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segunda-feira, 8 de agosto de 2011

ESTUDO REFERENTE AO LIVRO DE ESTER (HADASSA)...

Embora não saibamos quem escreveu o livro de Ester, as provas intrínsecas possibilitam fazer algumas inferências a respeito do autor e a data da composição. Fica claro que o autor era judeu, tanto pelo realce que confere à origem de uma festa judaica quanto pelo nacionalismo judaico que permeia a história. O conhecimento que o autor tem dos costumes persas, os antecedentes históricos da cidade de Susã e a ausência de referência à terra de Judá ou a Jerusalém fazem crer que ele residia em cidade persa. A data mais recuada possível para o livro seria 460 a.C. As provas intrínsecas também fazem supor que a festa do Purim vinha sendo observada há algum tempo antes de esse livro ser escrito (9.19). Vários estudiosos tem datado esse livro no período helenístico; a ausência de palavras gregas e o estilo hebraico do autor, no entanto, levam a crer que o livro tenha sido escrito antes da queda do Império Persa nas mãos da Grécia, em 331 a.C.



CARÁTER CANÔNICO

O direito do livro ocupar um lugar no Cânon da Escritura tem sido grandemente contestado. O nome de Deus não aparece nele, enquanto que o nome de um rei pagão é mencionado mais de cento e cinquenta vezes. Não há alusão à oração nem a nenhum tipo de serviço espiritual, com exceção do jejum.



TEMA

O cuidado de Deus. O livro de Ester é uma demonstração da soberania e do cuidado de Deus para com seu povo. A libertação dos judeus por meio da rainha Ester.



COMPOSIÇÃO

O livro de Ester relata a história de uma moça judia que saiu da condição de exilada e desconhecida para a posição de rainha e mulher mais influente do reino da Pérsia. É a história da libertação dos judeus pela rainha Ester, do complô de Hamã. Hamã se torna o homem mais importante depois do rei, e deseja a aniquilação dos judeus. Ele manipula o rei para que execute os judeus. Ester é introduzida em cena e Deus faz uso dela para salvar seu povo. Hamã é enforcado; e Mardoqueu, líder dos judeus no Império Persa, se torna primeiro ministro. A festa do Purim é instituída para marcar a libertação dos judeus.



Um aspecto peculiar no livro de Ester é que o nome de Deus (YHWH) não é mencionado. No entanto vestígios da ação de Deus e seus caminhos transparecem em todo o livro, especialmente na vida de Ester e Mardoqueu. Da perspectiva humana, Ester e Mardoqueu foram duas pessoas do povo menos indicadas para desempenhar funções importantes na nação. Ele era judeu da tribo de Benjamim, exilado na Babilônia; ela era prima órfã de Mardoqueu, adotada por este (2.7). A maturidade espiritual de Ester se percebe na virtude dela saber esperar a ocasião correta para denunciar a trama de Hamã e pedir a salvação de seu povo (5.6-8; 7.3-6). Mardoqueu também revela maturidade para aguardar que Deus lhe indicasse a ocasião correta e lhe orientasse. Em consequência ele soube o tempo certo de Ester revelar ao rei sua identidade judaica (2.10). Tudo isso comprova a base espiritual do livro.



A meiga e cativante Ester destaca-se como escolhida de Deus. “...Chegou ao reino justamente para uma ocasião com essa (4.14). Ela mostra coragem ao dizer: “...se perecer, pereci” (4.16), assumindo que irá arriscar a vida para defender seu povo. Ester, como José do Egito, tinha sido reservada por Deus para seu propósito.



O livro se inicia com um banquete de Assuero e encerra com um banquete de Mardoqueu.



CONTEXTO HISTÓRICO

Xerxes I é identificado com Assuero e reinou de 486 a 465 a.C. Era filho de Dario, o Grande, que anexara partes da Índia e do leste europeu ao seu império em expansão. No entanto os confrontos entre Dario e os gregos não tiveram resultado favorável, como a derrota em Maratona (490 a.C.) deixou claro. Apesar do sucesso de Xerxes em abafar as rebeliões no Egito e na Babilônia, a humilhação dos persas nas mãos dos gregos continuou nas derrotas em Salamina (480 a.C.). Dizem os historiadores que foi uma das batalhas mais importantes do mundo. A principal fonte deste período é Heródoto, o mais antigo historiador grego e contemporâneo de Xerxes e seu filho Artaxerxes. Segundo informações paralelas de Heródoto, sabemos que a festa descrita no primeiro capítulo de Ester foi a ocasião do planejamento da campanha contra a Grécia (terceiro ano de reinado de Assuero). Ester substituiu Vasti no sétimo ano de seu reinado (2.16).



Embora os detalhes apresentados em Ester lhe deem ar de autenticidade e, sugiram um contexto histórico realista, muitos chegaram a conclusão que a intenção do livro não é registrar os acontecimentos com exatidão.



O BANQUETE DE ASSUERO

A grande festa que Vasti se negou a comparecer, pelo que se conclui em inscrições encontradas por arqueólogos, foi realizado para estudar o plano de uma expedição contra a Grécia e para qual Xerxes vinha se preparando havia quatro anos.



O livro se inicia com uma recepção do rei aos nobres, no palácio de Susã. O banquete era de proporções colossais e durou 180 dias (1.4). Os homens se banqueteavam nos soberbos jardins reais enquanto as mulheres eram hospedadas pela formosa rainha Vasti em seus aposentos particulares.



Quando o rei e os príncipes estavam no meio de sua orgia, o monarca mandou chamar Vasti para exibir a seus convidados a beleza dela. Nenhuma dama persa poderia consentir nessa afronta à sua condição de mulher. Vasti recusou-se. Isso fez do rei motivo de escárnio. Para reparar a ofensa, depôs a rainha (1.12-22).



COMPROVAÇÕES ARQUEOLÓGICAS

Susã era a residência de inverno dos reis da Pérsia. Em 1852, o local foi identificado por Loftus, e em 1884 um francês chamado Dieulafay prosseguiu nas escavações. Ele conseguiu descobrir os lugares mencionados no Livro de Ester, o pátio interior, o pátio exterior, a porta do rei e o jardim do palácio.



CARACTERÍSTICAS E TEMAS

O livro de Ester é famoso pela alta qualidade da sua arte literária, a qual funciona como principal veículo para o seu significado religioso. O autor faz hábil uso de tensões narrativas criadas pelas inversões ou pelos fortes contrastes de destino e de expectativa, e por papéis que, frequentemente, são altamente irônicos na sua natureza:

- Observe as duas descrições de banquetes, o de Assuero e o de sua esposa Vasti, o primeiro descrito com riqueza de detalhes e o segundo apresentado com brevidade (1.1-9).

- O forte contraste entre a reação do rei quando Vasti se negou a vir a sua presença e quando Ester apareceu sem ser anunciada (1.11-21; 5.1-3);

- A inversão irônica da carreira de Hamã (6.4-12). Aliás, Hamã é o alvo principal da ironia do texto. Ele acredita que este sendo exaltado com o convite de Ester para o banquete, quando na verdade cai numa armadilha; a cena patética na qual Hamã suplica a misericórdia de Ester e acaba sendo acusado de tentativa de estupro (7.7-9);

- Hamã tenta destruir os judeus, mas acaba pedindo clemência a uma judia;

- E a justiça de enforcar Hamã na forca que ele havia construído para enforcar Mardoqueu.

- O último é um exemplo de inversão irônico no destino e posição de Hamã e Mardoqueu (7.9-10; 8.1-2; 9.25).



O significado da ironia é demonstrar que sempre há muito mais acontecimentos do que se imagina, e muitas possibilidades disponíveis que o pensamento e suposição de qualquer indivíduo. O controle de Deus não pode ser calculado, sua solução não pode ser antecipada e seu plano não pode ser frustrado, pois ninguém dispõe de todas as informações necessárias. O uso eficaz da ironia e da reversão serve para deixar a mensagem clara em todo o enredo. O suspense criado pela crise em que Mardoqueu e os judeus são lançados é solucionada por uma sequência de fatos aparentemente circunstanciais, mas que só poderiam ser controlados pelo Deus soberano.



A sequencia da trama fica evidente à medida que se lê a narrativa. Os primeiros cinco capítulos preparam a situação, colocando Ester no palácio e estabelecendo a inimizade entre Mardoqueu e Hamã que culmina com a tentativa deste de exterminar os judeus. A grande virada acontece no capítulo 6, entre os dois banquetes, logo antes de Ester expor Hamã. Desse momento em diante, a previsão da esposa de Hamã se cumpre quando ele é executado e o plano de genocídio é revogado. Mardoqueu e Ester recebem posições de destaque e o favor do rei, e os judeus são salvos de seus inimigos.



Uma característica notável desse livro, que tem dado origem a muitos debates é a total ausência de referencias diretas a Deus, à adoração, à oração ou ao sacrifício. Essa “secularidade” tem produzido muitas criticas de pessoas que julgam o livro de pouco valor religioso. Parece no entanto que o autor refreou-se deliberadamente de mencionar Deus ou qualquer atividade religiosa, como artifício literário que visa ressaltar o fato de que é Deus quem controla e dirige todas as coincidências aparentemente insignificantes que perfazem o enredo e acabam levando ao livramento dos judeus. O governo soberano de Deus é pressuposto a cada passo, pressuposição que fica ainda mais evidente pela ausência total de referências a Ele.



PROPÓSITO E MENSAGEM

O propósito central do autor era registrar a instituição da festa do Purim e manter viva para as gerações posteriores, a lembrança do grande livramento do povo judeu no reinado de Xerxes. O livro explica tanto o início dessa observância quanto a obrigação da comemoração perpétua (3.7; 9.24,28-32).



Os acontecimentos na cidade persa de Susã ameaçavam a continuidade dos propósitos de Deus na história da redenção de seu povo.



O livro de Ester possui bons argumentos a favor dos atos de Deus. A história de Israel estava repleta de relatos das grandes intervenções de Deus a favor do seu povo. As dez pragas no Egito; o livramento do Egito; a abertura do mar Vermelho e a queda dos muros de Jericó, eram exemplos clássicos da salvação milagrosa de Israel. Depois, o retorno dos exilados do cativeiro babilônico provou a capacidade divina contínua de realizar o impossível.



Mas Deus não parece visível no livro de Ester. No entanto, onde outros veem coincidências, Israel viu o Senhor agindo. A insônia de um rei (6.1-2) pode resultar no mesmo livramento causado pela divisão do mar Vermelho.



A mensagem do livro é clara: os métodos divinos podem variar, mas não seus propósitos. Suas atividades podem estar obscurecidas para os céticos pelo disfarce da coincidência, mas o povo de Deus reconhece sua mão soberana nos ciclos da história. Seu nome não é mencionado; sua influência, contudo, é indiscutível.



UM AMALEQUITA NA CORTE DE ASSUERO

No decurso da narrativa o autor relembra que continuava o conflito entre judeus e amalequitas, já que Hamã era descendente de Agague, rei dos amalequitas (1Sm 15.32-33). O conflito entre israelitas e amalequitas começou durante o êxodo (Ex 17.8-16; Dt 25.17-19) e continuou por toda a história de Israel (1Sm 15; 1Cr 4.43). Os amalequitas, sendo os primeiros que atacaram Israel depois de este ser liberto do Egito, eram considerados a união de todas as potências mundanas organizadas contra o povo de Deus (Nm 24.20). Agora com Israel liberto do cativeiro babilônico, o decreto de Hamã é o último esforço de amaleque para destruir os israelitas.



Após o conflito com os amalequitas há o descanso prometido ao povo de Deus (Dt 25.19). Depois de derrotado Hamã, os judeus desfrutam de descanso dos seus inimigos (9.16-22).



O PURIM

O livro de Ester é lido anualmente na celebração judaica do Purim. Purim significa “sorte”. Esta festa foi instituída para comemorar a sorte que foi lançada por Hamã, grande inimigo dos judeus. Lançada a sorte no primeiro mês do ano, foi fixado dia treze do duodécimo mês (adar) do mesmo ano, para a execução do plano de Hamã, que era destruir todos os judeus da Pérsia. A superstição de Hamã, em dar crédito às sortes, foi a causa da sua própria ruína e da preservação dos judeus, que assim tiveram tempo de procurar o auxílio de Ester. Os judeus observam a festa nos dias 14 e 15 do mês de adar. Dando nessa ocasião, de uma maneira solene, graças a Deus pelo seu livramento (9.14). Há um provérbio judeu que diz: “O templo pode cair, mas nunca a festa do Purim”. Isso mostra como aquele livramento tão poderosamente impressionou os israelitas.



RESUMO

Os eventos principais da história giram em torno de três festas:



I- A FESTA DE XERXES E OS FATOS RELACIONADOS COM ELA:

(a)- No sétimo dia da festa, quando o rei estava alegre devido ao vinho, a rainha Vasti desobedeceu a ordem de aparecer perante os príncipes reunidos (1. 1-12).

(b)- O rei furioso aceitou o conselho de seus sábios e destronou a rainha (1.13-22).

(c)- Depois da busca por todo o reino, de uma nova rainha, Ester, uma judia, foi escolhida (2.1-17).



II- A FESTA DE ESTER, EVENTOS PRELIMINARES E DESENLACE FINAL:

(a)- Mardoqueu, o judeu, pai adotivo de Ester, salva a vida do rei (2.7 e 2.21-23).

(b)- A ascensão de Hamã e a recusa de Mardoqueu de honrá-lo; a fúria de Hamã e sua decisão de destruir os judeus (3.1-15).

(c)- O luto dos judeus por causa do complô de Hamã (4.1-4).

(d)- A determinação heroica de Ester de comparecer perante o rei sem ser convidada (4.5-17).

(d)- Ester ao ser recebida pelo rei, convida este e a Hamã para uma festa (5.1-8).

(f)- Hamã prepara uma forca para Mardoqueu (5.9-14).

(g)- Durante uma noite de insônia o rei examina os registros da corte e descobre que Mardoqueu não havia sido recompensado por haver salvo a vida do rei (6.1-3).

(h)- A vaidade egoísta de Hamã resulta em sua própria humilhação e em grande honra para Mardoqueu (6.4-11).

(i)- A festa de Ester. O complô de Hamã é descoberto, e este é pendurado na forca que havia preparado para Mardoqueu (cap. 7).



III – A FESTA DO PURIM:

(a)- O rei autoriza que os judeus se defendam de seus inimigos (cap. 8).

(b)- A vingança dos judeus é executada (cap. 9).

(c)- A festa do Purim é instituída (9.20-31).

(d)- A exaltação de Mardoqueu (cap. 10).
BISPO/JUIZ.DR.EDSON CAVALCANTE

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