mas igualmente é aquele que não deixa impune o culpado (1.3). Contudo a justiça e o Reino de Deus finalmente triunfarão. Os reinos edificados tendo como base a maldade e a tirania, mais cedo ou mais tarde ruirão e serão absolutamente destruídos, como o poderoso Império Assírio.
 A Assíria tem lugar de honra como maior vilã do Antigo Testamento. Mesmo que os babilônios tenham sido responsáveis pela destruição de Jerusalém e do templo, eles não se comparam aos assírios em termos de brutalidade. A política militar e as práticas desumanas dos assírios provocaram terror no Antigo Oriente Médio por mais de dois séculos. Os assírios usaram uma propaganda bem desenvolvida para convencer as nações próximas, que eles eram invencíveis. O medo que geravam é atestado em todo o Oriente Médio e auxiliou sua expansão. A insubmissão tinha consequências e eles apreciavam fazer dos rebeldes exemplos públicos.
 A rendição desprezível era mais fácil. Inimigos e prisioneiros eram sujeitos à tortura em público que incluía ser esfolado, queimado vivo, amputado e várias outras atrocidades.
 Além de seus feitos militares, Nínive foi condenada por suas práticas comerciais impiedosas e por seu materialismo insaciável (3.16).
 Naum foi o porta-voz da intenção divina da responsabilizar a Assíria por sua brutalidade desenfreada. Assim ele vindicou a justiça de Deus e proclamou sua soberania. Nenhum poder terreno que tenha desafiado a lei de Deus poderia escapar do seu julgamento.
 NÍNIVE
Situada à margem leste do rio Tigre, ficava a 960 quilômetros do golfo Pérsico e apenas 400 quilômetros da Babilônia. Foi uma das mais importantes cidades da Assíria durante grande parte da sua história. No reinado de Senaqueribe (705-681 a.C.), tornou-se capital da Assíria. Escavações em seus palácios trouxeram a tona relevos de pedra que retratam a invasão e saque de Judá em 701. A biblioteca do último grande rei assírio, Assurbanipal (668-627 a.C.) oferece aos eruditos exemplares de muitas obras científicas e da literatura da antiga Mesopotâmia.
 A grande cidade fortificara-se de modo que nada pudesse prejudicá-la; suas muralhas, com mais de 30 metros de altura, numa circunferência de 130 quilômetros, eram adornadas por centenas de torres. Um canal de 50 metros de largura por 30 metros de profundidade a circulava.
 Nínive era uma metrópole ímpia, imperialista e desonesta, com desejo arrogante e inescrupuloso pelo poder e pela dominação, que se manifestava num ímpeto desejo por guerras (3.1-4).
 CONTEXTO DA ÉPOCA
Embora o Império Assírio só tenha se expirado na última década do século VII, seu ponto de ruptura se deu em meados desse século. Na época as rebeliões no império começaram a cobrar seu preço e, até 640 e 630 a.C. o controle assírio começou a entrar em descompasso, ruindo depois com a desintegração do império. Poucos anos após a morte de Assurbanipal (627), os babilônios haviam conquistado a independência; nas duas décadas seguintes eles junto com os medos, destruíram o poderoso Império Assírio. O centro da derrota e fim do império foi a queda de Nínive em 612 a.C.; e isso conforme a profecia de Naum.
Nínive foi transformada em joia do Império Assírio por Senaqueribe (704-681 a.C.). Ele quase triplicou o tamanho da cidade e a tornou sua capital, construindo um palácio magnífico e embelezando a cidade com parques, um jardim botânico e um zoológico. Seu esplendor só foi ultrapassado no mundo antigo pela Babilônia de Nabucodonosor. Contudo, apesar de todo o esplendor, Nínive representava a perversidade brutal dos assírios a quem o Senhor estava decidido a castigar. Esse castigo foi profetizado por Isaías: “O SENHOR dos Exércitos jurou, dizendo: Como pensei, assim sucederá, e como determinei, assim se efetuará. Quebrantarei a Assíria na minha terra, e nas minhas montanhas a pisarei, para que o seu jugo se aparte deles e a sua carga se desvie dos seus ombros” (Is 14.24-25). 
COMPOSIÇÃO DO LIVRO
Naum, é um livro repleto de contrastes, descreve o poderoso imperialismo de uma nação despótica pagã e declara o triunfo final e certo da justiça e da soberania de Deus.
A parte mais controvertida do livro de Naum é o salmo encontrado em 1.2-8. Não é comum material profético apresentar um salmo introdutório, por isso existe questionamento sobre a existência desse salmo no original.
Existe a teoria de que o salmo foi acrescentado posteriormente. No entanto não há prova alguma que impeça Naum de iniciar o oráculo profético com esse salmo.
Discute-se nos meios acadêmicos, que Naum tem muitos textos paralelos com Isaías. Nota-se em especial a expressão encontrada nos dois livros: “Vejam sobre os montes os pés dos que anunciam boas notícias e proclama a paz” (Na 1.15 e Is 52.7). Isso apenas demonstra que Naum seguia a tradição dos grandes profetas clássicos que lhe precederam.
Este livro, frequentemente esquecido e desprezado, nos fornece nos fornece uma chave importante para compreensão da história passada, presente e futura. Os acontecimentos não se sucedem como mero acaso, mas cada detalhe da história é determinada pela vontade, propósito e poder de Deus. A rejeição de Deus e de sua lei levam não apenas as consequências do caos na sociedade e na natureza, mas também inevitavelmente provoca seu desagrado pessoal, resultando na justa retribuição.
O motivo imediato dessa profecia foi a pressão da justiça divina. Uma poderosa nação com um exército poderoso e grandes riquezas econômicas, a Assíria havia dominado os destinos das nações vizinhas, incluindo Judá. Cobrando pesados tributos e infligindo pesada escravidão, ela transformara Judá num estado vassalo. Para tentar se proteger contra o poderio assírio, Judá fez aliança com outras nações, deixando de confiar na promessa de Deus de sustentar e proteger seu povo.
A paciência de Deus nunca deve ser erroneamente interpretada como fraqueza. O pecado coletivo ou individual não ficará impune. Deus definitivamente decreta todos os eventos da história. Naum anunciou a destruição iminente de Nínive como o justo castigo de Deus e convidou seu povo, os judeus, a uma alegre celebração desse acontecimento antes mesmo que ocorresse.
ESTILO LITERÁRIO
O conteúdo é principalmente judicial (oráculos de juízo), com referências e vocabulário condizentes, além de sensações, visões e sons intensos. A linguagem é poética, com o emprego frequente de metáforas e símiles, retratos verbais de forte impacto, repetições e muitas frases curtas. Perguntas de retórica pontuam o fluxo do pensamento, que ressalta de modo marcante e indignação moral por causa da injustiça.
ESBOÇO DE NAUM
I. Título
II. O veredicto de Deus 1.1-15
O zelo de Deus 1.2-6
A bondade de Deus 1.7
O julgamento de Nínive 1.8-14
A alegria de Judá 1.15
A vingança de Deus 2.1-13
A destruição de Nínive 2.1-12
A declaração do Senhor 2.13
IV. A vitória de Deus 3.1-19
Os pecados de Nínive 3.1-4
O cerco de Nínive 3.5-18
A celebração sobre Nínive 3.19...

Bispo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ênfase e divindades Dr.Edson Cavalcante

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