VINDE A MIM AS CRIANÇINHAS POIS DELAS É O REINO DE DEUS
BISPO/JUIZ.DR.BENEDITO EDSON CAVALCANTE DA SILVA
Uma  associação americana de vítimas de padres pedófilos e um líder judeu  desaprovaram, nesta sexta-feira, as palavras de um pregador do Vaticano  que comparou, durante celebração da Semana Santa, as críticas recebidas  pela Igreja Católica devido aos casos de abusos sexuais de menores com o  antissemitismo.
Na  presença de Bento XVI, que presidia a liturgia da Paixão de Cristo na  basílica de São Pedro, o sacerdote Raniero Cantalamessa leu uma carta de  "solidariedade" ao Papa e à Igreja, que disse ter recebido recentemente  de um "amigo judeu".
Os  ataques atuais à Igreja, abalada por escândalos de pedofilia, fazem  lembrar "os aspectos mais penosos do antissemitismo", afirmou o padre  Cantalamessa.
"Com  desgosto, acompanho o ataque violento e direcionado contra a Igreja e o  Papa", disse o religioso franciscano, ao mencionar trechos da carta.
"O  uso de estereótipos e a transferência de responsabilidades e culpas  pessoais para coletivas me lembram os aspectos mais vergonhosos do  antissemitismo", continuou o religioso, cujo sermão foi dedicado à  violência, em particular à dirigida contra a mulher e cometida no seio  familiar.
"Faz  mal ao coração ver que um responsável de alto escalão do Vaticano, uma  pessoa informada, faz observações tão duras que são um insulto tanto às  vítimas das agressões sexuais quanto aos judeus", declarou, em um  comunicado, David Clohessy, que dirige um grupo de defesa das vítimas de  sacerdotes pedófilos, o SNAP (Survivors Network of those Abused by  Priests).
"É  moralmente errado comparar a violência física real e o ódio contra um  grande número de pessoas inocentes com o que não é outra coisa senão o  exame público dos atos de um pequeno grupo de responsáveis cúmplices",  acrescentou Clohessy.
O  rabino Gary Greenebaum, encarregado de relações interreligiosas no  âmbito do Comitê Judaico Americano, qualificou de "maliciosas" as  declarações do padre Cantalamessa. 
"Não é uma comparação adequada, é evidente e claro para a maioria das pessoas", declarou à AFP.
O  porta-voz do Vaticano, o padre Federico Lombardi, falando sobre a  postura de Cantalamessa, disse que se tratava "de uma carta lida pelo  pregador e não a posição oficial do Vaticano".
O  pregador do Papa, que tem a função de escrever o sermão durante o rito  dedicado à "Paixão do Senhor" da Sexta-feira Santa, que se celebra  poucas horas antes da Via Crúcis, havia advertido que não iria abordar o  tema dos abusos cometidos por padres contra menores "porque deles já se  fala muito do lado de fora".
No  entanto, ao citar a carta de solidariedade de seu amigo judeu e  comparar os ataques contra a Igreja aos preconceitos e à hostilidade  dirigida aos judeus como grupo generalizado, o padre Cantalamessa acabou  reavivando o debate.
Durante  a solenidade dos ritos da Semana Santa, o Papa continuou recebendo  mensagens de solidariedade de vários episcopados em função das críticas  sobre sua gestão de casos de pedofilia por parte de sacerdotes.
O  Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM) acusou alguns meios de  comunicação internacionais de divulgar "reconstruções falsas" e  "caluniosas" sobre a atitude do papa Bento XVI frente aos casos de  abusos sexuais de menores por parte de sacerdotes na década anterior,  informou a entidade em um comunicado assinado pelo arcebispo brasileiro  Raymundo Damasceno Assis.
"Ao  contrário do que alguns veículos de imprensa divulgaram, a atitude do  então cardeal Joseph Ratzinger com relação ao caso de abusos sexuais  sobre menores por parte de clero foi sempre muito severa, como  testemunham as pessoas que trabalharam com ele", destaca o comunicado do  CELAM.
Para  o bispo paraguaio Jorge Livieres Plano, de Alto Paraná, as denúncias de  pedofilia amplamente divulgadas pela imprensa internacional "em sua  maioria são falsas" e representam uma perseguição organizada contra a  Igreja porque esta se opõe ao aborto e à homossexualidade.
"Há  mais homens infiéis às suas esposas, pedófilos e homossexuais do que  sacerdotes infiéis à sua vocação, pedófilos e homossexuais", argumentou o  religioso.
Os  bispos do Canadá também lamentaram, em uma mensagem enviada por ocasião  da Páscoa, "a atenção que a mídia tem dado a tais informações" sobre  casos de pedofilia na Igreja, apesar de que seus representantes tenham  agido de forma "sábia e responsável".
Na  França, mais de 70 intelectuais pediram aos meios de comunicação maior  "ética" e "responsabilidade", em carta publicada em uma página na  internet e reproduzida pelo jornal do Vaticano, L'Osservatore Romano.
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