JOSÉ DO FUNDO DO POÇO A GOVERNADOR...
"Às vezes Deus de fato
conduz seus filhos ao sofrimento. Mas isso sempre acontece para que, por meio
do sofrimento, ele possa produzir um bem maior."
A história de José é uma peça
fundamental na saga dos patriarcas. Abraão é apresentado na Bíblia como um
exemplo de fé. A história de Isaque, seu filho, revela o caráter provedor de
Deus. Jacó, neto de Abraão, demonstra como Deus faz suas escolhas, baseado
apenas na sua própria misericórdia, e não no mérito humano.
Na história de José, somos
conduzidos a um elemento fundamental, através do qual Deus levou adiante as
promessas da aliança: a FIDELIDADE. José é um dos maiores exemplos de fidelidade,
no Antigo Testamento. Além, é claro, da tão visível fidelidade de Deus.
Visão panorâmica da história de
José
José, cujo nome provavelmente
significa "que Deus acrescente", era o décimo primeiro filho do
patriarca Jacó. Seu nome reflete o papel de sua vida na nação de Israel: ele
foi o agente de Deus na preservação e na prosperidade de seu povo no Egito,
durante o período de fome na terra de Canaã. Essa prosperidade levou os hebreus
à condição de nação, 400 anos mais tarde, no Êxodo. Vejamos um esboço da
biografia desse irrepreensível servo de Deus:
Gn 30.22-24: José nasceu, quando
Jacó, seu pai, ainda trabalhava para Labão, seu sogro. Foi o primeiro filho de
Raquel, a mulher a quem Jacó amava. Sua mãe lhe deu esse nome, como expressão
do seu desejo de ter outro filho - o que aconteceu no nascimento de Benjamim.
Gn 37.2,3: José era responsável
por ajudar seus irmãos (Gade, Aser, Dã e Naftali) a pastorearem os rebanhos de
Jacó, seu pai; além de ser responsável por prestar relatórios do procedimento
deles, enquanto trabalhavam.
Gn 37.9-11: José contou a seus
irmãos e se pai os sonhos que descreviam seu futuro domínio sobre toda a sua
família, inclusive sobre Jacó. Isso aumentou o ódio dos seus irmãos contra ele.
Gn 37.12-36: Os irmãos de José
armaram uma cilada contra ele, prendendo-o, atirando-o em um poço e vendendo o
irmão por vinte peças de prata aos ismaelitas (também chamados de midianitas),
como se fosse um escravo. Estes, por sua vez, venderam-no a um "oficial do
faraó e capitão da guarda" chamado Potifar.
Gn 39: A mulher do seu senhor
Potifar, depois de inutilmente tentar seduzir José, acusou-o de tentativa de
estupro. Essa acusação levou-o à prisão. Agora, além de escravo, José era um
prisioneiro - sem direitos e sem liberdade. Contudo, o autor de Gênesis diz:
"Mas o Senhor estava com ele e o tratou com bondade" (v. 21).
Gn 40: José interpretou os sonhos
de dois prisioneiros especiais - o copeiro-chefe e o padeiro-chefe,
funcionários importantes do faraó, que estavam presos devido a alguma acusação
contra eles. Com a interpretação dos seus sonhos, José previu o veredicto de
faraó sobre eles: o copeiro-chefe seria libertado e restaurado à sua antiga
posição e o padeiro-chefe seria condenado à morte.
Gn 41.1-36: Dois anos depois o
faraó teve dois sonhos, que o deixaram extremamente perturbado. O copeiro-chefe
lembrou-se da habilidade de José para interpretar sonhos. Este, por sua vez,
decifrou os sonhos do faraó e foi nomeado governador do Egito.
Gn 41.37-57: O governo de José
foi um sucesso. Durante os sete anos de fartura no Egito, José arrecadou
impostos e armazenou mantimentos mais que suficientes para abastecer todo o
país durante os próximos sete anos de seca. Quando a fome já havia se espalhado
por toda a terra, vinha gente de todas as regiões ao Egito, para comprar trigo
de José (vv. 56,57).
Gn 42-44: Os irmãos de José
desceram ao Egito, em busca de alimentos que pudessem comprar (42.1-3). Antes
de revelar sua real identidade aos seus irmãos, José articulou uma série de
situações para testar o caráter deles.
Gn 45: José revelou a verdade aos
seus irmãos, perdoou-os e mandou que eles buscassem Jacó, seu pai, para fugirem
da fome que afligia Canaã e viverem como hóspedes especiais do faraó, em uma
região fértil do Egito, chamada Gósen.
Gn 46-50: Os descendentes de
Israel passaram a viver no Egito, onde ficariam pelos próximos 400 anos e se
multiplicariam - de uma família de cerca de 70 pessoas, se transformariam numa
nação com mais de um milhão de pessoas.
Gn 48: Antes de morrer, Jacó
adotou os dois filhos de José (Manassés e Efraim), tornando-os participantes da
herança dos seus próprios filhos. Essa bênção, que tinha o poder de um
testamento profético, transformou-os em patriarcas de duas tribos, das doze de
Israel (v. 5) - o que, por sua vez, conferiu a José a bênção dobrada da
primogenitura, um direito natural do seu irmão mais velho, Rúben.
Gn 50.22-26: José morreu no
Egito, depois de passar mais de noventa anos da sua vida longe da terra
prometida. Contudo, ele jamais abriu mão da certeza de que Deus um dia,
finalmente, cumpriria a promessa de entregar Canaã nas mãos dos seus irmãos, os
herdeiros naturais da aliança que Deus fizera com Abraão (vv. 24,25). Esta é,
sem dúvida nenhuma, uma das mais belas histórias do Antigo Testamento, por
inúmeras razões. Primeiro, porque José foi quem abriu o caminho para que Israel
fosse morar no Egito, onde se transformou em uma poderosa nação. Segundo,
porque o personagem de José é um tipo que prefigura o caráter e a história de
Jesus, o Salvador. E terceiro, porque José se constitui um exemplo de
fidelidade inigualável em todo o Antigo Testamento.
Lições sobre a vida de José
A história de José é muito mais
que o simples retrato de um homem de grande caráter e de fé admirável. É também
um marco decisivo na história do povo escolhido de Deus e um modelo de conduta
para todos quantos desejam sinceramente ser fiéis ao Senhor.
1. Deus faz o bem, por meio de
tragédias e sofrimentos.
A verdade de Rm 8.28 é facilmente
comprovada pelo estudo da vida de José. Inúmeras coisas ruins que aconteceram a
ele, foram transformadas em coisas boas, e revelaram-se como providências
divinas, conduzindo Israel pelos caminhos do amor protetor de Deus.
Exemplos:
a) José foi vendido como escravo;
Deus o abençoou e ele foi promovido a um cargo de confiança, na casa de um
importante oficial do faraó e capitão da guarda.
b) José foi falsamente acusado de
estupro; Deus o abençoou e ele conheceu pessoas muito influentes na prisão.
c) O Egito foi afligido por sete
anos de seca; Deus utilizou esse tempo para confirmar a habilidade que José
tinha para lidar com dificuldades.
Estes são apenas alguns dos
exemplos da providência divina, realizando seus propósitos, por meio de
situações de extrema dificuldade. Existem outros inúmeros exemplos bíblicos que
comprovam esse método de Deus de converter o mal em bem (Gn 50.20). 2. O
coração do homem é provado nas dificuldades que tem de enfrentar.
Tiago diz que devemos nos sentir
alegres, quando temos de passar por provações, pois estas cumprem o propósito que
Deus tem de desenvolver nosso caráter e fazer-nos amadurecer (Tg 1.2-4). Pedro
diz que não devemos ficar desapontados, quando somos afligidos por algum
sofrimento, pois é justamente por meio do sofrimento que a nossa fé é provada
(1Pe 4.12).
Todas as situações de dificuldade
que sobrevieram a José estavam carregadas de propósitos divinos, como: conduzir
o povo de Israel para uma terra onde eles pudessem ser protegidos e
preservados; servir de testemunho da soberania de Deus entre aqueles que não
faziam parte da aliança feita com Abraão; e salvar os povos de outras regiões,
livrando-os de morrer de fome. Mas é evidente que José desconhecia cada um
destes propósitos. A única coisa que José sabia era que devia continuar fiel a
Deus, qualquer que fosse a sua situação (Gn 39.9). 3. A providência divina
inclui até os pecados que os outros cometem contra nós.
Por duas vezes, pelo menos, a
vida de José foi drasticamente mudada por força do ódio e da mentira de outras
pessoas. Primeiro, aos dezessete anos de idade, José foi atacado por seus
irmãos e vendido como escravo. Isso marcou radicalmente a sua história.
Segundo, por resistir às investidas da "mulher do chefe", José foi
preso, acusado de tentativa de estupro. Mais tarde, sabemos que a mão de Deus
estava por trás dessas duas conspirações. É evidente que o fato desses pecados
contribuírem com a vontade e o propósito de Deus, não isenta da culpa aqueles
que os provocaram. No entanto, é motivo suficiente para nos livrar dos
sentimentos de mágoa e ódio, que podem, muito facilmente, serem abrigados em
nosso coração (Ef 4.31; Hb 12.15).
Por duas vezes José reconheceu
que essa confiança era uma razão mais que suficiente para que ele perdoasse
seus irmãos (Gn 45.8; 50.20). José sabia que as ações protetoras de Deus também
visavam preservar a vida daqueles que o traíram (Gn 45.7). Portanto, a sua
atitude deveria ser de cooperar com o propósito que Deus tinha de salvar e
proteger seus irmãos (Gn 50.21). Estas são apenas algumas, das inúmeras lições
que podemos aprender com o estudo da história desse personagem bíblico, cuja
biografia ocupa a terça parte do livro de Gênesis. José foi um personagem tão
importante e de caráter tão nobre, que a maioria dos estudantes da Bíblia
reconhecem em José e em sua missão muitos paralelismos com a vida e a missão de
Jesus. Por exemplo:
Ambos foram rejeitados por seus
irmãos;
Ambos foram vendidos por prata,
como escravos;
Sofreram em países estrangeiros,
pelo bem dos que o afligiam;
Demonstraram extrema capacidade
de praticar o perdão. Por tudo isso, José é muito mais que um personagem a ser
estudado. Ele é um servo de Deus, que deve ser imitado, cujas virtudes devem
ser perseguidas por todos os cristãos de hoje...
BISPO/JUIZ. MESTRE E DOUTOR EM
ÊNFASE E DIVINDADES DR.EDSON CAVALCANTE
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