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sábado, 15 de outubro de 2011

PEDRO E AS PROFECIAS...

                                                      PEDRO E AS PROFECIAS

Algo que temos insistido desde o começo é a necessidade de considerar sempre a experiência do Evangelho no século I, entendendo o que os nossos primeiros irmãos pensavam e no quê eles criam. Estamos falando de pessoas que conviveram com o Senhor Jesus, andaram com Ele durante mais de 3 anos pelas empoeiradas estradas da Terra Santa e tiveram a oportunidade de ouvir do Mestre palavras que não estão registradas nos Evangelhos. Pessoas que estavam isentas das modernas discussões teológicas e totalmente desprovidas de qualquer idéia sobre “modelos teológicos”, já que a sua única missão era pregar o Evangelho que eles tinham ouvido e aprendido de Cristo (Mateus 28:19-20). Não havia neles nenhuma necessidade de “exegeses”, “hermenêuticas”, pois eles acabavam de ter convivido pessoalmente com a revelação plena de Deus: Jesus Cristo.

Considerando isso, nosso propósito é dar ao leitor do Projeto Ômega ferramentas para que ele possa discernir como nossos primeiros irmãos viviam sua fé e o que eles esperavam como cumprimento profético. Neste artigo, “Pedro e as Profecias”, vamos abordar qual era a convicção de Pedro em relação às profecias e o que ele, como apóstolo do Senhor, começou a ensinar logo após a subida do Mestre.

              A PRIMEIRA PREGAÇÃO DE PEDRO

Quando Pedro pregou a uma grande multidão, logo após a festa de Pentecostes, ele estava obedecendo a uma instrução do Senhor. O Mestre havia enviado Seus discípulos a pregar o Evangelho a toda criatura. Porém, antes disso, eles deveriam permanecer em Jerusalém para receberem o poder do Espírito Santo (Atos 1:4).

Cremos que as palavras proferidas por Pedro naquela ocasião foram inspiradas pelo Espírito Santo. Não foram palavras dirigidas apenas para judeus, mas a “toda criatura” que ali estivesse, como o Mestre havia instruído. Lucas diz que, naqueles dias, foram acrescentados à Igreja todos aqueles que haviam de se salvar (Atos 2:47). Portanto, não há base alguma para afirmar que aquilo que foi pregado por Pedro não se aplica à Igreja. Ao ler o que Pedro falou naquele dia, vemos que ele tinha conhecimento de profecias do Antigo Testamento, citando algumas delas. Porém, a base central foi o que havia sido revelado pelo Senhor há poucas semanas atrás no Monte das Oliveiras, dias antes do Senhor ser crucificado. 

Por ocasião da festa de Pentecostes, judeus e gentios de todas as províncias romanas vinham a Jerusalém. Outros vinham já na Páscoa e permaneciam até a festa de Pentecostes. Eram dias importantes dentro do calendário religioso judaico. Estamos falando, consequentemente, de um público bem diversificado. Pessoas de várias partes do mundo, as quais falavam diferentes idiomas.

Naquele dia, as pessoas que ouviram Pedro haviam presenciado algo verdadeiramente incomum e surpreendente. Eles haviam visto homens galileus falando em suas próprias línguas natais. Esses “homens galileus” não faziam parte da elite religiosa e intelectual judaica e não tinham nenhuma aparência de superioridade e sofisticação. Não aparentavam serem sábios, sofistas ou escribas. Eram discípulos de Cristo. Logo, entre aqueles homens que estavam observando os discípulos, uns ficaram sem explicação lógica e outros preferiram acreditar que os discípulos estavam embriagados (Atos 2:12-13).
Imediatamente, Pedro, ainda experimentando a intensa plenitude do Espírito Santo, explica àquela multidão a verdadeira razão e o cumprimento profético daquilo que eles haviam presenciado:

“Estes homens não estão embriagados, como vós pensais, sendo a terceira hora do dia. Mas isto é o que foi dito pelo profeta Joel: E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne; e os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos jovens terão visões, e os vossos velhos terão sonhos; e também do meu Espírito derramarei sobre os meus servos e as minhas servas naqueles dias, e profetizarão; e farei aparecer prodígios em cima, no céu; e sinais em baixo na terra, sangue, fogo e vapor de fumo.  O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes de chegar o grande e glorioso dia do Senhor; e acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (Atos 2:15-21).

Note que nos versículos 19 e 20, Pedro menciona os mesmos sinais que haviam sido destacados pelo Senhor Jesus como antecessores de Seu glorioso regresso (Mateus 24:29-31). Esses sinais (sol e lua escurecendo, poderes celestiais sendo abalados), ocorrerão, assim como o Senhor revela, imediatamente após a grande tribulação (Mateus 24:29).
Vemos então que Pedro considerava aqueles dias (aproximadamente 32 d.C), como o começo dos “últimos dias” citados pelo profeta Joel.  Ele entendia que a pregação para que as pessoas  cressem no Evangelho e clamassem o nome do Senhor para serem salvas deveria se estender até os momentos finais que antecedem o Dia do Senhor (“ e acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”). Ao mesmo tempo, Pedro havia aprendido do Senhor que o Evangelho seria pregado e então viria o fim (Mateus 24:14). Isso tira de cena qualquer insinuação sobre um arrebatamento anterior à tribulação ou até mesmo um arrebatamento anterior aos sinais que determinam a chegada do Dia do Senhor.

Então, quando o apóstolo Pedro fala em “últimos dias”, expressa que eles já estavam vigentes a partir daquele momento, incluindo a sua vida, a manifestação do Espírito Santo e a pregação do Evangelho nos “últimos dias”, ligando a pregação do Evangelho à proximidade da vinda do Dia do Senhor, que ocorrerá imediatamente após a grande tribulação, assim como o Senhor lhes tinha revelado em Mateus 24:29-31. Em outras palavras, Pedro está incluindo a manifestação do Espírito Santo e a pregação do Evangelho na grande tribulação, posto que a grande tribulação antecede aos sinais do Dia do Senhor (Joel 2:31, Mateus 24:29).

Pedro não tinha idéia de quanto tempo tardaria em chegar o Dia do Senhor, o dia da gloriosa volta do seu Mestre. Ele não sabia se demoraria meses, anos ou séculos. Certamente, assim como os outros irmãos do século I, ele esperava que todos esses acontecimentos tivessem lugar já naqueles tempos.  Porém, o que podemos apreender de sua compreensão daquilo que lhe fora ensinado pelo Senhor há algumas semanas atrás e daquilo que lhe foi inspirado pelo Espírito Santo naquela ocasião é que entre aquele dia, em que o Espírito havia sido derramado momentos antes sobre os discípulos e os sinais cósmicos que ocorrerão imediatamente após a grande tribulação, o Espírito Santo seria derramado sobre toda carne. Nesse período, que inclui desde aquele momento até aos sinais que anunciam a chegada do Dia do Senhor, a Graça salvadora de Deus, através da pregação das boas novas, seria aplicada aos homens, pois todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo nesse período.

Vemos que Pedro não tinha qualquer concepção midi-tribulacional e pré-tribulacional, até porque essas concepções ou “modelos teológicos” só surgiram dezenas de séculos depois. Ele estava sendo submisso ao que o Senhor lhe havia ensinado no Monte das Oliveiras, quando o Mestre disse que viria após o sol e a lua escurecerem. Ele entendeu que a vinda do Senhor é o Dia do Senhor, precedido por sinais cósmicos (Joel 2:31, Mateus 24:29) e que, até aqueles sinais do fim, o Evangelho seria pregado. Ele associa o fim do período da Graça, onde as pessoas podem ser salvas ao clamar o nome do Senhor e ser visitadas pelo Espírito Santo, à chegada do Dia do Senhor e não à chegada da grande tribulação.

As palavras proferidas por Pedro encontram um aval precioso nas palavras do Senhor Jesus em Mateus e na revelação apocalíptica. Nessas passagens é revelado que os homens ficarão desesperados e lamentarão quando os sinais cósmicos do Dia do Senhor aparecerem nos céus, ao contrário do que ocorrerá na grande tribulação, onde os homens desdenharão da Palavra de Deus (Apocalipse 9:20-21, Apocalipse 16:9). É nesse momento em que as pessoas perceberão o engano a que foram submetidas ao terem crido na mentira da besta e terem recebido sua marca e adorado sua imagem (Mateus 24:30, Lucas 21:26, Apocalipse 6:12-17). Será tarde demais para serem alcançadas pelo Evangelho, pois estarão diante da gloriosa volta do Senhor. Isso ocorrerá, de acordo com o ensino do Senhor, imediatamente após a grande tribulação (Mateus 24:29).

              A SEGUNDA PREGAÇÃO DE PEDRO

Chamamos as palavras de Pedro em Atos 3:19-21 de “A Segunda Pregação” apenas por uma questão cronológica em relação à pregação dele feita no Pentecostes. Provavelmente, Pedro e outros apóstolos tenham compartilhado o Evangelho com outras pessoas entre aquela ocasião e esta que vamos enfocar. Desta vez, Pedro está nas proximidades da entrada do Templo em Jerusalém, onde um homem acabara de ser curado pelo Senhor através da oração de Pedro e João. Aquele milagre causou uma grande concentração de pessoas e um clima de muitas indagações, o que levou o apóstolo a fazer mais uma explanação das boas novas. Mais uma vez, Pedro, ao falar publicamente do Evangelho, aponta para cumprimentos proféticos relacionados à volta do Senhor Jesus e estabelecendo a pregação do Evangelho da Graça até o momento da manifestação do Senhor:

“Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do SENHOR, e envie ele a Jesus Cristo, que já dantes vos foi pregado. O qual convém que o céu contenha até aos tempos da restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas, desde o princípio” (Atos 3:19-21)


Pedro cita uma informação que era conhecida, muito provavelmente, por todos os que tinham lido as profecias do Antigo Testamento. Essa informação se relaciona ao momento profetizado por quase todos os profetas bíblicos: A restauração final de todas as coisas que o Messias fará nos tempos do fim. Mais uma vez, Pedro aponta para o momento final, quando o Senhor instaurará o Seu Reino sobre a Terra.

O apóstolo, ao mencionar a restauração final de todas as coisas, coloca essa esperança como algo a ser almejado pelos irmãos. Porém, ao mesmo tempo, ensina que esses tempos de restauração final só ocorrerão a partir do momento em que os céus não contenham mais a vinda gloriosa do Senhor. Em outras palavras, Pedro diz que o Senhor permanecerá corporalmente nos céus até que o Reino profetizado amplamente no Antigo Testamento venha a ser instaurado na Terra de forma plena. Fica patente, então, que o apóstolo associa diretamente a vinda do Senhor ao momento da restauração de todas as coisas. Um momento totalmente diferente ao que ocorrerá durante a grande tribulação que será o clímax da influencia e poderio malignos sobre o mundo...

Na passagem de Salmos 110:1 está escrito:

“Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha mão direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés”.

O discurso de Pedro foi feito em estreita comunhão com essa revelação dada a Davi. O próprio Pedro já havia mencionado essa revelação em seu primeiro discurso (veja Atos 2:34-35). O Messias permaneceria nos céus, assentado ao lado do Pai até o tempo em que assumiria o Reino na Terra, com todos os seus inimigos colocados sob seus pés! Obviamente, durante a grande tribulação os inimigos do Senhor ainda estarão em pleno exercício do poder sobre a Terra. A esperança de refrigério mencionada por Pedro está intimamente associada à manifestação gloriosa do Senhor no momento em que todas as coisas forem restauradas.

Ao associar essa revelação com aquilo que estava pregando, vemos que Pedro não cogitava de forma alguma o fato do Senhor Jesus ausentar-se dos céus, arrebatar a Igreja antes da tribulação, voltar aos céus, assentar-se novamente ao lado do Pai e logo após voltar no tempo da restauração de todas as coisas (...). É isso que o modelo pré-tribulacionista força as pessoas a crer. Fica a nítida constatação que Pedro não era “dispensacionalista”, até porque o modelo dispensacionalista é uma novidade bem recente (século XIX). Ele estava apenas cumprindo com fervor aquilo que o Senhor lhe havia comissionado em Mateus 28:19-20:

“Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém”

Pedro não tinha nenhuma idéia sobre um evangelho para os judeus e outro para os gentios, nem de uma escatologia para os judeus e outra para a Igreja. Isso não fazia parte de sua fé. Pedro cria numa única manifestação do Senhor. Aquela que o próprio Mestre lhe havia ensinado em Mateus 24:29-31. Por essa razão, em suas primeiras grandes intervenções públicas, Pedro anuncia as boas novas e a vinda do Senhor Jesus tal qual Ele havia ensinado no Monte das Oliveiras (Mateus 24:29-31)

              AS CARTAS DE PEDRO 

As duas pregações de Pedro que destacamos até agora foram feitas logo no início da Igreja, pouquíssimo tempo após a ascenção do Senhor Jesus. Muitos poderão dizer que, em função dos mistérios que foram revelados posteriormente a Paulo, as posições escatológicas de Pedro devem ser revistas. Essa insinuação encontra 3 obstáculos intransponíveis.

O primeiro é o da inspiração divina. Se considerarmos as palavras de Pedro como inspiradas pelo Espírito Santo, então devemos aceitar que são palavras verdadeiras.

O segundo obstáculo é que o próprio Paulo submete todos os seus ensinos escatológicos ao que já havia sido ensinado pelo Senhor. Quando se trata de uma revelação específica dada a ele, Paulo a descreve como um mistério que só naquele momento lhe havia sido revelado (por exemplo, I Coríntios 15:50-52). Portanto, não há base para definir que Paulo ensinou uma escatologia para a Igreja, diferente daquela que havia sido ensinada pelo Mestre aos Seus discípulos. O que vemos nos ensinos de Paulo é um detalhamento maior do que já havia sido revelado como escatologia pelo Senhor. Basta comparar, a título de exemplo, Mateus 24:31 e I Tessalonicenses 4:16-17, ou Mateus 24:12-15 e II Tessalonicenses 2:1-3, para perceber a estreita obediência de Paulo ao que fora revelado pelo Senhor.

O terceiro grande obstáculo é encontrado nas próprias cartas de Pedro, escritas depois de Paulo escrever suas principais epístolas. Quando Pedro escreveu as cartas que iremos estudar, ele já conhecia o que havia sido ensinado pelo irmão Paulo e, como veremos, não houve mudanças no entendimento de Pedro a respeito do cumprimento das profecias sobre a vinda do Senhor.

Nas cartas de Pedro, observamos uma constante exortação para que a intensa tribulação fosse suportada antes da gloriosa volta do Mestre. Logo no início de sua primeira carta, Pedro aborda claramente a questão:

“Para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória, na revelação de Jesus Cristo; Ao qual, não o havendo visto, amais; no qual, não o vendo agora, mas crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso; Alcançando o fim da vossa fé, a salvação das vossas almas.” (I Pedro 1:7-9)

O ensino é para que os irmãos suportem os momentos de aflição e que se mantenham firmes na fé até a revelação de Jesus Cristo. O termo “revelação” (apokalypsis em grego), nos remete a um conceito de “expor algo que permanecia oculto”. É o tirar do véu que encobria algo. Por exemplo, o último livro do Novo Testamento chama-se Apocalipse, que é uma revelação das coisas que irão ocorrer no futuro. Portanto, a palavra revelação está relacionada a um evento visível. É isso que Paulo expõe em II Tessalonicenses 1:7-8:

“E a vós, que sois atribulados, descanso conosco, quando se manifestar o Senhor Jesus desde o céu com os anjos do seu poder, como labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo; os quais, por castigo, padecerão eterna perdição, ante a face do Senhor e a glória do seu poder” (II Tessalonicenses 1:7-10)


Nesse texto, Paulo explica que os irmãos terão alívio de suas tribulações e aflições quando se manifestar o Senhor Jesus. O termo usado é o mesmo de I Pedro 1:7 (apokalypsis). O texto é uma clara menção da grandiosa e visível volta do Senhor, “desde o céu com os anjos do seu poder, como labareda de fogo”, inteiramente submisso ao que fora ensinado por Cristo (Mateus 24:29-31). Não apenas o termo “apokalypsis” é o mesmo, mas o contexto é mesmo! Paulo e Pedro estão referindo-se ao mesmo evento. A Igreja deve manter-se firme até a revelação visível e poderosa do Senhor, como labareda de fogo e com os anjos de Seu poder, para trazer alívio à tribulação atravessada pelos irmãos e castigo eterno aos ímpios (juízo). Não há como conciliar esse ensino de Pedro e Paulo com a idéia do rapto secreto defendida pelo modelo pré-tribulacionista.

Ainda na primeira carta de Pedro, ele nos expõe outro ensinamento nesse contexto:

“Amados, não estranheis a ardente prova que vem sobre vós para vos tentar, como se coisa estranha vos acontecesse; mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo, para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e alegreis” (I Pedro 4:12-13)

Mais uma vez, Pedro coloca a revelação do Senhor Jesus como o momento em que as tribulações experimentadas pelos irmãos cessarão e que o fato de atravessarem por esse período, em que suas próprias vidas estavam em jogo, não deveria de forma alguma surpreendê-los, como se fosse algo alheio ao que fora ensinado pelo Senhor Jesus como Evangelho. Podemos observar que, não obstante essa clara instrução de Pedro, muitos vêem hoje com surpresa a possibilidade de serem perseguidos, torturados e mortos na grande tribulação, como se isso não fizesse parte de nossa caminhada no Evangelho...

A segunda carta de Pedro foi escrita pouco antes dele morrer martirizado pelas mãos do Império Romano. Talvez tenha sido escrita dias antes de sua morte. Naquele tempo já havia pessoas duvidando da concretização da promessa do Senhor Jesus de voltar. Os irmãos dos primeiros séculos esperavam que os sinais que antecedem a volta de Cristo se concretizassem já naqueles dias, fazendo com que a restauração de todas as coisas se desse também naquela época. Com o passar dos anos, alguns começaram a lançar dúvidas sobre a concretização dessas promessas. Pessoas que não tinham compromisso com o Senhor, mas que estavam apenas interessadas em opor-se aos ensinos dos apóstolos do Senhor. Em certo momento, Pedro explica aos irmãos a razão dessa aparente “demora” do regresso do Senhor:

“O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se” (II Pedro 3:9)

Depois dessa explicação, Pedro explica como se dará a vinda do Senhor. Pedro se refere a esse momento como “Dia do Senhor” e “Dia de Deus”. É importante perceber que Pedro associa a vinda do Senhor, a qual não havia ocorrido até aquele momento para que as pessoas tivessem a chance de se arrepender de seus pecados antes dessa vinda, ao Dia do Senhor ou Dia de Deus. Pedro, mais uma vez, estabelece relação direta entre a vinda do Senhor e o Dia do Senhor. Outra vez, vemos que para Pedro não havia nenhuma distinção entre a vinda do Senhor e o Dia do Senhor. O Senhor lhe ensinara que o Dia do Senhor ocorreria imediatamente após a grande tribulação (Mateus 24:29, Joel 2:31). Ou seja, de acordo com o ensino de Pedro, a chance de arrependimento e a pregação do Evangelho se estendem até o Dia do Senhor, que ocorrerá imediatamente após a grande tribulação. Em relação à expressão “Dia de Deus” usada por Pedro, ela só é vista novamente no Novo Testamento em Apocalipse 16:13-16, apontando, mais uma vez, para um cenário imediatamente posterior À grande tribulação.  

Não há nenhum ensino pré-tribulacionista ou midi-tribulacionista no que foi pregado e escrito por Pedro. O apóstolo ensinou durante toda a sua vida, até os momentos finais dela, aquilo que Jesus Cristo lhe havia comissionado, apontando para o momento mais precioso que ocorrerá no futuro próximo: A restauração de todas as coisas em Cristo no Dia do Senhor. Nesse dia precioso, Ele virá para estabelecer Seu reino e aniquilar o sistema maligno que tem influenciado o mundo desde a queda. Essa é a nossa bem-aventurada esperança.

             Maranata...
BISPO/JUIZ.DR.EDSON CAVALCANTE

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