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sábado, 29 de fevereiro de 2020

2020 O ANO DA MARCA DA BESTA = 666


                                           2020 O ANO DA MARCA DA BESTA =666


"Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento calcule o número da besta; porque é o número de um homem, e o seu número é seiscentos e sessenta e seis" (Ap 13.18)
As pessoas esperavam o fim do mundo em 1666, que seria a soma do fim dos mil anos (quando, então, Satanás seria solto, conforme Apocalipse 20.3) com o terrível número da besta. Mas, para decepção dos prognosticadores de plantão, o fim não veio.

Entretanto, quem pensa que a superstição e a especulação em torno do número 666 ficaram restritas à Idade Média está muito enganado. Esses algarismos apocalípticos continuam em alta, principalmente nos meios religiosos. E, diga-se de passagem, até mesmo os católicos romanos arriscam um palpite cabalístico em cima desse misterioso número, como podemos ver no livro do padre Léo Persch.
A referida interpretação vem de Vassula, vidente católica, que diz receber visões e orientações de Jesus e Maria a respeito do fim dos tempos. Numa dessas interpretações, ela associa o anticristo com a maçonaria. Vejamos: "Com a inteligência iluminada pela luz divina, consegue-se decifrar o número 666, o nome de um homem, e esse nome, indicado por tal número, é o anticristo [...] O número 666 indicado três vezes, isto é, multiplicado por três, exprime o ano de 1998. Nesse período histórico, a francomaçonaria, aliada com a maçonaria eclesiástica, conseguirá o seu grande intento...".
Contudo, a fama do número 666 extrapolou os limites da religião e foi parar na boca dos profanos. "The number of the beast" é a faixa musical do grupo Iron Maiden. Uma música com letras satânicas. A propósito, este é o número preferido dos satanistas e virou até nome de revista em Marselha/França.
Sem dúvida, ultimamente, há muito barulho não só em torno desse número como também do nome "besta", que no Brasil, tempos atrás, ganhou fama com um automóvel, a VAN, Besta, fabricada por uma montadora coreana. Já em Bruxelas, na Bélgica, um computador gigantesco foi batizado com o mesmo nome.
Há alguns anos, a popularização do código de barras fez brilhar o imaginário religioso. Começou-se a divulgar nos meios cristãos que este código trazia nas extremidades e no meio, de modo oculto, o número 666, o qual seria marcado na mão direita dos consumidores. Épocas atrás, houve um verdadeiro pandemônio entre milhares de sacerdotes, monges e fiéis cristãos ortodoxos russos que se recusavam a aceitar os novos números do cadastro de contribuintes dados pelo governo (equivalente ao CPF no Brasil), afirmando que o código de barras no formulário continha a marca da besta.
Contudo, isso já é coisa do passado, tendo sido abandonado de vez, pois, há algum tempo, a coqueluche do momento é o chamado "bio-microchip". Criado pelo dr. Carl Sanders, é, atualmente, produzido por várias empresas, inclusive a Motorola, para o Mondex SmartCard.
Uma década atrás, certos periódicos afirmaram que os cientistas que trabalharam neste projeto descobriram que os melhores lugares do corpo humano para ser implantado o tal "chip" seriam na testa e na mão direita. Seria essa a marca da besta ou mais um boato sensacionalista? Seja como for, o caso é que esta notícia causou pânico em alguns meios evangélicos e, ainda hoje, causa certo frisson.
De fato, muita contra-informação pode ser encontrada, especialmente na Internet, sobre este assunto. Apocalipse 13 tem trabalhado com o imaginário de cristãos e não cristãos desde a época pós-apostólica. Muito se tem escrito sobre isso, sem, contudo, haver consenso. Este trecho foi assunto nos escritos de alguns vultos da patrística, mereceu atenção no pensamento dos reformadores e chegou até o turbulento século 19 com força total.

O caso é que, para muitos, isso continua se transformando numa verdadeira esquizofrenia escatológica. Até mesmo o próprio versículo que traz o número, dizem esconder o 666, isto é, o versículo 18 seria o produto de 3 x 6 (6+6+6=18).

Especulações populares
Muitas coisas já foram identificadas com o número 666. Exemplos foram extraídos do código da Internet: www, onde convertem o W em número romano VI = 6; VI VI VI = 666. O sinal da besta seria o computador na testa (com o monitor) e na mão direita (com o mouse). Também encontraram o número na frase "Viva, Viva, Viva a Sociedade Alternativa", da música do ex-roqueiro Raul Seixas, onde transformaram a sílaba VI em algarismo romano V + I = 6. Então, VIva VIva VIva, virou 666. "Marquei um X, um X, um X no seu coração", da cantora Xuxa, também se enquadraria na famosa continha. Segundo dizem, a letra X pronunciada em português seria XIS, lendo de trás para frente vira SIX, que em inglês é 6. Então, SIX,SIX,SIX = 666.
Especulações escatológicas
É notório a todos que literaturas orientais, principalmente as antigas, quando vertidas para o ocidente, tendem a apresentar não só dificuldades linguísticas. Isso porque, quando lemos tais livros, não estamos apenas lendo simples caracteres, mas absorvendo também seus costumes, crenças, filosofias, enfim... toda uma bagagem cultural diferente e estranha a nós, ocidentais. Em se tratando de matéria religiosa, a coisa tende a complicar ainda mais. A Bíblia, o livro dos cristãos, é uma literatura também oriental com uma riquíssima linguagem simbólica, poética e cultural, não fazendo exceção à regra.
Não obstante, há de se esclarecer que a Bíblia, comoo portadora da mensagem de salvação, em sua essência, é de fácil compreensão (Is 35.8). Mas, à margem da mensagem essencial, que é o evangelho, existem as exceções que se encontram no livro sacro. Essas exceções são passagens não tão claras que, por vezes, envolvem o conhecimento do contexto sociocultural e religioso da época para uma real compreensão. Quando não, são passagens no campo das profecias a serem ainda cumpridas num futuro próximo. Quanto a essa última categoria, entendemos que poucas passagens merecem tanta atenção quanto Apocalipse 13.16-18, quando o assunto é especulação.

Os intérpretes que se aventuram a decifrar o número e o nome da besta, geralmente, procuram se basear em grandes personagens da história mundial para impingir o famigerado título bestial. As interpretações, como não poderiam deixar de ser, são as mais variadas possíveis, assim como os métodos utilizados para decifrar o enigma apocalíptico.

No afã de se conseguir tal intento, às vezes, os pressupostos empregados forçam tais intérpretes (até mesmo os mais cautelosos) a sair do eixo bíblico, tornando suas interpretações um verdadeiro malabarismo, destituídas de qualquer análise contextual mais lata. Os princípios fundamentais da boa exegese bíblica são deixados de lado em detrimento de interpretações forçadas, oriundas de uma mentalidade preconceituosa. A história mundial é forçada ao máximo, para não dizer adulterada, a fim de se encaixar em pressupostos doutrinários.
A matemática como ferramenta especulativa
Os estudiosos em geral entendem que João estava usando a gematria, um sistema criptográfico (ato de escrever em cifra ou em código), que consiste em atribuir valores numéricos às letras.
É sabido que o latim, o grego e o hebraico usavam letras em lugar de algarismos para compor números. Assim sendo, as letras funcionavam como números. Troca-se as letras pelos números e consegue-se chegar ao famigerado 666.
Na época de João, este era um método vulgar. Foi descoberto pela arqueologia o nome de moças em valores numéricos. Na cidade de Pompeia, sobre um muro, aparece a inscrição: Phílo hes arithmós phme ("Amo aquela cujo número é phme", onde ph=500 + m = 40 + e = 5 total = 545). Tanto pagãos como judeus e cristãos usavam o simbolismo numérico. Os "Oráculos sibilinos" do século 2° d.C. apontavam o valor do nome de Cristo como sendo 888. Já os gregos invocavam o deus Júpiter, cujo número do nome era 717. Os gnósticos viam no número 365 algo de místico, pois, transferidos para o alfabeto grego, traduzia a palavra Abrasaks, "o senhor dos céus". Por seu turno, Clemente e Orígenes jogavam com o significado do número 318, que seria a abreviação do nome de Cristo - IHT.
O que é a gematria?
É o método hermenêutico de análise das palavras bíblicas somente em hebraico, atribuindo um valor numérico definido a cada letra. É conhecido como "numerologia judaica" e existe na Torah (Pentateuco). A cada letra do alfabeto hebraico é atribuído um valor numérico, assim, uma palavra é o somatório dos valores das letras que a compõem. As Escrituras são, então, explicadas pelo valor numérico das palavras. Tal lógica estava presente na produção de Midrash e consolidou-se durante a Idade Média, próximo à época das cruzadas, mas ainda é utilizada, compilada primeiro no Talmude e, posteriormente, em tratados da Cabala.
Especulações entre os cristãos primitivos
Parece que o primeiro escritor cristão a tentar decifrar a besta do apocalipse usando este método foi Ireneu, em sua obra "Adv. Haer. V, 30,3". Ele sugeriu vários nomes que supostamente poderiam se "enquadrar", dentre os quais "lateinos" (latino) e "teitan" (titã). A transliteração desses nomes somados resulta no valor 666. Também o nome Neron Caesar (César Nero) em grego vertido para o hebraico resulta em 666. Vejamos:
NVRNRSQ666
5062005020060100
Em forma latina (tirando-se o "n"), o número varia para 616. Parece que esta era a interpretação mais convincente para os cristãos primitivos. Tanto é assim que dois pequenos manuscritos do Apocalipse, que hoje já não mais existem, traziam 616 no lugar de 666.
Com a chegada da Reforma Protestante, alguns reformadores viam no papa a figura do anticristo, a besta do Apocalipse. A propósito, a expressão Italika Ekklesia ("Igreja Italiana") daria o número 666, o que faziam muitos pensar que a besta sairia dessa igreja. Lutero chegou a conjecturar: "São seiscentos e sessenta e seis anos; é o tempo que já dura o papado secular". Ainda outras expressões contextualizadas ao catolicismo romano como "signal da crvx" (sinal da cruz), "latinvs rex sacerdos" (rei e sacerdote latino) e "Ioannes Pavlvs Secvndo" (João Paulo Segundo) também resultam em 666.

Em seu livro, Guerra e paz, Leon Tolstoi, escritor russo, especula sobre a ideia de Napoleão Bonaparte ser a besta com o número 666. O teólogo Petrelli aplicou esse número a Joseph Smith, fundador da Igreja mórmon. Diocleciano, Lutero, Calvino, Hitler e outros foram igualmente vítimas dos matemáticos do Apocalipse. O último grande nome cogitado para engrossar essa lista foi Bill Gates, dono da Microsoft, que, segundo dizem, também daria 666.

E a lista parece sem-fim. Constantino, reverendo Pat Robertson, reverendo Moon, Yasser Arafat, Aiatolá Khomeini, Saddan Hussein, Kennedy, Mussolini, Balaão, Ronald Reagan, César, Calígula, Juan Carlos (rei da Espanha), Ismet (o pai da Turquia moderna), imperador Frederico II (da Alemanha), George II (rei da Inglaterra), Nikita Kruschev, Joseph Stalin e Mussolini. Até mesmo o nome Jesus de Nazaré em hebraico (YRSN VSY) dá 666. Também, o próprio termo "besta" em grego (thérion) escrito com letras hebraicas (TRYVN) soma 666.
Especulações entre as seitas
Como já dissemos, a Bíblia, de fato, possui alguns pontos obscuros. As seitas aproveitam essa "dificuldade" usando justamente essas passagens para extrair delas novas revelações até então "desconhecidas" para o mundo. As seitas alimentam essa utopia teológica baseadas na suposição de que Deus esteja, por meio delas, revelando "mistérios" para os tempos do fim. Isso é sintomático entre esses movimentos e figura como patologia teológica incurável em algumas seitas que têm feito especulações absurdas sobre o número 666. Vejamos algumas:
O número da besta e o adventismo do sétimo dia
Segundo esse grupo, o papa é a besta. Para os adventistas, o papa é inquestionavelmente o anticristo. Embora não se possa achar nada de concreto nos escritos de Ellen Gould White sobre este cálculo, alguns pioneiros adventistas, como Uriah Smith, em seu livro, As profecias do Apocalipse, já trazia o cálculo do número 666 aplicando-o ao papa.
Fazem isso partindo da premissa de que o papa mudou a lei de Deus, principalmente o quarto mandamento, então, chegam à conclusão de que ele deve ser o anticristo, conforme fala Daniel 7.25. Para confirmar tal fato, foi preciso forjar uma ligação entre o nome do papa e o número 666.
Como não conseguiram o resultado usando o nome de nenhum papa, inventaram um título latino que o papa, supostamente, usaria em sua tiara, o "VICARIUS FILII DEI" ("Vigário do Filho de Deus"). Daí a famosa soma que passou a fazer parte da teologia adventista até hoje:
VICARIVSFILIIDEI666
51100**15**15011500*1
Ocorre, porém, que essa soma enfrenta algumas dificuldades incontornáveis. A primeira delas é que a soma correta não resulta em 666, mas em 664. Veja o cômputo correto:
VICARIVSFILIIDEI664
51100**4**15011500*1
A segunda questão é que isso não é o "nome de um homem", mas o título de uma suposta função que o líder católico exerce. Além disso, temos de levar em consideração que não se pode provar que tal título existia de fato na tiara papal. E, ao que tudo indica, nem mesmo este corresponde ao nome correto do título, o qual seria, corretamente, chamado de "Vigário de Cristo" e não "Vigário do Filho de Deus".
Ainda é importante destacar que o Apocalipse foi escrito em grego e não em latim. Consequentemente, o cálculo deveria ser feito por letras gregas e não latinas. É temeroso acreditar que os destinatários de João conhecessem o latim, já que este era um idioma usado apenas nos territórios do Ocidente Europeu.

Por fim, por mais paradoxal que pareça, usando este mesmo cálculo pode-se até encaixar a profetisa dos adventistas nele. Vejamos:

ELLENGOVLDWHITE666
*5050****5505005+5*1**
Diante disso, atualmente, muitos teólogos adventistas já não mais associam o número da besta com o título papal. Curiosamente, a lição da Escola Sabatina de 20 a 27/05/2000, que tratava sobre a famosa tríplice mensagem angélica, omitiu que a besta do Apocalipse é o papa. Os termos "falsos sistemas religiosos" e "falsos sistemas de adoração" são utilizados para substituir os costumeiros termos "Roma" e "poder papal", tão marcantes no livro O grande conflito, um dos principais escritos de Ellen Gould White.
O número da besta e o jeovismo
Segundo esse grupo, a besta é o sistema político do mundo. Depois de mudarem diversas vezes suas doutrinas a respeito do Apocalipse, as testemunhas de Jeová chegaram à conclusão, no livro Revelação: seu grande clímax está próximo , que a besta seria apenas o mundo em sua forma organizada politicamente, sendo a ONU a imagem da besta. Afirmam, ainda: "Assim, como seis é inferior a sete, assim 666 - seis em três estágios - é um nome apropriado para o gigantesco sistema político do mundo".
É claro que esta interpretação é descabida e vai contra o próprio texto que diz que é o "nome de um homem" e não de um sistema político. O que muitos não sabem é que hoje a ONU já não é mais vista como a imagem da besta pelas testemunhas de Jeová. Essa mudança ocorreu porque a Sociedade Torre de Vigia, entidade jeovista, tentou se filiar à ONU. É a velha tática da seita de reciclar constantemente sua doutrina.
O número da besta e o movimento do nome sagrado
Para esse grupo, o nome Jesus representa a besta. A principal preocupação desse movimento é com o homônimo escrito e oral do nome sagrado: Yahweh para Deus e Yahshua, para Jesus. Dessa ênfase, deriva o nome desse movimento, cujos representantes principais aqui no Brasil são conhecidos como "testemunhas de Yehoshua".
Como o grupo repugna o nome Jesus, seus adeptos resolveram encontrar o equivalente numérico para o nome fatídico da besta em cima do nome do Filho de Deus. Demonstram isso empregando a expressão latina Iesus Cristvs Filii Dei ("Jesus Cristo Filho de Deus").
IESUSCRISTVSFILIIDEI666
1**5*100*1**5**1502500*1
Em primeiro lugar, gostaríamos de lembrar que IESVS CRISTVS FILII DEI é IESVS CRISTVS + FILII DEI, ou seja, trata-se de uma frase que vai muito além de um nome. Em segundo lugar, o nome IESVS CRISTVS, sozinho, equivale apenas a 112. Em terceiro lugar, FILII (genitivo masculino singular) deveria ser FILIVS (nominativo masculino singular). Assim sendo, teríamos:
FILIVSDEI558
*15015*500*1
Logo, temos I E S U S C R I S T V S = 112 + F I L I V S D E I = 558 = 670, um número bem diferente de 666. Percebemos, portanto, a necessidade da presença de títulos ou apostos - sem contar com a presença de FILII, ao invés da forma correta FILIVS - para se chegar ao número 666.
Outros, no entanto, levados por uma obstinação mórbida, preferem usar apenas o nome Jesus e transliterá-lo em caracteres hebraicos, fazendo valer 666. Esse foi o artifício exposto por outra variante deste movimento, conhecida como Comunidade Judaica Messianitas. Vejamos:
JESUS666
Não existe em hebraicoNão possui valor numérico em hebraico6
(60 sem o zero)660 (60 sem o zero)
Não é necessário ser teólogo para perceber que os erros e as interpretações forçadas neste cálculo estão às escâncaras. Primeiro, porque a soma correta desses números é 126 e não 666. Segundo, porque esse cálculo faz arbitrariamente 60 valer 6 e, depois, usa uma palavra portuguesa, transformando-a em numerais hebraicos. Isso é simplesmente inaceitável para a aplicação do sistema de numeração hebraica.
Quem é a besta, afinal?
Há comentaristas que acreditam que a figura de Nero preenche perfeitamente o cumprimento da profecia. Contudo, o Apocalipse é uma revelação para o futuro. O alcance dos eventos descritos nesse livro terão um cumprimento bem mais amplo do que qualquer um já visto na história. Nesse caso, acreditamos que Nero pode ser visto apenas como mais um tipo do anticristo e não como o próprio anticristo.
Por outro lado, há os que enxergam nesse número apenas um simbolismo da imperfeição humana. Assim, o número da besta seria só o número do homem, ou seja, do homem terreno, em contraste com o divino, mas também significa a imperfeição e a rebelião contra Deus. Satanás sempre quis imitar a Deus. Como o número de Deus é sete, o número da perfeição, o inimigo de Deus também terá seu número. Enquanto Deus marca nas testas de seus servos o seu nome, a besta deixará sua marca naqueles que a servirão, significando que o anticristo procurará chegar à perfeição, mas sempre ficará aquém dela.

Mas, o que essa sabedoria e esse conhecimento permitem que os crentes façam? A passagem diz que podemos "calcular". Mas, calcular o quê? Podemos calcular o número da besta. O principal propósito de alertar os crentes sobre a marca é permitir que saibam que, quando em forma de número, o nome da besta será 666. Assim, os crentes que estiverem passando pela tribulação, quando lhes for sugerido que recebam o número 666 na fronte ou na mão direita, deverão rejeitá-lo, mesmo que isso signifique a morte.

Outra conclusão que podemos tirar é que qualquer marca ou dispositivo oferecido antes dessa época não é a marca da besta, que deve ser evitada. Todos saberão e aderirão conscientemente a ela, enquanto outros a rejeitarão e sofrerão as consequências por isso. O que o nome e o número da besta significam será conhecido dos santos que estiverem na terra na época em que a besta estiver aqui em pessoa. Assim, de uma coisa temos certeza: ninguém na terra, atualmente, tem sabedoria suficiente para compreender o número da besta.
Considerações finais
Admitimos que, no momento, é impossível averiguar a identidade desse diabólico personagem, pelos motivos já expostos. Quanto às interpretações mencionadas neste artigo, é praticamente inútil tentar abordar, ainda que por alto, todos os aspectos ou analisar suas contradições. Todos os cálculos que se apresentaram até agora se mostraram falhos. Isso porque, com um pouco de criatividade, é fácil impingir o número da besta em qualquer um. Se não funciona com letras hebraicas, troca-se por latinas ou gregas. Acrescentam-se e tiram-se títulos. Existem vários modos de se obter o número, principalmente quando usamos líderes mundiais, os quais possuem vários títulos. Mas, até mesmo aplicado a um nome tão comum quanto João da Silva esse número pode se encaixar. Os vários recursos disponíveis tornam as chances bastante altas. É o malabarismo do "estica-encolhe exegético", a fim de forçar o número 666 a se encaixar no personagem de sua escolha. Isso posto, repudiamos tal irresponsável teologia escatológica especulativa que serve mais para confundir do que para elucidar a questão. Eis uma característica típica de quase todos os "caçadores da besta": preferem ignorar os fatos a abdicar de suas ideias preconcebidas.
"Os pressupostos empregados por alguns intérpretes são forçados e tornam suas interpretações um verdadeiro malabarismo, destituídas de qualquer análise contextual"
"Com a chegada da Reforma Protestante, alguns reformadores viam no papa a figura do anticristo, a besta do Apocalipse"
"Os crentes que estiverem passando pela tribulação, quando lhes for sugerido que recebam o número 666 na fronte ou na mão direita, deverão rejeitá-lo, mesmo que isso signifique a morte"
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante.

ESPÍRITO DE COVARDIA


                                                     ESPÍRITO DE COVARDIA
Hoje em dia é nítido como as redes sociais tem tomado o espaço na vida de maior parte das pessoas, e que um volume bem maior de informações tem sido levado cada vez mais, e junto nessas informações recebemos muitos vídeos, e alguns deles mexem muito conosco, um exemplo é um vídeo de uma pessoa levando uma grande surra de duas ou mais pessoas, que é capaz de gerar em nós um grande desprezo e indignação, e alguns rapidamente dizem que é covardia.
Mas o que realmente é covardia? Quem é o covarde?
No dicionário Covarde significa: Qualidade do que ou de quem demonstra medo, covardia, diante de algo, de alguém, de uma circunstância ou de uma situação específica as quais foi confrontado: nunca posso contar com a bravura dele porque ele é um covarde.Que demonstra fraqueza, falta de coragem e ausência de bravura.
Espírito de covardia no homem
“8 Quando ouviram a voz do SENHOR Deus, que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da presença do SENHOR Deus, o homem e sua mulher, por entre as árvores do jardim. 9 E chamou o SENHOR Deus ao homem e lhe perguntou: Onde estás?10 Ele respondeu: Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi.11 Perguntou-lhe Deus: Quem te fez saber que estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses?12 Então, disse o homem: A mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi.13 Disse o SENHOR Deus à mulher: Que é isso que fizeste? Respondeu a mulher: A serpente me enganou, e eu comi.”Genesis 3:8-13
Primeiro Adão e Eva se esconderam quando perceberam que estavam nus, e depois quando questionado a respeito do que havia acontecido e porque estavam se escondendo a resposta de Adão foi a expressão da covardia, a culpa é dela, da mulher que o Senhor me deu.
Ele não viu alguém fazer isso, ele foi o primeiro homem a cometer esse erro, ou seja, o espírito de covardia se apossou do homem também no momento da queda.
Exemplos de coisas que não parecem, mas são covardia
1. Jeremias – Eu não passo de uma criança
“Então, lhe disse eu: ah! SENHOR Deus! Eis que não sei falar, porque não passo de uma criança.”Jeremias 1:6
Desde a infância, ninguém gosta de ser chamado de criança, a postura de todos é quererem ser mais velhos e não assumirem que são crianças, mas percebemos isso aqui em Jeremias, a verdade é que ele estava querendo se acovardando atrás desse argumento. Ex: Quando era criança sempre queria estar na sala dos juniores e jamais das crianças.
2. Jonas– Fugindo da presença do SENHOR
“1 Veio a palavra do SENHOR a Jonas, filho de Amitai, dizendo:2 Dispõe-te, vai à grande cidade de Nínive e clama contra ela, porque a sua malícia subiu até mim.3 Jonas se dispôs, mas para fugir da presença do SENHOR, para Társis; e, tendo descido a Jope, achou um navio que ia para Társis; pagou, pois, a sua passagem e embarcou nele, para ir com eles para Társis, para longe da presença do SENHOR.”Jonas 1:1-3
Por muitas vezes você pode ouvir a voz de Deus e saber exatamente o que deve fazer e como deve fazer, onde deve estar e com quem, porém muitos se escondem atrás de situações adversas e procuram meios para poderem fugir da vontade de Deus sem ser notado, a questão é que aos olhos humanos isso pode passar desapercebido, mas aos olhos de Deus não. Ao ser covarde o barco sempre começará a afundar e o destino certo é dentro do peixe. Fugir é sempre a primeira atitude do covarde.
3. Pedro– Negando a Jesus e os seu caminhar com Ele
“67 Vendo Pedro a aquecer-se, olhou bem para ele e disse:”Você também estava com Jesus, o Nazareno”.68 Contudo ele o negou, dizendo: “Não o conheço, nem sei do que você está falando”. E saiu para o alpendre.69 Quando a criada o viu lá, disse novamente aos que estavam por perto: “Esse aí é um deles”.70 De novo ele negou.Pouco tempo depois, os que estavam sentados ali perto disseram a Pedro: “Certamente você é um deles. Você é galileu!”71 Ele começou a se amaldiçoar e a jurar: “Não conheço o homem de quem vocês estão falando!”Mateus 14:67-71
É simples fazer a contextualização desse versículo com o crente que não admite ser um cristão em seu trabalho, colégio, faculdade ou familiares, mas podemos também contextualizar com aqueles que são desleais aos seus líderes, discipuladores ou pastores, negando os ensinamentos e se colocando em discordância com a visão por eles emitida. Ex.: Os que participam das reuniões e não seguem as direções dadas, mas sim os seus próprios conceitos.
4. Fofoqueiro – Que não dá a oportunidade de defesa
“No muito falar não falta transgressão, mas o que modera os lábios é prudente.” Provérbios 10:19
“29Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem.30 E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção.31 Longe de vós, toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda malícia.32 Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou.” Efésio 4:29-32
Quantas oportunidades nos aparecem para falar da falha de alguém, para comentar uma situação a respeito de alguém, porém no versículo de provérbios é apresentado que aquele que modera os lábios é prudente, e que aquele que fala muito possui transgressão em suas palavras e a bíblia nos instrui a guardarmos a nossa boca e usá-la para aquilo que é realmente útil para edificação, e que possa transmitir graça a aqueles que estão ouvindo.
A covardia da fofoca é tamanha que a pessoas que está sendo fofocada não pode nem se defender, e quem fofoca nunca o faz sozinho, são pelo menos 2 contra um só.
Como abandonar a covardia
“7 Porque Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação.8 Não te envergonhes, portanto, do testemunho de nosso Senhor, nem do seu encarcerado, que sou eu; pelo contrário, participa comigo dos sofrimentos, a favor do evangelho, segundo o poder de Deus,9 que nos salvou e nos chamou com santa vocação.”2 Timóteo 1:7-9
Ser ousado não significa na frente dos outros você deve se apresentar como melhor, querendo se colocar na posição de superioridade, ou que de alguma maneira mostrar que é mais cheio de Deus, ser ousado é abandonar a covardia de se esconder atrás de si mesmo, e assumir a sua verdadeira identidade e fazer o que realmente deve ser feito, a vontade de Deus.
Quando você abandona seu líder e o deixa trabalhando sozinho, quando não está junto, quando arruma argumentos para não se envolver você está sendo covarde, fuja de seu esconderijo e decida hoje estar junto com quem Deus colocou em sua vida.
Quando rejeitamos a covardia pensamos com a mente de Cristo, Deus não é covarde, não há alinhamento com a vontade de Deus e covardia, somos chamados para fazer grandes coisas, somos chamados para fazer o que Deus determinou e não o que queremos.
Davi é um grande exemplo de alguém que não fez o que queria, e não estava em uma posição de destaque como pastor de ovelhas, mas como ele não foi covarde no que foi determinado para que fizesse Deus o levantou como um matador de gigantes, mas isso foi só o início porque o que Deus tinha para ele era o reinado e ainda foi chamado homem segundo o coração de Deus.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante

O PODER DA FÉ


                                                                O PODER DA FÉ
 Capítulo 11 da Epístola aos Hebreus. O escritor neotestamentário faz uma grande exposição sobre a natureza da fé e como ela age na vida daquele que serve ao Senhor. Através desse capítulo é fácil perceber qual é a verdadeira perspectiva bíblica sobre a fé.
Ultimamente a fé está sendo anunciada como um tipo de chave infalível para uma série de conquistas e realizações na vida do homem. Pastores e líderes fazem apelos para que as pessoas visitem suas igrejas a fim de aprenderem realmente como usar a fé. Alguns até alegam que em suas igrejas, o resultado é garantido.
Mas será que é isto mesmo? A fé é o segredo para sermos poupados dos sofrimentos desta vida? A fé é a garantia de portas abertas e grandes realizações? Será que que aqueles que sofrem possuem pouca fé?
O escritor da Epístola aos Hebreus respondem essas perguntas de uma forma clara e objetiva, utilizando exemplos práticos sobre como o cristão deve usar a fé.

O estudo sobre a fé na Carta aos Hebreus

O escritor de Hebreus dirigiu sua carta aos cristãos judeus da Diáspora. Isso significa que seus destinatários viviam fora da Palestina na última metade do século primeiro. Naquela época os cristãos estavam sendo duramente perseguidos, provavelmente sob o regime de Nero (64 d.C.).
Além de toda essa perseguição, havia muita heresia sendo ensinada por falsos mestres. Algumas comunidades cristãs estavam sendo ameaçadas pela apostasia. Então muitos dos cristãos judeus eram tentados a voltarem ao judaísmo.
Diante desse cenário o autor bíblico fala sobre a superioridade do Sacerdócio de Cristo. Ele apresenta uma série de exortações e encorajamentos a respeito da verdadeira fé. Mas é no capítulo 11 que ele faz um profundo estudo sobre a fé. Ele lembra os seus leitores das histórias de grandes homens do passado, numa verdadeira galeria dos heróis da fé.
Então ele abre sua exposição com uma clara definição descritiva acerca do que é a fé verdadeira. Ele diz: “Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos” (Hebreus 11:1).

Os grandes exemplos de fé

Em Hebreus 11 encontramos uma lista de pessoas e seus exemplos de fé. O escritor neotestamentário aborda primeiramente os homens que viveram bem no início da História da humanidade. Desse período ele menciona Abel, Enoque e Noé.
Depois, o escritor cita alguns exemplos da era patriarcal, tais como: Abraão, Sara, Isaque e Jacó. Em seguida ele continua sua exposição falando de Moisés, e aborda de forma geral alguns exemplos dentro da história dos israelitas.
No versículo 32 o autor admite que lhe faltará tempo para considerar todas as pessoas que foram referenciais de fé no Antigo Testamento. Então ele passa a citar de forma geral vários exemplos de fé. Em cada exemplo pontuado pelo autor bíblico é possível nos lembrarmos de uma, duas ou até três pessoas que viveram tais situações.
Vejamos abaixo algumas lições que podemos aprender com esse extraordinário estudo sobre a fé presente em Hebreus 11.

A fé nos revela os planos de Deus e nos dá a certeza de suas promessas

Na pequena frase do versículo 1, o escritor de Hebreus ensina que somente a fé nos permite enxergar o futuro. Essa “certeza daquilo que esperamos” não é um tipo convite para projetarmos uma série de aspirações na certeza de que se realizarão. Pelo contrário! É por meio da fé que temos a certeza das promessas de Deus e confiamos em seu poder.
Em poucas palavras, é possível dizer que pela fé nos alimentados das promessas de Deus. É através da fé que temos a prova das coisas que não vemos. A fé nos dá a certeza de que Deus cumprirá suas promessas!
Já o versículo 3 nos mostra que é pela fé que entendemos as obras e os propósitos de Deus. Nenhum homem esteve presente quando Deus criou o universo. Em um diálogo com Jó, o próprio Deus perguntou: “Onde estavas tu?”. Quando Deus criou todas as coisas ninguém foi seu conselheiro. É apenas a fé é que nos permite perceber planos tão elevados e sublimes.

Somente pela fé podemos nos aproximar de Deus

No versículo 6 encontramos uma verdade gloriosa e ao mesmo tempo terrível: “Sem fé é impossível agradar a Deus”. Ainda no mesmo versículo aprendemos que a fé é obrigatória para nos aproximarmos de Deus. Não importa se somos capazes; não importa o quanto somos bondosos; não importa o nosso intelecto e nem mesmo o tamanho do reconhecimento das obras que realizamos. Se não tivermos fé, nada disso poderá agradar a Deus.
O apóstolo Paulo também chegou a essa conclusão ao dizer que “tudo que não provém de fé é pecado” (Romanos 14:23). Essa fé verdadeira se traduz em frutos, em obras que agradam a Deus. Tiago explica claramente esse princípio ao dizer que “a fé sem obras é morta”. Ele não estava ensinando que são as obras que mantém a fé viva, mas que a evidência da verdadeira fé na vida do cristão o leva às boas obras. Se alguém diz ter tal fé, mas não possuí tais obras, certamente sua fé é falsa. Essa fé simplesmente nominal e histórica é morta e não serve para nada.

A fé nos leva a agir segundo a vontade de Deus

Entre os versículos 8 e 29 lemos sobre os exemplos dos patriarcas e de Moisés. Eles agiram conforme a vontade de Deus! Eles foram impulsionados por uma fé que os levou a desafiar qualquer raciocínio lógico.
Abraão alcançou de Deus o nascimento de seu filho Isaque, por quem havia esperado com muita fé quando já estava em sua velhice. Porém, a fé de Abrão ficou mais evidente quando ele foi ordenado por Deus a oferecer Isaque em holocausto. Sua fé não estava apenas na obediência que ele demonstrou, mas em considerar como certo aquilo que era impossível. Abraão tinha fé que Isaque ressuscitaria caso fosse morto (Hebreus 11:19).
Sobre Moisés, humanamente falando era muito mais cômodo para ele permanecer no Egito. Lá ele vivia como príncipe e tinha tudo do que precisava. Mas Moisés preferiu ser maltratado junto com o povo de Deus. Somente a fé nos faz abrir mão dos nossos prazeres e agir segundo a vontade e as promessas de Deus.

A fé considera Cristo acima de todas as coisas

No versículo 26 vemos que a fé gera em nós uma esperança que é mais importante do que qualquer outra coisa, por mais valiosa que seja. Moisés trocou o conforto e os tesouros do Egito para sofrer o opróbrio de Cristo.
Essa palavra nos traz conforto! Sabemos que mesmo se perdermos tudo que possuímos por amor a Cristo, isto não significa que nossa fé estará desfalecendo, ao contrário, isto significa que nossa fé estará mais viva do que nunca, nos conduzindo ao galardão que vem de Deus.

A fé nos faz vencer grandes batalhas e alcançar milagres extraordinários

A partir do versículo 30 vemos que a fé nos faz triunfar em grandes batalhas. Foi pela fé que as muralhas de Jericó vieram ao chão. Foi a fé verdadeira que levou Raabe, uma prostituta, a produzir boas obras e, por fim, se tornar uma das ancestrais de Jesus (Mateus 1:5). Foi pela fé que os juízes e reis no Antigo Testamento subjugaram reinos e alcançaram promessas. Pela fé Daniel, Sansão e Davi fecharam a boca de leões. Foi pela fé que três homens lá na Babilônia sobreviveram ao fogo.
O versículo 35 também lembra que pela fé mulheres receberam seus mortos ressuscitados. Claramente aqui o escritor se refere aos eventos ocorridos com o profeta Elias (Reis 17:22-23), e depois com o profeta Eliseu (2 Reis 4:36-37). Através do ministérios desses homens, pela fé, duas pessoas foram trazidas novamente a vida pelo poder de Deus.

A fé pode nos levar ao sofrimento

Se por um lado a fé nos faz vencer batalhas e até mesmo a alcançar milagres da parte de Deus, a fé também pode nos levar ao sofrimento intenso. Em alguns casos, a fé pode custar nossa própria vida.
Esse é o lado da fé que muitos pastores e pregadores não gostam de falar. É fácil pregar que Moisés tocou no mar e ele se abriu. É fácil dizer que Elias orou e fogo desceu do céu. Mas difícil é pregar que a mesma fé que os conduziu a essas realizações também fez com que Moisés rejeitasse todo o tesouro e status do Egito para viver andando pelo deserto, e que Elias fosse perseguido pela rainha Jezabel.
Entre os versículos 35 e 38 o escritor cita vários exemplos de situações como essas. Ele diz que pela fé alguns foram apedrejados; perseguidos; torturados; provados; maltratados; açoitados; escarnecidos; presos; andaram errantes pelos desertos, montes e covas. Muitos até foram mortos por causa de sua fé.
O escritor bíblico indica que muitas pessoas trocaram a própria vida pela esperança de uma futura ressurreição. Ele cita um exemplo especifico de alguém que foi serrado ao meio. Embora consta na Bíblia, segundo a tradição judaica o profeta Isaías morreu dessa forma.
Alguns dizem que se você tiver fé, você terá uma vida sem problemas. Mas segundo o escritor de Hebreus, a fé também pode ser a causadora de seus maiores problemas nessa vida terrena. A fé nos leva ao sofrimento e nos mantém firmes em momentos de grandes dificuldades.

A fé verdadeira sempre se mantém firme

Nos versículos 39 e 40, o autor de Hebreus nos mostra que mesmo com todos esses exemplos de fé no Antigo Testamento, aquelas pessoas não conseguiram ver a concretização da promessa. Isso significa que embora aquelas pessoas vivessem pela fé, elas não puderam presenciar a realização da maior promessa de Deus: a vinda de Cristo.
Porém, juntamente com os crentes da Nova Aliança, os heróis da fé do que alcançaram um testemunho tão maravilhoso, também são justificados em Cristo Jesus. Juntos, todos os crentes, de todas as épocas, são aperfeiçoados em Cristo. É a fé que nos une em um só Corpo, tanto os santos da Antiga Aliança quando os da Nova Aliança.
Os crentes da Antiga Aliança viveram pela fé na promessa que haveria de vir. Já os crentes da Nova Aliança vivem pela fé no cumprimento da promessa. O maior desejo do cristão deve ser a volta de Cristo. Por isto todos devemos esperar que Ele venha ainda em nossos dias. Entretanto, ainda que isso não ocorra enquanto nossa geração estiver viva na terra, nós sabemos, pela fé, que Ele virá. Nesse dia nossos corpos serão ressuscitados dentre os mortos e reinaremos eternamente com Ele. A fé se mantém firme mesmo quando não obtemos a concretização da promessa

Ter fé não é sinônimo de perfeição

Uma coisa muito interessante que podemos notar neste estudo sobre a fé em Hebreus 11 é que nenhum dos heróis citados foi perfeito. Em todos os nomes citados podemos identificar os efeitos da Queda em suas vidas. Mas mesmo com a natureza pecaminosa, claramente sabemos que o pecado não era aquilo que os caracterizava.
Aquelas pessoas tiveram imperfeições. Eram homens e mulheres como nós. Porém, constantemente a fé convidava aquelas pessoas a andar na justiça. Com isto aprendemos que a verdadeira fé nos conduz a um novo padrão de vida e nos leva à santificação. A verdadeira fé, embora em alguns momentos possa parecer enfraquecida, ela jamais irá definitivamente morrer. É diante das nossas imperfeições que podemos reconhecer que a fé não é obra nossa, nem mesmo tem origem em nossa capacidade. A fé verdadeira é dom de Deus (Efésios 2:8).

Conclusão do estudo sobre a fé

Algumas pessoas dizem que não aceitam servir a um Deus grande e viver uma vida terrena de privações e dificuldades. Mas em outras palavras, essas pessoas estão dizendo que não aceitam servir o único e verdadeiro Deus, o mesmo dos heróis da fé.
Quando comparamos a triste situação atual de grande parte dos cristãos com esse estudo sobre a fé em Hebreus 11, surgem algumas perguntas. Por exemplo:
  • Por que Moisés não realizou uma “campanha de libertação” de sete sextas-feiras com o povo de Israel, ao invés de ficar peregrinando quarenta anos no deserto?
  • Por que Elias não fez um “desmanche espiritual” na vida de Jezabel para que ela não fosse mais uma perturbada e o deixasse em paz?
  • Por que Isaías não determinou que parassem de cerrá-lo ao meio?
  • Citando um exemplo no Novo Testamento, por que Paulo não orou por um copo de água e tomou para que seu espinho na carne fosse tirado?
Será que essas pessoas não serviram ao Deus verdadeiro? Será que elas não tiveram fé?
Quando olhamos para esse estudo sobre a fé do capítulo 11 de Hebreus, podemos perceber que a fé produz em nós a certeza das promessas de Deus. Sem dúvida ela nos faz confiar em Seu infinito poder. Porém a fé não muda os desígnios eternos do nosso Deus, ou seja, ela não sobrepõe sua soberana vontade.
No final de seu estudo sobre a fé no capítulo 11, o autor de Hebreus nos ensina a entender uma coisa muita importante. Nos dias de hoje não temos mais o mar se abrindo. Não temos mais uma grande muralha sendo derrubada de forma sobrenatural. Não temos mais o sol (ou a rotação da terra para quem preferir) sendo detido e o tempo ficando paralisado. Também não temos mais fogo literalmente descendo do céu e tantas outras coisas.
Mas isso não significa que não temos mais fé como antigamente. Também não significa que nosso Deus mudou, ao contrário, isso significa que nosso Deus é imutável e infalível. Os propósitos de Deus são eternos, e todas essas coisas espetaculares do passado serviram para apontar para algo infinitamente maior e superior: a obra redentora de Cristo na cruz.
Embora Deus prometa suprir nossas necessidades, o maior exercício de fé não é buscar a prosperidade ou grandes milagres. O maior exercício de fé é ter a certeza de uma nova vida através do maior milagre que pode existir: a justificação em Cristo Jesus, nosso Senhor. Assim, após o estudo sobre a fé no capítulo 11, no início do capítulo 12 o escritor bíblico nos apresenta Jesus como o nosso maior exemplo de fé.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante