O Sofrimento dos Justos
Jó 2.7,8 “Então, saiu Satanás da  presença do SENHOR e feriu a Jó de uma chaga maligna, desde a planta do  pé até ao alto da cabeça. E Jó, tomando um pedaço de telha para raspar  com ele as feridas, assentou-se no meio da cinza.”
A fidelidade a Deus não é garantia de  que o crente não passará por aflições, dores e sofrimentos nesta vida  (ver At 28.16 nota). Na realidade, Jesus ensinou que tais coisas poderão  acontecer ao crente (Jo 16.1-4,33; ver 2Tm 3.12 nota). A Bíblia contém  numerosos exemplos de santos que passaram por grandes sofrimentos, por  diversas razões e.g., José, Davi, Jó, Jeremias e Paulo.
POR QUE OS CRENTES SOFREM?
São diversas as razões por que os crentes sofrem.(1) O crente  experimenta sofrimento como uma decorrência da queda de Adão e Eva.  Quando o pecado entrou no mundo, entrou também a dor, a tristeza, o  conflito e, finalmente, a morte sobre o ser humano (Gn 3.16-19). A  Bíblia afirma o seguinte: “Pelo que, como por um homem entrou o pecado  no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os  homens, por isso que todos pecaram” (Rm 5.12; ver nota). Realmente, a  totalidade da criação geme sob os efeitos do pecado, e anseia por um  novo céu e nova terra (Rm 8.20-23; 2Pe 3.10-13). É nosso dever sempre  recorrermos à graça, fortaleza e consolo divinos (cf. 1Co 10.13).
(2) Certos crentes  sofrem pela mesma razão que os descrentes sofrem, i.e., conseqüência de  seus próprios atos (ver o estudo A PROVIDÊNCIA DIVINA). A lei bíblica  “Tudo o que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6.7) aplica-se a  todos de modo geral. Se guiarmos com imprudência o nosso automóvel,  poderemos sofrer graves danos. Se não formos comedidos em nossos hábitos  alimentares, certamente vamos ter graves problemas de saúde. É nosso  dever sempre proceder com sabedoria e de acordo com a Palavra de Deus e  evitar tudo o que nos privaria do cuidado providente de Deus.
(3) O crente também  sofre, pelo menos no seu espírito, por habitar num mundo pecaminoso e  corrompido. Por toda parte ao nosso redor estão os efeitos do pecado.  Sentimos aflição e angústia ao vermos o domínio da iniqüidade sobre  tantas vidas (ver Ez 9.4; At 17.16; 2Pe 2.8 nota). É nosso dever orar a  Deus para que Ele suplante vitoriosamente o poder do pecado.
(4) Os crentes  enfrentam ataques do diabo. (a) As Escrituras claramente mostram que  Satanás, como “o deus deste século” (2Co 4.4), controla o presente  século mau (ver 1Jo 5.19 nota; cf. Gl 1.4; Hb 2.14). Ele recebe  permissão para afligir crentes de várias maneiras (cf. 1Pe 5.8,9). Jó,  um homem reto e temente a Deus, foi atormentado por Satanás por  permissão de Deus (ver principalmente Jó 1—2). Jesus afirmou que uma das  mulheres por Ele curada estava presa por Satanás há dezoito anos (cf.  Lc 13.11,16). Paulo reconhecia que o seu espinho na carne era “um  mensageiro de Satanás, para me esbofetear” (2Co 12.7). À medida em que  travamos guerra espiritual contra “os príncipes das trevas deste século”  (Ef 6.12), é inevitável a ocorrência de adversidades. Por isso, Deus  nos proveu de armadura espiritual (Ef 6.10-18; ver 6.11 nota) e armas  espirituais (2Co 10.3-6). É nosso dever revestir-nos de toda armadura de  Deus e orar (Ef 6.10-18), decididos a permanecer fiéis ao Senhor,  segundo a força que Ele nos dá. (b) Satanás e seus seguidores se  comprazem em perseguir os crentes.
Os que amam ao Senhor Jesus e seguem  os seus princípios de verdade e retidão serão perseguidos por causa da  sua fé. Evidentemente, esse sofrimento por causa da justiça pode ser uma  indicação da nossa fiel devoção a Cristo (ver Mt 5.10 nota). É nosso  dever, uma vez que todos os crentes também são chamados a sofrer  perseguição e desprezo por causa da justiça, continuar firmes, confiando  naquele que julga com justiça (Mt 5.10,11; 1Co 15.58; 1Pe 2.21-23).
(5) De um ponto de  vista essencialmente bíblico, o crente também sofre porque “nós temos a  mente de Cristo” (ver 1Co 2.16 nota). Ser cristão significa estar em  Cristo, estar em união com Ele; nisso, compartilhamos dos seus  sofrimentos (ver 1Pe 2.21 nota). Por exemplo, assim como Cristo chorou  em agonia por causa da cidade ímpia de Jerusalém, cujos habitantes se  recusavam a arrepender-se e a aceitar a salvação (ver Lc 19.41 nota),  também devemos chorar pela pecaminosidade e condição perdida da raça  humana. Paulo incluiu na lista de seus sofrimentos por amor a Cristo  (2Co 11.23-32; ver 11.23 nota) a sua preocupação diária pelas igrejas  que fundara: “quem enfraquece, que eu também não enfraqueça? Quem se  escandaliza, que eu não me abrase?” (2Co 11.29). Semelhante angústia  mental por causa daqueles que amamos em Cristo deve ser uma parte  natural da nossa vida: “chorai com os que choram” (Rm 12.15). Realmente,  compartilhar dos sofrimentos de Cristo é uma condição para sermos  glorificados com Cristo (Rm 8.17). É nosso dever dar graças a Deus,  pois, assim como os sofrimentos de Cristo são nossos, assim também nosso  é o seu consolo (2Co 1.5). 
(6) Deus pode usar o sofrimento como catalizador para o nosso crescimento ou melhoramento espiritual. (a)  Freqüentemente, Ele emprega o sofrimento a fim de chamar a si o seu  povo desgarrado, para arrependimento dos seus pecados e renovação  espiritual (ver o livro de Juízes). É nosso dever confessar nossos  pecados conhecidos e examinar nossa vida para ver se há alguma coisa que  desagrada o Espírito Santo. (b) Deus, às vezes, usa o  sofrimento para testar a nossa fé, para ver se permanecemos fiéis a Ele.  A Bíblia diz que as provações que enfrentamos são “a prova da vossa fé”  (Tg 1.3; ver 1.2 nota); elas são um meio de aperfeiçoamento da nossa fé  em Cristo (ver Dt 8.3 nota; 1Pe 1.7 nota). É nosso dever reconhecer que  uma fé autêntica resultará em “louvor, e honra, e glória na revelação  de Jesus Cristo” (1Pe 1.7). (c) Deus emprega o  sofrimento, não somente para fortalecer a nossa fé, mas também para nos  ajudar no desenvolvimento do caráter cristão e da retidão. Segundo vemos  nas cartas de Paulo e Tiago, Deus quer que aprendamos a ser pacientes  mediante o sofrimento (Rm 5.3-5; Tg 1.3). No sofrimento, aprendemos a  depender menos de nós mesmos e mais de Deus e da sua graça (ver Rm 5.3  nota; 2Co 12.9 nota). É nosso dever estar afinados com aquilo que Deus  quer que aprendamos através do sofrimento. (d) Deus  também pode permitir que soframos dor e aflição para que possamos melhor  consolar e animar outros que estão a sofrer (ver 2Co 1.4 nota). É nosso  dever usar nossa experiência advinda do sofrimento para encorajar e  fortalecer outros crentes.
(7) Finalmente, Deus  pode usar, e usa mesmo, o sofrimento dos justos para propagar o seu  reino e seu plano redentor. Por exemplo: toda injustiça por que José  passou nas mãos dos seus irmãos e dos egípcios faziam parte do plano de  Deus “para conservar vossa sucessão na terra e para guardar-vos em vida  por um grande livramento” (Gn 45.7; ver o estudo A PROVIDÊNCIA DIVINA. O  principal exemplo, aqui, é o sofrimento de Cristo, “o Santo e o Justo”  (At 3.14), que experimentou perseguição, agonia e morte para que o plano  divino da salvação fosse plenamente cumprido. Isso não exime da  iniqüidade aqueles que o crucificaram (At 2.23), mas indica, sim, como  Deus pode usar o sofrimento dos justos pelos pecadores, para seus  próprios propósitos e sua própria glória.
O RELACIONAMENTO DE DEUS COM O SOFRIMENTO DO CRENTE.
(1) O primeiro fato a  ser lembrado é este: Deus acompanha o nosso sofrer. Satanás é o deus  deste século, mas ele só pode afligir um filho de Deus pela vontade  permissiva de Deus (cf. 1—2; ver o estudo A PROVIDÊNCIA DIVINA, e A  VONTADE DE DEUS). Deus promete na sua Palavra que Ele não permitirá  sermos tentados além do que podemos suportar (1Co 10.13).
(2) Temos também de  Deus a promessa que Ele converterá em bem todos os sofrimentos e  perseguições daqueles que o amam e obedecem aos seus mandamentos (ver Rm  8.28 nota). José verificou esta verdade na sua própria vida de  sofrimento (cf. Gn 50.20), e o autor de Hebreus demonstra como Deus usa  os tempos de apertos da nossa vida para nosso próprio crescimento e  benefício (ver Hb 12.5 nota).
(3) Além disso, Deus  promete que ficará conosco na hora da dor; que andará conosco “pelo vale  da sombra da morte” (Sl 23.4; cf. Is 43.2).
VITÓRIA SOBRE O SOFRIMENTO PESSOAL.
Se você está sob provações e aflições, que deve fazer para triunfar sobre tal situação?(1) Primeiro:  examinar as várias razões por que o ser humano sofre (ver seção 1,  supra) e ver em que sentido o sofrimento concerne a você. Uma vez  identificada a razão específica, você deve proceder conforme o contido  em “É nosso dever”.
(2) Creia que Deus se  importa sobremaneira com você, independente da severidade das suas  circunstâncias (ver Rm 8.36 nota; 2Co 1.8-10 nota; Tg 5.11 nota; 1Pe 5.7  nota). O sofrimento nunca deve fazer você concluir que Deus não lhe  ama, nem rejeitá-lo como seu Senhor e Salvador.
(3) Recorra a Deus em  oração sincera e busque a sua face. Espere nEle até que liberte você da  sua aflição (ver Sl 27.8-14; 40.1-3; 130).
(4) Confie que Deus  lhe dará a graça para suportar a aflição até chegar o livramento (1Co  10.13; 2Co 12.7-10). Convém lembrar de que sempre “somos mais do que  vencedores, por aquele que nos amou” (Rm 8.37; Jo 16.33). A fé cristã  não consiste na remoção de fraquezas e sofrimento, mas na manifestação  do poder divino através da fraqueza humana (ver 2Co 4.7 nota).
(5) Leia a Palavra de  Deus, principalmente os salmos de conforto em tempos de lutas (e.g., Sl  11; 16; 23; 27; 40; 46; 61; 91; 121; 125; 138).
(6) Busque revelação e discernimento da parte de Deus referente à sua situação específica — mediante a oração, as Escrituras, a iluminação do Espírito Santo ou o conselho de um santo e experiente irmão.
(7) Se o seu sofrimento é de natureza física, atente para os passos expostos no estudo A CURA DIVINA.
(8) No sofrimento, lembre-se da predição de Cristo, de que você terá aflições na sua vida como crente (Jo 16.33). Aguarde com alegria aquele ditoso tempo quando “Deus limpará de seus olhos toda lágrima, e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor” (Ap 21.4)...
BISPO/JUIZ.DR.EDSON CAVALCANTE
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