A QUEM ESCOLHESTE JESUS OU BARRABÁS...
Introdução
Jesus está diante de um tribunal.
Este tribunal é diferente de todos os outros tribunais já forjados na terra. De
um lado estão os homens, representando a promotoria cujo papel é acusar. Do
outro lado está Jesus, o Deus encarnado, na condição de réu. De um lado estão
os homens, pecadores, corruptos e injustos. Do outro lado Deus, santo,
onipotente e justo. Este foi o dia na história da humanidade onde os homens
julgaram a Deus.
Jesus enfrentou seis julgamentos,
sendo três julgamentos na esfera religiosa e três julgamentos na esfera civil.
• 3 julgamentos religiosos:
- Na casa de Anás (ex-sumo
sacerdote);
- Na casa de Caifás (sumo
sacerdote em exercício);
- No Sinédrio (Conselho de
Anciãos – composto por 70 homens).
• 3 julgamentos civis:
- Diante de Pilatos;
- Diante de Herodes;
- Diante de Pilatos.
Em seus seis julgamentos, Jesus
foi condenado em todas as instâncias. No tribunal religioso ele foi condenado à
pena de morte pelo crime de blasfêmia, por se denominar Filho de Deus, ou seja,
intitular-se como Messias. No tribunal civil Jesus foi condenado à pena de
morte pelo crime de insurreição e rebelião, por se denominar rei. Diante do
tribunal humano, Jesus foi considerado culpado.
Entretanto, existem duas marcas
fortíssimas no julgamento de Jesus: ilegalidade e injustiça. Senão, vejamos:
1 - Todos os julgamentos de Jesus
aconteceram de madrugada. Jesus foi preso entre duas e três horas da madrugada.
Às nove horas da manhã já estava pendurado na cruz, ou seja, em menos de seis
horas Jesus já havia passado por seis julgamentos diferentes.
2 – Jesus não teve direito a um
advogado. Outro aspecto que merece ser pontuado é o fato que Cristo não teve
direito a nenhum advogado, pois já naquela época havia a figura do defensor,
amparado inclusive pela lei romana vigente. Nesse sentido, foi-lhe negado o
direito ao contraditório e a ampla defesa. A Bíblia afirma que Jesus permaneceu
em silêncio diante do seu julgamento. Assim o evangelista Marcos narra o
julgamento de Pilatos: “Tornou Pilatos a interrogá-lo: Nada respondes? Vê
quantas acusações te fazem! Jesus, porém, não respondeu palavra, a ponto de
Pilatos muito se admirar” (Mc 15:4,5).
3 – A sentença baseou-se em
falsas testemunhas. O evangelista Marcos registra o depoimento das testemunhas:
“E os principais sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam algum testemunho
contra Jesus para o condenar à morte e não o achavam. Pois muitos testemunhavam
falsamente contra Jesus, mas os a depoimentos não eram coerentes” (Mc
14:55,56). O evangelista Mateus é mais enfático ao afirmar a busca dos
sacerdotes por testemunhos acusatórios falsos: “Ora, os principais sacerdotes e
todo o Sinédrio procuravam algum testemunho falso contra Jesus, a fim de o condenarem
à morte” (Mt 26:59).
4 – A condenação veio sem que
nada de concreto pudesse ser provado contra ele. No julgamento civil a Bíblia
afirma: “Disse Pilatos aos principais sacerdotes e ás multidões: Não vejo neste
homem crime algum” (Lc 23:4).
Exatamente neste interstício do
julgamento de Jesus que surge uma figura singular. Trata-se de um homem chamado
Barrabás. Mas, afinal de contas, quem é Barrabás? Barrabás é um criminoso,
assassino, rebelde e agitador. Alguém que queria tomar o poder através da violência.
Charles Swindoll diz que a figura contemporânea que mais se aproxime de
Barrabás é o terrorista. Barrabás estava na lista dos homens mais procurados do
império romano.
A Bíblia afirma que Barrabás foi
introduzido no julgamento de Jesus: “Ora, por ocasião da festa, costumava o
governador soltar ao povo um dos presos, conforme eles quisessem. Naquela
ocasião tinham eles um preso muito conhecido, chamado Barrabás. Estando, pois,
o povo reunido, perguntou-lhes Pilatos: A quem quereis que eu vos solte, a Barrabás
ou a Jesus, chamado o Cristo” (Mt 27:15-17).
Este é o cenário deste tribunal.
De um lado Jesus (Deus, santo, justo, perfeito e puro) e do outro Barrabás
(pecador, violento, assassino e rebelde). Mesmo diante da discrepância entre
esses dois homens, a Bíblia diz que Jesus foi condenado e Barrabás foi liberto.
Cristo foi sentenciado à morte e Barrabás foi absolvido de seus crimes. Jesus
iria para a cruz e Barrabás voltaria para casa.
Diante disso, podemos questionar:
Por que esse homem escapou da cruz?
I – Porque Jesus tomou o seu
lugar (v. 17).
Três homens seriam crucificados
naquela sexta-feira: um assassino e dois ladrões, Barrabás e outros dois
homens. Aquela cruz do meio estava reservada para Barrabás.
Barrabás estava no corredor da
morte, esperando apenas a execução da sua sentença. Portanto, Barrabás sabia
que a cruz do meio era para ele. Aqueles cravos eram para ele. Aquele
sofrimento estava reservado para ele.
Na teologia há o que chamamos de
tipologia, ou seja, algo que simbolizava ou tipificava algo maior. Por exemplo,
o reino de Davi tipificava o reino do Messias que seria estabelecido; Gênesis
22, quando Deus pede para Abraão sacrificar seu único filho Isaque, é uma
tipologia do que Deus haveria de fazer com seu único filho; quando Oséias casa
com uma prostituta o propósito é mostrar ao povo o adultério espiritual que a
nação estava vivendo.
Sendo assim, neste texto Barrabás
tipifica alguém: você! O que Cristo fez por Barrabás morrendo em seu lugar, foi
exatamente o que Ele fez por nós: morreu no nosso lugar. Aquela cruz do meio
era minha. Aquela cruz do meio era sua. Jesus ao invés de Barrabás significa
Cristo ao invés de nós.
Deus não seria injusto se
mandasse todos nós para o inferno. Na verdade, ele estaria exercendo sua
justiça. Nós não merecemos ir para o céu. Nada do que você faça pode te levar
para o céu. Por mais que você tente, por mais que você se esforce. A salvação
não é alcançada por aquilo que fazemos, mas por aquilo que Cristo fez. Isso
chama-se graça. Calvino chamou isso de Graça Irresistível. Charles Swindoll
disse que “Deus construiu uma estrada para o céu. Esse caminho foi pavimentado
com o sangue de Cristo”.
II – A morte de Jesus garantiu a
sua liberdade (v. 26)
Páscoa significa libertação. A
festa da Páscoa foi instituída para comemorar a libertação do povo do Egito
(Êxodo 12). Não tem nenhuma ligação com coelho ou ovos de chocolate. Na noite
que antecedeu a libertação do povo, Deus mandou a última praga: a morte dos
Primogênitos. O povo de Deus deveria entrar em suas casas, sacrificar um
cordeiro tomar o sangue do animal e aspergir sobre os umbrais e sobre as
portas. Naquela mesma noite o anjo da morte iria passar por sobre a terra do
Egito e ceifar a vida de todos os primogênitos, com exceção daqueles que
estivessem nas casas marcadas pelo sangue do cordeiro morto na noite pascal.
Assim diz a Bíblia: “O sangue vos servirá por sinal nas casas...” (Ex 12:13). A
morte do cordeiro pascal garantiu a vida e a libertação do povo no Egito.
Por semelhante modo, o
derramamento do sangue de Cristo, o cordeiro de Deus, garantiu a liberdade de
Bartimeu. Jesus foi sentenciado para que ele pudesse alcançar a anistia. O
apóstolo Paulo afirma que “Para liberdade foi que Cristo nos libertou” (Gl
5:1).
Conclusão
No ano de 2005 a revista Superinteressante
publicou uma matéria com o seguinte título: Quem matou Jesus? No decorrer da
matéria, os autores traziam cinco teses diferentes:
1 – os romanos;
2 – os judeus;
3 – a multidão insensata;
4 – os líderes judaicos que
manipularam a multidão;
5 – Pilatos.
Biblicamente, todas estas
respostas estão erradas. Conquanto, todas essas pessoas tenham tido
participação na execução de Cristo, nenhuma delas pode ser responsabilizada
individualmente. Segundo o ensino das Escrituras, somente uma pessoa pode ser declarada
culpada pela morte de Jesus: você! Ele morreu por sua causa. Você é o grande
motivo da morte de Jesus...
BISPO/JUIZ.MESTRE E DOUTOR EM
ÊNFASE E DIVINDADES DR.EDSON CAVALCANTE
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