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terça-feira, 6 de dezembro de 2011

JÓ HOMEM RETO QUE SE DESVIA DO MAU...


Essa história começa assim:
Havia na terra de Hus um homem chamado Jó, íntegro, reto, que temia a Deus e fugia do Mal”. Quer dizer: seria um bom candidato a prefeito. O narrador bíblico conta que Jó, além de ser tão correto, era muito sortudo. Nasceram-lhe sete filhos e três filhas, algo considerado uma bênção naquele tempo. E ele possuía sete mil ovelhas, três mil camelos, 500 juntas de bois, 500 jumentas e uma grande quantidade de escravos que adoravam jogar caxangá. Riquíssimo, portanto. Deus orgulhava-se de Jó e tudo mais.
Bem. Um dia, Deus estava reunido com seus assessores, presumo que em algum lugar agradável e fresco do Céu. Eis que surge ninguém senão Satanás, o próprio Diabo. Alguém há de se surpreender de Satanás chegar assim de inopino nas dependências celestiais, mas lembre-se esse alguém que Satanás era, ou é, um anjo caído, e na época em que se dava bem com o Senhor chamavam-no de Lúcifer, “o que porta a luz”, ou “a estrela da manhã”.
Satanás, portanto, conhecia sobejamente o Céu e deu uma passada na reunião de Deus com Seu ministério. Vendo-o, Deus perguntou:
– Donde vens tu?
E o Diabo:
– Andei dando uma volta pelo mundo.
Ao que Deus quis saber se Satanás tinha visto Jó, e se jactou:
– Não há ninguém igual a ele na Terra: íntegro, reto, temente a Deus, afastado do Mal...
O Diabo deu risadas mefistofélicas. Arrostou que, tendo a Fortuna que tinha Jó, era muito fácil ser íntegro e adorar a Deus e bibibi.
– Estende a Tua mão e toca no que ele possui – desafiou Satanás, diabolicamente. – Juro-Te que Te amaldiçoará na Tua face!
Deus, quem diria?, aceitou a provocação.
– Pois bem! – bradou, com Sua voz tonitruante. – Tudo o que ele tem está em teu poder. Mas não estendas a tua mão contra a sua pessoa!
Satanás saiu, esfregando as mãos, desceu cá na Terra, mais precisamente em Hus, e começou a sacanear o Jó. Os 10 filhos de Jó estavam bebendo vinho na casa do irmão mais velho e um furacão veio do deserto, derrubou o prédio e matou a todos soterrados. No mesmo dia, os sabeus apareceram e levaram-lhe os bois e as jumentas, eram danados aqueles sabeus. Como se não bastasse tamanha má sorte, os caldeus vieram em três bandos, tomaram-lhe os camelos e as ovelhas e mataram-lhe os escravos jogadores de caxangá. Jó ficou pobre como se tivesse aplicado na bolsa. Mas ainda assim ele bendizia Deus, filosofando:
– Nu saí do ventre de minha mãe; nu voltarei.
O tempo passou, e Jó na mesma. Até que Deus fez outro encontro com seus assessores, e quem apareceu de surpresa? Com mil diabos, Satanás! Deus perguntou-lhe a mesma coisa:
– Donde vens?
– Andei dando uma volta pelo mundo.
Aquela conversa.
Deus, faceiro, lembrou-se de Jó. Vangloriou-se de que Jó, mesmo falido, continuava bendizendo-O e tal. Ou seja: o Diabo havia perdido a aposta. Mas Satanás, demoníaco como sempre, não se deu por vencido. Rebateu:
– Pele por pele! O homem dá tudo para salvar a própria vida! Mas estende a Tua mão, toca-lhe nos ossos e na carne: juro-Te que Te renegará em Tua face!
Deus, mais uma vez, acatou a esparrela, o que prova como o Diabo é infernal. Permitiu que o Diabo estendesse seu poder sobre Jó, desde que não o matasse. E lá se foi o Demo. Em poucas horas, Jó viu-se coberto de chagas da planta dos pés ao alto da cabeça. As feridas coçavam e ardiam, e Jó tinha de raspá-las com um caco de telha e sentar-se sobre cinzas. A mulher de Jó insistia para que ele amaldiçoasse o Senhor, três amigos de Jó apareceram na casa dele e também aconselharam-no a falar mal do Todo-Poderoso. O Jó firme. Saiu-se com uma poesia filosófica:
“Há lugares de onde se tira a prata,
lugares onde o ouro é apurado;
o ferro é extraído do solo;
o cobre, de uma pedra fundida.
Mas a sabedoria, de onde sai?
Onde está o jazigo da inteligência?
Deus conhece o caminho para encontrá-la;
É ele quem sabe o seu lugar”.
Depois dessa, o Diabo deu-se por vencido e Deus, contentíssimo, curou Jó, devolveu-lhe a riqueza em dobro, sua mulher concebeu outros sete filhos e três filhas, “e em toda a Terra não poderiam ser encontradas mulheres mais belas do que elas”. Para arrematar, o Senhor fez Jó viver feliz outros 140 anos. “Depois de velho e cheio de dias, morreu”.
Contei a história de Jó para o meu amigo KG, colega do Pretinho Básico, a quem encontrei abatido depois do revés sofrido pelo Grêmio no Gre-Nal de domingo – o KG é conselheiro do Grêmio. Disse-lhe, ao cabo da história bíblica:
– Quem sabe isso tudo não é uma provação? Quem sabe a Fortuna do Grêmio não retornará em dobro no fim da temporada?
KG suspirou, um pouco mais animado, e concluiu, com toda a correção, que tudo é uma questão de ter fé. Há que ter fé...
BISPO/JUIZ.DR.EDSON CAVALCANTE

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