Restaurados por
Deus
Texto base - Joel 2.12-17
Introdução
Deus chamou a igreja do mundo para enviá-la de volta ao mundo como luz.
A igreja é tão diferente do mundo como a luz é diferente das trevas. A igreja
não foi chamada para ser influenciada pelo mundo. Ela não foi chamada para
imitar o mundo. Ela não foi chamada para amar o mundo.
Mas a igreja hoje está exatamente como o povo de Israel, imitando a vida
dos povos ao seu redor. Por isso, a igreja tem perdido o seu poder espiritual.
Martyn Lloyd-Jones diz que só vamos influenciar e ganhar o mundo quando
formos exatamente diferentes do mundo. No Brasil a igreja evangélica está
crescendo mas não influenciando o mundo. A igreja tem extensão, mas não
profundidade. Tem números, mas não santidade. Tem quantidade, mas não
qualidade.
A igreja está se acostumando com o pecado. E o pecado atrai a ira santa
de Deus. O pecado provoca o juízo de Deus. O profeta Joel está tocando a
trombeta do juízo de Deus no capítulo 2. Os gafanhotos, a seca, a fome e os
exércitos invasores estão assolando Israel. Essa trombeta fala do juízo de
Deus.
1. A RESTAURAÇÃO COMEÇA COM A CONSCIÊNCIA DA CRISE QUE NOS CERCA – v.
1-11
O profeta Joel entende que a crise é resultado do pecado do povo e do
juízo de Deus contra o pecado. Como Deus vê a igreja hoje? Tem Deus prazer na
vida do seu povo ao ver a sua infidelidade? Tem Deus prazer na vida do seu povo
ao ver que as coisas do mundo nos atrai mais do que as coisas do céu. Tem Deus
prazer na sua igreja ao ver que os crentes tem perdido seus absolutos, tem
imitado o mundo e vivido apenas um religiosismo sem vida, sem santidade e sem
poder?
Deus não se impressiona com formas, com programas, com ritos, com
cerimônias. Ele busca um povo santo, piedosos, fiel. Há pecados na igreja: 1)
Falta de consistência espiritual – piedade na igreja e mundanidade em casa; 2)
Falta de fervor espiritual – cansaço com as coisas de Deus e entusiasmo com as
coisas do mundo. Falta de oração. Analfabetismo bíblico; 3) Falta de pureza
moral – Crentes que abrigam imoralidade no coração, com pornografia, com
namoros impuros, com festas mundanas; 4) Falta de amor nos relacionamentos –
Crentes que são insubmissos aos pais, que são insensíveis com o cônjuge, que
são frios no trato uns com os outros. 5) Falta de fidelidade na mordomia dos
bens – Crentes que amam mais o dinheiro do que a Deus. Crentes que sonegam os
dízimos, que roubam de Deus, que não investem no Reino.
A restauração passa pela consciência da crise. A igreja está como
Ziclague, ferida e saqueada pelo inimigo. A igreja parece com Sansão, um
gigante que ficou sem visão e sem forças. Escândalos vergonhosos têm acontecido
dentro das igrejas. A igreja está em crise na doutrina, na ética e na
evangelização.
O pecado nos torna fracos e afasta de nós a presença poderosa de Deus.
Daí o começo da restauração passar pela consciência da crise.
II. A RESTAURAÇÃO VEM COMO RESULTADO DE UMA VOLTA PARA DEUS – v. 12-17
Qual é o processo dessa volta para Deus?
1.É uma volta para uma relação pessoal com Deus – v. 12 “Convertei-vos a
mim”
O caminho da restauração é aberto quando voltamos as costas para o
pecado e a face para Deus. Não é apenas um retorno à igreja, à doutrina, a uma
vida moral pura, mas uma volta para uma relação pessoal com Deus. Os fariseus
amavam mais a religião do que a Deus. Eles estavam mais apegados aos costumes
religiosos do que a comunhão com Deus.
A maior prioridade da nossa vida é Deus. Fomos criados para
glorificarmos a Deus e desfrutarmos da sua intimidade. Hoje buscamos as bênçãos
de Deus e não o Deus das bênçãos. Corremos atrás da bênção e não do abençoador.
O nosso alvo é satisfazer a nós mesmos e não voltarmo-nos para o Senhor.
Temos muita religiosidade e muito pouca intimidade com Deus. Conhecemos
muito acerca de Deus, e muito pouco a Deus. Estamos envolvidos com a obra de
Deus, mas não temos intimidade com o Deus da obra. Somos ativistas, mas não nos
assentamos aos pés do Senhor. Deus está mais interessado em nossa relação com
ele do que no nosso trabalho. Exemplo: Quando Jesus foi restaurar Pedro ele lhe
deu uma lista de coisas para fazer, mas lhe perguntou: tu me amas? A volta para
Deus é o primeiro degrau na estrada da restauração.
2. É uma volta com sinceridade para Deus – v. 12 “de todo o vosso
coração”
Há muitos crentes que fazem lindas promessas para Deus depois de um
retiro, depois de um congresso, depois de um culto inspirativo, mas logo se
esquecem dos compromissos assumidos. O amor deles é como o orvalho, logo se
dissipa. Os votos assumidos no altar de Deus, com lágrimas, já são esquecidos
no páteo da igreja.
O nosso cristianismo tem sido muito raso. Cantamos hinos de consagração,
mas não nos consagramos ao Senhor. Cantamos que queremos ser um vaso de bênção,
mas nos omitimos de falar de Jesus. Pedimos para que Jesus brilhe sua luz em
nós, mas apagamos nossa luz imitando o mundo em nosso comportamento. Cantamos
“tudo a ti Jesus entrego, tudo, tudo entregarei”, mas retemos os dízimos e as
ofertas e fechamos o nosso coração ao necessitado. Honramos a Deus com os
nossos lábios, mas o negamos com as nossas obras.
Há aqueles que só andam com Deus na base do aguilhão. Só se voltam para
Deus no momento em que as coisas apertam. Só se lembram de Deus na hora das
dificuldades. Não se voltam para Deus porque o amam ou porque estão tristes com
os seus pecados, mas porque não querem sofrer. A motivação da busca não está em
Deus, mas neles mesmos. O centro de tudo não é Deus, mas o eu. Precisamos nos
voltar para Deus para veler. Deus não aceita apenas uma religião formal, uma
reforma exterior, um verniz espiritual.
3.É uma volta com diligência para Deus – v. 12 “e isto com jejuns”
Qual foi a última vez que você jejuou para buscar a Deus? Jejum não é
greve de fome, não é regime para emagrecer, não é ascetismo nem meritório. O
jejum é instrumento de mudança. Ele muda a nós, não a Deus.
Devemos jejuar para Deus. Devemos jejuar para nos humilharmos diante do
Senhor. Devemos jejuar para reconhecermos a falência dos nossos recursos.
Devemos jejuar para buscarmos o socorro de Deus. O povo de Deus sempre jejuou.
Quem jejua tem pressa. Quem jejua está ansioso por ver a intervenção de Deus.
Josafá convocou a nação de Judá para jejuar e Deus libertou o seu povo
das mãos do adversário. Nínive jejuou e Deus lhe concedeu libertação. Ester
jejuou com o seu povo e Deus poupou a nação de um holocausto.
Em 1756 o rei da Inglaterra convocou um dia solene de oração e jejum por
causa de uma ameaça por parte dos franceses. João Wesley comentou as igrejas
ficaram lotadas. A humilhação foi transformada em regozijo nacional porque a
ameaça da invasão foi impedida. Visitei em 1997 a maior Igreja Metodista do
mundo com 87 mil membros. O pastor fundador da igreja nos disse que os dois
momentos mais significativos da igreja, foi quando ele se dedicou intensamente
ao jejum.
Quem jejua tem mais pressa em acertar a sua vida com Deus do que saciar
as necessidades do corpo. Hoje os crentes têm pressa para correr atrás de seus
próprios interesses. Precisamos de restauração.
4.É uma volta com quebrantamento para Deus – v. 12 “com choro e com
lágrimas”
O povo de Deus anda com os olhos enxutos demais. Muitas vezes
desperdiçamos nossas lágrimas, chorando por motivos fúteis demais. Outras vezes
queremos remover o elemento emocional do culto. É por isso que estamos secos.
Não choramos porque estamos endurecidos.
Temos chorado como Jacó no vau de Jaboque buscando uma restauração em
sua vida (Os 12:4)? Temos chorado como Davi chorou ao ver sua família saqueada
pelo inimigo? Temos chorado como Neemias chorou ao saber da desonra que estava
sobre o povo de Deus? Temos chorado como Jeremias chorou ao ver os jovens da
sua nação desolados, vencidos pelo inimigo, e as crianças jogadas na rua como
lixo? (Lm 1:16: 2:11). Temos chorado como Pedro por causa do nosso próprio
pecado de negar o Senhor? Temos chorado como Jesus ao ver a impenitência da
nossa igreja e da nossa cidade (Lc 19:41)?
Conhecemos o que é chorar numa volta para Deus? Nosso coração tem se
derretido de saudades do Senhor?
5.É uma volta com sinceridade para Deus – v. 13 “Rasgai o vosso coração
e não as vossas vestes”
Nessa volta para Deus não adianta fingir. O Senhor não aceita encenação.
Ele não se impressiona com os nossos gestos, nossas palavras bonitas, nossas
emoções sem quebrantamento. Diante de Deus as máscaras caem. Ele vê o coração.
Para Deus não é suficiente apenas estar na igreja, ter um culto animado.
É preciso ter um coração rasgado, quebrado, arrependido e transformado.
Como é triste ver pessoas que passam a vida toda na igreja e nunca foram
quebrantadas. Passam a vida toda representando um papel de santidade, mas são
impuros. Fazem alarde da sinceridade, mas interiormente são hipócritas. Advogam
fidelidade, mas no íntimo são infiéis.
6.É uma volta urgente para Deus – v. 12 “Ainda assim, agora mesmo”
A despeito da crise devemos nos voltar para Deus. A crise não deve nos
empurrar para longe de Deus, mas para os seus braços. A frieza da igreja não
deve ser motivo de desalento, mas de forte clamor e profunda determinação para
nos voltarmos para Deus.
Os tempos de restauração vem depois de um tempo de sequidão. O tempo de nos
voltarmos para Deus é agora. A restauração é para hoje. O tempo de Deus é
agora. Não podemos agir insensatamente como Faraó, pedindo a restauração da sua
terra do juízo de Deus para amanhã (Ex 8:8-10). Muitos crentes estão também
adiando a sua volta para Deus. AGORA é o tempo da graça e o tempo da visitação
de Deus. AGORA é o tempo aceitável.
O acerto de vida com Deus é urgente. O profeta Joel ordena: “Tocai a
trombeta em Sião” (2:15). A trombeta só era tocada em época de emergência. Mas
a trombeta é tocada em Sião e não no mundo. O juízo começa pela casa de Deus (1
Pe 4:17). Primeiro a igreja precisa voltar-se para o Senhor, depois o mundo o
fará. A restauração começa na igreja e pela igreja e ela atinge o mundo. Quando
a igreja acerta a sua vida com Deus, do céu brota a cura para a terra (2 Cr
7:14).
III. A RESTAURAÇÃO VEM COMO RESPOSTA DA BENIGNIDADE DE DEUS – V. 13-14
1.A restauração é resposta da misericórdia de Deus – v. 13 “porque ele é
misericordioso…”
Podemos esperar um tempo de restauração da parte do Senhor porque ele é
infinitamente misericordioso. Ele tem prazer em perdoar. Ele tem prazer em
restaurar. Na ira ele se lembra da sua misericórdia. Ele volta o seu rosto para
nós.
A esperança da restauração está fundamentada no gracioso caráter de Deus.
Deus é misericordioso. Ele é compassivo. Ele é tardio em irar-se. Ele é grande
em benignidade. Ele se arrepende do mal.
2.A restauração é resposta do pacto de Deus conosco – v. 13
“convertei-vos ao Senhor, vosso Deus”
O povo havia se desviado de Deus, mas ainda era o povo de Deus. Deus
continua interessado na restauração do seu povo e ainda está comprometido com o
seu imutável amor e propósito. Devemos nos voltar para Deus como o Deus do
pacto. Ele é fiel. Ele jamais cessou de nos buscar, nos atrair, de nos chamar
para ele. Somos o seu povo.
IV. A RESTAURAÇÃO PASSA POR UMA VOLTA DO POVO TANTO COLETIVA COMO
INDIVIDUAL AO SENHOR – V. 15-17
Ninguém pode ficar de fora dessa volta para Deus. Todo o povo deve ser
congregado. Toda a congregação deve ser santificada. Todavia o profeta começa a
particularizar os que devem fazer parte dessa volta:
1.Os anciãos devem se voltar para Deus – v. 16 “ajuntai os anciãos”
A liderança precisa estar na frente, puxando a fila daqueles que têm
pressa de voltarem para Deus. Os líderes são os primeiros a acertarem suas
vidas com Deus. Os anciãos são os primeiros a colocarem o rosto em terra.
A igreja é um retrato da sua liderança. Ela nunca está à frente dos seus
líderes. Os líderes devem ser os primeiros a se voltarem para Deus com choro,
com jujum, com o coração rasgado.
2.Os jovens devem se voltar para Deus – v. 16 “reuni os filhinhos”
As pressões sobre os jovens são muito grandes. Faraó tentou reter os
jovens no Egito. Sansão deu uma festa regada a vinho porque era o costume dos
jovens da sua época. Precisamos de jovens como José que preferem a prisão do
que o pecado. Precisamos de jovens como Daniel que resolvem firmemente não se
contaminarem. Precisamos de jovens como Timóteo que permanece nas Sagradas
letras.
O lugar de jovem curtir a vida é no altar de Deus. Só na presença de
Deus há plenitude de alegria. Ilustração: Minha experiência na Igreja de
Uberlândia.
A volta para Deus é mais urgente para os jovens do que o casamento.
“Saia o noivo da sua recâmara, e a noiva do seu aposento”.
3.As crianças devem se voltar para Deus – v. 16 “reuni os que mamam”
Até mesmo as nossas crianças precisam ser desafiadas a se voltarem para
Deus. Precisamos trazer os nossos filhos à Casa de Deus e ensiná-los a buscarem
ao Senhor. Não podemos entregar os nossos filhos à babá eletrônica. Temos que
criá-los aos pés do Senhor e para a glória do Senhor.
4.Os ministros devem se voltar para Deus – v. 17 “Chorem os sacerdotes,
ministros do Senhor… e orem: Poupa o teu povo, ó Senhor…”
Nós pastores precisamos aprender a chorar pelo povo. Temos feito a obra
de Deus com os olhos enxutos demais. Não podemos nos conformar com a crise. Não
podemos nos conformar em ver a sequidão espiritual do povo de Deus. O choro
precisa começar com os pastores. Os líderes precisam chorar e orar.
Quando perguntaram para Moody qual era o maior obstáculo da obra, ele
disse: “O maior obstáculo da obra são os obreiros.” Estamos vivendo uma crise
pastoral no Brasil. Precisamos nos voltar para Deus e precisamos chorar por nós
mesmos e pela vida do povo de Deus.
V. A RESTAURAÇÃO PRODUZ RESULTADOS EXTRAORDINÁRIOS NA VIDA DO POVO DE
DEUS – V. 18-32
1.Quando Deus restaura a igreja, ele muda a sua sorte – v. 18-27
Quando a igreja se volta para Deus e acerta sua vida com ele, ele se
compadece do seu povo: ao invés de fome, há fartura (2:19,24). Ao invés de
opresssão do inimigo, há libertação (2:20). Ao invés de seca, há chuvas
abundantes (2:23). Ao invés de prejuízo, há restituição (2:25). Ao invés de
vergonha, há louvor (2:26). Ao invés de lamentaçãoi e de solidão, há a plena
consciência de que Deue está presente (2:26,27).
2.Quando Deus restaura a igreja, ele derrama sobre ela o Seu Espírito –
v. 28-32
O derramamento do Espírito não vem antes, mas depois que o povo se volta
para Deus. O derramamento é uma bênção abundante, segura e restauradora que vem
sobre trazendo vida, vigor e poder para a igreja.
O Espírito desceu no Pentecoste e a igreja saiu das quatro paredes para
impactar o mundo. Antes os crentes estavam com medo dos judeus. Agora os judeus
é que ficaram com medo dos crentes. Quando nos voltamos para Deus, ele se volta
para nós e restaura a nossa sorte...
BISPO/JUIZ.PHD/THD.DR.EDSON CAVALCANTE
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