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sexta-feira, 4 de abril de 2014

MULHER PORQUE CHORAS...


                                                    MULHER PORQUE CHORAS...
Disse-lhe Jesus: Mulher, por que choras? Quem buscas? Ela, cuidando que era o hortelão, disse-lhe: Senhor, se tu o levaste, dize-me onde o puseste,
e eu o levarei. Disse-lhe Jesus:
Maria! Ela, voltando-se, disse-lhe: Rabboni (que quer dizer, Mestre)."
João 20: 15,16).
Maria Madalena era uma das mulheres escolhidas; ela foi a primeira a ver o Senhor ressurreto. Ela teve o privilégio de testemunhar um evento de máxima magnitude, que jamais será esquecido.
Mas da história pessoal dessa mulher quase nada sabemos. Da vida dela anteriormente, sabemos apenas uma coisa. Marcos escreveu que dela o Senhor havia expulsado sete demônios. Espiritualmente falando, esta informação é a chave do caráter de Maria Madalena, pois explica por que ela foi escolhida. "Sete" representa o todo, o que é completo; e os "demônios" representam a qualidade hedionda do inferno. Está claro então que Maria Madalena uma vez estivera no mal, e que ela representava, então, um estado inteiramente depravado. Antes de sua libertação pelo Senhor, ela simbolizava o homem no seu estado natural de maldade.
Não parece justo que uma mulher que tivesse estado num estado tão depravado viesse a ser a primeira a ver o Senhor após a ressurreição. Todavia, não há nada de errado aí. Porque todo ser humano está, potencialmente, no mesmo estado representado por Maria Madalena. A mensagem deste evento é que todo homem, se quiser, pode mudar sua vida e contemplar o Senhor vivo.
Não há ninguém que não possa mudar sua vida. Em várias ocasiões, durante toda a sua vida, o homem recebe do Senhor uma capacidade temporária de olhar para dentro de si mesmo e ver o que realmente e. E então o Senhor dá também a força para mudar, para subir o caminho que o liberta do amor de si. O homem, realmente, ressuscitar de dentro de si mesmo, por assim dizer.
"Eis que estou à porta e bato" (Apoc.3:20). O Senhor está do lado de fora da porta, sem forçar a entrada. Ele fala desde a Palavra e espera pacientemente que o homem ouça a sua voz. Ouvir a voz do Senhor é ouvir este primeiro ensinamento da Palavra: deixar os males é encontrar o céu.
O nome "Maria" é derivado do hebraico "Miriam", que significa caridade . Madalena, talvez, é uma derivação do hebraico "migdol", isto é, torre. Este exame desvenda uma representação de Maria após ter sido liberta de sete demônios - ela representa uma torre de caridade. Quando o proprium é rejeitado, uma torre de caridade é erigida, tomando o lugar do mal.
As experiências de Maria Madalena na manhã de páscoa revelam o que acontece quando a caridade começa a reinar. "E no primeiro dia da semana Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada". O primeiro dia da semana para os judeus era o domingo, que é o nosso dia de repouso, nosso sabbath. E o sabbath representa a paz, a paz que segue a agonia da tentação.
Quando, porém, Maria foi ao sepulcro, ainda estava escuro. A escuridão da madrugada é um estado de obscuridade no entendimento, quando a luz do céu ainda não se fez presente. Enquanto o mal for uma força predominante no interior do homem, a fé não é uma fé viva. É claro que ele deve ter alguma fé que o capacite a combater, ainda que não seja uma fé genuína.
Essa primeira fé é o amor que o homem tem pelos ensinamentos de sua igreja, muito embora esses ensinamentos não sejam muito claros para o seu entendimento. É também a afeição que ele tem pelas verdades mais simples da Palavra, verdades que ele resolveu seguir quaisquer que fossem as dificuldades. Essa fé é mais afetiva, carecendo ainda da luz intelectual. É a fé que existe tanto nos simples quanto nos instruídos, quando se está no começo do processo de luta contra o mal. No caso da maioria das pessoas da Nova Igreja, é a fé que crê os Escritos são o Senhor falando aos homens, ainda que não se conheça bem o que esses Escritos de fato ensinam.
A crucificação do Senhor é a morte dessa fé quase cega. Porque chega o tempo em que aquilo que não é mais adequado precisa morrer, para que o que é imortal viva e tome seu lugar. Esta mudança ocorre quando a caridade começa pela primeira vez a reinar, a ser a força dominante no indivíduo. Então aquela fé cega deve ser aniqüilada, deve morrer e desaparecer, e ser substituída pela fé genuína. Aquela primeira fé tem de ser crucificada. E quando isto acontece, o homem se sente só, na escuridão, como se sentia Maria Madalena diante do sepulcro do Senhor.
Maria chegou ao sepulcro e viu que a pedra tinha sido removida e que o corpo não estava mais ali. Ela ficou junto ao sepulcro e chorou. Durante certo tempo, nesse estágio da regeneração, o homem se sente desamparado e desorientado. A fé que ele tinha não lhe serve mais. Não sabe para ir nem o que fazer.
Ainda chorando, Maria "abaixou-se para o sepulcro, e viu dois anjos de branco, assentados onde jazera o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés" (João 20:11,12). Nesse estado confuso de perda da visão espiritual dos ideais da vida, a pessoa se volta para a Palavra - os dois Testamentos e o seu Sentido Espiritual. A revelação Divina para ele, nessa ocasião, é como um sepulcro, porque ele não pode encontrar vida nenhuma na Palavra. É então que ele vê os anjos. Vê uma nova luz na revelação Divina, uma luz interior que começa a brilhar em seu entendimento e o faz compreender o que antes não compreendia.
Os anjos disseram a Maria: "Mulher, por que choras? Ela lhes disse: Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde O puseram. E, tendo dito isto, voltou-se para trás, e viu Jesus em pé, mas não sabia que era Jesus. Disse-lhe Jesus: Mulher, por que choras? Quem buscas? Ela, cuidando que era o hortelão, disse-lhe: Senhor, se tu O levaste, dize-me onde O puseste, e eu O levarei."
O sepulcro ficava num jardim; havia um jardineiro ou hortelão que cuidava daquele jardim. A princípio, Maria pensou que era o jardineiro que falava com ela. O jardim, na Palavra, representa a doutrina racional no entendimento. Antes de ser regenerado, os ensinamentos racionais da fé estão no entendimento do homem. As verdades racionais são conceitos que ele gosta de examinar. E como o Senhor zela por essa espécie de fé racional em seu começo, como Ele cultiva a fé e a faz crescer, por isso Ele foi aqui associado à obra do jardineiro. E ela se dirigiu a Ele, dizendo: "Senhor, se tu O levaste, dize-me onde O puseste, e eu o levarei."
Durante muito tempo em sua vida a pessoa ouve os ensinamentos das Doutrinas e crê neles intelectualmente. Mas esses mesmos ensinamentos nunca alcançaram o íntimo de seu coração, nunca o afetarão com verdadeira alegria. Mas, de repente, esses ensinamentos aparentemente abstratos se tornam vivos. A pessoa lê as Doutrinas e descobre que elas estão falando a ela, tocando sua vida, falando de coisas práticas perfeitamente aplicáveis ao seu dia-a-dia. ela descobre que o sentido interno da Palavra retrata e descreve perfeitamente a qualidade de seus interiores, e que isso tem tudo a ver com a sua vida. E isto enche o seu coração de deleite. Seu interior experimenta uma mudança completa, de sorte que as verdades que antes só o agradavam intelectualmente agora tocam cada corda de seu coração. Então ela compreende que a verdade é imortal e viva. E percebe a presença d'Aquele que cultivou essas verdades como um jardineiro. Ele lhe diz: "Maria. Ela, voltando-se, disse-lhe: Rabboni (que quer dizer, Mestre)."
Quando o homem exerce a caridade, o Senhor ressurrecto Se torna presente diante dele, cercado por um jardins de verdades vivas. O Senhor então fala e pode ser compreendido claramente, assim como Jesus dirigiu-Se diretamente a Maria pronunciando-lhe o nome. A reação de Maria tinha a mesma alegria quando disse: "Rabboni, que quer dizer, Mestre".
No interior deste milagre então expostos indiretamente todos os outros milagres da história da Páscoa. Na palavra dita por Maria, "Rabboni", há o reconhecimento do Senhor, o Único que concede a vida eterna, a paz depois das lutas, a primavera espiritual após o inverno de provação. Todas essas bênçãos foram concedidas ao homem porque o Senhor ressurgiu da tumba na manhã de Páscoa.
O coração humano fez uma grande descoberta: o Senhor Jesus não é apenas um nome, uma figura antiga nas histórias da igreja para as crianças. Antes, é o nosso Deus vivo. É nosso Mestre, Senhor de nossos corações, dos amores mais íntimos e das afeições mais ternas. Tomé resumiu essa descoberta, ao ver as feridas do Senhor, dizendo: "Meu Senhor e meu Deus".
Mesmo tendo dúvidas quanto à verdade espiritual; mesmo ficando perdidos temporariamente na escuridão do dia espiritual, os nossos olhos podem ser abertos. Podemos enxergar a verdade agora numa luz maior e contemplar o Senhor vivo, bem perto, dirigindo-Se a nós em Sua Palavra, falando profundamente aos nossos corações. E a alegria interior desta visão maravilhosa podemos perceber numa única exclamação, pronunciada por Maria Madalena: "Rabboni! (que quer dizer, Mestre)...

BISPO/JUIZ. MESTRE E DOUTOR EM ÊNFASE E DIVINDADES DR.EDSON CAVALCANTE

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