ESTUDO SOBRE O LIVRO AOS HEBREUS...
INTRODUÇÃO
Hebreus é o único livro do Novo Testamento de autoria desconhecida. E é um livro de conteúdo também desconhecido, na maior parte de nossas igrejas. Raramente se prega nele ou se estuda seu conteúdo. Geralmente se usa o texto de 13.8, para justificar dons miraculosos, mas se ignora o resto do livro. E assim mesmo, o uso deste versículo, quando assim feito, é fora do contexto. Mas, infelizmente, ignora-se principalmente o significado global do seu tema. No entanto, ele é possuidor de mais rica teologia. Um cristão não pode ignorar seu conteúdo. Ele traz a essência da fé cristã. É o livro do Novo Testamento que mais claramente enfatiza as distinções que há entre o judaísmo e o cristianismo, e mostra, de maneira bem clara, o que é ser um cristão. Estudar Hebreus é conhecer as implicações da obra redentora de Jesus. Temos um cristianismo que não ensina a totalidade da obra de Jesus. Para muitos segmentos, ele é apenas um pretexto para se usar seu nome como se fosse uma senha para se acessar o site das bênçãos de Deus.
Hebreus deveria ser mais estudado em nossas igrejas, também para esclarecer o relacionamento correto entre os dois Testamentos, bem como o relacionamento entre as figuras de Moisés e de Jesus, da lei e da obra de Jesus. Ele nos mostra a obra sacerdotal de Jesus, que substitui e aniquila a legislação sacerdotal veterotestamentária. Muitos problemas doutrinários seriam evitados com seu estudo. Há hoje uma descaracterização da igreja, quando pregadores (que parecem nunca ter lido o Novo Testamento) ressuscitam práticas judaicas em nosso meio. Muitos de nossos corinhos, infelizmente, nada têm de cristãos. É um tal de “santo dos santos”, “fumaça do santo dos santos”, “sala do trono”, etc. Não é demais repetir: nós somos cristãos, nós somos filhos do Novo Testamento, somos o povo gerado no Calvário e não no monte Sinai, somos de Jesus e não de Moisés. Nosso símbolo é a cruz e não a estrela de seis pontas nem a menorá. Nosso livro de ensino de função sacerdotal não é Levítico, e sim Hebreus.
Tentaremos, nestes estudos, mostrar um pouco do rico conteúdo de Hebreus. E, ao mesmo tempo, procuraremos estimular pastores e pregadores a se debruçarem mais sobre este livro, e pregá-lo ao nosso povo. Aos crentes pedimos que leiam este livro e atentem para seu conteúdo. Que não venhamos a macular o cristianismo com doutrinas vencidas e superadas pela obra de Cristo.
A AUTORIA
Na realidade, não podemos chamar Hebreus de carta ou epístola. É mais um tratado teológico que outra coisa. Só há traços pessoais no fim, no texto de 13.23-24. No restante da obra, nome algum de pessoa conhecida na época é citado. Nenhuma localidade é mencionada. Nenhuma igreja em particular é citada. Não foi um escrito endereçado a alguém em particular, como as cartas (veja-se 1.1-2, onde já se começa uma discussão teológica). Durante algum tempo se atribuiu a Paulo a autoria da obra. Mas Paulo, quando citava o Antigo Testamento, citava os textos hebraicos, dando sua própria tradução para o grego e, algumas vezes, citava o texto grego. O autor de Hebreus cita sempre o texto grego. Também o estilo do autor de Hebreus é muito refinado, elegante, superior mesmo ao de Paulo. Cerca de 168 palavras em Hebreus não são usadas em nenhum outro lugar do Novo Testamento, e mais 124 palavras não aparecem nem uma vez sequer, em todos os escritos de Paulo. Por isso que Calvino rejeitou a autoria de Paulo. Lutero sugeriu que fosse Apolo. Alguns indicaram Priscila, esposa de Áqüila, como autora. Outros, ainda, apontaram Barnabé. Mas como bem disse Orígenes, “só Deus sabe quem escreveu Hebreus”.
O autor tem um admirável conhecimento de filosofia. É da escola idealista, e parece ter sido influenciado por Platão, conforme se vê em 8.5, onde ele usa os conceitos do mundo das idéias e do mundo real, do filósofo grego. Em 11.3, a expressão final mostra que ele conhecia a filosofia dos epicureus. E em 5.14 ele mostra conhecer algo de Aristóteles. Sua categoria de raciocínio difere da de Paulo, pois ele emprega o método alegórico dos alexandrinos. Ele tem um pensamento mais grego que o de Paulo. Usa categorias filosóficas do pensamento helênico para apresentar o cristianismo em relação ao judaísmo.
Mesmo sem sabermos quem é o autor, cremos que o livro é inspirado. Uma coisa nada tem a ver com a outra. Sua mensagem central é simples e contundente: a superioridade de Cristo. O autor entende que a revelação de Deus não cessou com o Antigo Testamento, e deixa isto bem claro em 1.1-2, que aqui transcrevemos: “Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias a nós nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, e por quem fez também o mundo”. Deus veio se revelando gradativamente, até que, por fim, se mostrou definitivamente na pessoa de Jesus de Nazaré. Ele é a Palavra final de Deus. Vejamos também Hebreus 1.3: “Sendo ele o resplendor da sua glória e a expressa imagem do seu Ser, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo ele mesmo feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade nas alturas”. Jesus é a mais perfeita revelação de Deus. É absolutamente sem sentido aquele corinho que diz: “Quero te ver, quero te tocar”. Quem queira ver a Deus, que olhe para Jesus. Ele é a “expressa imagem do seu Ser”. “Imagem” é o grego eikon, que significa “espelho”. Jesus é o espelho de Deus. Quando Deus olha no espelho, há um rosto lá dentro, o rosto de Jesus. Quando Jesus olha no espelho, há um rosto lá dentro, o rosto de Deus. Vale a pena ler João 14.8-11, em consonância com esta declaração de Hebreus: “Disse-lhe Felipe: Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta. Respondeu-lhe Jesus: Há tanto tempo que estou convosco, e ainda não me conheces, Felipe? Quem me viu a mim, viu o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai? Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo, não as digo por mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, é quem faz as suas obras. Crede-me que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim; crede ao menos por causa das mesmas obras”. E cuidado com o romantismo e sentimentalismo piegas que resvala para o panteísmo, com frases tipo: “Deus está na beleza de um por do sol”, “Deus está na natureza”, “Deus está no sorriso de uma criança”. Estas coisas podem nos emocionar e podem nos mostrar que há um Criador, mas Deus não está nelas. Deus não está na natureza. Deus está em Cristo.
Para uma melhor compreensão deste livro, faremos quatro estudos em Hebreus. Serão eles: (1) A superioridade de Jesus; (2) O sacrifício de Jesus; (3) A nova aliança em Jesus; (4) A disciplina de Jesus. Comecemos pelo primeiro.
A SUPERIORIDADE DE JESUS
Na realidade, este é o tema da carta, A superioridade de Cristo. O autor se dirige a cristãos que vieram do judaísmo. Tinham sido judeus e se converteram a Cristo. Agora alguns deles queriam regressar ao judaísmo. Ele os exorta com firmeza, em 3.12-13. A palavra “apartar-se” é a palavra de onde nos vem “apostasia”. Ele os exorta a não apostatarem da fé em Cristo. O autor procura mostrar a seus destinatários que Cristo é superior aos elementos que dão suporte ao judaísmo e, por extensão, o cristianismo é superior ao judaísmo.
Isto fica claro logo no início. No versículo 3 há uma brilhante declaração de fé sobre Cristo. Ele é o resplendor da glória de Deus, a expressa imagem do seu Ser, é o sustentador, efetuou a purificação dos nossos pecados, e está assentado à direita da Majestade (posição de identidade) nas alturas. A seguir, no versículo 4, se diz que ele é maior do que os anjos: “feito tanto mais excelente do que os anjos, quanto herdou mais excelente nome do que eles”. Inclusive os anjos o adoram: “E outra vez, ao introduzir no mundo o primogênito, diz: E todos os anjos de Deus o adorem” (v. 6). Qual o sentido destas declarações? Por que os anjos entraram nesta argumentação?
Em 2.2 lemos que a palavra falada pelos anjos permaneceu firme e que a desobediência a ela trouxe castigo (“Pois se a palavra falada pelos anjos permaneceu firme, e toda transgressão e desobediência recebeu justa retribuição”). O autor está falando da lei mosaica. Até agora ele não a mencionou, mas a alusão é clara. Os judeus receberam a lei por ordenação dos anjos (At 7.53, Gl 3.19). Se Cristo é superior aos anjos, a revelação que ele traz (voltemos a ler Hebreus 1.2) é maior que a revelação que eles trouxeram. Então, o ensino de Jesus é maior que a lei mosaica. É por isso que aqueles cristãos hebreus deveriam atentar para o que ouviram e não se desviar da verdade ouvida: “Por isso convém atentarmos mais diligentemente para as coisas que ouvimos, para que em tempo algum nos desviemos delas” (2.1). É a palavra dele, de Jesus, que vale.
Depois o autor nos mostra que Jesus é superior a Moisés. É uma argumentação longa, que vai de 3.1 a 4.13. O tema central é a marcha dos hebreus pelo deserto, em busca da Terra Prometida, sob a liderança de Moisés. Moisés foi fiel sobre a casa de Deus, tanto como Jesus (3.1-2). Mas Moisés era servo sobre a casa de Deus, e como anunciador do que viria: “Moisés, na verdade, foi fiel em toda a casa de Deus, como servo, para testemunho das coisas que se haviam de anunciar” (3.5) e Jesus Cristo é Filho sobre a casa de Deus: “Mas Cristo o é como Filho sobre a casa de Deus; a qual casa somos nós, se tão-somente conservarmos firmes até o fim a nossa confiança e a glória da esperança” (3.6). Por isso, a glória dele é maior: “Pois ele é tido por digno de tanto maior glória do que Moisés, quanto maior honra do que a casa tem aquele que a edificou” (3.3). Não há razão alguma para seguir a Moisés. Ele era servo. Jesus era o Filho. O Filho é superior ao servo, na casa. Tal casa somos nós. Moisés era servo na casa de Deus, o povo de Deus. Cristo é Filho na casa de Deus. Logo, ele é maior que Moisés. Por que a igreja anda querendo regressar ao Antigo Testamento?
O anônimo escritor faz uma comparação com os que foram rebeldes a Moisés. Eles foram julgados e não entraram no “meu descanso”, diz Deus: “Pelo que, como diz o Espírito Santo: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações, como na provocação, no dia da tentação no deserto, onde vossos pais me tentaram, pondo-me à prova, e viram por quarenta anos as minhas obras. Por isto me indignei contra essa geração, e disse: Estes sempre erram em seu coração, e não chegaram a conhecer os meus caminhos. Assim jurei na minha ira: Não entrarão no meu descanso” (3.7-10). E os que forem rebeldes à voz de Cristo? O texto de 3.12-14 traz a exortação para que os leitores permaneçam fiéis ao ensino de Jesus: “Vede, irmãos, que nunca se ache em qualquer de vós um perverso coração de incredulidade, para se apartar do Deus vivo; antes exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado; porque nos temos tornado participantes de Cristo, se é que guardamos firme até o fim a nossa confiança inicia”. Também não deve haver nenhum coração de incredulidade para com Jesus.
Nesta argumentação, ele fala muito de “descanso”. Mas não é a palavra sábado (no grego, sabatós) que ele usa. É katapáusin, que traz a idéia de um refrigério por se alcançar as promessas. Aqueles hebreus rebeldes não entraram em Canaã e assim não se cumpriu na vida deles o que Deus prometera. Eles sofreram durante a peregrinação em busca das promessas de Deus. Quando as promessas se cumprissem na vida deles, entrariam no descanso. Mas não entraram. Por não obedecerem, não entraram nokatapáusin.
Os cristãos destinatários do livro de Hebreus também tinham a promessa de um descanso, mas alguns estavam falhando: “Portanto, tendo-nos sido deixada a promessa de entrarmos no seu descanso, temamos não haja algum de vós que pareça ter falhado” (4.1). Na realidade, o descanso chamado katapáusin, que é a entrada na totalidade das bênçãos de Deus, é para os cristãos e não para os judeus: “Porque nós, os que temos crido, é que entramos no descanso, tal como disse: Assim jurei na minha ira: Não entrarão no meu descanso; embora as suas obras estivessem acabadas desde a fundação do mundo; pois em certo lugar disse ele assim do sétimo dia: E descansou Deus, no sétimo dia, de todas as suas obras; e outra vez, neste lugar: Não entrarão no meu descanso. Visto, pois, restar que alguns entrem nele, e que aqueles a quem anteriormente foram pregadas as boas novas não entraram por causa da desobediência, determina outra vez um certo dia, Hoje, dizendo por Davi, depois de tanto tempo, como antes fora dito: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações. Porque, se Josué lhes houvesse dado descanso, não teria falado depois disso de outro dia. Portanto resta ainda um repouso sabático para o povo de Deus” (4.3-9). As promessas de Deus são para os cristãos, e não para os judeus. Mas, aquele que ouve o evangelho e se compromete com Cristo e depois desiste, não entra no descanso, na totalidade das promessas de Deus para a sua vida. Fica pelo caminho, como os que foram rebeldes à palavra de Moisés.
A terceira superioridade de Jesus é sobre Arão. Esta discussão é a mais ampla do livro e se estende de 4.14 até 10.39. A idéia é simples: depois da lei mosaica (e Jesus é maior que Moisés), o judaísmo se baseava no sacerdócio, que remontava a Arão, irmão de Moisés. Pois bem, Jesus é maior que Arão e que todo o sistema sacrificial. Assim sendo, ele cria, imagina, uma ordem sacerdotal, a de Melquisedeque. Esta ordem nunca existiu, mas ele elabora um raciocínio bem refinado. Todo sacerdote deveria provar sua ascendência, provar que era descendente de Levi, descendente de Arão. Lembre-se que os sacerdotes eram da tribo de Levi e eram chamados de levitas. Ele relembra o encontro de Abraão com Melquisedeque (Gn 14.18-20). Melquisedeque abençoou Abraão: “Ora, Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; pois era sacerdote do Deus Altíssimo; e abençoou a Abrão, dizendo: bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Criador dos céus e da terra” (Gn 14.18-19). Ora, quem é abençoado é menor que aquele que abençoa: “Ora, sem contradição alguma, o menor é abençoado pelo maior” (7.7). Então Abraão era menor que Melquisedeque. Pagar os dízimos (linguagem que ele usa) mostrava que quem recebia os dízimos era superior a quem os pagava. Se Abraão pagou dízimos a Melquisedeque, este lhe era superior. Pois bem, Levi descendia de Arão que descendia de Abraão. Potencialmente, Levi estava contido em Abraão: “E, por assim dizer, por meio de Abraão, até Levi, que recebe dízimos, pagou dízimos, porquanto ele estava ainda nos lombos de seu pai quando Melquisedeque saiu ao encontro deste” (7.9-10). Jesus é sacerdote, mas não segundo a ordem de Levi, de Arão. É sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque (ordem que não existiu), conforme lemos em 5.5-6, 5.10 e 7.21. Aqui, o autor de Hebreus está citando o Salmo 110.4, que é um salmo messiânico, ou seja, que alude ao Messias que viria. Assim, o autor de Hebreus argumenta que Jesus é o Messias prometido. Ao mesmo tempo mostra que Jesus é superior a Levi, Arão e Abraão. Jesus é o cristianismo. Levi, Arão e Abraão são o judaísmo. Então, o cristianismo é superior ao judaísmo. Não há porquê voltar atrás.
Merece atenção o significado do nome Melquisedeque. É o hebraico malêk tsedêq, que significa “rei da justiça” (veja Hebreus 7.2). Ele era rei de Salem, que vem do hebraico shalom “paz”, que foi o nome primitivo de Jerusalém, que significa “cidade da paz” (embora, atualmente não pareça assim). Ele era rei da justiça e rei da paz, atributos que são do Messias. Este implantaria a paz e a justiça, quando viesse. Lembre-se de João 14.27, texto que é chamado de “o último testamento de Jesus à sua igreja”: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; eu não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize”. E lembre-se, também, que se Melquisedeque foi o primeiro rei de Salem, Jesus, quando de seu retorno, será o último. Neste sentido, Melquisedeque foi um tipo de Jesus: rei de Salém, rei da paz e abençoador dos que recebem a promessa de Deus.
A lei mosaica nunca aperfeiçoou nada e por isso foi ultrapassada: “Pois, com efeito, o mandamento anterior é ab-rogado por causa da sua fraqueza e inutilidade (pois a lei nenhuma coisa aperfeiçoou), e desta sorte é introduzida uma melhor esperança, pela qual nos aproximamos de Deus” (7.18-19). Por isso, um novo sacerdote se levantou para estabelecer um novo sistema. Leia, em sua Bíblia, com bastante atenção, o texto de 8.1-13. O sistema anterior, o mosaico, passou. Vale o sistema trazido por Jesus. O Antigo Testamento e seu ensino foram cumpridos em Jesus, e é seu ensino que vale, atualmente. Aliás, Jesus já dissera isso: “A lei e os profetas vigoraram até João; desde então é anunciado o evangelho do reino de Deus, e todo homem forceja por entrar nele” (Lc 16.16).
CONCLUSÃO
No presente estudo paramos por aqui. Continuaremos com o estudo do livro, vendo as outras idéias. Mas vale a pena efetuar uma leitura atenta de Hebreus, a partir destas primeiras explicações. Assim, muito do livro será conhecido e nossa vida será enriquecida...
BISPO/JUIZ.PHD.THD.DR.EDSON CAVALCANTE
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