ÀS VEZES SEM PERCEBERMOS AGIMOS
COMO SEPULCROS CAIADOS...
“Ai de vós, escribas e fariseus,
hipócritas! Pois que sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora
parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda
imundícia. Assim, também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas
interiormente estais cheios de hipocrisia e de iniquidade.” Mt 23:27-28
Ao ler esses dois versículos eu
pensei: O que mais eu poderia
aprender através dessa passagem? Nada além do que normalmente se ouve acerca
da hipocrisia focada sempre, com mais ênfase, no cenário conhecido como
evangélico/protestante, direcionada àqueles que se vangloriam de boas obras, de
uma vida justa, sem, contudo vivenciá-la de fato. Fechei a bíblia e dei o
assunto por encerrado, mas duas palavrinhas chaves martelaram em minha memória
durante alguns dias, intrigantemente em situações das mais diversas e
desprovidas de qualquer ligação ao tema, então pedi a Deus que me revelasse o
propósito e agora através dessas linhas compartilho com você.
Sepulcro caiado… obviamente os
sepulcros têm relação direta com a morte, sua única finalidade é recolher um
corpo sem vida, aquilo que está morto. Entre os judeus era costume pintar os
sepulcros com cal, objetivando evitar que, se alguém os tacasse, se tornasse
impuro, pelas leis judaicas. Segundo
pesquisas, o óxido de cálcio, conhecido como cal, além de sua utilização na
construção civil é uma substância com propriedades de ação desinfetante e
neutralizante, por isso é também utilizado para proteger árvores, estábulos e
galinheiros e como desinfetantes de fossas.
Ora… galinheiros, estábulos e fossas são locais que apresentam odores
bastante desagradáveis e que oferecem grandes riscos de contaminação tais como
os… sepulcros. Atualmente os túmulos
ainda recebem tratamento com esse produto, não posso afirmar se pelo
conhecimento de todas as suas propriedades ou apenas pela necessidade de
melhorar a aparência com uma substância de baixo custo, mas sabemos que sua
aplicação não contribui apenas para deixá-los branquinhos, mas também pode se usado
na dosagem certa, “disfarçar” e amenizar a imundícia, apesar de obviamente não
eliminá-la. Você já reparou também que uma pintura com cal não dura muito
tempo, rapidamente desbota precisando de outra demão?! A cal tipifica o engano ou um paliativo que pode
ser utilizado na tentativa de se esconder a sujeira ou atenuar aquilo que nos
incomoda e nos oferece riscos. Podemos
concluir então que sepulcro e cal são combinações bastante oportunas entre si.
Após essa análise minuciosa parei
alguns instantes e refleti: Ainda que não estejamos qualificados como os
próprios sepulcros caiados, estamos sujeitos a construí-los e a mantê-los com o
tradicional produto milenar, o cal, sem sequer nos darmos conta disso! Em todo o capítulo 23 de nosso texto base
encontramos uma lista bastante extensa das faltas cometidas pelos fariseus e a
menção da palavra hipócrita repetidas vezes, evidenciando-a como principal
atributo. Observemos, pois atentamente a
definição que o dicionário nos dá para hipocrisia:
1. Afetação (o mesmo que se diz a
respeito) de virtude ou sentimento que não se tem. 2. Fingimento,
falsidade. A despeito dos fariseus
agirem dissimuladamente, com plena convicção de seus atos, nossa falibilidade
humana nos condiciona a agirmos semelhantemente, ainda que sem a percepção que
não temos a virtude ou o sentimento que achamos que temos e sem a percepção que
estamos enganando e fingindo pra nós mesmos.
Quanta coisa está propensa a
sepultar por acreditarmos que não possuem mais valia nem pra nós e nem para os
outros ou por considerarmos que estão mortas!
E assim vamos aprendendo a conviver com tais sepulcros, dando uma demão
de cal aqui, outra ali…
Existem diversas situações que
configuram sepulcros, caiados conscientemente ou não, que podem estar à vista
de todos ou muito bem escondidos. Destaco a seguir três aspectos nos quais
menciono algumas dessas situações.
1
- Nos relacionamentos
interpessoais:
Quantos relacionamentos são
mantidos sobre feridas, falta de perdão e respeito mútuo?! Conflitos que vão sendo “resolvidos” por
compensação, com pinceladas de cal na forma de presentes, permissividades,
omissões ou qualquer outra forma de subterfúgio, e aparentemente tudo fica bem,
mas aquilo que já está morto e cheira mal continua lá. O cumprimento de normas comportamentais, os
exemplos e tradições familiares, a transferência de responsabilidades, a falta
de tempo, a lei do custo x benefício,
são justificativas que agem como cal sendo utilizadas na tentativa de
tornar branquinhos e de neutralizar os odores que exalam desses
relacionamentos.
“O pecado gera a morte” (Tiago
1:15). Morte de valores morais, morte da
autoestima, morte do corpo, morte da alma! Traição, adultério, mentiras,
vícios, prostituição, roubo, suborno e todo tipo de contravenção também são
indicadores de sepulcros que vão sendo caiados por desculpas contidas em frases
como: “Prefiro continuar sendo traída, a ser trocada.”…“Não sou eu quem trai,
eu sou livre, quem trai é ela que é casada.”…“Eu não me importo em comprar ou
intermediar coisas na base da “treta”, não sou eu quem rouba”… “Meu bolso é meu
guia.”… e por aí vai. Quando a culpa ou a vergonha começam a cirandar a
consciência a procura de uma brecha para infiltrá-la, generosas camadas de cal
são aplicadas como proteção.
2 – No relacionamento consigo
mesmo:
Há pessoas que aparentemente são
tidas como “bem resolvidas” consigo mesmas, equilibradas, centradas emocional e
psicologicamente, mas que travam imensos conflitos interiores. Pessoas que,
apesar de sempre rodeadas de gente e de uma vida social ativa, no fundo
sentem-se sozinhas, mas sob camadas de cal acreditam que estão bem dessa forma,
acreditam que não precisam de ninguém, muito menos de ajuda, talvez por já
terem sofrido decepções, ou por motivos que nem sequer conhecem ao certo. A serenidade,
a descrição, a fala comedida, o sorriso sempre estampado no rosto são os
recursos que usam para transmitir que tudo vai muito bem, pra que ninguém
perceba o contrário nem tentem invadir suas vidas violando seus sepulcros. Os
paliativos são os refúgios no trabalho excessivo, nos livros, nos medicamentos
sedativos, na fuga de si próprio.
3 – No relacionamento com Deus:
Quando o relacionamento com Deus
há muito tempo foi interrompido e sepultado, ou nunca sequer existiu, apesar de
continuarem ligados a uma determinada denominação/igreja, porém sem a real
compreensão que o cristianismo genuíno não se exerce por ideologia ou herança
religiosa.
Ao contrário dos fariseus, não
alçam a voz em orações nas praças públicas, nem buscam exposições, mas
frequentam as igrejas como mero local de encontros sociais. São os amigos e
simpatizantes do evangelho. Comparecem aos encontros para assistir aos cultos e
não para prestar culto. Apresentam uma conduta exemplar, são dizimistas fiéis,
alguns até participam das atividades sociais da igreja, se submetem ao pastor,
aos líderes, mas vão vivendo sem se submeterem a Deus. Onde está a cal? No
engano que rechaça a essência do cristianismo e do serviço a Deus: a
Religiosidade.
Tão difícil quanto o processo
para se libertar de sepulcros caiados é reconhecer que eles podem existir na
nossa própria vida. Peça a Deus que te guie nesse “mapeamento” interior. Pode
ser que essa descoberta seja de imediato, pode ser que leve algum tempo, mas
não deixe de ficar atento e meditar nisso! Você pode estar a poucos passos de
ficar livre de um estorvo que nem se dá conta que está prejudicando sua
caminhada.
Uma vez identificado o sepulcro,
abri-lo é uma tarefa igualmente difícil, mas você já estará mais um passo a
frente. É um ato de coragem, ficar
cara-a-cara com algo que tentamos esconder, muitas vezes principalmente de nós
mesmos… que tentamos maquiar, neutralizar com demãos de cal. Mas é necessário abrir o sepulcro para que
aquilo que estava morto ressurja com vida.
Lázaro estava morto há 4 dias, já cheirava mal e a ordem que partiu de
Jesus antes de ressuscitá-lo foi “Tirai a pedra.” Foi preciso uma ação humana
pra que viesse a ação divina. Foi preciso que removessem a pedra da entrada do
túmulo para que Jesus desse a ordem de vida: “Lázaro, vem para fora”.
Abandone o balde de cal,
apresente a Deus o que precisa ser exposto para que o milagre aconteça. Não importa se há 4 dias, 4 anos ou 4 décadas
você sepultou seus…
Sentimentos… Esperança…
Relacionamentos… Motivação… Talentos… Autoestima…
Jesus pode e deseja
ressuscitá-los, nesse assunto e em todos os assuntos Ele é especialista!! Abra
Seu campo de ação, ponha-o a prova e prove de uma transformação tremenda na sua
vida!!
Mas, se você, após um autoexame,
não identificou nenhum sepulcro caiado, glórias a Deus por isso, então apenas
continue vigiando para não construí-los, uma vez que você já sabe de que forma
isso pode se feito...
BISPO/JUIZ.PHD.THD.DR.EDSON
CAVALCANTE
muito Bom .foi bem profundo na revelação da palavra que jesus te De mais e mais entendimento da palavra amém..
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